• Carlos I.S. Azambuja
  • 29 Janeiro 2015

A primeira excursão de retaliação, no exterior, contra o terrorismo, foi realizada em 28 de dezembro de 1968, após o atentado no aeroporto de Atenas, dois dias antes. Comandos Sayeret – força especial subordinada ao chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa – foram enviados a Beirute, de onde haviam partido os terroristas. No Aeroporto Internacional de Beirute, um grupo, chegado de helicóptero, à noite, explodiu 13 aviões vazios da Middle East Arlines do Líbano e outras empresas árabes. O Ministro da Defesa de Israel era, então, o general Moshe Dayan.

Em 1969-1970, durante a chamada Guerra de Atrito, em que disparos aleatórios de artilharia mataram milhares de egípcios e israelenses, comandos Sayeret voltaram a realizar um golpe espetacular, explodindo um complexo de radar de fabricação soviética no lado egípcio do Golfo de Suez. Na noite de 26 de dezembro de 1969, os Sayeret, utilizando dois helicópteros, retiraram do Egito e transportaram para Israel uma estação completa de radar, com suas antenas giratórias e painéis de controle, pesando cerca de 7 toneladas.

A luta contra o terrorismo intensificou-se em 1972. Em 8 de maio desse ano, quatro palestinos seqüestraram o avião da SABENA que realizava o vôo 571 de Bruxelas para Tel-Aviv, quando do pouso previsto no aeroporto de Lod, em Israel. Mantendo 100 passageiros e tripulantes como reféns, exigiram a liberdade de 317 guerrilheiros palestinos presos em Israel. Às 04:22 horas do dia seguinte, 9 de maio, um comando Sayeret, disfarçado com os macacões do pessoal de manutenção, invadiu o Boeing e matou dois dos quatro terroristas, prendendo os outros dois. Um passageiro israelense morreu e 97 reféns foram libertados.

Muitas nações, depois, criaram suas próprias unidades de comando baseadas no modelo israelense. Alemanha Ocidental, Inglaterra e outros países enviaram agentes de segurança e comandos militares a Israel, onde receberam treinamento ministrado pelo Sayeret. Posteriormente, a Alemanha Ocidental criou uma força semelhante, denominada GSG-9.

O círculo vicioso da violência atingiu o auge nos Jogos Olímpicos de Munique, em 5 de setembro de 1972, quando sete terroristas árabes capturaram onze atletas israelenses na Vila Olímpica. Os terroristas disseram-se membros do Setembro Negro, uma ramificação da OLP, e passaram a exigir a libertação de 250 terroristas palestinos presos em Israel. O governo israelense manteve-se firme em sua política de nunca negociar com terroristas.

O governo alemão-ocidental não permitiu que Israel enviasse um comando Sayeret para cuidar do caso, que ficou entregue às autoridades locais, e Zvi Zamir, diretor do MOSSAD, que se deslocara para Munique, assistiu, da torre de controle do aeroporto militar da cidade, os reféns israelenses sendo mortos, já sentados e algemados nos helicópteros, na pista, em represália a um desastrado ataque de atiradores alemães mal equipados e mal adestrados.

Golda Meir, então na direção do Estado de Israel determinou pessoalmente que “aqueles que haviam matado deveriam ser mortos, onde quer que estivessem” (“vamos matar os que mataram”, disse ela), assumindo a decisão histórica, mas ultra-secreta, de assassinar todos os terroristas do Setembro Negro envolvidos, direta ou indiretamente, no planejamento, preparo e execução do massacre dos atletas olímpicos. A missão não previa a captura de ninguém. Tratava-se, pura e simplesmente, de levar o terror aos terroristas. Decisão muito semelhante, independente de ordens de quem quer que seja, foi adotada nos anos 70 por aquele grupo de militares e civis que, no Brasil, nas cidades e nos campos combateu o terrorismo, os seqüestros, os assassinatos seletivos, os assaltos e os justiçamentos.
Mike Harari, um dos veteranos agentes do Departamento de Operações do MOSSAD foi incumbido da tarefa de matar os que mataram.

O primeiro a morrer foi Adel Wael Zwaiter, em Roma, em outubro de 1972, apenas um mês após o Massacre de Munique. Nos 10 meses seguintes a equipe de Mike Harari matou 12 palestinos do Setembro Negro, em Paris, Roma e Nicócia, no Chipre. Além disso, dois comandantes do Setembro Negro – Muhammad Najjar e Kamal Adwan -, bem como o porta-voz da OLP, Kamal Nasser, foram mortos em suas casas, no centro de Beirute, em 10 de março de 1973, por um comando Sayeret, em uma operação organizada conjuntamente pelo AMAN e MOSSAD.

Em julho de 1973, no entanto, a equipe de Mike Harari cometeu um terrível erro, que pôs fim à operação. Em Lillehammer, pequena cidade da Noruega, foi morto um garçon marroquino, na noite de 21 de julho, confundido com Ali Hassan Salameh, oficial de operações do Setembro Negro na Europa e comandante da Força 17, uma unidade da OLP responsável pela segurança de Yasser Arafat. Seis agentes do MOSSAD foram presos pela polícia norueguesa e encontradas provas que ligavam o grupo aos assassinatos sem solução de palestinos em diversos países. Somente Mike Harari conseguiu escapar da Noruega.

Cerca de cinco anos depois, em 22 de janeiro de 1979, outra equipe israelense estacionou um carro cheio de explosivos à beira de uma estrada, em Beirute, e o detonaram, por controle remoto, no exato momento em que outro carro passava pelo local. O terrorista Ali Hassan Salameh e seu carro foram pulverizados.
Sabe-se que a CIA não ficou satisfeita com essa operação, pois Ali Hassam Salameh era a ligação secreta entre a OLP e a CIA. Esse fato comprova que os Serviços de Inteligência, assim como as nações, não têm amigos. Apenas interesses frios e objetivos.

O aspecto espantoso da história do LAKAM (Departamento de Ligação Científica) é que, apesar de todas as suas atividades de espionagem, as agências de Inteligência estrangeiras parece nunca terem tido conhecimento de sua existência. O LAKAM tornou-se parceiro da África do Sul em projetos clandestinos, inclusive a pesquisa nuclear e de mísseis.

A especialidade do LAKAM era adaptar – e não apenas copiar – as invenções de outros países. Assim, o míssil MD-660, fornecido pela França, gerou uma família de mísseis: primeiro, o Luz; depois, o Jericó.

Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, o presidente Charles de Gaulle impôs a Israel um embargo de armamentos, recusando-se até mesmo a entregar munição, embarcações e aviões que Israel já havia pago. As cinco lanchas lançadoras de mísseis adquiridas pela pequena Marinha israelense antes do anúncio do embargo, ficaram retidas no porto de Cherbourg. O impasse diplomático para a entrega dessas embarcações foi resolvido quando o MOSSAD adotou a ação direta. Agentes secretos, que haviam verificado todos os pontos vulneráveis do estaleiro de Cherbourg, conduziram algumas dezenas de militares da Marinha israelense à França, em fins de 1969 e, na véspera do Natal, o grupo apossou-se das lanchas, levando-as para o porto de Haifa, em Israel, a uma distância de cinco mil quilômetros. A parte burocrática da operação, incluindo falsos contratos e outros documentos, foi resolvida por empresas do Panamá controladas pelo MOSSAD.

O LAKAM tinha o sentimento de tomar tudo o que precisava mas não conseguia obter através de negociações. O roubo, o suborno e outros esquemas ilegais sempre foram usados para obter tesouros valiosos que ninguém se dispunha a vender.

Uma dessas manobras ocorreu na Suíça, onde o Adido Militar de Israel, coronel Dov Sion – que por acaso era genro do general Moshe Dayan – recrutou um engenheiro suíço, Alfred Fravenknechet, que trabalhava em uma fábrica de motores para o avião francês Mirage.

Seis meses depois, Israel contava com um novo avião de guerra, o Nesher, que aproveitava um pouco da tecnologia do Mirage. A 29 de abril de 1975, Israel apresentou orgulhosamente o seu mais novo caça a jato, o Kfir, que tem extraordinária semelhança com o Mirage.

A reputação do LAKAM na comunidade de Inteligência israelense adquiriu proporções míticas na década de 70, e havia a convicção disseminada de que Israel alcançaria seu objetivo de entrar para o seleto clube nuclear através do reator de Dimona – montado em instalações ultra-secretas no deserto de Negev -, cedido pela França em 2 de outubro de 1957, através de um documento secreto assinado pelo Primeiro-Ministro Bourge-Maunnoury, 24 horas antes de ser substituído no cargo.

* Historiador

Dados bibliográficos: Noticiário da imprensa nacional e internacional e livro “Todo o Espião é um Príncipe”, Imago Editora, 1991, de Dan Ravin e Yossi Melman.


 

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  • Enio Meneghetti
  • 28 Janeiro 2015

Muita gente critica as chamadas redes sociais. Mas bem usadas elas são uma excelente ferramenta de informação.
Dias atrás vi uma publicação no Facebook que dizia assim:

“Estupidez: conhecer a verdade, ouvir a verdade, ver a verdade e ainda acreditar na mentira”.

Não é perfeito? Pois basta ler as manchetes dos veículos de comunicação dos últimos sete dias para constatar o quanto há de verdade na afirmação.

"Após ganhar favor milionário do governo, empresário doa R$ 17 milhões para campanha de Dilma - Walter Faria, dono da cervejaria Itaipava, conseguiu renegociar em 24 horas empréstimo camarada com o Banco do Nordeste. Cinco dias depois, depositou R$ 5 milhões na conta do comitê da petista" (Época)

Outra (essa é fantástica):
"Ex-ministro Gilberto Carvalho saiu em defesa do ex-ministro José Dirceu; ele afirma que as (novas) acusações contra Dirceu na Lava Jato seriam uma tentativa da oposição de criminalizar o partido e impedir a volta de Lula em 2018: "Eles querem nos levar para as barras dos tribunais. Não vamos subestimar a capacidade deles para nos criminalizar, nos identificar com o roubo, para nos chamar de ladrão, para tentar nos isolar e inviabilizar em 2018 a candidatura do Lula (...)"- 27 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 05:13

Ou:
“A Fundação Perseu Abramo do PT, divulgou um boletim no qual coloca em dúvida os efeitos do “ajuste recessivo” de Dilma A Fundação Perseu Abramo recebe pelo menos 20% dos recursos do Fundo Partidário destinados ao PT.” (O Globo)
Chega? Que tal essa? "Presidenta é acusada indiretamente por três executivos presos no esquema de corrupção - Será que a paciência dos brasileiros não tem limite?" - por Juan Arias (El Pais)
Pois é. Será que não tem?

“Documentos conseguidos pelo Jornal Nacional mostram que a Justiça decretou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de José Dirceu A empresa dele, JD Consultoria, recebeu quase R$ 4 milhões de empresas envolvidas no esquema." (Globo)

Mais:
"Apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como coordenador do “clube” de empreiteiras que fraudavam licitações na Petrobras, o empresário Ricardo Pessoa, da UTC-Constran, negocia um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam no caso." (Folha de S.Paulo)

É mole? Então vejam essa:
"Amigo íntimo do ex presidente Lula é investigado no petrolão. Ele tinha acesso livre ao Palácio do Planalto na gestão Lula e até hoje resolve problemas de sua família”.(Revista Veja)

Estamos mesmo lá fora. Vejam:
"Reportagem da TV Portuguesa expõeLula envolvido em esquema internacional de corrupção e propinas – Reportagem da ‘TVI 24’diz que Lula estaria sendo investigado por autoridades portuguesas em razão de um suposto suborno de 2 milhões de euros que teriam sido pagos por Miguel Horta e Costa, então presidente da Portugal Telecom para financiar o PT" – (Folha Política)

Muita gente desgostosa poderia até dizer que isso é invenção contra o atual governo. Mas está em todos os lugares, no mundo inteiro. Inclusive, acho uma graça as reportagens de TV – especialmente do Jornal Nacional - mostrando o consumo de energia de cada eletrodoméstico, em meio a(s) crise(s) que atravessamos. Nem ao menos relembram que Lula incentivou o povo a gastar o que não tinha, via endividamento, no desespero para conter o tsunami econômico de 2008, que insistia em chamar de "marolinha". Foi uma irresponsabilidade econômica e a conta chegou. O que ele faz? Tenta fazer descolar de Dilma, claro.

Mas é pior ainda. O pouco que já se sabe dos elementos e provas fornecidas por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef , põe por terra qualquer tentativa de amenizar o momento inédito que atravessamos.

Se vai dar cadeia, isso dependerá do judiciário. Existe pressão por transformar em multas o que deveriam ser penas exemplares. O advogado de Alberto Youssef, garante que "essa situação foi coordenada e tramada a partir da própria Petrobras. Há claros e fortes indícios de participação dos políticos, que não vou nomear, pois isso deve ficar a cargo da investigação. Meu cliente não é líder de nada. Eles (os políticos) é que vão atrás e criam o sistema para o esquema de manutenção no poder. O esquema na maior estatal do país só pode funcionar com a anuência dos políticos. Isso era fato notório dentro da empresa".

Youssef demonstrou ao juiz Sérgio Moro que o esquema de corrupção na Petrobras vinha de cima. Explicou como o sistema remunera políticos com a grana desviada do setor público. Nenhuma novidade. É a mesma mecânica do Mensalão, só que muito maior. A diferença foi colocar o dinheiro de corrupção como doação legal a partidos e campanhas. O sistema funcionou para financiar grupos e partidos políticos e quando migrou para a doação legal a campanhas e partidos atingiu o núcleo da democracia, pois, quando alguns partidos passam a deter o domínio de uma grande verba, há um desequilíbrio no sistema eleitoral. Lembram das palavras de Joaquim Barbosa na sentença do Mensalão?

Estamos em meio a um golpe econômico/financeiro nas instituições. Não enxergá-lo é estupidez.
http://www.eniomeneghetti.com
 

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  • Milton Pires
  • 27 Janeiro 2015

 

 

 

Quando, na década de 1970, eu era uma criança, estudei numa escola pública. Morando a cerca de cem quilômetros de Porto Alegre, meu pai era médico numa cidadezinha que, na época, não tinha mais do que 30 mil habitantes. Lembro, um por um, dos nomes das professoras que chamávamos de “tias”. Toda vez que uma delas entrava em sala de aula, era nosso costume se levantar e não se começava lição alguma sem antes rezar o “Pai Nosso” ou a “Ave Maria”. Esses hábitos, firmados pelo tempo e pelo costume, davam sentido ao meu universo, então o universo de um menino, alheio à vida política do país..alheio a qualquer necessidade ou obrigação da rotina adulta que aos poucos nos vai roubando essa impressão de realidade fantástica em que transcorre o cotidiano do mundo infantil.

Tenho, desse tempo, uma lembrança inesquecível: em certas ocasiões faltava, por um motivo ou outro, uma de nossas professoras. Era costume então que uma outra “tia” nos levasse a um grande salão – na verdade imenso aos olhos de uma criança – onde assistíamos filmes que a secretaria estadual de educação distribuía em suas unidades pelo Rio Grande do Sul. Eram eles, os filmes, pequenos documentários...pequenas aulas sobre países e fatos da história ou da natureza que, no Brasil dos anos 70, constituíam uma raridade...uma verdadeira iguaria numa década em que sequer se poderia imaginar uma coisa chamada internet...Escutar rádio em ondas curtas era o que de mais próximo havia para quem buscava escapar do Jornal Nacional, da Novela das Oito, do Cassino do Chacrinha ou dos Trapalhões.

Nessa época, em 1976 ou 77, eu não tinha a menor ideia de quem eram Médici ou Geisel...eu não conseguia entender o significado das palavras ditadura ou democracia e olhava curioso para multidão que se reuniu, quase em frente à casa em que morávamos, para receber a estátua do General Costa e Silva numa praça da cidadezinha em que eu vivia e na qual ele havia nascido. Naqueles dias, ninguém me poderia explicar por que os temas dos documentários que a escola nos mostrava eram tão distantes da realidade brasileira...Por que nós precisávamos assistir filmes sobre a vida na China antiga ou sobre as usinas termoelétricas da Alemanha?...Qual o sentido de mostrar a um menino de 11 ou 12 anos, nascido no Rio Grande do Sul, os filmes em super oito que os consulados em Porto Alegre pareciam oferecer como presente para minha imaginação que, uma vez despertada, obrigava meu pai a voltar da antiga Livraria do Globo com sacolas e mais sacolas de livros?

Quarenta anos depois disso que eu descrevi...depois de tudo que aconteceu no país...depois de homem feito e pai de família, não é difícil dar sentido aos filmes que a escola me apresentava. Era o próprio distanciamento, o próprio esquecimento do Brasil que se fazia necessário impor nos bancos escolares: a ditadura nos oferecia “viagens”...nos mostrava outros países e outras histórias...Não se “politizava” estudantes...Não se alimentava a “subversão”...

Ontem, 26 de janeiro de 2015, durante todo o dia, eu tive pela TV, pelo rádio e pela internet brasileiros, uma quantidade maior de informações sobre a tempestade de neve nos Estados Unidos do que qualquer outro assunto. Eu fiquei sabendo tudo sobre a preparação de Nova Iorque para enfrentá-la. Eu assisti entrevistas, eu vi o prefeito dando declarações..vi comparações com tempestades anteriores...Eu vi tudo isso na mesma semana em que o Brasil do PT, em virtude da falta d'água, desliga sua segunda usina hidroelétrica e a maior cidade do mundo abaixo da linha do Equador, São Paulo, segue ameaçada por apagões e pelo racionamento de luz e de energia..Eu voltei no tempo e me senti mais uma vez um menino da década de 70...uma criança para quem as palavras “atentado à bomba” ou “subversão” precisavam ser esquecidas nos documentários que eu assistia e que marcaram minha vida para sempre...Vida que hoje, já no seu outono, ainda enxerga esse mundo de 2015 com os mesmos olhos de um menino da Taquari da década de 70 assistindo quietinho, impressionado, no salão da velha escola um filme lindo e sem sentido repetido dezenas e dezenas de vezes ….. “A Primavera no Japão”

Para o meu pai...que me ensinou a ler...

Porto Alegre, 27 de janeiro de 2015. 

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  • Jorge Hernández Fonseca
  • 27 Janeiro 2015

El año 2015 ha entrado en Cuba con un nuevo reto: ¿Redundará el acercamiento de EUA a Cuba necesariamente en la democratización de la sociedad cubana, o tendrá el efecto de un apoyo material a las disyuntivas económicas que enfrenta la isla debido al fracaso socialista?

Hay aspectos a puntualizar en el análisis del acercamiento norteamericano a la isla:
En primer lugar, para los estadounidenses en general (sea del partido que fuere) es más importante la estabilidad interna de la sociedad cubana actual que la derrota de la dictadura castrista por razones asociadas a dos aspectos: hay miedo en EUA de una estampida balsera incontrolada hacia la Florida ante un vacío de poder en Cuba y segundo, la oposición política cubana no se ha mostrado como una opción real de gobierno para la isla, capaz de hacer frente al poder del narcotráfico regional que golpea a México y Centroamérica.

En segundo lugar, la pérdida de las elecciones parlamentarias de Noviembre de 2014 que produjo la derrota al partido del presidente Obama, ha sido enfrentado con medidas populistas de impacto en el electorado latino de EUA: por un lado, un decreto facilitando a varios millones de ilegales dentro del país para que regularicen su situación migratoria y por otro, la retomada de las relaciones diplomáticas con Cuba, en medio de un confuso intercambio de presos.

En tercer lugar --y por la participación activa del Vaticano y Canadá, nada sospechosos de querer favorecer la continuación del esquema comunista en Cuba-- aparentemente se ha impuesto la visión internacional de que este acercamiento podría redundar en un cambio democratizador dentro de la isla a medio plazo, a pesar de no haber una hoja de ruta a seguir.

Un aspecto poco despreciable salta a la vista: los opositores cubanos de dentro y fuera de Cuba, que siempre han sido calificados por el castrismo como “asalariados de Washington”, se han mostrado –casi unánimemente-- contrarios a las decisiones de sus supuestos “financiadores”. En este sentido hay dos posibilidades: o los opositores cubanos --que supuestamente son financiados por EUA-- perderán sus “salarios” por desobedecer al “amo”; o, como segunda posibilidad, que la oposición política cubana –tal y como sucede en todos los países del mundo-- es variada, independiente y tiene sobre su país su propio punto de vista.

Lo anterior quiere decir que hay un subproducto claro en este diferendo entre la oposición política cubana y el gobierno de los EUA: no hay conexión causa-efecto entre la posición de la oposición cubana y la posición oficial de EUA. Será en adelante mucho más difícil calificar como “asalariado de EUA” a cualquier opositor cubano que promueva actividades políticas democráticas dentro de la isla, como ya ocurrió con los hechos represivos alrededor de Tania Burguera, calificada por la dictadura como “contrarrevolucionaria”, pero no como “asalariada de Washington”, o manejada tras bambalinas por la Oficina de Intereses de EUA en la Habana.

Este particular, a los ojos del mundo es muy importante, ya que a la oposición cubana se quería hacer ver como un apéndice de EUA y estos hechos han demostrado su independencia. En cualquier país del mundo la oposición lucha por sus intereses, que en el caso cubano es la democratización política de la sociedad y no únicamente la liberación de aspectos económicos, como quieren Raúl y Obama, manteniendo intacta la dictadura que oprime a los cubanos.
Esa es la gran diferencia entre la lucha de la oposición política cubana y la línea del gobierno norteamericano actual. EUA jerarquiza la estabilidad política con cambio económico, seguros que uno implica en el otro, mientras que la oposición cubana lucha por ¡democracia ya!


Artículos de este autor pueden ser encontrados en http://www.cubalibredigital.com
 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 26 Janeiro 2015


SYRIZA
Ontem, a Comunidade Europeia, notadamente os países da Zona do Euro, ganhou um legítimo presente Grego, ao ver confirmada a conquista de 149 das 300 cadeiras do Parlamento, obtida pelo SYRIZA, partido ultra-radical esquerda da Grécia, liderado por Alexis Tsipras.

CONTRA A AUSTERIDADE
O Syriza, por ser ultra radical de esquerda, já deixou bem claro, ao longo da campanha eleitoral, que não pretende cumprir o programa de austeridade, firmado entre o governo anterior e a Troika ( União Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional).

CALOTE
Isto significa, alto e bom som, que o novo governo grego vai dar um solene CALOTE aos credores das instituições que formam a Troika. A vitória do Syriza significa que a Grécia vai dar uma legítima e sonora Banana àqueles que lhe estenderam a mão através de um mega-auxílio financeiro concedido ao país, que totaliza algo como 250 bilhões de euros. Pode?

HUMILHAÇÃO
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, para quem não sabe, afirmou por diversas vezes, com grande ênfase, que a Troika é -coisa do passado-. E que, em caso de vitória de seu partido, confirmada ontem nas urnas, a Grécia -deixaria para trás a austeridade após cinco anos de humilhação-.

PRODUZIR POBREZA
Com a vitória do Syriza, a Grécia entra para o clube dos países social-comunistas existentes no nosso planeta. E, como é sabido através da situação de todos que optaram por esse caminho, vai produzir pobreza em grande escala. Isto em plena Europa, que por muitos anos mostrou o quanto o comunismo é capaz de destruir. Pode?

ESCASSEZ
Desfeito, na marra, o contrato firmado pelo governo anterior com a Troika, a tal -humilhação- referida por Tsipras vai dar lugar à uma -escassez- de produtos e serviços sem precedentes. Sem dinheiro e sem estímulo, o povo grego vai à míngua. Com toda força, como já acontece na Venezuela, Argentina e dentro de pouco tempo também no nosso pobre Brasil.

FAZENDO AS MALAS
Com a eleição de Tsipras, a turma da Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), conhecida como Unasul para os desatentos, deve estar em estado de euforia. Muito provavelmente, Dilma e seus amigos já devem estar fazendo as malas para participar da posse do mais novo comunista. Será uma festa e tanto, não?

www.pontocritico.com

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  • Guilherme Fiuza
  • 26 Janeiro 2015

 

O chocante atentado em Paris contra uma revista de humor ultrapassa as fronteiras da França e da Europa. É a versão terrorista e sanguinária de uma praga que se espalha por todo o planeta: a caçada à liberdade de expressão fantasiada de revolução anticapitalista.

Por incrível que pareça, o Estado Islâmico, com seu método de tentar calar os oponentes cortando-lhes a cabeça, tem discretos simpatizantes entre “progressistas” do Ocidente – esses zumbis da esquerda que continuam se sentindo nobres e humanitários por detestar os Estados Unidos. No Brasil, o último grande movimento de massas gerou um único e bizarro fruto concreto: uma escória de depredadores boçais que conseguiram até o apoio de sindicatos de professores. Todos supostamente unidos contra o poderio da elite branca – e todos, na verdade, tentando a vida fácil de camelôs da bondade. A revolucionária e destemida Mídia Ninja terminou contratada pela campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Chegou-se a ver uma certa esquerda culta fazendo uma defesa envergonhada e meio dissimulada da violência. A palavra “vandalismo”, usada com propriedade para classificar as ações patológicas dos black blocs, acabou virando bordão debochado entre essas tribos antenadas. “Vandalismo” seria um tratamento conservador e reacionário por parte da mídia burguesa, para estigmatizar protestos legítimos e heroicos. Estudantes e intelectuais chegaram a portar broches com a inscrição “vândalo” – para tentar ironizar os críticos do quebra-quebra. Se esse ponto de vista ignorante, irresponsável e complacente com a violência chegou a proliferar entre gente esclarecida de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, pode-se imaginar o potencial de sucesso que a propaganda da barbárie politicamente correta tem ao redor do mundo.

Falar em “barbárie politicamente correta” já seria em si uma estupidez – se esse fenômeno não pudesse ser, infelizmente, identificado a olho nu. Quando um cinegrafista da TV Bandeirantes foi morto no centro do Rio de Janeiro por um rojão dos “manifestantes”, uma numerosa turma “progressista” educada e bem alimentada passou a dizer que a mídia capitalista estava explorando um cadáver para coibir os protestos contra o sistema. Se a desonestidade intelectual chega a esse ponto, por que não dizer que a repercussão da morte dos chargistas franceses seja também uma tentativa de vitimizar o capitalismo?

Esse vale-tudo da propaganda ideológica quer fundar uma nova verdade na marra. Os impostores que estão governando o Brasil há 12 anos só não foram enxotados ainda porque montaram um conto de fadas eficiente (tosco, mas incrivelmente eficiente). Quase mensalmente o governo popular solta alguma historinha sobre a ditadura militar e suas vítimas. É uma tragédia real que foi devidamente mercantilizada pelo PT – como a vitamina ideal para seu figurino de vítima. Consegue assim o milagre de mandar e desmandar no país sem perder a aura de combatente contra os poderosos e arbitrários. O ápice do sucesso desse projeto de cinismo assumido foi o discurso de posse da presidente reeleita: com a expressão mais tranquila do mundo, Dilma Rousseff atacou a corrupção e defendeu a Petrobras.

Petrobras cuja CPI seu governo trabalhou para sepultar. Petrobras que foi arrombada por um escândalo gestado sob o governo do PT, com operadores desse roubo bilionário diretamente ligados ao Planalto e ao partido governante. A praga do envenenamento da verdade, que ameaça jornalistas e humoristas no Brasil e no mundo, é o grande trunfo desses projetos autoritários fantasiados de revolução social. Só uma verdade envenenada permite que Dilma faça um discurso defendendo a Petrobras, e o Brasil não perceba a zombaria.

Qualquer humorista brasileiro sabe que nos últimos anos ficou mais difícil satirizar o governo – que em si já é uma sátira. A guerra da informação é uma das principais plataformas desse projeto populista de poder. Já tentaram contrabandear censura à imprensa em programa de direitos humanos – para ver que não fazem cerimônia. Simpatizantes do PT vandalizaram uma editora que publicou reportagem sobre o petrolão. Os fins (postiços) justificam os meios (boçais). Paris não é longe daqui.
 

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