• Percival Puggina
  • 29/01/2016
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UM PAÍS QUE SISTEMATICAMENTE OPTA PELO PROBLEMA E NÃO PELA SOLUÇÃO

 

 Recentemente, o deputado Raul Jungmann publicou um texto em sua página do Facebook, com a seguinte ideia central: "Se a política não resolver a crise, a crise resolverá a política".

 É uma bela frase e corresponderia a um correto vaticínio não fosse o fato de que, nas circunstâncias nacionais, a crise não pode resolver a política porque o governo é a política e a crise é o próprio governo. Dirá alguém que há uma oposição partidária efetiva no Brasil?

 Sim, volto à questão institucional. Claro que volto! Como não o fazer, num país que sistematicamente opta pelo problema e não pela solução? Anote aí: fosse o Brasil um país parlamentarista, o PT jamais formaria governo porque poucos e insignificantes seriam os partidos interessados a somar votos com ele para compor maioria parlamentar e compor governos.

Poucas pessoas representam tão bem a presunção, a onipotência e a fatuidade do PT quando seu atual presidente, o senhor Rui Falcão. No parlamentarismo, um partido com tais características teria imensa dificuldade de liderar uma coligação governante. Só com isso, a torneira da maior parte das crises seria fechada. É muito preferível ter o PT fazendo confusão fora do governo do que dentro do aparelho do Estado.

Tem mais, na crise atual, com rejeição de 90% da população ao longo de um ano inteiro, o governo deveria procurar a porta da saída, renunciar, em respeito à democracia e ao incontestável e incontrastável desejo da população. Essa renúncia seria democrática e se constituiria em algo natural e normal na quase totalidade das democracias estáveis existentes no mundo.

Em nosso país, porém, graças ao incorrigível presidencialismo, as desgraças vêm para ficar, fazem ninho, dão cria e vivem sob a proteção da tesouraria. É sob essa proteção que a crise chamada governo Dilma se ancora como pode para não afundar de vez.