Percival Puggina

           O jornalista Cláudio Humberto, em sua coluna de 28/11 no Diário do Poder, chama atenção para uma curiosidade. O ministro da Justiça, Flávio Dino, que quer ser ministro do STF após indicação de Lula, recusou incríveis 97 convites para depor nas duas Casas do Congresso Nacional. Isso é um recorde de acintes ao Legislativo cujos gabinetes o ministro passa a percorrer “humildemente” pedindo votos para que sua indicação seja aceita na CCJ do Senado e seu depoimento aprovado pelo plenário no ritual da sabatina.

Lula sabe que tem no bloco de esquerda a parcela mais fiel de sua base parlamentar. O restante de seus votos vem do Centrão, que se move pelo tilintar das “moedas” representadas por liberação de emendas parlamentares e cargos. É natural que, com esse grupo, as relações sejam estritamente comerciais, embora o rótulo aposto às mercadorias diga tratar-se de política.

Como os votos governistas são contados e cobrados, é com essa “elite” senatorial que Flávio Dino mais irá sociabilizar, dizendo que estará sempre disponível para atender os senhores senadores...

  • 30 Novembro 2023

 

Percival Puggina

          Depois de ouvir os presidentes de três destacadíssimas instituições universitárias norte-americanas (Harvard, Pensilvânia e Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Congresso dos Estados Unidos resolveu abrir investigação. Afinal, durante audiência em que as manifestações de antissemitismo foram tratadas de modo severo no Capitólio, as representações das universidades relativizaram o fato numa alarmante proporção.

Anteontem, num encontro casual com um amigo judeu no supermercado, ouvi dele que quando soube das manifestações estudantis nos EUA tratando de genocídio, ele pensou serem protestos contra o ataque de Israel ao Hamas em Gaza. Só mais tarde ficou sabendo que eram movimentos a favor de um genocídio de judeus.

A diferença entre o que se pode imaginar e o que está acontecendo de fato é abismal. Quem pensa tratar-se de uma crise no âmbito da cultura ocidental está subestimando o problema. Num processo que faz lembrar o que aconteceu no mundo inteiro durante a pandemia, todas as vertentes da nossa cultura foram inoculadas com venenos específicos que lhe atacaram o cerne: a Educação, as Igrejas, especialmente a católica, os meios de comunicação, a estética, as instituições políticas, o Direito, a Justiça e o inteiro pacote das Ciências Sociais.

Isso não se resolve com chá de camomila. Não é nem parecido com o que se estabeleceu entre o Hamas palestino e Israel. O que vimos acontecer em todo o Ocidente é de muito maior gravidade. Disseminar o terror e acossar judeus mundo afora é traço de união dos velhos totalitarismos, que no passo seguinte vão atrás dos homossexuais, dos religiosos, dos diferentes e dos divergentes.

Os eventos em curso na América do Norte – Estados Unidos e Canadá – mostram que estamos, no Brasil, atrasados em relação ao ritmo dos acontecimentos de lá. É lá que operam os laboratórios de envenenamento cultural cujas fórmulas nossos “intelectuais de esquerda” traduzem pelo Google Transator. Essas mesmas pessoas, amanhã ou depois, em quaisquer circunstâncias, estarão nos púlpitos, nos palanques e nos microfones, gritando contra “discurso de ódio” (hate speech) e fake news quando alguém desmascara as mazelas de seus intelectos. Cada vez mais nitidamente se percebem os sintomas de uma guerra espiritual. Oremos!

  

 

 

 

 

 

 

  • 29 Novembro 2023

 

Percival Puggina

         A ministra Cármen Lúcia, do STF e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, participou do Programa de Convidados Internacionais organizado pela Justiça Eleitoral da Argentina. Quais terão sido suas observações? Qual sua avaliação sobre o que assistiu? Parece que nenhum jornalista lhe fez essa pergunta.

O tema não interessa aos “grandes veículos” de comunicação. Jornalistas que trabalham nessas empresas sabem que a única opinião que conta alguma coisa para o aparelho institucional é a opinião que eles mesmos publicam, sempre desqualificando e desprezando quem pensa diferente. Mesma conduta, aliás, do próprio aparelho institucional neste péssimo arremedo de democracia instalado no Brasil. Por que iria essa imprensa levantar um assunto que quem manda quer morto e sepultado?

Dura realidade: no Brasil, o eleitor tem dia certo para opinar. Nesse dia, sua opinião é contada. Depois, não conta mais.

Nosso jornalismo, então, prefere ignorar que para dezenas de milhões de brasileiros, o sistema eleitoral argentino se revelou superior ao nosso. Houve liberdade aos candidatos, às campanhas e às redes sociais. A política foi tratada como tal e os eleitores como cidadãos, não como alunos da escolhinha dos professores togados.

Mesmo levando em conta que o Brasil tem quatro vezes mais eleitores do que lá, os votos argentinos foram contados com surpreendente rapidez e duas horas depois do encerramento da votação, o candidato Massa reconheceu a vitória de Milei.

A desconsiderada opinião de tantos eleitores brasileiros avalia, também, a contagem de votos impressos ou de impressoras acopladas às urnas como sistemas superiores ao adotado aqui. Penso, mesmo, que, com eleição nesse tipo, mais prudência e menos arrogância, o 8 de janeiro seria um dia de praça ensolarada e vazia.

  • 24 Novembro 2023

 

Percival Puggina

         No rumoroso destaque concedido à senhora amazonense que acabou recebendo o apelido de “Dama do tráfico”, chama a atenção o que se vai conhecendo sobre suas relações em dois ministérios. Aí temos um assunto de relevo político.

Tão logo foi desenhado o perfil de dona Lu Farias, conhecido o fato de ser ela esposa de um líder da segunda maior facção criminosa do país, o Comando Vermelho, a mídia companheira tratou de protegê-la negando veracidade às acusações que surgiam. O objeto a resguardar pelo jornalismo de cooptação, contudo, era o governo da República. Afinal, ela viajara por conta do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e, nos últimos três meses, mantivera dois contatos pessoais dois diretores do Ministério da Justiça. Deve haver muito deputado que não pode contar essa experiência.

É exatamente esse o ponto que interessa à cidadania. A referida senhora, falando sobre si mesma, afirmou não ser “faccionada”. Confesso ter sido a primeira vez que vi tal palavra, que certamente faz parte do vocabulário referente à essa atividade. Mesmo na hipótese de que o Ministério Público se tenha equivocado inteiramente ao atribuir a ela um pacote de condutas graves, sua condição de esposa do criminoso “faccionado” conhecido como Tio Patinhas deveria inibir-lhe o acesso a atividades de aconselhamento junto a Conselhos do Estado. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, a ONG que ela preside e da qual detém a representatividade é financiada pelo Comando Vermelho.

Quem está em função de governo, ou de Estado, ou de administração, precisa saber quem é a pessoa que entra em seu local de trabalho. Mais ainda, quem convida para participar de uma reunião. Mais ainda quando manda passagens. Isso precisa ser averiguado. E o Governo de Amazonas deve tratar de conhecer quem inclui nos seus conselhos...

A serviço do bom humor deve observar que algumas das imagens que vi me deram a impressão de que dona Lu Farias quis fotografar-se em má companhia...

  • 19 Novembro 2023

 

Percival Puggina

       Ontem, 14 de novembro, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre entregou ao jornalista Políbio Braga o diploma de Honra ao Mérito por sua persistente dedicação à causa da liberdade de imprensa.

Há muito mérito em todos que se dedicam a essa causa e meu amigo Políbio ombreia com seus principais protagonistas. Como dizem certas condecorações militares, ele suporta com honra as dificuldades e perseguições que lhe são frequentemente impostas ao longo dos anos, com tenacidade “além do dever”.  

A homenagem foi proposta pela vereadora Fernanda Barth e ao evento compareceu a nata do jornalismo gaúcho, num ambiente solidário e caloroso.

  • 15 Novembro 2023

Declaração de Sobreviventes do Holocausto judeu

         Nós, os sobreviventes do Holocausto abaixo assinados, somos as últimas testemunhas dos horrores indizíveis do regime nazista. Somos testemunhas da propaganda antissemita que virou nossos amigos, vizinhos e o público em geral contra nós na Europa. Lembramo-nos dos seis milhões de vidas judaicas perdidas por causa desse ódio.

Em 7 de outubro de 2023, testemunhamos os horrores dos ataques terroristas do Hamas em Israel e a guerra resultante, com sua terrível perda de vidas. Desde então, temos visto uma explosão de antissemitismo sem precedentes em nossas ruas, em nossas telas de televisão, nas redes sociais e em nossas universidades.

Escrevemos esta carta agora porque hoje marca 85 anos desde a Kristallnacht (Noite dos Cristais). Em 9 de novembro de 1938, o regime nazista assassinou judeus e atacou a vida judaica, espalhando terror e queimando sinagogas.

Em vez de condenar essas atrocidades, o mundo ficou observando.

Nunca, nós, os sobreviventes do Holocausto, sentimos a necessidade de fazer uma declaração coletiva como esta até agora. Nunca pensamos que testemunharíamos uma reencenação do ódio insensato e virulento contra os judeus que enfrentamos na Europa. As ações do Hamas são tão familiares, tão bárbaras, mas, em vez de condenar isso, a resposta em todo o mundo é um vergonhoso aumento do antissemitismo.

Nossas memórias e experiências em guetos, campos de concentração e escondidos – vendo nossas famílias e comunidades desaparecerem – nos impulsionam a levantar nossas vozes e implorar à humanidade que rejeite o ódio, o preconceito e a violência. Para reconhecer a agenda do Hamas, condená-la adequadamente e exigir a libertação imediata de todos os reféns – homens, mulheres, bebês e idosos.

Não podemos permitir que a história se repita.

Diante da adversidade, aprendemos a importância da resiliência, da unidade e da esperança. Acreditamos no poder da educação e da lembrança para prevenir que as atrocidades do passado ocorram novamente. Juntos, podemos lutar por um mundo onde cada indivíduo, independentemente de sua fé, independentemente de sua origem cultural, possa viver em paz e segurança.

O antissemitismo é um dos vírus mais antigos e contagiosos do mundo. Pedimos a todos os australianos que denunciem o antissemitismo e o ódio que vemos hoje em nosso belo país e em todo o mundo.

Pedimos que vocês estejam conosco.

*       O texto do manifesto e a imagem foram reproduzidos de matéria do site O Antagonista publicada com texto explicativo em 09/11/23 e pode ser lida aqui.

Comento

As pessoas que subscrevem esse manifesto, certamente com idades entre 90 e 100 anos, acumulam experiências de vida e aquela sabedoria que só o tempo proporciona. Elas se sentem espantadas como eu me sinto com o distúrbio moral capaz de impor silêncio ante as horríveis, monstruosas e abomináveis cenas do ataque terrorista do Hamas a inadvertidos cidadãos de Israel. Mais ainda quando, os mesmos que protegem o terrorismo com seu silêncio, saem às ruas, em todo o Ocidente, para criticar a resposta àquele ato de guerra que teve continuidade com o disparo de três mil mísseis.sobre território israelense.

  • 09 Novembro 2023