• Leandro Ruschel
  • 03 Julho 2023

Leandro Ruschel

       Infelizmente, vivemos hoje um grande retrocesso na visão de igualdade diante da lei, com muita gente defendendo a discriminação como forma de corrigir discriminação, o que apenas tem produzido mais divisão e instigado o ódio entre diferentes raças.

É exatamente o espírito de igualdade diante da lei que foi resgatado por essa corretíssima decisão da Suprema Corte, nas brilhantes palavras do ministro Clarence Thomas:

"Ao mesmo tempo que tenho consciência das agruras sociais e econômicas que afligiram a minha raça, e a todos aqueles que sofreram discriminação, eu mantenho forte esperança que este país manterá os princípios tão claramente enunciados na Declaração da Independência e na Constituição dos Estados Unidos: que todos os homens são criados iguais, todos são igualmente cidadãos, e devem ser tratados da mesma forma diante da lei."

O ministro John Roberts, relator do voto, resumiu o argumento da corte:

"Por muito tempo, as universidades concluíram, erroneamente, que a base da identidade de um indivíduo não são os desafios superados, as habilidades construídas, ou as lições aprendidas, mas a cor de sua pele. Nossa história constitucional não tolera essa escolha. O estudante deve ser tratado com base em suas experiências como um indivíduo - e não com base na sua raça."

É uma merecida facada no coração da política de identidade da extrema-esquerda, e o resgate do indivíduo como a real minoria a ser protegida da tendência totalitária do Estado.

*         Reproduzido da página do autor no Facebook

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  • Stephen Kanitz
  • 03 Julho 2023

 

Stephen Kanitz

É alarmante como diversos segmentos da sociedade brasileira, especialmente a direita, a classe média, as 52% de mulheres que o elegeram, ( 52% dos homens votaram Bolsonaro ) e os eleitores do Nordeste que votaram contra, além da própria esquerda, tiveram tanta dificuldade em compreender a figura política de Jair Bolsonaro.

Primeiro a direita brasileira, historicamente preocupada com questões de eficiência, estabilidade jurídica e redução de impostos, nunca se esforçou para eleger um único governo.

A direita ingenuamente acreditou por mais de 20 anos que o Partido Social-ista”Brasileiro liderado por uma figura que introduziu o marxismo na maior universidade brasileira, os representaria.

O termo “Democrático” no PSDB, apenas significa que o partido opta por chegar ao poder através de mecanismos democráticos, e não mais revolucionários, mesmo que tal processo pudesse levar 30 anos.

Em nenhum momento prometeram manter essa democracia uma vez no poder, como está em curso agora.

Paradoxalmente, a esquerda também necessitava de Bolsonaro, visto que ela não poderia realizar cortes de gastos, desestatizações, e limitar o aumento da dívida do governo sem ser politicamente prejudicada.

Este padrão já foi observado na Inglaterra, onde os conservadores frequentemente fazem reformas impopulares como cortar custos e dívidas e aí perdem as eleições subsequentes, entregando aos Trabalhistas um governo estável.

No contexto brasileiro, o funcionalismo público e as dívidas previdenciárias se tornaram uma carga insustentável para o orçamento do país, gerando competição entre os próprios setores governamentais pelos poucos recursos disponíveis.

Por que não deixaram para o Bolsonaro o jogo sujo e ingrato de ser o redutor de custos e dívidas, despedindo gente e benesses.

Bolsonaro foi o primeiro presidente a reconhecer que o Brasil está tecnicamente falido, que a previdência está insolvente, que o Estado está gastando demais e mal, como o caso dos 37 Ministérios.

Obviamente Bolsonaro foi duramente criticado e odiado por todos que seriam afetados, e eram muitos.

Mas teve que enfrentar discórdia inclusive de conservadores e liberais, por não ser uma figura “perfeita”, sem vícios e defeitos, imaculada.

Só que perfeito ninguém é.

Reduzir custos é tarefa dura, desagradável, fazer acordos e reduzir somente a metade não funcionam.

A perda de Bolsonaro nas eleições, dizem alguns, foi por culpa própria, ele deu muitos tiros no pé, não escolheu suas batalhas topou todas, não divulgou seus feitos e conquistas. De fato.

Mas foram justamente aqueles que seriam os mais beneficiados que deram as costas, e nunca o defenderam das gafes que cometia.

Poucos foram à sua defesa argumentando “não foi bem assim”, “tiraram a frase do seu contexto”, como a esquerda faz com muita eficiência “não há provas”, por exemplo.

Bolsonaro sendo um militar e não sendo um político pecava falando sendo franco demais, articulando o que pensa de verdade ou o que o povo sentia.

Agora teremos muita dificuldade em ver um outro presidente comprometido com a redução de despesas e austeridade fiscal.

Quem de direita vai se atrever a competir ?

Foi eleito com recursos próprios, sem apoio partidário e sem fazer acordos políticos custosos e ineficientes, um partido de um homem só.

Mesmo com as severas críticas desde o primeiro dia de governo com sua personalidade incisiva e muitas vezes polêmica, Bolsonaro abordou questões que poucos antes dele se atreveram a tocar.

E ninguém saiu noticiando conquistas importantes que terão resultados a longo prazo, como os Bancos Comunitários, hipotecas para empreendedores, a Lei da Liberdade econômica , a não ser alguns gatos pingados.

Bolsonaro está longe de ser um político perfeito, mas é importante ponderar que a perfeição raramente é encontrada na política.

Por isso não entendo o ódio das 52% das mulheres brasileiras com relação a Bolsonaro que estava lutando pelo futuro delas e de seus netos, quando a oposição claramente está preocupada com si.

Bolsonaro foi o primeiro presidente com coragem de dizer “não”, algo inexistente num país de acordos e benesses, de compra de votos para dizerem “sim”.

Seu estilo direto e, por vezes, controverso, foi visto como inapropriado por muitos, especialmente as mulheres que o derrotaram dando 52% de seus votos ao mais simpático Lula.

Só que os desafios que o Brasil enfrenta não podem ser superados com discursos paz e amor.

Não temos mais recursos financeiros para agradar todo mundo.

Durante seu mandato a corrupção foi reduzida em 95%, cumprindo a sua promessa eleitoral.

Mesmo assim, todos que votaram contra Bolsonaro concentraram-se nas alegações menores, como as relacionadas às “rachadinhas” passadas e de pequena monta, contra os bilhões do Porto em Cuba e dezenas de outros casos.

Ainda assim, liberais e conservadores mantiveram uma postura reservada e até contrária em relação à Bolsonaro, preferindo uma Simone Tebet como sucessora e lutando pela sua eleição como uma terceira via.

Muitos pareciam preferir uma figura mais polida, com um discurso mais elegante, ainda que essas qualidades não necessariamente se traduzissem em ações eficazes.

Em retrospecto, Bolsonaro foi uma figura política que rompeu com muitos padrões estabelecidos, o que desencadeou reações diversas e intensas.

Enquanto alguns celebraram sua postura assertiva e foco na redução de gastos, a maioria lamentava suas falhas e o estilo confrontador.

Independentemente é inegável que a presença de Bolsonaro na presidência representou um período distinto na história política brasileira.

Portanto, é fundamental analisar o legado de Bolsonaro com uma lente equilibrada, ponderando suas realizações e fracassos de forma justa.

Que não vi ninguém fazer.

A expectativa de que teremos novamente no Brasil um presidente que se comprometa com a redução de despesas, que seja eleito sem apoio partidário e sem acordos políticos, parece pouco provável.

Bolsonaro foi uma figura única, com todas as suas falhas e acertos, em um momento único da história política brasileira.

O Brasil do progresso sentirá a sua falta.

 

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  • Olavo de Carvalho
  • 02 Julho 2023

 

Olavo de Carvalho

       Um homem de pensamento deve ser fiel à verdade tal como ela se lhe apresenta a cada momento no exame das questões concretas, sem deixar-se envolver por uma atmosfera mental que tinja todo o seu horizonte de consciência com uma tonalidade geral e prévia de “esquerda”, de “direita” ou seja lá do que for. Pessoalmente, nunca me manifestei a favor de nenhuma política “de direita”, e é por pura indução psicótica e ressentimento de complexados que uns sujeitos de esquerda tentam enxergar em mim um feroz direitista. Deduzem isto das críticas que lhes faço. Raciocinam na base schmittiana do “Quem não está conosco está do outro lado”, mostrando que nem sequer em imaginação podem conceber que exista uma inteligência livre, capaz de atacar o mal sem cair no automatismo mentecapto de supor que a simples inversão da ruindade faria dela um bem.

Logicamente falando, a posição política de um indivíduo jamais pode ser inferida das críticas, por mais duras, que dirija a uma ideologia ou partido, pela simples razão de que críticas idênticas podem ser feitas desde várias posições ideológicas. O sionismo foi atacado com igual vigor pela extrema-direita e pelos comunistas. O fundamentalismo islâmico é tão abominado pelos cristãos conservadores quanto pela esquerda feminista e gay ou pelos liberais modernistas e ateus.

Só uma tomada de posição positiva em favor de determinadas políticas é que define identidade e compromisso ideológicos. A crítica é livre e pode vir de todas as direções.

A mentalidade comunista, no entanto, desconhece a tal ponto a liberdade de pensamento, subjuga tão pesadamente a inteligência ao comando partidário, que chega a catalogar a ideologia de um sujeito não pelas intenções e valores que ele professe, mas pela simples conjecturação hipotética e quase sempre paranóica do benefício político ou publicitário que partidos ou correntes possam auferir de suas palavras, ainda que oportunisticamente e contra a vontade dele. Na imaginação dos comunistas, ninguém afirma “x” ou “y” com a simples intenção de dizer a verdade, mas sempre com a premeditação de algum resultado político, mesmo remotíssimo. É que eles pensam assim, eles são indiferentes à verdade e à falsidade e só abrem a boca em vista de efeitos políticos. Por isso imaginam que o resto da Humanidade também é assim.

Foi com base nesse raciocínio alucinadamente projetivo que o Estado soviético chegou a condenar como crime a indiferença política, por julgar que ela denotava sinistras intenções contra-revolucionárias. Boris Pasternak foi parar na cadeia por conta disso.

Da minha parte, estou persuadido de que o homem de pensamento deve ser escrupulosamente comedido ao opinar a favor de qualquer política em especial: ele deve simplesmente fazer a crítica do que é ruim e perverso, deixando ao público e aos políticos, àqueles que se orgulham de ser “homens práticos” e que têm o dever de sê-lo, a decisão de políticas positivas que hão de suprimir ou remediar o mal.

Ademais, se critico a esquerda é porque hoje só existe esquerda. Não há direita nenhuma no Brasil. Há direitistas, mas cada um fechado nas suas convicções privadas, sem qualquer ação de conjunto. A prova mais patente é que a palavra “direita” só aparece na imprensa com conotações sombrias e criminais, jamais como a designação de uma corrente política que tenha o direito de existir como qualquer outra. Apontar um homem como direitista é acusá-lo de conspirador, de golpista, de corrupto, de torturador. Tanto é assim, que qualquer delito cometido em interesse próprio por analfabetos coronéis do sertão é imediatamente atribuído à “direita”, o que é pelo menos tão absurdo quanto enxergar motivação ideológica esquerdista em todos os crimes cometidos por meninos de rua. Só se pode falar nesse tom, impunemente, de uma minoria de párias sem voz nem poder. O curioso é que aqueles mesmos que sem temor de represália falam da direita nesses termos, provando com isto que ela não tem poder nenhum, querem nos fazer crer que ela existe, que ela é uma força organizada e manda no Brasil. Tudo isso é puro histrionismo de uma esquerda que sabe que está no poder mas não deseja assumir as responsabilidades de sua situação.

Hoje o establishment é esquerdista, a oposição também. Leiam as cartilhas de marxismo-leninismo do Ministério da Educação e me digam se um governo que educa as crianças nessa mentalidade não é comunista em espírito, conformado provisoriamente com o capitalismo que não pode suprimir. E qual governo sem forte inspiração comunista desejaria a supressão do sigilo bancário? Nessas condições, seria hipocrisia eu falar mal da “direita” só para me fazer de bom menino e afetar uma independência estereotipada. A independência autêntica não teme os rótulos que lhe queiram impor e não foge deles mediante o apelo a discursos de ocasião. Diz o que tem de dizer, e pronto. A confusão que façam em torno dela corre por conta da malícia e da sem-vergonhice de cada um.

*        Artigo publicado em 30 de dezembro de 2000 em O Globo.

**      Reproduzido do site  do autor, em https://olavodecarvalho.org/2000/

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 30 Junho 2023

 

Alex Pipkin, PhD
       Numa nova era, de suposta “nova consciência”, em que retoricamente só se fala em inovação, que significa criar formas inovadoras de resolver os problemas da sociedade (disruptiva), e/ou melhorar produtos e serviços já existentes no mercado (incremental), é kafkiana a incongruência entre a narrativa e a prática das políticas estatais.

O setor privado, apesar do ambiente institucional peçonhento, necessita ir além da criatividade e da ousadia racional para inovar em processos, produtos, serviços e experiências a fim de criar diferenciais e/ou enfatizar valores distintivos para ofertar nos mercados. Se assim não fizer, a soberania do consumidor atuará para que determinadas empresas percam o impacto e a relevância na criação de valor para clientes e para a sociedade como um todo.

Ao mesmo tempo, são surreais o comportamento e as ações governamentais. Além do governo não implementar novas práticas de gestão e maneiras de atender melhor e com menores custos à população, é justamente esse que impede e/ou joga no abismo as inovações a serem praticadas pela iniciativa privada.

Em vez de reduzir o seu tamanho mastodôntico, sua sanha por intervir nos mercados, com regulação, licenças e outras exigências burocráticas,

variados e múltiplos documentos para várias entidades estatais - o que não agrega nenhum valor -, adicionando custos e mais custos com tais licenças, taxas e cobranças, o governo inibe e penaliza as empresas quanto à geração de novas soluções para os cidadãos.

Por óbvio, toda essa parafernália burocrática se justifica para manter e aumentar “ad aeternum” a oxidada e gigantesca máquina estatal.

Mais uma vez, uma típica situação da pregação de moral de cueca, em que o governo impõe suas regras draconianas e seus procedimentos antiquados a iniciativa privada, sufocando as fundamentais soluções inovadoras, mas ele próprio, além de não inovar em suas práticas, retrocede em seus processos da idade do gelo para, populista e ideologicamente, dar mais proteínas a famigerada casta estatal.

Não sei se rio ou choro. Em plena era da digitalização, as “autoridades burocráticas estatais”, ainda exigem que determinados documentos e certificados tenham que estar no papel.

Sou justo, o governo é um exímio inovador quando se trata de aperfeiçoar o improdutivo, aquilo que já nem deveria existir mais!

Na prática, objetivamente, é o governo arcaico o principal gerador de barreiras à entrada de novas empresas no mercado, o que criaria mais da saudável competição e às imprescindíveis inovações.

Não canso em dizer que o governo deveria “sair da frente” dos empreendedores, o que acarretaria em mais atividade econômica, maiores soluções inovadoras para a sociedade, e a geração de mais impostos arrecadados para a provisão de bens públicos de efetiva qualidade.

O “nosso mundo” realmente é outro, porém, os semideuses estatais persistem em viver no reino das benesses, da ineficiência e da improdutividade, do vetusto e do compadrio.

Esses mortais divinizados forçam e, ao mesmo tempo, inibem as salvadoras inovações no setor privado, enquanto enchem suas bocas para arrotar frases feitas sobre o futuro e as tais inovações.

Se já não bastasse a legítima batalha contra as soluções inovadores da esfera privada, o governo, de fato, sempre busca abraçar o retrocesso na sua ânsia pela manutenção do Estado grande e dos privilégios para os agentes estatais.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 29 Junho 2023

 

DEMOCRACIA EM MODO -RELATIVA-

Na rota que leva qualquer -PAÍS CONSIDERADO COMO DEMOCRÁTICO- a fazer um -TEST DRIVE- para conhecer mais de perto como funciona o -REGIME DITATORIAL-, já na primeira curva aparece, com letras garrafais, uma placa informando aos curiosos passageiros que no trecho a seguir a DEMOCRACIA JÁ ENTRA, AUTOMATICAMENTE, EM MODO -RELATIVA-.

ATESTADO DE DESAPARECIMENTO

Infelizmente, por conta de baixa capacidade de discernimento, grande parte dos passageiros não percebem que em REGIMES DEMOCRÁTICOS não cabe o termo -RELATIVO-. Da mesma forma, aliás, como não existe, em hipótese alguma, mulher MEIO-GRÁVIDA. Portanto, para que fique bem claro, usar o termo RELATIVO para definir DEMOCRACIA é, antes de tudo, PASSAR UM ATESTADO DE SEU EFETIVO DESAPARECIMENTO.

RESSUCITAR A ASSASSINADA DEMOCRACIA

Pois, como o nosso triste país vive um momento crítico e decisivo, onde os passageiros dotados de racionalidade tentam, de todas as formas, RESSUCITAR a ASSASSINADA DEMOCRACIA, mais do que nunca é preciso restabelecer o funcionamento da importante -JUSTIÇA- que tem como compromisso GARANTIR OS DIREITOS INDIVIDUAIS, COLETIVOS E SOCIAIS, que de uns tempos simplesmente passaram a ser desrespeitados.  

NOTA-EDITORIAL DA JOVEM PAN

A propósito, como as LIBERDADES -DE IMPRENSA E DE EXPRESSÃO- estão sob potente FOGO CRUZADO Brasil afora, onde dois procuradores do Ministério Público Federal -Yuri Corrêa da Luz e Ana Letícia Absy- querem tirar a Jovem Pan do ar, eis aí, em forma de solidariedade total à empresa, a importante NOTA-EDITORIAL emitida ontem, com o título -VOCÊ SABE O QUE É JUSTIÇA?-.

VOCÊ SABE O QUE É JUSTIÇA?

- Você sabe o que é JUSTIÇA? Se você sabe ou não sabe, se tem uma vaga ideia, se acha que sabe, mas não sabe dizer em palavras… enfim, reflita comigo: O que é Justiça? Existem duas respostas: Uma para a Justiça como valor universal, a Justiça como verdade que existe acima dos homens; outra para a Justiça que julga os problemas através das leis, a justiça como instrumento de pacificação e harmonia social. Você quer saber o que é Justiça? Preste atenção: no céu, não há Direito, mas só a Justiça. Até mesmo no inferno não existe Direito, mas somente a Justiça. É sobre este planeta Terra, que, não havendo a verdadeira Justiça, existe o Direito. Porque é um valor universal que vai além deste mundo, a Justiça nos informa a existência da razão e, por isso, a Justiça é aquilo que atesta uma situação de equilíbrio e respeito entre tudo o que existe no universo e qualifica, assim, que a criação divina é justa.

Mas a humanidade nem sempre sabe respeitar e, por isso, ela quebra a harmonia da razão neste planeta. Para que possamos, então, gozar dos direitos humanos fundamentais da liberdade e da igualdade, criamos um sistema chamado Justiça que se inspira na Justiça como valor universal. Neste mundo, portanto, a Justiça parte do pressuposto que, porque somos todos filhos de Deus, tanto quem acusa quanto quem é acusado têm razão. Logo, entre nós, seres humanos, a Justiça é processo e não pode ser outra coisa. Esse processo é estabelecido pelo Direito, cujo objetivo principal é fazer Justiça através da instituição que chamamos de Justiça.

O processo não é a petição inicial, a acusação. O processo também não se resume à decisão dos juízes. O processo é um método preestabelecido pelo Direito que engloba a acusação, a análise de cabimento dessa acusação pelos juízes, a informação desse processo ao acusado pelo juiz, a defesa, o debate sobre os argumentos e as provas, o julgamento e, ainda, o debate acerca da necessidade de revisão do julgamento. O processo é tudo isso. Portanto, acusar ou ser acusado por qualquer um, por qualquer motivo, faz parte do exercício da Justiça no Estado Democrático de Direito. Pelo contrário, quando um acusador faz propaganda da sua acusação como ato de Justiça, pratica, na verdade, uma injustiça, pois, se a Justiça está no processo, essa propaganda é maldosa e quer enganar.

Vale-se da máquina e da estrutura do Estado brasileiro para propagar apenas a acusação, a petição inicial, como se ela fosse uma medida definitiva, como se ela desde já refletisse o resultado de um processo que nem começou; quer dizer, alardear uma petição sem a existência da defesa do acusado, a contestação, como medida heroica e de salvação popular é, em última análise, praticar um crime, o crime de abuso de autoridade. O Ministério Público Federal, quando faz propaganda em um veículo digital pago pelo povo somente para alardear que protocolou uma acusação contra quem quer que seja, faz uso indevido de recursos públicos contra o próprio público, que é dono dos recursos. Esse alarde de uma acusação serve para intimidar e manchar a reputação daquele que é acusado. É, em resumo, um ato antidemocrático, de má-fé, abusivo, leviano e que pretende levar a população a engano. E, porque é abusivo, é um ato ilícito, um exercício de injustiça praticado com o dinheiro do pobre brasileiro pagador de impostos.

Os serviços prestados à sociedade brasileira pela Jovem Pan preenchem muitas páginas da história do Brasil desde o século passado. Mas, somente agora, está sob ataque – justamente por ousar ser aquilo que se espera de um veículo de imprensa: ser livre, independente e ser sempre crítico. Este editorial não se resume em uma defesa da Jovem Pan. É uma defesa para que você não seja calado. Não importa se você é de esquerda, direita, centro ou apolítico: defender o fechamento de um veículo de imprensa é um atentado contra a democracia que somente se viu em regimes fascistas, nazista, soviéticos, enfim, toda sorte de regimes autoritários. Diga não à censura hoje para não se envergonhar de ser brasileiro amanhã.

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  • Samir Keedi, da Acad. Paulista de História
  • 28 Junho 2023

Samir Keedi, da Academia Paulista de História

 

Certamente o Brasil deve muito a muitos ao longo da sua história. Mas, a JK e JB deve mais que a outros. Pena que muitos, ao contrário, devem demais ao país e seu povo. Mas, ao invés de se envergonharem, se julgam heróis. O inferno saberá puni-los. Pena que muito tarde. Em que muitos terão pago boletos sem merecer.

JK foi um baluarte em muitas coisas, mas, trazer para cá a indústria automobilística e ocupar o país, é o suficiente, e são impagáveis. Alguém consegue imaginar o Brasil sem a indústria automobilística, e seus satélites produzindo peças para as montadoras? O desenvolvimento que ela produziu, e suas muitas dezenas de milhões de carros aqui fabricados? E a infinidade de empregos gerados? Se não somos um grande país, mas apenas um país grande, imagine-se sem essa fabulosa indústria.

Já vimos muitos criticarem e atribuírem a JK a quase morte da nossa ferrovia e nossa dependência do transporte rodoviário. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Não são excludentes. Mas, complementares, o que poucos percebem. Os governos seguintes é que trataram mal essa questão e acreditaram que o transporte rodoviário, e não o ferroviário, é que seria o ideal para o país. Ledo engano. Para um país continental, foi a pior escolha possível. O transporte rodoviário é para curtas distâncias, distribuição de carga e apoio aos demais modos de transporte.

O transporte rodoviário, como se sabe, é o melhor de todos os modos de transporte. O único que pode fazer tudo sozinho e não depende de outro modo qualquer. Todos os demais dependem dele. Inclusive a tão necessária Intermodalidade e a Multimodalidade. Mas, sabemos que ele é o mais caro entre todos os modos de transporte, como já escrevemos e mostramos a nossos alunos e interlocutores diuturnamente, portanto, para ser usado com parcimônia, o que não ocorre em nossas plagas.

Seu outro ponto forte, até mais, foi a mudança da capital do país, da "civilização para o nada" como muitos apregoavam. Já cansamos de ver ataques a ele por isso, até hoje. Obviamente uma visão totalmente equivocada de quem pensa assim. O país era uma faixa de 200 quilômetros do mar, e praticamente nada mais. Com todo o restante quase nada servindo. Ele ocupou o país integralmente. Será que sempre foi mais fácil pensar apenas na maior distância da capital, do que na posse total?

Com a capital no centro do país, proporcionando a ocupação dos nossos 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o efeito agrícola foi avassalador. O tamanho da nossa agricultura hoje é invejável, com alta produtividade. E alimentando um bilhão de pessoas ao redor do mundo. Quantidade que ainda pode crescer muito. Alguém consegue imaginar isso tudo sem criticar? Se ficássemos restritos à faixa litorânea, o que seria hoje do país? Hoje tudo é Brasil, e no passado isso era apenas uma utopia. Somente a coragem de JK poderia ter proporcionado esse feito.

Nossa agropecuária é, hoje, invejável e exemplo para o mundo. Esperamos que assim continue e melhore, pois sabemos que muitos querem destruí-la. Tanto interna como externamente.

A JB devemos muito também. Pela primeira vez na história vimos um patriotismo como "nunca antes neste país". Um país que sempre foi tratado como se não existisse para cada brasileiro. Que pensava no país apenas como o que ele poderia lhe dar. Inversão do que apregoava JFK em seu governo nos EUA. Quando os democratas eram mais patriotas e pensavam no país. Não que não pensem mais, mas, eles mudaram muito, para pior. A esperança dos EUA são os Republicanos, para que continuem como são.

JFK gravou na história a sua célebre "Não pense o que seu país pode fazer por você, mas, o que você pode fazer por seu país". Inverso dessas terras tupiniquins, em que sempre valeu "Não pense no que você pode fazer por seu país, mas, o que seu país pode fazer por você, e sempre, mais ainda, o que o país pode fazer "por mim", e se não fizer, eu farei". Hoje somos um país bem mais patriota.

Além do que, JB governou sem pensar no que outros fizeram quanto a obras paradas e desvios. Obras que sempre começavam, enriqueciam o governante, e depois eram paralisadas. Infinitas obras foram retomadas, não importando quem as tinha paralisado. Valia o país, o povo que era beneficiado.

Seu ministério, reduzido de praticamente "Ali Babá..." para 22. Ainda muito, mas, bem menos. E, com nomeação de técnicos, sem cabide de emprego. Claro que sempre há erros, mas, não como antes ou depois, em que nos ministérios só há erros e mistérios. Hoje voltamos a ressuscitar "Ali Babá..." com ministérios sem sentido, sendo que, em seis meses de governo, metade dos ministros não foram recebidos nem despacharam com o presidente, segundo a imprensa.

Estradas foram asfaltadas e melhoradas. Ferrovias receberam atenção que não mais estavam acostumadas a receber a cabotagem voando. Atenção a portos, aeroportos, privatizações, etc. Mudando um pouco o cenário logístico quase desolador e que vinha piorando.

Muito ainda se poderia falar aqui desses dois importantes personagens da nossa história. Em especial de JB, fenômeno que o país nunca conheceu antes. Ninguém jamais arrastou multidões como visto nos últimos anos. Caso único na nossa história. Aliás, em certos aspectos, pobre história, com equívocos enormes, em que parece que aqui foram criadas as fake news. É fake news no descobrimento. Na proclamação da independência. Na proclamação da república, etc., uma vergonha.

Mas, preferimos ficar apenas na história recente, e no transporte e logística, partes da nossa área de atuação profissional, em que sabemos como as coisas se passaram antes, durante e agora novamente.

*        O autor é empresário e titular da Cadeira Nº. 4 da APH-Academia Paulista de História -  SKE Consultoria Ltda

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