• Fernando Schüler
  • 03 Novembro 2014

 

A verdade é que o País sai dividido, dessas eleições. Ninguém deve se preocupar com os amigos que perdeu nas redes sociais. Se eram amigos de verdade, eles vão voltar. Deixa passar mais uma ou duas semanas, e tudo volta ao normal. Mas o País mudou, não tenho dúvidas.
O governo ganhou as eleições, mas o seu partido claramente perdeu a hegemonia sobre a classe média com maior escolaridade, nos centros urbanos brasileiros ”Hegemonia“ é uma palavra meio antiquada, mas serve, aqui, para dizer o seguinte: o governo perdeu o debate, a influência política, em um segmento da população em que, de fato, aconteceu um debate. O mais intenso debate desde a redemocratização.
Vejamos os números da eleição: nas capitais, Aécio fez 58%, contra 42% de Dilma. As últimas pesquisas indicava que Aécio alcançava pouco mais de 60%, contra pouco menos de 40% de Dilma Rousseff, entre os eleitores com nível superior. Esta semana, me chamou a atenção um infográfico sinalizando em vermelho, no mapa do Brasil, os pontos de maior circulação de mensagens na internet, referentes à eleição. As partes em vermelho correspondiam, grosso modo, às áreas em que Aécio venceu as eleições.
Diante disso, torcedores mais apaixonados da oposição dirão que “é óbvio”: pessoas com mais informação votaram em Aécio. Torcedores mais apaixonados do governo dirão, da mesma forma, que “é óbvio”: o pessoal que tem computador e internet é o mais rico, e os mais ricos votaram em Aécio. Por esse raciocínio, não foi a dependência ao bolsa família ou a maior vulnerabilidade diante do Estado, que levou milhões de eleitores muito pobres a depositar seu voto na candidata do governo. Foi algo como sua “consciência social”. Devo esta expressão a uma querida amiga, professora e apoiadora do PT. Perguntei se poderia usar a expressão “consciência de classe”, para os usuários do bolsa família, mas ela achou um pouco forte. E me sugeriu usar “consciência social”.
Cada pode formar seu juízo. O fato evidente é que o eleitorado com mais renda, maior escolaridade, mais conectado e urbano, tendeu a apoiar Aécio. O contrário ocorrendo com o eleitorado com menos renda, menor escolaridade e mais distante dos centros urbanos. Como a eleição já passou, talvez possamos pensar sobre os fatos com menos espírito de torcida, tentando tirar proveito (cada um como desejar), do aprendizado que a eleição oferece.
A perda de hegemonia da esquerda tradicional, liderada pelo PT, sobre parcela significativa da classe média, não se deu simplesmente pela ação de uma monstruosa onda conservadora. Pela ação dos “coxinhas”, “nazistas”, “filhinhos de papai” e todo o acervo de impropérios utilizados pelos partidários do governo, no calor da disputa política (o lado contrário igualmente gastou seu estoque de impropérios).
Penso que, um pouco mais abaixo da espuma ideológica, há um fenômeno novo nestas eleições. Trata-se do aparecimento, com alguma força e organicidade, de um pensamento de esquerda democrático e liberal, que decidiu romper com seu tradicional alinhamento ao petismo. Marina Silva é, por óbvio, o grande exemplo desta ruptura. Mas há muitos, bem representados nas figuras de Luiz Eduardo Soares, do Senador Cristovam Buarque e do ex-deputado federal do PT e hoje líder do PV, Eduardo Jorge. Estes vieram a se somar a muitos que há mais tempo seguiram o mesmo caminho, como Fernando Gabeira, Francisco Weffort, Augusto de Franco, José Álvaro Moisés e tantos membros do PPS (Roberto Freire a frente) e do PSB (Eduardo Campos a frente), bem como intelectuais e ativistas, em todo o País. E é sugestivo que, com o PT, tenha ficado o PSOL, a esquerda flash back dos anos 80.
A primeira grande geração que rompeu, ainda nos anos 80, com a esquerda tradicional, foi a dos próprios fundadores do PSDB. Fernando Henrique, Mário Covas, José Serra e tantos outros. Pessoas que perceberam que a agenda global havia mudado. Que era preciso modernizar o Estado, como requisito para a inserção soberana na economia globalizada. Que o muro de Berlim havia caído, e que era preciso aprender alguma coisa com a experiência bárbara do socialismo real. De certo modo, esta eleição propiciou um encontro (que em muitos casos é um reencontro). Entre aqueles que perceberam antes, e aqueles que foram, com o tempo, aprendendo coisas semelhantes, com seu próprio jeito e sua própria história.
A esquerda tradicional, como de hábito, optou pela saída fácil: todos que romperam nada mais fizeram do que se bandear (como se diz no Alegrete) para “a direita”. Em uma época em que o xingamento parece substituir qualquer reflexão politica, em especial nas rinhas de galo, na internet, dizer isto é realmente fácil. Serve para afugentar qualquer pensamento perigoso em relação a si mesmo.
Por esta lógica, o mundo político é como uma mesa de pingue-pongue. Tem dois lados, dois jogadores. Um é legal e defende todas as boas causas. O outro é o lobo mau, às vezes disfarçado de vovozinha, mas sempre querendo comer a chapeuzinho vermelho. Não é preciso dizer que, nesta narrativa, o jogador legal é sempre por alguma variante do petismo. E quanto mais dele você se afasta, mais você se transforma, como no pesadelo kafkiano, em um repugnante inseto.
Penso que a esquerda democrática, que teve a coragem de romper com o petismo, nestas eleições, o fez por algumas razões. A primeira delas diz respeito à questão ética. Há uma geração inteira de militantes petistas que prossegue criando razões para se autoconvencer que a ideologia é mais importante que a ética. Seres humanos são criativos e há muitas maneiras de fazer isto. Pode-se dizer que, afinal de contas, o roubo na Petrobrás, ou mesmo o mensalão, não foi tão grande como dizem; que era coisa de meia dúzia de malfeitores infiltrados no governo ou, na versão mais comum, apelar ao tradicional “todo mundo faz”. Na cabeça dessas pessoas, os “tucanos” só não foram processados, pelas suas incontáveis maracutaias, dado que foram mais espertos, e por que, à época do governo FHC, o Ministério Público estava amordaçado.
O raciocínio lembra muito minhas leituras juvenis de Orwell. A história “real” se confunde com a história “oficial” criada pelo marketing do partido. Dessa história, apaga-se, para citar um exemplo, a figura do Procurador Luiz Francisco de Souza, que, à época do Governo FHC, fez todas as denúncias e “investigações” imagináveis sobre dirigentes do então governo federal. Francisco virou astro nacional, espécie de ícone da moralidade jacobina, pelas suas denúncias contra Eduardo Jorge Caldas Pereira, então Ministro Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. Do fim da história, poucos se lembram: Eduardo Jorge, absolvido de tudo; Francisco, punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, pelo mais absoluto vazio de suas acusações. Vazio na história real, evidentemente. Na história oficial, tudo prossegue intacto: os grandes saqueadores só escaparam por sorte, esperteza, coisas que “todo mundo sabe, não é mesmo?”
A segunda razão diz respeito ao debate econômico. Marina Silva, novamente, deu o tom desta mudança. O ponto foi romper com a suposta contradição entre uma politica de mercado, que busca a eficiência do Estado e da economia, que compreende a importância da estabilidade, da segurança jurídica, da autonomia das agências reguladoras, bem como do Banco Central, e o desenvolvimento social do País. Ao contrário. Os programas sociais são fundamentais e devem se tornar politicas de estado, mas é o desenvolvimento econômico que irá reduzir a pobreza de modo sustentável. O foco é fazer o “mercado” chegar às mais diversas regiões do País, assim como uma educação de qualidade, de modo que pessoas possam viver por conta própria, e não apenas sobreviver na dependência ao Estado.
A terceira razão trata do “método” de fazer política. Vai ai a defesa de uma política tendencialmente mais “programática”, em troca do simples pragmatismo eleitoral. Na aceitação plena da democracia como um valor fundamental, com a renúncia às ideia de controle da mídia. Há ainda ideias mais sutis. Difíceis, na conjuntura política criada no País. Uma delas é o cuidado no trato com os adversários. O respeito, a prioridade do debate de ideias, sobre a simples agressão à honra. A negação da visão maniqueísta do “amigo/inimigo”, que hoje parece a face mais visível do (não) debate político nacional.
Talvez mesmo o conceito de “esquerda democrática”, usado neste artigo, seja um anacronismo. É possível usar outros conceitos. Me sugerem utilizar a ideia de uma visão “republicana e modernizante”. O foco seria a ruptura com nossa velha tradição patrimonialista, tão bem representa pelo atrelamento do sindicalismo oficial ao governo, pelo mito do líder providencial, alimentado por Lula, à exemplo do que fez o getulismo, entre os mais pobres e vulneráveis, diante do Estado.
Esta posição “republicana” não se define pelo vinculo a este ou aquele partido político. Ela pode vicejar em diversos partidos, em nenhum partido, ou pode gerar um tipo “diferente” de partido. Partidos são uma criação do século XVIII. No século XIX, o marxismo criou a ideia da representação de “classe social”. Esta ideia metafisica foi uma das vias da barbárie totalitária, no século XX, e hoje sobrevive como uma caricatura. Nas democracias pluralistas, partidos expressam, quando muito, um tipo de debate, enfatizam certas ideias e padrões de política pública. Estão longe de esgotar o tema da representação política, nos dias de hoje. A sociedade civil cresce, há causas que agregam as pessoas, há movimentos efêmeros, há regiões e “questões” a serem representadas. Há comunidades. A diversidade da representação política veio para ficar, e a democracia terá que se ajustar a ele.
Uma última razão, fundamental, da ruptura de uma posição republicana, com a esquerda tradicional, diz respeito à perspectiva internacional e os direitos humanos. A velha esquerda prossegue, como o sonâmbulo em um dia claro, a apoiar ativamente a sexagenária ditadura dos irmãos Castro, em Cuba, o Chavismo, na Venezuela, e a fazer vistas grossas, na ONU, à barbárie contra os direitos humanos praticada no Irã e em outros países fundamentalistas. Na fantasia da mesa de pingue pongue, o apoio da revista inglesa The Economist, a Aécio, foi prova de um imperdoável reacionarismo; o apoio do Jornal Gramna, do partido comunista cubano, a Dilma, é um exemplo de solidariedade sul-sul.
Quando escuto uma coisa dessas, me vem à mente, além da imagem do velho parlamento britânico, visto do Tâmisa, a lembrança de um escritor francês, Albert Camus. Em especial, me vem à mente as lições de “O Homem revoltado”, publicado em 1952. A principal delas, que marcou a ruptura definitiva de Camus com Sartre e a esquerda francesa tradicional, tratava da relação entre a política e a morte. Camus teimava em argumentar que nenhuma ideologia valia o suficiente para justificar a morte de um homem. Sua intransigência ética lhe impedia de continuar apoiando o stalinismo soviético, e suas variantes, e a quem apoiasse um regime sujo de sangue até a medula. Sartre e a esquerda tradicional diziam que isto não passava de “humanismo ao estilo da Cruz Vermelha.” Um preciosismo irrelevante diante dos imperativos da luta de classes, etc, etc.
Camus rompeu. Teve coragem. Sua questão era enxergar a face de um homem de verdade. E uma vez que o enxergasse, que escutasse sua historia, recusava-se a apaga-lo da memória. O discurso do partido não lhe fazia mais efeito. Havia descoberto toda a sua baboseira. E seguia seu rumo, simplesmente.
 

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  • Ricardo Hingel
  • 03 Novembro 2014

 

Concluído o processo eleitoral, o grande desafio é como voltar a crescer. A inflação resistente, convivendo com o crescimento baixo, impõe limitadas ações ao governo. Surpreendeu a todos que, exatos três dias após a eleição presidencial, o Banco Central elevou a Selic, reconhecendo a gravidade da situação econômica.

É esperada, além do aperto na política monetária, também uma contração fiscal, com a redução do gasto público, um dos vilões da resistente inflação. Essas ações atuam alinhadamente para a retração da atividade econômica, inibindo o crescimento, com menor geração de emprego e renda e da lucratividade das empresas.

Há, portanto, um ciclo, do qual fazem parte ainda a questão cambial, com a desvalorização do real e a deterioração da balança comercial e do balanço de pagamentos, gerando um cenário preocupante, resumido na possível perda do chamado grau de investimento.

A quebra desse ciclo passa pelo enfrentamento de uma questão estrutural nunca bem resolvida pelos governos que se sucedem, que é a baixa taxa de investimento da economia brasileira. Uma das razões disso se explica pela reduzida poupança interna que deveria se somar aos recursos de investidores estrangeiros para alavancar o crescimento econômico.

O insucesso de sucessivas políticas está bem demonstrado em estudo do FMI que coloca o Brasil, em um ranking de 32 países da América Latina e do Caribe, na 23ª posição em relação à taxa de investimento, sendo que desde 1994 nos situamos sempre abaixo da média da região.

O esforço importante de dotar o BNDES de recursos para estimular os mais diversos setores, com taxas de juro subsidiadas, teve como fonte a emissão de dívida pública, hoje superior a R$ 400 bilhões, repassados ao banco pelo Tesouro.

O Investimento Externo Direto próximo de US$ 60 bilhões anuais se soma ao BNDES e, ainda assim, a taxa de investimento em relação ao PIB fica abaixo de 18%, devendo cair em 2014.

Portanto, o desafio passa pela capacidade do governo em atrair investimentos externos para perseguir níveis necessários de investimentos próximos a 23% do PIB e reduzindo a exposição do BNDES como fonte financeira básica, tendo em vista o esgotamento deste modelo.

O tema de casa é recuperar a percepção negativa da economia brasileira, com ajustes ortodoxos e a criação de condições que viabilizem investimentos, iniciando na infraestrutura, reduzindo seus históricos gargalos e dar base para a melhoria da matriz produtiva.

* Economista
 

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  • João Alves
  • 01 Novembro 2014

 

O pobre não entrava na faculdade. O que o PT fez? Investiu na educação? Não, tornou a prova mais fácil.
Mesmo assim, os negros continuaram a não conseguir entrar na faculdade. O que o PT fez? Melhorou a qualidade do ensino médio? Não, destinou 30% das vagas nas universidades públicas aos negros que entram sem fazer as provas.
O analfabetismo era grande. O que o PT fez? Incentivou a leitura? Não, passou a considerar como alfabetizado quem sabe escrever o próprio nome.

A pobreza era grande. O que o PT fez? Investiu em empregos e incentivos à produção e ao empreendedorismo? Não. Baixou a linha da pobreza e passou a considerar classe média quem ganha R$300,00.
O desemprego era pleno. O que o PT fez? Deu emprego? Não. Passou a considerar como empregado quem recebe o bolsa família ou não procura emprego.

A saúde estava muito ruim. O que o PT fez? Investiu em hospitais e em infraestrutura de saúde, criou mais cursos na área de medicina? Não. Importou um monte de cubanos que sequer fizeram a prova para comprovar sua eficiência e que aparentemente nem médicos são. (Um já foi identificado como capitão do exército cubano)
Alguém ainda duvida que esse governo é uma tremenda mentira?
 

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  • Olavo de Carvalho
  • 30 Outubro 2014


Houve fraude nas eleições presidenciais de 2014? Sem o menor temor de errar, afirmo categoricamente: Houve não uma, nem duas, nem mil, mas a mais longa e assombrosa sucessão de fraudes que já se observou na história eleitoral de qualquer país, em qualquer época.
Essa afirmação, que soará hiperbólica aos ouvidos de quem não conhece os fatos o suficiente para poder medi-la, traduz uma verdade literal e simples que qualquer um, se quiser investigar um pouco em vez de julgar sem conhecimento de causa, poderá confirmar por si próprio.

Primeira série de fraudes:
A Lei dos Partidos Políticos de 1995, Art. 28, alínea II, afirma taxativamente que será cassado o registro de qualquer partido que se comprove subordinado a uma organização estrangeira.
O PT, segundo a propaganda do seu III Congresso, reconhece o Foro de São Paulo como “coordenação estratégica da esquerda latino-americana”. Ao subscrever e colocar em prática as decisões das assembléias gerais do Foro, esse partido reconhece sua subordinação a um plano internacional que não somente jamais foi discutido ou aprovado no nosso Parlamento, como também advoga, sem dar disto a menor ciência ao povo brasileiro, a dissolução da soberania nacional mediante a integração do país num monstrengo internacional chamado “Pátria Grande”, cuja capital é Havana e cuja língua oficial é o portunhol.
A sra. Dilma Rousseff, em especial, chegou a ser louvada pelo ditador venezuelano Hugo Chávez como “grande patriota... patriota da Pátria Grande”. Será possível não entender que ninguém pode ser ao mesmo tempo um patriota da pátria brasileira e um servidor leal da organização internacional empenhada em engolir essa pátria e governá-la desde assembléias e em reuniões secretas realizadas em Havana, em Caracas ou em Santiago do Chile?
Quando digo “reuniões secretas”, não é uma interpretação que faço. É o traslado direto da confissão cínica apresentada pelo sr. Luís Inácio Lula da Silva, não numa conversa particular, mas em dois discursos oficiais transcritos na página da Presidência da República (v. um deles em http://www.olavodecarvalho.org/semana/050926dc.htm).
Se ainda vale o princípio de que de duas premissas decorre uma conclusão, esta só pode ser a seguinte: O PT é um partido ilegal, que não tem o direito de existir nem muito menos de apresentar candidatos à presidência da República, aos governos estaduais ou a qualquer câmara estadual ou municipal.

Segunda série de fraudes:
Tão óbvia e gritante é essa conclusão, que para impedir que o cérebro nacional a percebesse foi preciso ocultar da opinião pública, durante dezesseis anos seguidos, a mera existência do Foro de São Paulo, para que pudesse crescer em segredo e só se tornar conhecido quando fosse tarde demais para deter a realização dos seus planos macabros. Nesse empreendimento aliaram-se todos os órgãos da “grande mídia”, reduzindo o jornalismo brasileiro a uma vasta e abjeta operação de desinformação e forçando o povo brasileiro, em sucessivas eleições, a votar em candidatos cujo programa de ação desconhecia por completo e, se o conhecesse, jamais aprovaria.

Terceira série de fraudes:
O Foro de São Paulo é a mais vasta, mais poderosa e mais rica organização política que já existiu no continente. Seu funcionamento – assembléias, grupos de trabalho, publicações, viagens e hospedagens constantes para milhares de agentes – é inviável sem muito dinheiro que até hoje ninguém sabe de onde vem e cuja origem é feio perguntar. É praticamente impossível que verbas do governo brasileiro não tenham sido desviadas em segredo para essa entidade. É mais impossível ainda que grossas contribuições não tenham vindo de organizações de narcotraficantes e seqüestradores como as Farc e o MIR chileno, que ali são aceitas como membros legítimos e tranqüilamente discutem, nas assembléias, grupos de trabalho e encontros reservados, a articulação dos seus interesses criminosos com o de partidos políticos como o PT e o PC do B.

Quarta série de fraudes:
A sra. Dilma Rousseff, servidora dessa geringonça imperialista, jamais poderia ser candidata a qualquer cargo eletivo no Brasil. Urnas que votam sozinhas ou que já chegam à seção eleitoral carregadas de quatrocentos votos para a candidata petista, como tantos eleitores vêm denunciando, são apenas subfraudes, ou pedaços de fraudes, em comparação com a fraude magna que é a presença, na lista de candidatos presidenciais, da agente notória e comprovada de um esquema estrangeiro empenhado em fagocitar e dissolver a soberania nacional.

Quinta série de fraudes:
Eleição com contagem de votos secreta não é eleição, é fraude. O sistema de ocultações montado para isso, sob a direção de um advogadinho chinfrim sem mestrado, sem obra notável publicada e sem qualquer currículo exceto serviços prestados a um dos partidos concorrentes, viola um dos princípios mais elementares da democracia, que é a transparência do processo eleitoral. Como observou uma advogada que tentou denunciar em vão a anomalia imposta ao eleitor brasileiro, “é o crime perfeito: o acusado se investiga a si próprio”.
Que mais será preciso para concluir que, sob todos os aspectos, a eleição presidencial de 2014 foi em si uma fraude completa e majestosa, coroamento da longa sucessão de fraudes em série em que se transformou a política brasileira desde o ingresso do PT no cenário eleitoral?


Publicado no Diário do Comércio.
 

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  • Paulo G. M. Moura
  • 29 Outubro 2014

 

Digo, portanto, que as armas com que um príncipe defende seu estado ou são próprias, ou mercenárias ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas. Quem tem o seu estado baseado em armas mercenárias jamais estará seguro e tranquilo, porque elas são desunidas, ambiciosas, indisciplinadas, infiéis, valentes entre amigos e covardes entre inimigos, sem temor a Deus nem probidade para com os homens. O príncipe apenas terá adiada a sua derrota pelo tempo que for adiado o ataque, sendo espoliado por eles na paz e pelos inimigos na guerra.”
Nicolau Maquiavel – O Príncipe, Florença, 1513.

Fecharam-se as urnas. O PT venceu. Na democracia, cabe aos derrotados reconhecer a derrota, ainda que duvidando que, se o resultado fosse inverso, a atitude do outro lado seria a mesma.

Aécio o fez. Saiu das urnas maior do que entrou. Superou os limites do marketing que se rende às médias das pesquisas. Rompeu os limites da mediocridade da política tradicional. Entendeu econectou-se com a alma da Nação que carregou-o nos braços no chão da rua, fora dos palanques tradicionais em mais de uma ocasião. Traduziu essa compreensão no discurso da libertação do Brasil e tocou o coração das forças vivas da Nação. Teve a grandeza de sugerir à presidenta reeleita o gesto da conciliação, não obstante ter sido vítima das mais baixas vilezas de que se tem conhecimento em eleições presidenciais no Brasil. Talvez pudesse ser mais contundente na afirmação de linha de oposição que liderará, mas terá oportunidade de fazê-lo com atitudes.

Marina Silva, premonitória, disse, após ser expulsa do segundo turno pelos ataques vis do PT e declarar apoio à mudança: “- Eu prefiro perder ganhando a ganhar perdendo”.

Quem ganhou e quem perdeu?

O desafio da análise política é entender o significado do resultado de uma eleição, sabendo que o leitor busca o porto seguro da antecipação do futuro.

Não há porto seguro; não há zona de conforto. A política é o reino da mutação. A vitória de hoje pode ser a derrota de amanhã. E vice e versa.

Entendamos, então, o que Dilma ganhou.

Em primeiro lugar, Dilma herda de si mesma uma Nação em frangalhos.

Inflação acima do teto da meta; recessão; crise fiscal, crise nas contas externas, alto endividamento público, represamento artificial de preços controlados, perda de credibilidade perante o mercado e investidores, máquina pública inchada e cara, queda de arrecadação de impostos, estatais quebradas, isolamento perante as forças vivas da Nação e um clima político intoxicado pelos ataques abaixo da linha da cintura praticados pelos petistas, por Dilma e por Lula.

Os mais magoados são os eleitores de Marina e Aécio, que saem das urnas desconfiando de fraude, falando em impeachment, dispostos a seguir na ruas e esperando dos tucanos uma oposição firme, à altura do tom que Aécio imprimiu aos debates.

Em segundo lugar, Dilma derrotou(?) nas urnas a metade do país que é mais importante pela qualidade do que pela quantidade. Quem gerou a votação de Aécio não foi nenhuma sigla formal; foi o maior partido do Brasil hoje, o antipetismo. Um partido informal que não existiria não fosse a existência do petismo. Por que será? Gente sem envolvimento com política se expôs nas ruas e nas redes sociais aos milhões. A ânsia por liberdade segue viva, mobilizada e mais indignada que durante a campanha.

Quem carregou Aécio nos ombros em Copacabana, saiu em passeata no Largo da Batata e na Faria Lima, no centro e no Parque Moinhos de Vento em Porto Alegre, no centro de Recife e em outras metrópoles do Brasil; quem gritou 1,2,3 Lula no xadrez na em frente ao MASP dia 25/10 e foi às ruas em passeatas em véspera de eleição (alguém já havia visto isso antes?), não foi a militância do PSDB apenas. Foi o mesmo povo pacífico e aguerrido que foi às ruas em junho de 2013 antes que os black bloc os expulsasse.
Difícil de entender?
O neto de Tancredo Neves entendeu o espírito das ruas e aceitou de peito aberto, mesmo sendo chamado subrepticiamente de bêbado e drogado por Dilma num debate, mesmo sendo caluniado por Lula como filinho de papai que bate em mulher (no que foi desmentido), manteve a altivez e respondeu com a crítica política contundente, honesta e verdadeira.

Apesar disso tudo, o pai de família, cuja esposa Letícia reconhece nele um homem de caráter, assumiu a posição de libertador do Brasil, acima de partidos. Letícia buscou um marido cujo principal atributo é o caráter e, com ele teve gêmeos. E a Gabriela, filha de seu primeiro casamento, esteve ao seu lado nos momentos centrais da eleição.

Aécio sai da eleição sendo percebido como um estadista. De Lula e Dilma não se pode dizer o mesmo.

Terá sido gratuita a identificação de quase 50% dos eleitores com alguém com esse perfil?

O que esse povo todo que empunhou a bandeira da mudança e votou em Aécio e Marina pensa do Brasil governado há 12 anos pelo PT? O que desejamos para o futuro?

Um país no qual o(a) presidente(a) sabe o que se passa de baixo de suas barbas ou de suas saias e não finja que não sabe.

Um país cujo(a) presidente(a) não seja cúmplice da corrupção e não use o dinheiro público para comprar apoio político com vistas à perpetuação de seu partido no poder.

Um país no qual os detentores do poder não ameacem as liberdades individuais, das quais a mais cara é a liberdade de opinião contra o governo.

Um país no qual o governo não seja cúmplice de gente que viola a propriedade privada e ameaça a inviolabilidade do lar de quem constituiu família e tem direito ao teto pelo qual paga com o suor de seu trabalho e com a garantia dos seus impostos.

Um país no qual todos os partidos respeitem as leis, a ordem e a democracia.

Um país com Legislativo e Judiciário independentes.

Serviços públicos à altura dos impostos pagos por todos.

Políticos que não assaltem os cofres públicos e que gastem corretamente os impostos que pagamos.
Isso é pedir demais? Depois de tudo o que veio à tona será possível esperar isso do PT?

Os cidadãos brasileiros trabalham 8, 10, 12, 14, 16 horas por dia, 365 dias por ano para pagar impostos, sustentar famílias, gerar empregos e bancar seus sonhos e a ganância esperta daqueles de ocupam cargos públicos ou gravitam em torno do Estado para sugar-nos a riqueza que a sociedade produz.

http://professorpaulomoura.blogspot.com.br/
 

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  • Darcy Francisco Carvalho dos Santos
  • 28 Outubro 2014



O governador eleito receberá um orçamento com um “buraco” em torno de R$ 5,4 bilhões, equivalente a 15% da receita corrente líquida. Numa linguagem simples, para cada cem de despesa, o Estado só contará com 85 de receita.
Em números redondos, as receitas foram superestimadas em R$ 4,4 bilhões, e as despesas, subestimadas em R$ 1 bilhão. A proposta orçamentária para 2015 não contém dotação para pagamento do reajuste do magistério a vigorar a partir de novembro deste ano.
A dotação para investimentos com recursos próprios corresponde a menos de 3% da receita corrente líquida, com todos eles oriundos de receita fictícia. Então, a dotação para investimentos com recursos próprios é zero.
Além das receitas fictícias, as demais receitas correntes estão projetadas com um acréscimo de 12,7% sobre o orçamento do ano corrente, cujas receitas deverão ter um grau de realização de 95%. Com isso, o crescimento esperado passa para 18%, ou 12% reais, quando o crescimento do PIB será quase nulo.
Além desse déficit, o novo governo encontrará R$ 1,5 bilhão de recursos de operações de crédito que foram utilizados para financiar despesas correntes. Então, ele terá que realizar com recursos do Tesouro os investimentos que eram objeto dos contratos respectivos. Isso sem falar no denominado empréstimo “jumbo”, anunciado pelo próprio governo, que está por se realizar.
Os déficits que o futuro governo encontrará não são potenciais, decorrentes do não cumprimento de vinculações constitucionais, como antes, mas reais, porque terão origem em despesas já feitas e que se estenderão até 2018.
Além disso, o novo governo encontrará zerado o estoque de recursos que historicamente vinha financiando os déficits, utilizados por meio do caixa único, do qual até o final do ano o atual governo terá sacado R$ 8 bilhões, grande parte oriunda dos depósitos judiciais.
A solução definitiva para isso está na reforma da Previdência, que deve ser feita mediante uma mobilização geral de todos os Estados.
 

* Contador e economista

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