Percival Puggina
Leio no Diário do Poder
Gilmar diz em Lisboa que Brasil era governado ‘por uma gente do porão’
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou em Lisboa, nesta sexta-feira (3), que “estávamos sendo governados por uma gente do porão, pessoas da milícia do Rio de Janeiro com protagonismo na política nacional”.
As declarações do ministro foram prestadas à jornalista Sonia Blota, da Rádio Bandeirantes e da TV Band, por ocasião de evento da Lide, empresa do ex-governador de São Paulo João Doria. Para ele, isso mostra “que temos que ter preocupação até pela nossa integridade física”.
Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro afirmou ter a “impressão” de que ele “já está sendo investigado”.
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Assim é o STF brasileiro, onde todos fazem política e alguns são politiqueiros a esse nível.
A frase de Gilmar Mendes é um depoimento sobre si mesmo. Sempre que a oportunidade aparece, ele mostra ser muito mais um político no exercício de atividade política, com lado e missão, do que um ministro ocupado com a proteção da sociedade à luz da Constituição. Nesse mesmo evento, ele afirmou desejar “que o Brasil nunca mais volte a ser um pária internacional”...
Fazer frases de efeito, afirmar esse disparate contra um governo que recebeu no mínimo 58 milhões de votos de cidadãos brasileiros, não olhar para os mequetrefes que Lula chamou para o poder, nem para o próprio presidente e seu passado, são condutas incompatíveis com qualquer desejo de obter consideração social.
Nunca estive no “porão”, mas imagino quem o frequente. No entanto, como não sou irresponsável, não digo.
Percival Puggina
Leio no Diário do Poder
O ex-deputado federal Daniel Silveira foi preso na manhã desta quinta-feira (02) em Petrópolis, no Rio de Janeiro. A prisão foi efetuada por agentes da Polícia Federal.
Daniel Silveira tinha imunidade parlamentar, mas perdeu o benefício nesta quarta-feira (01). Nas últimas eleições, Silveira recebeu cerca de 1,5 milhão de votos para ser o representante do Rio de Janeiro no Senado, mas, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.
Para justificar a prisão, o Supremo Tribunal Federal alegou que o ex-parlamentar descumpriu medidas cautelares impostas pela corte.
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Impressionante! Isso é o que chamo de agilidade judicial. O Brasil seria um país diferente se o Poder Judiciário usasse para a persecução de quantos no mundo crime agem contra a sociedade a mesma presteza com que o STF e o TSE buscam seus alvos políticos.
Mas não. Para os que caem em desgraça perante a corte, jamais haverá aquela morosidade com que processos de detentores de foro privilegiado, defendidos por advogados cheio de prerrogativas – se me faço entender – se empoeiram nas prateleiras. E na maior parte dos casos nelas estacionados, os crimes em fase de inquérito ou pendentes de julgamento se referem àqueles recursos ditos “públicos”.
Prioridades são determinadas por um crivo moral chamado escala de valores.
Percival Puggina
Lido dia 26 no jornal Metrópoles
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a reativação das contas do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e outros parlamentares. Em decisão desta quinta-feira (26/1), Moraes determinou expedição de ofício às empresas Facebook, Instagram, TikTok, Twitter e YouTube para que cumpram a decisão.
Moraes considerou apelo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no sentido “de permitir que os parlamentares, bem como aqueles que foram eleitos para a próxima legislatura, possam retornar a utilizar suas redes sociais dentro do mais absoluto respeito à Constituição Federal e à Legislação”, diz decisão.
Ao examinar a peça de Nikolas, o ministro do STF entendeu que os mesmos argumentos que aceitou para a retomada das contas do senador Alan Rick seriam aplicáveis a Nikolas.
Multa
Em 11 de janeiro, o ministro determinou que a conta no Telegram do parlamentar eleito fosse suspensa. A empresa recebeu a ordem dois dias depois, mas não cumpriu a determinação. Na quarta-feira (25/1), o aplicativo questionou a decisão da Suprema Corte, afirmando que ela apresenta fundamentações genéricas” e “desproporcionais”.
Em resposta ao questionamento do Telegram, Moraes multou o aplicativo em R$ 1,2 milhão.
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Rodrigo Pacheco está brigando por voto no esforço para chegar a 41, se reeleger presidente do Senado Federal e dar continuidade à sua trajetória de sucessivas omissões. Contanto que para ele tudo esteja bem, o circo nacional inteiro pode pegar fogo e as arbitrariedades seguirem seu curso como “água morro abaixo e fogo morro acima”.
Agora, me digam: se Pacheco está brigando por voto, não fica estranho o ministro fazer o que nunca faz e voltar atrás de decisões punitivas a pedido do senador candidato que é seu óbvio preferido na eleição do dia 1º de novembro? Tudo parece pouco republicano...
Não convém esquecer que as razões para cortar as redes sociais de parlamentares eleitos eram vagas e difusos, como tentou demonstrar o aplicativo Telegram pedindo ao ministro que revisse sua determinação. Afinal, a empresa vive dos seus assinantes ativos e não dos passivos. Tomou multa de R$ 1,2 milhão. Logo após, Alexandre, a pedido do senador Pacheco, liberou as tais contas “desde que todos obedecessem a Constituição”. E, como bons meninos, não fizessem pipi na cama.
Por essas e outras, às vezes me sinto um extraterrestre no meu país.
É bom que os novos senadores – especialmente esses! – aproveitem o treinamento para verem como funcionam as coisas e decidam se querem exercer um poder de terceira categoria ao longo de seus mandatos. Não é o que os eleitores desejam.
Percival Puggina
Leio no site da Agência Brasil
Após anos de proibição, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltará a financiar projetos de desenvolvimento e de engenharia em países vizinhos, disse hoje (23) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deu a declaração acompanhado do presidente argentino, Alberto Fernández, em encontro com empresários brasileiros e argentinos durante a viagem a Buenos Aires.
Segundo Lula, a atuação do banco de fomento é importante para garantir o protagonismo do Brasil no financiamento de grandes empreendimentos e no desenvolvimento da América Latina.
“Eu vou dizer para vocês uma coisa. O BNDES vai voltar a financiar as relações comerciais do Brasil e vai voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior e para ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse enriquecimento para um país como o Brasil. O Brasil não pode ficar distante. O Brasil não pode se apequenar”, declarou Lula.
No discurso, o presidente também defendeu que o BNDES empreste mais. “Faz exatamente quatro anos em que o BNDES não empresta dinheiro para desenvolvimento porque todo dinheiro do BNDES é voltado para o Tesouro, que quer receber o empréstimo que foi feito. Então, o Brasil também parou de crescer. O Brasil parou de se desenvolver e o Brasil parou de compartilhar a possibilidade de crescimento com outros países”, disse.
No governo anterior, o BNDES fez auditorias em financiamentos a países latino-americanos na década passada e divulgou o resultado numa página especial no site da instituição na internet. As investigações não encontraram irregularidades.
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Assisti a um vídeo (aqui) em que Lula discorre sobre visitas de Evo Morales que não queria voltar a seu país “sin plata” (dinheiro, em espanhol popular). Sei que Cuba e Venezuela não pagam o que devem ao Brasil (aqui) e que essas dívidas já foram pagas ao BNDES pelo Fundo de Garantia de Exportações, custeado pelo Tesouro Nacional. A dívida cubana era lastreada em charutos (aqui).
Nas palavras de Lula, querer receber o empréstimo concedido é um mau hábito (imagino que ele pense assim) e não surpreende quem esteja bem informado. No seu desconhecimento sobre rudimentos de Economia e contas públicas, ele considera (aqui) que o governo gastar dinheiro que o Estado não tem é bom para a Economia, mas pagar os juros do correspondente endividamento é um gasto indecoroso.
Ou seja, ele quer fazer a mesma coisa, internamente, com os poupadores brasileiros que financiam o déficit público...
Percival Puggina
Leio em Jota
A desconfiança dos brasileiros sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) é maior entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL), homens, jovens entre 25 e 34 anos, evangélicos, com escolaridade até o ensino médio e que possuem renda familiar de R$ 2 a R$ 3 mil mensais.
Esses grupos têm também as piores avaliações sobre Alexandre de Moraes – ao mesmo tempo, na população em geral, ele é o ministro com mais percepções positivas.
O perfil foi traçado pelo instituto de pesquisa AtlasIntel, que, a pedido do JOTA, ouviu a opinião dos brasileiros sobre o tribunal após os ataques aos Três Poderes.
Há um empate técnico entre a parcela de brasileiros que confiam e a que desconfiam do STF: 44,9% dizem confiar na Corte e 44,8% afirmam não confiar — os 11% restantes não têm opinião formada sobre o tribunal constitucional brasileiro.
Entre as pessoas que disseram ter votado em Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2022, 91% declararam desconfiar da atuação do STF e apenas 2% afirmaram confiar – o número restante corresponde àqueles que afirmaram não saber opinar. Essa é a maior proporção de desconfiança levando-se em conta os apoiadores dos quatro candidatos mais bem classificados nas eleições presidenciais de 2022.
No outro polo, os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado dos de Simone Tebet (MDB), têm os maiores níveis de confiança: 81% em cada um dos grupos.
Confiança dos brasileiros no STF de acordo com seus candidatos no 1º turno:
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Os dados levantados mostram a existência de dezenas de milhões de eleitores que não confiam na Suprema Corte brasileira. Não por acaso, são os eleitores de um candidato e se dão por insatisfeitos com a arbitragem que ali vem sendo exercida. O percentual de aprovação vem do lado esquerdo. Alguém pode dizer, não sem razão, que tais divergências em relação “ao juiz do caso” são muito comuns. Quem perde discorda do juiz. A pergunta da pesquisa, porém, não era sobre concordância, mas sobre confiança...
Um fenômeno posterior ajuda a compreender a verdadeira natureza do problema. Refiro-me ao ocorrido no ato de diplomação do candidato Lula pelo TSE. Quando Alexandre de Moraes entrou no recinto repleto de convidados petistas, foi saudado em vigorosa e prolongada salva de palmas pelo auditório que, num salto, se pôs em pé, simultânea e espontaneamente. Nunca antes assisti algo naquelas proporções.
A pergunta fica para o juízo do leitor: o que terá, cada um dos lados em disputa, percebido?
* Veja a íntegra do texto original de Jota aqui: https://www.jota.info/stf/do-supremo/brasileiros-estao-rachados-em-relacao-a-confianca-no-stf-diz-pesquisa-atlasintel-jota-13012023
** AtlasIntel é a fonte da ilustração acima.
Percival Puggina
Quando o PT chega ao poder, vem com aquilo que chamamos “fome ao pote”. Deixem o Lula solto para falar e o “amor” sai derrotado na primeira frase. Com a honra de ser “absolvido” em três instâncias na Globo e em duas na ONU (ou algo com semelhante peso judicial), ele se sente em condições de despejar sua ira contra quem pensa diferente dele, usando o salto alto da dignidade ferida.
No tempo das antigas vitórias petistas aqui no Rio Grande do Sul, a percepção comum era de que haviam obtido ganhos revolucionários e não sucessos eleitorais. A revolução, como se sabe, tem motivos e não precisa ter razão. Ela passa por cima de detalhes éticos e estéticos que são do agrado da “burguesia” derrotada.
É o ânimo que observo nestes primeiros dias de um novo governo petista no país. Puxa a carreta para o passado! Há que trazer o calendário para algum momento anterior e retomar tudo a partir daí, inclusive o caos em que deixaram o país. Querem, como eu, o Brasil de volta, mas nos pandarecos em que o perderam.
Para chegar a esse estágio, vale tudo. Inclusive o fuxico, o mexerico, a busca maligna e maliciosa na intimidade alheia. Vale, até mesmo, atrair a dadivosa Justiça para o despenhadeiro da judicialização daquilo a que chamam “política”.
Bolsonaro havia decretado sigilo de cem anos sobre certos documentos. Acabar com esse sigilo, pelo jeito, estava entre as grandes e urgentes prioridades do governo Lula. Tarefa relevantíssima saber, por exemplo, quem eram as 565 pessoas que visitaram a Sra. Michelle Bolsonaro no Palácio do Alvorada. Nossa! Assunto para os fuxiqueiros antifas. Neste momento e por muito tempo, essas pessoas são vítimas de uma pescaria. Numa perspectiva racional, são elas que ficaram injustamente desprotegidas com o alarido em torno da abertura do sigilo “de cem anos” até agora estabelecido. São elas que estão tendo a vida devassada e não é a ex-primeira-dama.
Mas, quem se importa com isso? Afinal, dizem, “a luta é política”. Com isso, explicam qualquer coisa e para delineá-la bastam os motivos. A razão, bem como a correção dos meios e dos fins são zelos da “burguesia”.