• Maria Lucia Victor Barbosa
  • 15 Favereiro 2015

 

Mario Vargas Llosa, escritor peruano e Prêmio Nobel de literatura, em artigo publicado pelo O Estado de S. Paulo em 08 de fevereiro de 2015, discorreu sobre suicídio político, que é de teor coletivo e “praticado nos países que, presos de um desvario passageiro ou prolongado, decidem empobrecer-se, barbarizar-se, corromper-se ou todas essas coisas juntas”.

Vargas Llosa cita como exemplos desse tipo de suicídio na Europa, Hitler e Mussolini “que chegaram ao poder por vias legais e um bom número de países centro-europeus que se atiraram nos braços de Stalin sem maiores pudores”. Na atualidade o escritor aponta a Grécia, “que em eleições livres acaba de levar ao poder o Syriza, um partido demagógico e populista de extrema esquerda que se aliou para governar com um pequeno grupo de direita ultranacionalista e antieuropeu”.

Como latino-americano Llosa não podia deixar de dizer que em matéria de suicídio político “a América Latina é pródiga em exemplos trágicos”. Ele analisa especialmente a Argentina na fase peronista que arruinou o país antes considerado de Primeiro Mundo, mas absteve-se de falar no atual e desastroso governo de Cristina Kirchner. Focou também na Venezuela sob o comando do caudilho messiânico, Hugo Chávez, sucedido por Nicolás Maduro “que embora inepto para tudo o mais, na hora de fraudar eleições, encarcerar, torturar e assassinar opositores,” não vacila.

Sem dúvida a América Latina é pródiga em suicídios políticos e muitos outros exemplos podem ser dados. Entre eles o do Brasil que recentemente cometeu quatro suicídios políticos ao eleger petistas.

Lula da Silva foi presidente de direito durante dois mandatos e presidente de fato na gestão de Dilma Rousseff, assim continuando no mandato que ora se inicia. E ele não pretende apear do cargo mais alto da República, pois avisou que já está a postos para dar continuidade ao seu longevo poder, em 2018.

Esta sequência que visa à hegemonia petista confirma a profecia de José Dirceu, o Bob como é conhecido nas lides criminosas do petrolão e que praticamente está livre da Papuda depois de ter sido o cérebro do esquema igualmente criminoso do mensalão. Talvez, os 20 anos previstos por Dirceu ainda sejam poucos. Quem sabe ele próprio retome a carreira interrompida e entre em campanha para se eleger presidente da República em 2022. Afinal, a propensão para suicídios políticos na América Latina é arraigada.

A questão é que os caminhos da vida e das sociedades ainda são mutáveis, imprevisíveis e complexos, antes que os avanços tecnológicos confirmem um mundo inteiramente controlado que aparece nos livros e filmes de ficção. No nosso caso o dinamismo social, político e econômico está trazendo complicações que se antepõe ao projeto petista de poder.

O primeiro mandato de Lula da Silva foi fácil. Ele singrou nas águas da estabilidade econômica obtida pelo Plano Real de FHC. Pareceu excelente para os pobres das bolsas esmola e para os ricos banqueiros, empreiteiros, enfim, para a “dona zelite” que lucrou como nunca antes nesse país. O período foi cantado em verso e prosa pelo ególatra, tido pelo povo como um operário pobrezinho que logrou chegar lá. Contudo, no decorrer do tempo o partido autointitulado como o único ético, puro, aquele que vinha para mudar o que estava errado, extrapolou em escândalos de corrupção e na incompetência governamental.

Nos quatro anos de Rousseff o processo de arrebentar a economia se consumou, o que pode ser simbolizado pela devastação da Petrobras assaltada pelo PT e companheiros. Como não podia deixar de ser caiu vertiginosamente a aprovação da criatura, enquanto no Congresso surgiu uma verdadeira oposição liderada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para piorar, o desenrolar da operação Lava Jato vai se aproximando perigosamente de Lula da Silva e de Rousseff.

Como não podia deixar de ser, o presidente de fato entrou em campo. Junto com o ministro da Justiça e outros tenta influir na Operação Lava Jato para anular as delações feitas. Pede também o impossível a Rousseff: que ela seja simpática e dialogue com os partidos, com os movimentos sociais, com governadores e prefeitos.

Lula pode até conseguir algumas coisas, exceto mudar instantaneamente a insatisfação popular com a economia e controlar a ação judicial contra a PTbras aberta por acionistas americanos que se sentiram roubados.

Lembra um amigo meu, que um bilionário chamado Madoff deu um gigantesco golpe em investidores americanos. Em dois anos foi julgado, condenado e preso nos Estados Unidos. Hoje, aos 80 anos, trabalha na lavanderia da prisão. Se viver mais 30 anos, sairá, mas é pouco provável. Vai ver, que o grande temor de Lula, Rousseff e demais companheiros é a lavanderia, único meio de impedir que brasileiros cometam outro suicídio politico.

* Socióloga

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com.br
 

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  • Hermes Rodrigues Nery
  • 13 Favereiro 2015

A Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), com o texto-base da Campanha da Fraternidade de 2015 — com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45) –, confirma que é hoje extensão do Foro de São Paulo e, de modo especial, do PT, ao explicitar sua adesão e comprometimento com a revolução bolivariana em curso na América Latina e com uma reforma política plebiscitária que se volta contra a democracia representativa, propondo a sovietização no Brasil. A CF-2015 propõe a “radicalização da democracia”, corroendo-a em demagogia, pois a chamada “democracia direta”, como defende, é o instrumento anárquico para subverter a ordem jurídica e propiciar a implantação do socialismo em nosso País. O alinhamento ideológico da CNBB à esquerda e ao socialismo, como quer o Foro de São Paulo e o PT, é evidentíssimo e cada vez mais escancarado. O que antes se suspeitava, agora está mais do que comprovado. Os assessores da CNBB [intelectuais orgânicos, gramscianos], que tanto influem os bispos, sabem que paróquias e dioceses estão reféns desse “alinhamento” e de tais forças, e funcionam como tentáculos do grande polvo que se tornou a CNBB, a serviço dos interesses políticos do Foro de São Paulo e do PT.

 Aos poucos, a sã doutrina moral e social da Igreja é esvaziada de seus conteúdos e substituída pela ideologia bolivariana, que quer implantar a “Pátria Grande” socialista, projeto este que vem sendo trabalhado há décadas e agora parece ter encontrado a conjuntura política favorável para isso, tendo em vista que bolivarianos transitam e dão as cartas com desenvoltura até mesmo no Vaticano. Aliás, o projeto da “Pátria Grande” já é mencionado no próprio Documento de Aparecida (2007), e com a reforma política bolivariana em curso hoje no Brasil (com a conivência, cumplicidade e apoio ostensivo da CNBB), prepara o País (na tática da rã cozida lentamente) a aceitar a revolução comunista travestida de democracia, com a retórica do apelo à “democracia direta”, para a subversão total da ordem jurídica e política, com a ideologização da fé em detrimento da doutrina religiosa. Com isso, os setores católicos à esquerda e muitos que desconhecem o que está acontecendo, manipulados pela CNBB, deixam-se usar para tais fins perversos, pois os assessores da conferência episcopal brasileira sabem da capilaridade da Igreja e pouco se importam com os efeitos dessa reengenharia social que ajudam a promover. São padres e bispos que querem o paraíso terrestre, aqui e agora, aceitam o populismo, o imanentismo e até o panteísmo, em se tratando de buscar manter seus confortos, nos postos em que estão, e, no campo das ideias, convergir cristianismo e comunismo, mesmo sabendo que o Magistério da Igreja é categórico em condenar o socialismo e o comunismo. Mas, para Frei Betto, por exemplo,”o cristianismo é essencialmente comunista”. E então, a teologia da libertação (mais viva hoje e com mais poder) chegou aonde não devia estar, e, no Vaticano, bispos e cardeais estão encantados com a nova utopia da “Pátria Grande” latino-americana. Tais prelados dão todo respaldo para reabilitar os “teólogos da libertação”, para conseguir a revolução tão desejada por muitos desde os anos do Vaticano II. Não é só a reforma política sovietizada que querem no Brasil, mas em toda a Igreja. E a revolução no continente latino-americano é hoje expressão da obsessão bolivariana, insuflada pela teologia da libertação, para alcançar os propósitos de poder acalentados a tanto tempo.

 Afinal, desde 1985, com o primeiro encontro de Fidel Castro com os bispos cubanos (depois da revolução de 1959), que o projeto bolivariano começou a ser gestado concretamente para fazer da integração da América Latina o novo bloco regional socialista, sonhado tanto por Fidel Castro. Mas o próprio Fidel sabia que isso só seria possível instrumentalizando a Igreja, inoculando em seu seio, de modo sutil e sofisticado, a subversão da doutrina, com a ideologização da fé. Feito isso, usaria a estrutura física da instituição para dar suporte à nova utopia do bolivarianismo, sem que os católicos se dessem conta do processo, lento e gradual, de corrosão da sã doutrina pelos agentes da revolução, que conseguiram alcançar, com astúcia, os altos escalões eclesiásticos. Desde o início, o Brasil foi visto como a galinha dos ovos de ouro, pois é um país continental, cujos recursos em muito ajudariam não só Cuba, mas toda a “Pátria Grande” socialista. Mas para fazer a revolução por dentro seria preciso contar com a “teologia da libertação”. Mesmo barrada por Ratzinger (especialmente Boff, em 1984), Fidel não desistiu. Ele sabia que ela seria o “fermento na massa” da revolução dentro da Igreja. Já em 2005, tentaram um “plano ousado” de cardeais progressistas para eleger um papa latino-americano comprometido com o projeto da “Pátria Grande”, mas foi o próprio Ratzinger quem ganhou e, ao menos naquele momento, tentou por um dique à convulsão revolucionária. Mas o próprio Andreas Englisch conta, em seu livro sobre Bento XVI, que não havia chegado a hora da “grande revolução”. E o mesmo Englisch narra o quanto Ratzinger foi boicotado desde o início. Ele próprio reconheceu em seu livro: “Existe, definitivamente, um grupo anti-Ratzinger dentro do Vaticano”. O fato é que Ratzinger havia condenado a teologia da libertação, mas Fidel Castro, no ano seguinte à condenação de Boff, explicou pessoalmente a Pedro Casaldáliga: “A teologia da libertação é mais importante que o marxismo para a revolução latino-americana”.

“A democracia como método revolucionário”
Ao apoiar explicitamente a reforma política que favorece o projeto totalitário do PT no Brasil, com a constituinte exclusiva, a CNBB endossa assim o afã da esquerda política pela “radicalização da democracia”, que Dilma Roussef inclusive já quis impor com o Decreto 8243, rechaçado pela Câmara dos Deputados. Bolivarianismo este que significa a implantação do socialismo, a exemplo do que já aconteceu na Venezuela e na Bolívia, etc. No Brasil, as Campanhas da Fraternidade são parte desta estratégia de doutrinação ideológica marxista e revolucionária, que há anos vem instrumentalizando setores da Igreja (via CNBB, Pastoral da Juventude, e outras pastorais e movimentos), ampliando assim a infiltração esquerdista no seio da Igreja, cujas bandeiras ideológicas e políticas de premissas socialistas contradizem com a sã doutrina moral e social da Igreja. O caso da Venezuela foi bem explicado no programa Força, Foco e Fé, em que Carla Andrade explicou que Hugo Chavez utilizou-se dos mesmos argumentos que a CNBB defende na CF-2015, para “sequestrar os direitos civis e políticos dos venezuelanos, passando de uma democracia representativa para passar a um estado totalitário com a retórica da democracia participativa. Um golpe de estado sui generis, instalado com aparência jurídica”.

A democracia corrompida em demagogia é utilizada como “método revolucionário”, como afirmou Álvaro Garcia Linera, vice-presidente da Bolívia e intelectual marxista, na inauguração do XX encontro do Foro de São Paulo, realizado em La Paz, entre 25 a 27 de agosto de 2014. Nos 24 anos de existência do Foro de São Paulo, Linera conta que o sucesso para instalar governos progressistas e revolucionários na América Latina foi justamente aceitar a democracia como etapa prévia para um processo que desague na acalentada revolução socialista, cujos insurgentes latino-americanos, há décadas vem atuando de modo organizado e sistematicamente nesse sentido. Linera ressalta aos participantes do XX encontro do Foro de São Paulo que é preciso entender “a democracia como método revolucionário” e, para isso, é preciso “radicalizar a democracia” — é o que propõe a CNBB no Documento 91, de 2010, “Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática”, chegando à chamada “democracia direta e participativa”, pois só assim será possível o contexto anárquico favorável à revolução socialista, com o método indicado por Linera. Por isso, a reforma política no Brasil, apoiada na CF-2015, que querem tais grupos é a que Dilma Roussef acenou com o Decreto 8243/2014, com a chamada Política Nacional de Participação Social. Mas não foi possível viabilizar tal iniciativa nas instâncias decisórias do Legislativo brasileiro, daí que as OnGs, as entidades, os movimentos, as redes e os coletivos, junto com a CNBB, OAB e outros, defendem a reforma política bolivariana de modo plebiscitário, com constituinte exclusiva, para efetivar assim as condições políticas para a concretização da integração latino-americana, com Cuba comunista no comando da “Pátria Grande” socialista. E tudo isso com as bençãos da CNBB, do CELAM e até do Vaticano.

O fato é que a Igreja Católica está em perigo, e perigo muito grande, com inimigos tão ardilosos, agindo por dentro, e com tão grande poder. Urge que os católicos entendam essa situação e se mobilizem em defesa da sã doutrina moral e social da Igreja, não aceitando que a Esposa de Cristo seja refém de tais forças. No Brasil, o primeiro passo é exigir que a CNBB retire o apoio a esta equivocada reforma política bolivariana, como apresenta no texto-base da Campanha da Fraternidade de 2015.

http://fratresinunum.com/2015/02/13/campanha-da-fraternidade-2015-e-reforma-politica/
 

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  • Bruno Braga
  • 13 Favereiro 2015

No dia 24 de Janeiro, Leonardo - quer dizer - Genézio Boff recebeu o prêmio "Luta pela Terra". Ele foi "agraciado" durante as comemorações dos 30 anos do MST e dos 10 anos da Escola Nacional Florestan Fernandes, o centro de "formação" e de treinamento de militantes do movimento sem-terra, onde foi realizada a cerimônia.

É o reconhecimento do trabalho de Genézio. Não por conta da questão agrária propriamente, mas pelos serviços prestados ao próprio MST. Principalmente pelo esforço de tentar maquiar as ações criminosas dos sem-terra com os embustes da Teologia da Libertação - um simulacro de teologia forjado para tomar de assalto a Igreja Católica, para distorcer a fé, instrumentaliza-la e promover o projeto de poder totalitário socialista-comunista. Projeto hoje dirigido pelo Foro de São Paulo - organização fundada por Lula e por Fidel Castro em 1990 -, sendo o MST um de seus mais ativos integrantes e Genézio Boff parte de sua milícia de "intelectuais" - nas eleições fraudadas do ano passado, ele atuou como um dos principais cabos eleitorais da Presidente petista Dilma Rousseff.

Enfim, a "escola" do MST - que recentemente serviu de palco para que os sem-terra firmassem um acordo com a Venezuela, comprometendo-se o aliado bolivariano, que também é membro do Foro de São Paulo, a doutrinar e treinar os seus militantes em táticas de guerrilha - celebrou com foices erguidas o "apostolado" de Genézio Boff em favor da revolução socialista-comunista.

PS. Entre outros, o MST também premiou com o "Luta pela Terra" a Irmã Anne, Irmã Alberta Girardi, Frei Henri dês Roziers, Dom Erwin Krautler, Dom Pedro Casaldáliga - e fez uma homenagem póstuma a Dom Tomás Balduino.
 

http://b-braga.blogspot.com.br

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  • Guilherme Fiuza
  • 12 Favereiro 2015

Revista Época

Com todas as tormentas que rodeiam o governo Dilma, nada poderia ser mais grave e ameaçador do que o que se passou na primeira reunião ministerial do segundo mandato. Pior que a inflação, a recessão, o apagão e o petrolão: o TelePrompTer travou. E, sem TelePrompTer, a República prendeu a respiração.

O Brasil é um país irresponsável. Está cansado de saber que, quando Dilma começa a mentir muito, ela trava. Foi assim na campanha eleitoral, quando após um debate na TV ela teve de ser socorrida. Numa entrevista ao vivo, a mente presidencial mergulhara numa tal ciranda desconexa que o equipamento enguiçou.

Nem João Santana, com uma junta de mecânicos e eletricistas de última geração, poderia evitar que aquele fusível queimasse. Daí a importância vital do TelePrompTer para os rumos da nação. É a segurança dos brasileiros que está em jogo.

Ainda assim, não obstante todos os alertas e advertências, o pior aconteceu. Dilma abria solenemente a primeira reunião com seu novo ministério de notáveis, no clima de esperança e euforia que cerca seu segundo mandato, quando tudo ruiu. O TelePrompTer, pilar da democracia companheira, que garante que a presidente diga coisa com coisa, começou a ralentar. Sinais de angústia tomaram as feições presidenciais, enquanto o discurso ia se enchendo de pausas, numa tentativa de adaptação ao ritmo defeituoso do equipamento golpista. Mas não adiantou.

O TelePrompTer foi então abandonado pela chefe da nação. Ela ainda tentara fazê-lo pegar no tranco, esculhambando ao vivo seu operador - em mais uma cena típica do instinto maternal da "presidenta" mulher. O teor de mentira do discurso de Dilma estava altíssimo naquele momento, e quem sabe pode ter sido essa a causa do apagão no TelePrompTer, porque as máquinas também têm lá sua dignidade. Nem é preciso entrar muito em detalhes sobre o que Dilma estava pregando diante de seu novo e virtuoso ministério. Basta dizer que ela estava defendendo a... Petrobras. E o nacionalismo. Quando se deu o apagão, a presidente estava dizendo algo como "toda vez que tentaram desprestigiar o capital nacional, estavam tentando na verdade..." Aí travou. Nem o TelePrompTer aguenta mais tamanha carga de cara de pau. Só o cidadão brasileiro ainda tem estômago para isso.

Quase ao mesmo tempo que Dilma denunciava os que tentam desprestigiar o capital nacional, a Operação Lava Jato comprovava como o PT fez para prestigiar o assalto à Petrobras. O consultor Julio Camargo confirmou à Justiça que o pagamento de propinas a Renato Duque, fantoche da turminha de Dilma na Diretoria de Serviços da estatal, era a "regra do jogo" Em seguida, a informação que num país com um pouco de juízo teria derrubado imediatamente o governo: o empresário Augusto Ribeiro Mendonça Meto, do grupo Toyo Setal, confirmou ter sido orientado a pagar parte da propina por negócios com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT.

É preciso repetir, porque muitos leitores a esta altura estão certos de que houve erro de redação na frase acima. O que está escrito lá não faz o menor sentido. Vamos à repetição: está confirmado que o PT inventou a propina legal. Para ganhar contrato com a Petrobras, o fornecedor não tinha de pagar "um por fora" ao diretor da estatal, mas "um por dentro" ao PT. Corrupção transformada em doação oficial ao Partido dos Trabalhadores. Aquele do mensalão, sabe?

O que mais o Brasil quer ver? O que mais você está esperando, prezado cidadão brasileiro, para sair às ruas e enxotar esses cordeirinhos socialistas que estão arrancando as calças da nação? Está esperando a quadrilha dizer a você que só chegará luz a sua casa se você der "um por dentro" ao PT?

Contando, ninguém acredita. Numa tarde quente de domingo, a base parlamentar irrigada pelo petrolão tomava posse alegremente no Congresso Nacional, com direito a selfies sorridentes com seus familiares. Assistindo na TV ao domingo feliz no jardim zoológico, o brasileiro comum bancava.
 

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  • Carlos I.S. Azambuja
  • 10 Favereiro 2015

(Por um lapso faltou-me publicar o primeiro artigo desta importante série de autoria do historiador Carlos I. S. Azambuja)

O Serviço de Inteligência é a batalha das mentes e cérebros e a função dos equipamentos é ajudar o ser humano em seu desafio conceitual. Mas na integração do homem e da máquina o fator humano é decisivo, mormente no Serviço de Inteligência” (Meir Amit, diretor do MOSSAD de 1963 a 1968)


Trinta e dois séculos após Moisés ter acatado a ordem de Deus, escolhendo 12 eminentes israelitas para se infiltrarem na Terra Prometida, o Estado de Israel foi criado, em 1948, e Ben Gurion, seu primeiro presidente, fez exigências rigorosas a seus agentes secretos: que fossem motivados pelo patriotismo; que representassem os melhores aspectos da sociedade israelense; que obedecessem ao postulado singular de comedimento; e que se lembrassem que defendiam uma democracia e não um Estado monolítico. Nesse sentido, Israel é um país singular sob muitos aspectos, um dos quais tem sido o total apoio de seus cidadãos aos Serviços de Inteligência, considerados entre os melhores do mundo.

Os Serviços de Inteligência de Israel, assim como os de outras nações, são um reflexo de suas sociedades, das quais trazem seu poder de inspiração. Cada país possui uma estrutura de Inteligência moldada à sua própria imagem, refletindo a índole e as características culturais da Nação.

O que está no centro dos Serviços de Inteligência de Israel, diferenciando-os dos demais serviços de qualquer outra Nação, é a imigração. Desde a sua formação a comunidade de Inteligência de Israel empenhou-se em proteger os judeus em todo o mundo e ajudá-los a emigrarem para sua Pátria bíblica.
Quem pode imaginar a CIA, por exemplo, com a tarefa de proteger cada possuidor de passaporte dos EUA através do mundo?

A tarefa de defender não apenas o Estado, mas também “todo o povo de Israel” é a missão precípua dos Serviços de Inteligência de Israel: MOSSAD (Inteligência Externa, criado em1951), AMAN (Inteligência Militar, criado em 1949), SHIN BET (Segurança Interna, criado em 1948), Serviço de Ligação (para a Imigração Judaica, criado em 1958), LAKAM (com a funçãoprimária de resguardar o programa nuclear secreto e obter dados científicos e tecnológicos noexterior, criado em 1957) e Departamento Político do Ministério do Exterior, criado em 1948.
Desde sua criação, o Estado de Israel vê-se cercado por um círculo de nações árabes hostis. Todas essas nações, todavia, possuem minorias étnicas e religiosas e Israel sempre pôs em prática o desenvolvimento de amizades com essas minorias, que sofrem, como Israel, em maior ou menor grau, com a ascensão do nacionalismo e radicalismo árabes. A idéia por trás dessa tática pode ser resumida em uma frase: “os inimigos do meu inimigo são meus amigos”.

Qualquer força que lute ou se oponha ao nacionalismo árabe é considerada por Israel uma aliada em potencial: a minoria maronita no Líbano, os drusos na Síria, os curdos no Iraque e os cristãos do Sul do Sudão, todos sofrendo o jugo das maiorias muçulmanas de seus países. Oconceito de manter contato com todos eles tornou-se conhecido para as lideranças israelenses como “a aliança periférica”.

Desde 1951, quando foi criada, a agência externa, o MOSSAD, possui acordos de cooperação com a CIA. Mas a grande abertura dos altos escalões dos Serviços de Inteligência ocidentais para com o MOSSAD decorreu de uma vitória conseguida na Europa em 1956, quando os israelenses conseguiram superar a CIA, o MI6 inglês, franceses, holandeses e outros Serviços de Inteligência ocidentais que buscavam o texto de um discurso: o discurso secreto pronunciado por Nikita Kruschev no XX Congresso do PCUS, em fevereiro de 1956, que praticamente sepultou a era Stalin ao relatar, pela primeira vez, os horrores dos gulags, dos julgamentos encenados, dos assassinatos e das deportações de populações inteiras.

A partir de então, a reputação do MOSSAD tornou-se uma lenda.
Em suas memórias, Isser Harel, que dirigiu o MOSSAD de 1952 a 1963 e o SHIN BET de 1948 a 1952, escreveu: “Fornecemos a nossos equivalentes americanos um documento que é considerado uma das maiores realizações na história da espionagem: o discurso secreto,completo, do 1º Secretário do PCUS”. Harel, entretanto, não revelou como conseguiu o discurso.

Como qualquer outro país, o MOSSAD possui agentes secretos trabalhando nas embaixadas, sobcobertura diplomática. Onde não é possível estabelecer relações oficiais ou estas são cortadaspor divergências políticas, os diplomatas alternativos do MOSSAD desempenham tarefas quenormalmente não são da competência dos Serviços de Inteligência. Especificamente, na África, a CIA forneceu milhões de dólares para financiar as atividades clandestinas de Israel, pois sempre foram consideradas do interesse geral do Ocidente.
De acordo com o conceito periférico do primeiro diretor do MOSSAD, os vínculos sigilosos de Israel com a Etiópia, Turquia e Irã nunca deixaram de existir. Tanto Israel quanto o Irã ajudaram a revolta dos curdos contra o governo do Iraque; agentes do MOSSAD no Iêmen do Sul ajudaram os realistas a combater os egípcios; no Sul do Sudão aviões israelenses lançaram suprimentos para os rebeldes cristãos; e, no fundo da África, o MOSSAD operou num lugar tão distante como Uganda, em outubro de 1970, ajudando Idi Amin a depor o presidente Milton Obote.

Em todos os países há Estações do MOSSAD, sempre operando sob a cobertura diplomática,dentro das embaixadas.

O chefe da Estação, todavia, não comunica suas atividades ao embaixador e remete seus relatórios diretamente para o MOSSAD, em Tel-Aviv. Suas missões incluem ligações oficiais com os Serviços de Inteligência do país-anfitrião, mas também operam suas próprias redes, sem o conhecimento do país-anfitrião. A ênfase em atividades semi-diplomáticas concentra-se basicamente em dois continentes: África e Ásia.

O sucesso do SHIN BET em controlar os territórios tomados em junho de 1967, na Guerra dos Seis Dias (margem ocidental da Jordânia, Sinai e Faixa de Gaza do Egito, e as colinas de Golan) teve um preço: a sociedade israelense passou a ser julgada no mundo exterior pelo que se podia observar a respeito de sua política de segurança. A subversão e os atentados com os homens e mulheres-bomba foram e vêm sendo esmagadas, mas a boa vontade para com Israel no resto do mundo diminui, graças, fundamentalmente, à mídia. Em vez de admirado por grande parte da opinião política internacional, o Estado judaico tornou-se abominado para muita gente.
O SHIN BET, forçado pelas circunstâncias passou a ser encarado como uma força opressora de ocupação. Teve que aumentar seus efetivos, os critérios de recrutamento foram facilitados e o perfil social de seu pessoal mudou.

Os novos agentes baseavam sua atuação mais na força doque na inteligência. A natureza diferente da missão também determinou novos métodos. Numaépoca em que dois mil árabes era detidos para interrogatórios, em que carros explodiam e hotéis e aviões passaram a ser alvo dos terroristas, o essencial era extrair informações tão rápido quanto possível. O fator tempo – aliás, como em todas as guerras sujas - passou a ser o elemento mais importante e a ação rápida passou a exigir a brutalidade. Isso também ocorreu no Brasil na guerra suja dos anos 70.

Em 23 de julho de 1968, um Boeing 707 da El AL, num vôo de Roma para Tel-Aviv, foi seqüestrado e aterrisou na Argélia. Os seqüestradores eram três árabes, militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina. Esse foi o primeiro e último seqüestro bem sucedido de um avião israelense. A partir daí Israel introduziu um esquema de segurança radicalmente novo em seus aviões de passageiros, colocando homens do SHIN-BET, armados, em cada vôo, viajando em poltronas comuns, disfarçados de passageiros, tornando a EL AL a empresa mais segura do mundo.

O mundo, no entanto, só tomou conhecimento dessas medidas quando um desses agentes respondeu a um ataque terrorista, em Zurique, em fevereiro de 1969, na pista do aeroporto de Kloten. Em 1968, Meir Amit, diretor do MOSSAD desde 1963, foi surpreendentemente substituído pelo general Zvi Zamir, sem experiência anterior no Serviço de Inteligência. Segundo as especulações, ele havia sido substituído por ser eficiente demais. Os líderes do Partido Trabalhista, então no Poder, não desejavam um chefe do Serviço de Inteligência que fosse forte demais...

Dados bibliográficos:

Noticiário da imprensa nacional e internacional e livro “Todo o Espião é um Príncipe”, Imago Editora, 1991, de Dan Ravin e Yossi Melman.

 

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  • Francisco Ferraz
  • 10 Favereiro 2015


 A reunião comemorativa dos 35 anos do PT não conseguiu impressionar pelo entusiasmo que se esperaria de quem, há poucas semanas, venceu pela 4ª. vez a eleição presidencial.

É compreensível. Os resultados colhidos até agora são muito ruins para a presidente reeleita e seu partido.

A economia vai de mal a pior literalmente; a derrota da presidente na eleição para a presidência da Câmara realizou o pior dos temores; as revelações intermináveis da corrupção na Petrobrás são estarrecedoras; a pressão pela substituição da diretoria da Petrobrás criou situações constrangedoras para a presidente Dilma e para Graça Foster; as ameaças trazidas por novas investigações no exterior e, pelos processos movidos por acionistas da Petrobrás nos EUA, são obviamente muito preocupantes; o anúncio das medidas econômicas de seu governo teve o efeito de um placebo e ainda açulou a resistência do PT ao ministro do mercado; o aumento do custo da energia elétrica e do combustível, assim como o seu conhecido efeito sobre o custo de vida e sobre o índice da inflação, fez a crise que a presidente minimiza chegar ao bolso do cidadão; fala-se abertamente de uma relação conturbada entre Lula e Dilma; e os resultados da última pesquisa Datafolha confirmaram que o povo parece ter esgotado sua paciência e tolerância com erros, malfeitos e desculpas e explicações dos governantes.

Em nada ajuda a revelação da incompetência e imprevisão das autoridades públicas de todos os níveis, na questão da falta de água, sobretudo em São Paulo e do risco de apagão em relação ao qual o ministro Eduardo Braga das Minas e Energia, a cada fala sua, consegue aumentar mais ainda a intranquilidade. Em São Paulo o desgaste sobrou também para o governador Alkmin e o prefeito Haddad, segundo a mesma pesquisa.

Lula no seu discurso por ocasião do aniversário do PT parece ter dado o sinal para a reação a este quadro. Convocou o PT para as ruas, para defender o PT e o governo. O problema é que nem Lula, nem Dilma, nem Rui Falcão e, nem mesmo a maioria da militância do PT, admite reconhecer erros. Para eles erros são os outros que cometem.

A técnica da vitimização é usada em todos os níveis do partido, por todos os seus líderes e para qualquer hipótese. O excesso de uso desta técnica, e os casos em que chega a ser absurdo seu uso, a desgasta e em breve vai torná-la universalmente ineficiente.

A vitimização é a contrapartida, para situações de dificuldade, da euforia descabida e mentirosa, usada para situações favoráveis com aquela expressão que Lula tornou corrente: “Nunca antes na história deste país...”. Ambas são produto do exagero do marketing político defensivo ou ofensivo.

Este é um momento delicado para o governo e partido. O desafio agora é enorme. O partido, Lula e a presidente gastaram as sobras e agora que precisam mais não há reservas.

Não se trata mais de ‘tirar coelho da cartola’. Este número o povo já viu várias vezes e não se espanta mais. Se o mágico insistir em coelhos vai ser vaiado. Para ser aplaudido neste momento, o mágico terá que tirar rinoceronte da cartola.
 

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