• Dartagnan da Silva Zanela
  • 15 Março 2024

 

Dartagnan da Silva Zanela 

       O amigo leitor, imagino eu, já deve ter lido o livro "Cartas Chilenas". Se não o fez, ao menos deve ter ouvido falar do referido livro, onde o autor, Tomás Antônio Gonzaga, de forma satírica, tecia incontáveis críticas à situação que imperava na amada Minas Gerais do século XVIII.

As treze cartas, que compõem a obra, eram assinadas com o pseudônimo de Critilo e eram endereçadas ao seu amigo Doroteu, pseudônimo de Cláudio Manuel da Costa.

Critilo, supostamente, residia no Chile, na cidade de Santiago, e não economiza na ironia para sentar a ripa num tal de Fanfarrão Minésio, que seria o suposto Governador da Capitania Geral do Chile.

Porém, todavia e entretanto, as críticas não eram ao suposto governador do Chile, mas sim, à corrupção do governador da Capitania de Minas Gerais, o senhor Luís da Cunha Meneses.

Para contornar o despotismo e a censura que imperavam naqueles idos, e não terminar vendo o sol nascer quadrado e, em seguida, ver-se pendurado na forca, o grande poeta recorria a esse sutil subterfúgio para poder dizer a verdade que os donos do poder não queriam que fosse proclamada, nem mesmo sussurrada.

Há quem diga que essa obra perdeu a sua importância e atualidade e, por isso, não deveria mais receber a nossa atenção e que, por isso mesmo, deveríamos deitar as nossas vistas em algo mais atual, mais condizente com os problemas contemporâneos.

Por certo e por óbvio, discordo sobre esse ponto porque, como nos ensina o filósofo colombiano Nícolas Gomez D'Ávida, toda literatura é contemporânea, toda obra literária sempre é atual, para os leitores que, de fato, sabem ler, é claro.

E o curioso nisso tudo é que nós, filhos escarrados da nossa época, acreditamos que pelo fato de estarmos, religiosamente, acompanhado os noticiários (impressos, digitais e televisivos), estaríamos muito bem informados porque, no nosso entendimento, estaríamos a par dos últimos acontecimentos e, por isso, não precisaríamos recorrer à leitura de livros empoeirados e esquecidos.

O engraçado, para não dizer outra coisa, é que nunca paramos para refletir a respeito da importância que essas supostas "últimas notícias", que sequestram o nosso tempo e atenção, realmente tem. Não apenas isso. Não questionamos, junto com os nossos alfarrábios, porque damos toda essa moral para notícias que, em um curtíssimo prazo, iremos varrer para debaixo do tapete do esquecimento.

Sobre esse ponto, o filósofo e matemático libanês Nassim Nicholas Taleb, nos recomenda que ficássemos, ao menos, por um ano, acompanhando as notícias com atraso. Ao invés de lermos os jornais da semana atual, deveríamos ler apenas os da semana anterior.

Segundo ele, se fizermos isso sistematicamente por um ano, constataríamos por "A" mais "B" que essa idolatria das novidades, que se instaurou em nossa sociedade e, de quebra, aprisionou os nossos corações e mentes, é um trem tão fútil quanto corruptor.

O sociólogo italiano Domenico De Masi nos sugere o mesmo, para que compreendamos que devemos, o mais rápido possível, mudar o centro da nossa atenção.

Ora, se voltamos o nosso olhar ordeiramente para a direção que nos é ditada pela grande mídia e pelo Conglomerado Partidocrata que impera nestas plagas, estaremos vendo apenas e tão somente o que eles desejam que seja visto e, pior, estaremos discutindo somente as questões e problemas que eles querem que discutamos, nos termos que são ditados sutilmente por eles.

Trocando em miúdos, quando consideramos como atual apenas aquilo que nos é cantarolado pelas sereias midiáticas, nós estamos nos permitindo ser rasteiramente manipulados, ao mesmo tempo em que teremos a sensação dionisíaca de estarmos "pensado criticamente" com os nossos próprios miolos.

Enfim, por essa e por muitíssimas outras razões que a leitura de uma obra como "Cartas Chilenas" é mais importante do que acompanharmos as piruetas artificiosas do Jornal Nacional e similares.

*      O autor,Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador, bebedor de café e autor de "REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO", entre outros livros.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 15 Março 2024

 

Gilberto Simões Pires    

SINAL NEGATIVO

Mais do que percebido, praticamente todos os projetos dirigidos e executados pela esquerda brasileira, com Lula e seus colaboradores fiéis no comando, só têm direito a ser festejados e/ou receber o devido -SELO DE OBRAS BEM-FEITAS- caso os resultados apresentados mostrem SINAL NEGATIVO. 

DÉFICITS DAS CONTAS PÚBLICAS

Pra começar, basta ver o que acontece com as nossas claudicantes CONTAS PÚBLICAS, que mês a mês apresentam DÉFICITS, ou SINAIS NEGATIVOS, cada vez mais preocupantes. A rigor, isto já é visto como MARCA REGISTRADA DOS GOVERNOS PETISTAS

ESTATAIS

Para atingir os objetivos, todas as ESTATAIS, por óbvio, precisam ser dirigidas por exímios profissionais que se mostrem fortemente FOCADOS, com total dedicação, para a obtenção de RESULTADOS NEGATIVOS. Entretanto, o prêmio maior vai para aqueles cujas empresas públicas ostentem PREJUÍZOS categorizados como ROMBOS. Aí é a glória.

PETROBRAS

O caso da EMBLEMÁTICA PETROBRAS, cujos resultados -POSITIVOS- têm se mostrado totalmente inverso às pretensões do governo petista, aí Lula entrou em cena e RESOLVEU INTERVIR NA ESTATAL proibindo a distribuição de DIVIDENDOS EXTRAS que está previsto no ESTATUTO da empresa. Resultado: a PERDA DE VALOR DE MERCADO da PETROBRAS nos últimos dias já é INFINITAMENTE MAIOR DO QUE A -PARCELA- do sonegado DIVIDENDO EXTRA. Que tal?

PERDA DE VALOR DE MERCADO

Mais: a ELEVADA PERDA DO VALOR DE MERCADO, até agora mostrada, é praticamente o dobro do LUCRO de R$ 31 BILHÕES, que foi apresentado no balanço do QUARTO TRIMESTRE de 2023 . Esta, infelizmente, é a TRÁGICA MATEMÁTICA PETISTA. Pode? 

BANCO CENTRAL DO BRASIL

A propósito: contrariando em todos os sentidos o que pensa (??) o presidente Lula, que só sabe denegrir a figura do ótimo presidente do Banco Central do Brasil, a revista Central Banking acaba de eleger a nossa INDEPENDENTE INSTITUIÇÃO como a primeira da lista que elenca autoridades monetárias de todo o planeta.

“O histórico de inflação elevada no Brasil foi um importante fator para ajudar a explicar a reação proativa da política monetária do BCB para enfrentar a inflação diante da maioria dos bancos centrais das economias avançadas.

Os banqueiros centrais geralmente tentam evitar cometer dois tipos de erros:

- Primeiro, ‘fazer muito pouco’: estar atrás da curva, adiar um aperto da política monetária e tolerar mais inflação, para evitar um abrandamento da atividade econômica.

- Segundo,  ‘fazer demasiado’: estar à frente da curva, apertar a política monetária de forma mais rápida e forte para evitar uma inflação mais elevada e a desancoragem das expectativas de inflação, à custa de um abrandamento mais acentuado da atividade econômica”, explicou a revista.

“Ao contrário de seus pares da economia avançada, que se esforçaram para enfrentar a inflação muito baixa nos últimos anos e viram o episódio inflacionário no início como um evento transitório com origem na oferta, o Brasil, entre outras economias emergentes, viu o processo inflacionário como um evento mais persistente, com uma importante componente de procura”, acrescentou.

 

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 13 Março 2024


Alex Pipin, PhD

       Dentre várias características desejáveis de um presidente, certamente, a honestidade é uma delas. Portanto, é evidente que um presidente, condenado em várias instâncias da “justiça” nacional por crimes de corrupção, embasado em fartas provas cabais, não atende, minimamente, tal requisito.

Em 2024, não em 1984, George Orwell se revira no túmulo, orgulhoso de ver sua distopia materializada em terras verde-amarelas. Não é surpresa que o “descondenado” que desgoverna o país tenha uma forte predileção pelo falseamento da verdade.Essa é uma tatuagem característica daqueles que como ele, são dotados de enormes deficiências, em especial, morais, como também culturais.

A mediocridade intelectual desse sujeito salta aos olhos de todos, embora alguns, pelos viesses ideológicos - de confirmação -, estejam impedidos de a enxergar. Esses, da cegueira induzida, e outros incautos, inclusive, admiram seu jeitão tosco e simplório, classificando-o como “gente como a gente”; o legítimo pai dos pobres. O fascínio pelo lado errado da história é mesmo surreal.

O país vive, efetivamente, num tsunami de autoritarismos e de grotescos retrocessos. A regra de ouro vermelha, é trazer à tona, e de volta, políticas nacional-desenvolvimentistas, e outras medidas populistas, que comprovadamente fracassaram, e levaram a nação à bancarrota. Mais uma vez, o objetivo-final é ludibriar o povaréu de pouca reflexão.

A desonestidade moral e espiritual não encontra barreiras! O espírito de porco é tão avassalador, que permite ao “descondenado” advogar abertamente por grupos terroristas assassinos, tais como o Hamas.

A promessa vermelha era a de refazer a imagem internacional do país que, segundo sectários coletivistas, tinha sido destruída pelo ex-presidente. O que se vê categoricamente, no entanto, é que a toda fala canhestra, leviana, desconexa e imoral desse sujeito, constrói-se um grande risco à imagem e as relações internacionais harmoniosas com outras nações.

O Brasil nunca esteve de mãos tão atadas com o escória mundial, escolhendo deliberadamente o lado errado da história. Para o “descondenado”, democracia é um conceito relativo. Claro, ele é um “democrata”! Nesta direção, ele defende a ditadura na Venezuela, sem nenhum tipo de constrangimento.

O país está colapsado, e dividido ao extremo. Ressoam ecos de desmandos e ilícitos por toda parte. Na Petrobras, por exemplo, práticas “duvidosas” fizeram a companhia retroceder, assustadoramente.

A cada dia, surgem novas - e velhas - evidências de ilícitos e de escândalos, como o dos precatórios, os contratos com empresa ré por garimpo ilegal, entre outros amplamente divulgados. O rombo fiscal chega a quase R$ 1 trilhão com juros da dívida. O intervencionismo estatal abissal e desonesto, não para de aumentar, asfixiando a vida dos comuns.

A desonestidade do mandatário tem um parceiro de peso: à ex-mídia! Ao invés de apontar o descaramento e a imoralidade do presente desgoverno, a “grande mídia” tem, conscientemente, passado o pano e afiançado a construção dessa triste realidade paralela.

É impressionante que, nesse Estado autoritário, essa “mídia fake” auxilie o desonesto presidente, buscando isolá-lo de críticas, e permitindo que ele faça o que, de fato, sabe fazer: criar as suas próprias narrativas e “fatos alternativos”.

Essa ex-mídia executa, de forma magistral, o horroroso papel de condicionar o povaréu, martelando seu viés e seu duplo padrão.
A pior crise brasileira é, sem dúvidas, de ordem moral, e dupla! Tem-se um tipo ideal de desonesto na cadeira do Palácio do Planalto, suportado por uma mídia tendenciosa e mentirosa. Difícil.

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  • Sílvio Lopes
  • 13 Março 2024

 

Sílvio Lopes

       Vivemos uma luta política que é, antes de mais nada, ideológica. A base de sustentação dos protagonistas dessa empreitada está centrada num duplo (e excludente) propósito: liberdade ou escravidão. Não é necessário muito discernimento para saber quem nos deseja livres, e aqueles que nos querem negar sequer nosso direito ao desfrute do livre arbítrio, bíblico e histórico.   

Os sátrapas que dominam muitas mentes (milhões para sermos mais exatos), não desfazem ou desgostam do uso das liberdades individuais como instrumento de realização dos seres humanos. Porém, na sua patologia cognitiva incurável e de elevado grau, acham que só eles merecem as liberdades. Nós? Pra quê?

O tal socialismo que pregam tem suas raízes na primeira metade do século XX. Foram estes, os socialistas, os primeiros a admitir que sua ideologia exigia a imposição de uma filosofia comum a todas as nações, ancorada e definida em valores muito particulares. E, obviamente, estranhos à sociedade ocidental. O jeito era, como vaticinava Lênin, destruir o Ocidente. Como eles vem tentando, e com certa eficiência. Por dentro, pela guerra institucional e de narrativas.

Operoso e oportuno lembrar que não foram os fascistas, mas sim os socialistas que iniciaram a arregimentação de crianças, em tenra idade, em organizações políticas para terem a certeza de que formariam bons proletários( soldados da causa). E foram também os socialistas que se dispuseram a formar membros que se distinguissem pela forma de se saudar e tratar os demais. Que criaram células e dispositivos para fiscalizar a vida privada dos cidadãos, protótipos dos partidos totalitários.

"Balilla" e " Juventude Hitlerista", " Dopovaloro" e " Força pela Alegria" e outras ações de repressão pouco mais são do que imitações socialistas mais antigas. É a verdade histórica e inquestionável.

O que vemos hoje, no Brasil e no mundo, nada mais é do que a exacerbação dessa política repressiva e repressora, lutando por tornar a humanidade refém de uma doutrina cruel, satânica e dominadora completa sobre mentes e corações. Nunca antes a civilização humana esteve tão ameaçada de ruir, justo a partir daquele que é um dos mais consistentes pilares de sustentação dos homens livres e dos modelos políticos democráticos consagrados desde a Grécia antiga.

*       O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante sobre Economia Comportamental.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 09 Março 2024

 

Gilberto Simões Pires      

RS

O Rio Grande do Sul, na comparação com os ESTADOS que integram a REGIÃO SUL DO BRASIL - RS, SC e PR-, se manteve por muitos e muitos anos na liderança em termos de DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E POLÍTICO. Mais: até pouco tempo atrás o GAÚCHO, muito por conta de histórias mal contadas era reconhecido -por brasileiros muito DESINFORMADOS-, como o POVO MAIS POLITIZADO DO BRASIL.  

ENDIVIDAMENTO MAIOR DO QUE O PIB

Entretanto, a partir do momento em que o RS e, principalmente, a sua capital, Porto Alegre, por vontade se seus eleitores, foram entregues de mãos beijadas nas destruidoras mãos do PT, aí o ESTADO GAÚCHO, que já vinha sofrendo com as más administrações -populistas- entrou com tudo, definitivamente, na ROTA DO FRACASSO. Vejam que o RS se tornou um ESTADO INVIÁVEL quando o ENDIVIDAMENTO PÚBLICO, SEM PARAR, passou a CRESCER MAIS DO QUE A ECONOMIA (PIB). 

GOVERNO DO RS E GOVERNO DE SC

Vejam que enquanto o governador caolho e péssimo administrador público, Eduardo Leite, só tem olhos voltados para AUMENTO DE IMPOSTOS, o governador de SC, Jorginho Melo, fazendo uma correta, notável e decente -LIÇÃO DE CASA-, faz o que se espera de um administrador: CORTA DESPESAS DE QUASE R$ 1 BILHÃO E APERTA O CERCO NOS GASTOS COM PESSOAL. 

EQUILÍBRIO FISCAL

Segundo informam, hoje, todos os noticiários do Estado de SC, as CONTAS ESTÃO EM DIA E O CRESCIMENTO DA FOLHA DE PAGAMENTO SOB CONTROLE. Mais: o cenário de EQUILÍBRIO FISCAL CATARINENSE vem sendo garantido pelo CORTE DE DESPESAS NÃO ESSENCIAIS E O INCREMENTO DE NOVAS RECEITAS AOS COFRES PÚBLICOS -SEM AUMENTO DE IMPOSTOS. Que tal?

INVESTIMENTOS

A rigor, ao comparar a BOA ADMINISTRAÇÃO do Estado de SC com a TEMERÁRIA GESTÃO do RS, fica fácil entender as razões que levam muitas empresas e empresários a INVESTIREM no Estado vizinho. Vale lembrar que mesmo diante de um cenário de ajuste fiscal e contenção de gastos para adequar as finanças públicas à realidade do período pré-pandemia, o Estado Catarinense totalizou R$ 2,9 bilhões em INVESTIMENTOS em 2023. Conforme o histórico analisado no -Panorama das Contas-, o valor é quase 80% maior do que a média dos investimentos realizados entre 2014 e 2020.

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  • Sebastião Ventura
  • 07 Março 2024

 

Sebastião Ventura

        A atual onipresença do Supremo Tribunal Federal traduz nota de relevo da atual quadra histórica brasileira. Se, por um lado, o fenômeno enaltece a maturidade de um Poder Judiciário livre, independente e atuante, do outro, pode estar a indicar preocupante desbordamento da jurisdição constitucional sobre competências políticas – e não, jurídicas –, acarretando consequente desajuste sensível na estrutura do equilíbrio republicano. O tema, altamente complexo, versa sobre cambiantes e circunstanciais variáveis do poder que não se resolvem por lógicas objetivas ou por pensamentos lineares. Fundamental ter tato e bem compreender o silêncio das entrelinhas, pois há razões invisíveis aos olhos.

Ao escrever artigo seminal sobre os desafios da segurança e militarização contemporânea, o General americano Charles J. Dunlap Jr cunhou a expressão “lawfare” para indicar o uso indevido da legalidade para fins bélicos, vindo a pontuar a “evidência perturbadora de que o Estado de direito está sendo sequestrado em outra forma de luta (lawfare), em detrimento de valores humanitários, bem como da própria legalidade”. Ou seja, sob bandeiras aparentes de princípios jurídicos elevados, acaba-se por subverter a legalidade constitucional, transformando a garantia do devido processo legal em instrumento de ataque e fragilização institucional da República. Assim, sob a fantasia de legalidade, finca-se o abuso e o arbítrio autoritário.

Agrava o fenômeno, arquitetada estratégia de progressiva judicialização de temas políticos genuínos que deveriam ser, por simetria, politicamente resolvidos. Diante da inação responsiva dos poderes políticos competentes, a prematura ou excessiva provocação da via judicial, além de potencial confusão de competências constitucionais, redunda em perigoso esvaziamento da autoridade do Parlamento e Executivo como instâncias soberanas de consolidação democrática e construção política do possível.

Ora, sabidamente, a natureza do poder é intrinsecamente extensiva e dinamicamente expansiva. O poder sempre quer mais, testa limites, faz ousadias, vai ao céu e, às vezes, volta à terra. Com pés no chão, estamos a viver um anômalo “constitucionalismo antidemocrático”: em um altar sem fé, exalta-se a Constituição não para se fazer justiça, mas para se transpor a vontade democrática legítima. Ou seja, a democracia vota, mas não mais decide.

Houve um tempo em que a lei não era respeitada porque inexistiam tribunais para protegê-la. Hoje, felizmente, os temos, mas estamos a perder a via política. Aliás, democracia sem política é como uma Constituição sem justiça. No final, nenhuma vive sem a outra. É claro é que possível uma mera vida aparências. Mas, nesse teatro de imagens vazias, ou democracia já era ou a Constituição já se foi. Onde estamos? Talvez no entreato dos acontecimentos.

*       Em 20/02/2024

**     O autor, Sebastião Ventura, é Advogado, especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande Sul.

É certificado pela Programa de Negociação de Harvard para Senior Executives. Vice-presidente da Federasul e Conselheiro do Instituto Millenium. Articulista com ampla atuação nacional, tendo reiteradas publicações na mídia impressa e digital, a saber no jornal Zero Hora, Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Gazeta do Povo, Estado de Minas, Jornal do Comércio, dentro outros veículos de comunicação. É um dos colaboradores da Dynamic Mindset, jogando luzes sobre uma realidade que busca de novos conceitos, lógicas e possibilidades.

***   Texto publicado originalmente na página do Instituto Dinamic Mindset: https://dynamicmindset.com.br/do-lawfare-ao-constitucionalismo-antidemocratico/

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