• Ruy Castro
  • 10/01/2016
  • Compartilhe:

POUPAR EM CINISMO

(www.rsnoticias.net)

O presidente Afonso Pena (1903-1906) achou pouco governar com sete ministérios e criou mais um: o da Agricultura.

E olhe que, como se aprendia na escola, o Brasil era um "país essencialmente agrícola".

Getúlio foi ditador com dez ministérios e presidente constitucional, com 11.

Mesmo número com que Juscelino produziu "50 anos em cinco" – e, quando construiu Brasília, previu uma Esplanada dos Ministérios com 19 prédios, achando que chegariam até para o governante mais megalô.

Mas JK não contava com que, nos governos militares e civis que o sucederiam, alguns ministérios se dividiriam como amebas e outros se multiplicariam como coelhos, até chegarmos, com Dilma, ao mágico número atual –39 pastas.

Isso pode explicar em parte a colossal ineficiência deste governo, notável até pelos padrões do PT – os ministros devem colidir nos corredores ao tratar do mesmo assunto.

Por exemplo,

há o Ministério da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário. Por quê?

Há o ministério da Defesa e o da Segurança Institucional.

Há o do Planejamento e o de Assuntos Estratégicos.

E, se há o da Justiça, o que faz o de Direitos Humanos?

E, se há o de Direitos Humanos, para que servem o de Políticas para Mulheres e o da Igualdade Racial?

Há o Ministério de Cidades e há também o da Integração Nacional.

Há o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e também o das Pequenas e Médias Empresas.

E, se há o Ministério dos Transportes, para que servem o dos Portos e o da Aviação Civil?

O ministro do Turismo é um engenheiro agrônomo.

O dos Esportes é um pastor evangélico.

O da Pesca é um filho de senador.

E não ria, mas o Ministério das Relações Institucionais trata das relações com o Congresso.

Podem-se fechar 2/3 desses ministérios.

Talvez não poupe muito dinheiro.

Mas faria poupar em cinismo.