Gustavo Corção

09/04/2009
No torvelinho das horas e dos dias conv?considerarmos, vez por outra, os marcos im?s, os sinais da eternidade. Vale a pena parar a carreira dos sucessos, e com voz de poesia perguntar ??ores espantadas, ?pedras retra?s, ?casas que ficam atr?dos port?de ferrugem e das janelas estremunhadas, se porventura entendem a avidez que nos impele, que nos compele a perseguir um bem que logo perde o sabor quando alcan?o; se entendem essa fome que se muda em fastio ou n?ea ?edida que morre o momento que passa, continuando insaci?l para os sonhos de fuma?imposs?l. A ?ore permanece, posto que aos ventos ofere?uma mobilidade dan?te e cantante; a pedra permanece; o velho port? malgrado a ferrugem permanece. S?ess?ias tranq?s e bem ritmadas. A seu modo humilde imitam e refletem o Imut?l. Sendo o que s? com simplicidade robusta, trazem marca daquele que ? que ?N?ao contr?o da ?ore e da pedra, vivemos a fugir do que somos. N?ue fomos feitos ?magem e semelhan?de Deus, fugimos de Deus e portanto de n?esmos quando buscamos o absoluto no torvelinho das coisas. E assim, pelo sopro do esp?to e pelo ?eto de liberdade que nos faz mais pr?os de Deus, tornamo-nos mais distantes e assim vivemos a correr, a fugir do que temos, a buscar o que nunca teremos, e a assistir ?ecomposi? do que tivemos. Marta, Marta, de muitas coisas te ocupas, mas uma s?necess?a... Vale, pois, a pena, parar o frenesi e considerar os marcos de eternidade que a Igreja nos oferece nos tempos da Paix? Amanh?u depois os cuidados voltar? hoje, detenhamo-nos diante da pedra de Pedro, da casa de Deus, a ?ore do Crucificado. Amanh?u depois voltaremos ?nossas agita?s, ?erplexidade da pol?ca nacional e internacional, ?not?as da cidade e do mundo, a tudo isso que ser?aidade das vaidades e persegui? dos ventos, se n?soubermos trazer para esses problemas dispersos o crit?o fundamental que os transfigura em caminhos de Deus. Hoje estamos no limiar da Semana Santa, preparando nosso olhos para o quadro da vit? do Cristo, que a Igreja nos oferece com sinais moldados nas coisas peregrinas, e que nos deixa entrever, no outro lado do espelho, o pa?maravilhoso da divina esperan? A obra de Cristo, esp?e de usinagem operada sobre a dor e a morte, e por conseguinte sobre o que constitui o m?mo espanto do mundo, abre-se agora num estu?o de gl?. Assistiremos, durante a semana, ?epresenta? do drama onde se v?assar um Deus apaixonado. O Homem das Dores, irreconhec?l para os que o flagelaram e o esconderam atr?da deris? e todavia o mesmo cora? vulnerado do C?ico dos C?icos. O cabo da travessia desse mar vermelho, o c?o pascal ser?ara nossa vida um diapas?de luz. S?Bento ensina que a vida do monge deveria ser uma Quaresma cont?a. A nossa tamb? E essa Quaresma deveria ser paix?e a paix?deveria ser morte; e a morte deveria ser P?oa. A travessia, a transmuta? que Deus espera de n? uma convers?que v?eixando o que menos somos em favor do que verdadeiramente somos por dom de natureza e pelos dons da gra? De claridade em claridade, se formos d?s, iremos caminhando por atalhos de dores, para o pa?do amor perfeito que tem bandeira de fogo em mastro de cera. Parece-vos ing?o – ?itores tristes - o quadro da Si?Gloriosa que a Igreja desdobra? Parece-vos estampa infantil a santa liturgia? Ou quem sabe se tudo isto n?vos lembra apenas costumes obsoletos, cerim? que os etn?os explicam, ritos que os s?los cient?cos superaram? Por v? por mim, receio que a simplicidade do quadro seja chocante, e n?consiga atravessar a sebe de nossas complica?s. N?omos complicados; Deus ?imples. N?omos adultos e vividos; Deus ?ais mo?do que n?N?omos espertos, sinuosos, ardilosos; Deus escolheu para si as figuras do cordeiro e da pomba. Diz-nos a f?ue ali, na outra margem do mar vermelho, onde brilha o c?o da vit?, os enganos e tribula?s ter?desenlace de prod?o; que receberemos, em medidas de alqueire calcados, recalcados e transbordantes, o que n?tivemos a aud?a de pedir; que ser?consertadas as contradi?s e nossos tristes amores; que a l?ima vira j? que a chaga vira for. Diz-nos a f?ue naquele pa?de maravilhas do outro lado do espelho, teremos a paz. Parece-vos ing?a – ?mens tristes – a linguagem da f?Parece-vos ins?da a comida da esperan? E quem pergunta poder?e gabar de melhor saber e de melhor servir? N?? descren?que mais me espanta. A descren? se me permitem os apologetas, tem certa l?a na sua retrata?, no seu encolhimento, no seu prop?o de n?levar longe demais as investiga?s que podem terminar em inc?io. A descren?sob esse ponto de vista, ?ais razo?l, mais compreens?l do que a cren?imperfeita que se det? que se encolhe, que se retrai, quando nela, na F?tudo pede expans?e conseq?ia. Talvez fosse melhor mudar de tom. A seguran?da f? a certeza da esperan?seriam mais edificantes do que o t?lo da perplexidade. Talvez fosse melhor, na festa da igreja, procurar p?ros e c?ras para contar o j?o da alma Crist?o dia da P?oa do Senhor, em vez de permitir ao velho cora? um gemido de cansa?.. Deus h?e fazer que essa tristeza se converta em alegria e que a algu?aproveite o que a n?os pesa. E privil?o seu; ?f?o de seu Filho transformar a dor em salva? e a morte em vida.

Jayme Copstein

07/04/2009
O esbanjamento do governo brasileiro no tempo das vacas gordas pode ser comparado ?rodigalidade do bebum no bar, em dia de sal?o – todos bebem, ele paga. E vai pagando at? que ningu?bebe porque, como todos sabemos, nada do bebum tem dono. O dinheiro n?seria exce?. ?o que est?contecendo com o pre?do g? em cujo c?ulo se somaram a sede de d?es do “companheiro” Morales, mais outro tanto para financiar parte das obras da Petrobras previstas no PAC, mais outra fra? ainda a apurar em fraudes e superfaturamentos de contratos com a Petrobras, descobertos pela Pol?a Federal na Opera? guas Profundas e Opera? Royalties, segundo den?a de Diogo Mainardi. Em consequ?ia, o pre?do g?vendido ?nd?ia no Brasil – US$ 12,36 (S?Paulo) e US$ 10,30 (Rio de Janeiro), por milh?de BTU aumentou 60,7% em 2008, equivalendo ao dobro do valor cobrado nos Estados Unidos e Inglaterra (US$ 5,30), ou Alemanha e Fran? entre outros pa?s (US$ 6,50) e quase o triplo no M?co (US$ 4,70). Com o pre?do g?nessas alturas, a falta de competitividade em um mercado em crise afetou as ind?ias que movem suas plantas queimando g? Grandes empresas do setor vidreiro e do cer?co fecharam suas f?icas, produtores de fertilizantes planejam voltar ao ? combust?l, mais barato, por? bem mais poluente. Enquanto isso, o bebum continua fazendo sucesso no bar, com a companheirada lhe batendo nas costas e o festejando como o “Cara”. Ele n?tem medo de ser feliz.

josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

05/04/2009
O grupo guerrilheiro do qual fazia parte Dilma Rousseff tramou o sequestro de Delfim Netto. Ocorreria em dezembro de 1969, num s?o assentado no interior de S?Paulo. Deve-se a informa? ?ep?r Fernanda Odilla, da Folha. Ela ouviu o depoimento de Antonio Roberto Espinosa, 63 anos, doutorando em Rela?s Internacionais na USP. Espinosa revelou um segredo que, segundo disse, sonegara aos torturadores da ditadura: foi o coordenador do plano de sequestro de Delfim. Era, ?poca, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucion?a) e da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucion?a Palmares). Um companheiro de armas de Dilma Rousseff, ent?uma brasileira clandestina. Que escondia a identidade sob cinco codinomes: Lu?, Estella, Wanda, Marina e Patr?a. Segundo Espinosa, cinco pessoas estavam informdas sobre o plano de levar Delfim ao cativeiro. Ele pr?o, Dilma e outros tr?dirigentes da guerrilha. Delfim seria um trof?vistoso. Era ministro da Fazenda. O civil mais poderoso do regime dos militares. Em 1969, ano do quase-sequestro, Delfim entregou aos generais um ?ice de crescimento econ?o not?l: 9,5%. Desfrutava de visibilidade inaudita. Ouvida, a ex-guerrilheira Dilma, agora ?voltas com as atribula?s de ministra e de candidata, negou Espinosa. Dilma declarou que n?se lembrava do plano de sequestro de Delfim. Disse duvidar “que algu?se lembre”. Informada sobre o depoimento que Espinosa dera ?ep?r, a ministra afirmou que o ex-companheiro “fantasiou”. Em seguida, Dilma encareceu ?ep?r que registrasse sua “negativa perempt?”. De resto, disse que sua cabe?mudou. Al?das palavras de Espinosa, a reportagem obteve uma evid?ia documental –um mapa do local em que Delfim seria capturado. Traz o nome –“Gramad?—e a localiza? do s?o, pr?o ?cidades de Itu e Jundia?Pertencia a Mario Nicoli, cunhado e amigo de Delfim. O mapa foi recolhido por agentes da repress?em batida num “aparelho” utilizado pelo grupo de Dilma, em Lins de Vasconcelos, no Rio. O im? varejado pela pol?a –uma casa de dois andares— era coabitado tr?integrantes da guerrilha. Entre eles Espinosa. Recolheram-se, al?de pap?, armas, muni? e explosivos. Quanto ao mapa, Espinosa acha que ?e sua lavra: T?amos o endere? sab?os tudo. Era um local em que ele [Delfim] ia sem seguran?porque imaginava que ningu?soubesse. Enviou-se uma c? do mapa para Delfim. O ex-ministro confirmou que era frequentador de s?o na regi?indicada em vermelho na folha de papel. Delfim disse que recebera recomenda?s do regime para redobrar o cuidado com a seguran? Mas desconhecia o plano de sequestro que se armara contra ele. Um plano que s?o foi adiante, segundo a vers?de Espinosa, porque seus idealizadores desceram ao calabou?antes. O pr?o Espinosa, que se autoatribui a coordena? da a?, foi em cana no dia 21 de novembro de 1969. 1uela altura, conta ele, a conclus?do plano de sequestro “ainda levaria 15 ou 20 dias”. “Aconteceria por volta de dezembro. O comando nacional sabia, n?houve nenhum veto [...]. Havia uma prepara? militar que n?estava conclu?. Decorridos quase 40 anos, Delfim e Dilma, unidos pelos sortil?os do destino, compartilham os ouvidos de Lula. O ex-czar econ?o da ditadura ?gora um dos mais ass?os conselheiros do presidente. ?tamb?um entusiasta da candidatura presidencial de Dilma. Num presente assim, t?amistoso, a hist? acaba mesmo virando mero viaduto a ligar os vest?os esmaecidos do real aos ind?os vivos da conveni?ia. Escrito por Josias de Souza ?06h02

Percival Puggina

04/04/2009
A democracia brasileira est?ob fogo cerrado. Ao contr?o do que o leitor possa estar pensando, os inimigos da democracia n?morreram de velhos, n? Renovam-se atrav?das gera?s e alteram as formas de agir, de modo a ganharem efici?ia. Hoje, eles a atacam desde v?os flancos. Do somat? de todos esses esfor? surge uma for?dif?l de ser neutralizada. Duvida? Responda ent? para si mesmo, as perguntas a seguir. 1. S?amigos da democracia os que agem no sentido de atribuir mais e mais recursos, mais e mais poderes, mais e mais prerrogativas ao Planalto, de onde sua excel?ia de cada quadri?o distribui favores e atrai fervores? Tal hegemonia, desequil?io da reparti? dos poderes, desrespeito ?edera?, peso a uma mesma e ?a caneta correspondem a uma forma desej?l de democracia? Certamente n? No entanto, n?s?poucos nem desprovidos de influ?ia os que vestem essa camiseta e jogam nesse time. 2. S?amigos da democracia os que a veem como um campo de batalha? Quantos, dentre os atores da cena pol?ca nacional, se enquadram na descri? a seguir? “N?ntramos no parlamento como forma de nos abastecer, com suas armas, no arsenal da democracia. Se a democracia ??est?a como para nos proporcionar meios e sal?os para este trabalho de urso, ?roblema dela. N??chegamos como amigos, nem como neutros. N?hegamos como inimigos. Assim como o lobo salta sobre o rebanho, assim n?hegamos”. N?creio que estas palavras de Goebbels em seu “Der Angriff” sejam incongruentes com a conduta vis?l de muitos homens p?cos, cuja gan?ia pelo poder se nutre da animosidade, do conflito e do desprezo ?institui?s da democracia. 3. S?amigos da democracia os que, agindo desde fora, tudo fazem para desacreditar a institui? parlamentar, escalando-a como passivo saco de suas pancadas? Bradam contra ela, como se todas as car?ias nacionais fossem causadas pelo R$ 7 bilh?gastos nas suas duas casas. No entanto, de cada mil reais do or?ento da Uni? o Congresso inteiro (com todas as suas mazelas, regalias e desperd?os!) gasta cinco! N? leitor, n?serve ?emocracia apontar apenas os descontroles do parlamento e fechar os olhos sobre o que ocorre noutros centros de custos muito mais vultosos, dispon?is nas mesmas fontes oficiais de informa?. 4. S?amigos da democracia os que, dentro da institui? parlamentar, n?se preocupam com promover uma reforma pol?ca que restaure as pr?as atribui?s, moralize as rela?s entre os poderes de Estado e reduza a influ?ia dos interesses corporativos sobre as decis?nacionais? Ser?amigos da democracia os que, quando tratam da necess?a reforma pol?ca, se comprimem entre o faz de conta e o corpo mole? Junte tudo, junte todos, e n?sobrar?muitos democratas por a?Todavia, saiba: esse Congresso, um dos piores da hist? republicana, ainda ? lugar onde bate – fraco e enfermo, mas bate – o cora? da democracia. Ele ? representa? da na? em sua pluralidade. Como a na?, precisa ser aprimorado, n?condenado. Precisa ser preservado, n?desmoralizado. Abra os olhos, fa?as contas, e ver?ue os maiores problemas do Brasil est?no outro lado da Pra? Os inimigos da democracia, no entanto, sabem muito bem para onde assestar seus canh?

Pe. Raniero Cantalamessa

04/04/2009
1. O Esp?to da promessa Escutemos a passagem de Romanos 8, sobre a qual vamos meditar hoje: «Tamb?n?que temos as prim?as do Esp?to, gememos em n?esmos, aguardando a ado?, a reden? do nosso corpo. Porque pela esperan??ue fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperan?j???speran? porque o que algu?v?como ?ue ainda o espera? N?ue esperamos o que n?vemos, ?m paci?ia que o aguardamos.» (Rom 8, 23-25) A mesma tens?entre promessa e cumprimento que se observa na Escritura a prop?o da pessoa de Cristo, percebe-se tamb?com rela? ?essoa do Esp?to Santo. Como Jesus primeiro foi prometido nas Escrituras, depois se manifestou segundo a carne e por ?mo se espera em seu retorno final, assim o Esp?to, em um tempo «prometido pelo Pai», foi dado em Pente costes e agora de novo o espera e invoca «com gemidos inef?is» o homem e toda a cria?, que tendo aproveitado as prim?as, aguardam a plenitude de seu dom. Neste espa?que se estende de Pentecostes ?arusia, o Esp?to ? for?que nos impulsiona adiante, que nos mant?em caminho, que n?nos permite acomodar-nos e converter-nos em um povo «sedent?o», que nos faz cantar com um sentido novo os «salmos das ascens?: «Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor!». Ele ?uem nos d?mpulso e p?sas em nossa esperan? mais ainda: ? pr?o princ?o e a alma de nossa esperan? Dois autores nos falam do Esp?to como «promessa» no Novo Testamento: Lucas e Paulo, mas, como veremos, com uma importante diferen? No Evangelho de Lucas e nos Atos dos Ap?los ? pr?o Jesus quem fala do Esp?to como «a promessa do Pai». «Eu – diz – enviarei sobre v? promessa de meu Pai»; «Enquanto estava comendo com eles, mandou que n?se ausentassem de Jerusal? mas que aguardassem a promessa do Pai, ‘que ouvistes de mim: que Jo?batizou com ?a, mas v?ereis batizados no Esp?to Santo dentro de poucos dias’» (Atos 1, 4-5). A que se refere Jesus quando chama o Esp?to Santo de promessa do Pai? Onde o Pai fez esta promessa? Pode -se dizer que todo o Antigo Testamento ?ma promessa do Esp?to. A obra do Messias se apresenta constantemente como culminante em uma nova efus?universal do Esp?to de Deus sobre a terra. A compara? com o que Pedro diz no dia de Pentecostes mostra que Lucas pensa, em particular, na profecia de Joel: «Acontecer?os ?mos dias, diz Deus: Derramarei meu Esp?to sobre toda carne» (Ez 36, 27). Quanto ao conte?da promessa, Lucas sublinha, como de costume, o aspecto carism?co do dom do Esp?to, em especial a profecia. A promessa do Pai ?o poder do alto» que tornar?s disc?los capazes de levar a salva? aos confins da terra. Mas n?ignora os aspectos mais profundos, santificadores e salv?cos, da a? do Esp?to, como a remiss?dos pecados, o dom de uma lei nova e de uma nova alian? como se deduz da aproxima? que tra?entre o Sinai e Pentecostes. A frase de Pedro: «a promessa ?ara v?(Atos 2, 39) se refere ?romessa da salva?, n?s? profecia ou de alguns carismas. < b>2.O Esp?to, prim?a e prenda Passando de Lucas a Paulo, entra-se em uma perspectiva nova, teologicamente muito mais profunda. Ele enumera diferentes objetos da promessa: a justifica?, a filia? divina, a heran? mas o que resume tudo, o objeto por excel?ia da promessa, ?recisamente o Esp?to Santo, a quem chama de «promessa do Esp?to» (G?3, 14) e «Esp?to da promessa» (Ef 1, 13) Duas s?as ideias novas que o Ap?lo introduz no conceito de promessa. A prim?a ?ue a promessa de Deus n?depende da observ?ia da lei, mas da f? portanto da gra? Deus n?promete o Esp?to a quem observa a lei, mas a quem cr?m Cristo: «Recebestes o Esp?to pelas obras da lei ou pela f?a prega??», «Se a heran?a dependesse da lei, j??procederia da promessa» (G?3, 2.18) Atrav?do conceito de promessa, a teologia do Esp?to Santo se liga, em Paulo, com o resto de seu pensamento e se converte em sua demonstra? concreta. Os crist? sabem bem que ?epois da prega? do Evangelho que tiveram a experi?ia nova do Esp?to, n?por ter observado a lei com maior fidelidade que de costume. O Ap?lo pode remeter-se a um dado da realidade. A segunda novidade ?m certo sentido desconcertante. ?como se Paulo quisesse cortar pela raiz toda tenta? «entusiasta», dizendo que a promessa n?se cumpriu ainda... ao menos por completo! A respeito disso, s?reveladores dois conceitos aplic?is ao Esp?to Santo: prim?a (aparche) e prenda (arrab? O primeiro presente em nosso texto de Romanos 8; o outro se l?a Sagrada Carta aos Cor?ios: «N?s?a, mas tamb?n?que temos as prim?as do Esp?to, gememos em n?esmos, aguardando a ado?, a reden? do nosso corpo» (Rm 8, 23). «Ora, quem nos confirma a n? a v?m Cristo, e nos consagrou, ?eus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos cora?s o penhor do Esp?to.» (2 Co 1, 21-22). «Aquele que nos formou para este destino ?eus mesmo, que nos deu por penhor o seu Esp?to (2 Cor 5,5).» O que o Ap?lo quer dizer desta forma? Que o cumprimento operado em Cristo n?esgotou a promessa. N? diz com singular contraste – «possu?s... esperando», possu?s e esperamos. Precisamente porque o que possu&iacut e;mos n??inda a plenitude, mas s?a prim?a, uma antecipa?, nasce em n? esperan? ?mais, o desejo, a espera, o anseio se tornam mais intensos ainda que antes, porque agora se sabe o que ? Esp?to. Na chama do desejo humano, a vinda do Esp?to em Pentecostes colocou combust?l, por diz?o de alguma. Acontece exatamente como em Cristo. Sua vinda cumpriu todas as promessas, mas n?p?im ?spera. A espera se relan?sob a forma de espera de seu retorno na gl?. O t?lo «promessa do Pai» situa o Esp?to Santo no pr?o cora? da escatologia crist?Portanto, n?se pode aceitar sem reservas a afirma? de certos estudiosos para quem «na concep? dos judeus crist?, o Esp?to era primariamente a for?do mu ndo futuro; na dos crist? helenos ? for?do mundo superior». Paulo demonstra que as duas concep?s n?se op?necessariamente entre si, mas que podem coexistir: o Esp?to ?ao mesmo tempo, realidade do mundo superior, divino e for?do mundo futuro. No passar das prim?as ?lenitude, as primeiras n?se desfar?para dar lugar ?egunda, mas elas mesmas se transformar?mais em plenitude. Conservaremos o que j?ossu?s e adquiriremos o que ainda n?temos. Ser? pr?o Esp?to que se expandir?m plenitude. O princ?o teol?o «a gra?? in?o da gl?», aplicado ao Esp?to Santo, significa que as prim?as s?in?o do cumprimento, o in?o da gl?, parte dela. Neste cas o, n??reciso traduzir arrab?or «penhor» (pignus), mas s?r prenda (arra). O penhor n?? in?o do pagamento, mas algo que se d?m espera do pagamento. Uma vez que este se efetua, o penhor ?estitu?. N?assim as prendas, que n?se restituem no momento do pagamento, mas que se completam. Fazem parte dos pagamentos. «Se Deus nos deu como penhor o amor atrav?de seu Esp?to, quando nos der toda a realidade, ?ue nos tirar? penhor? Certamente n? mas completar? que j?eu» [1]. O amor de Deus que pr?xperimentamos aqui, gra? ?prendas do Esp?to, ?nt?da mesma qualidade do que experimentaremos na vida eterna, mas n?da mesma intensidade. O mesmo se deve dizer da posse do Esp?to Santo. Como se v?houve uma profunda transforma? no significado da festa de Pentecostes. Em sua origem, Pentecostes era a celebra? das prim?as [2], ou seja, o dia em que se ofereciam a Deus as prim?as da colheita. Continua sendo a festa das prim?as, mas das que Deus oferece ?umanidade, em seu Esp?to. Inverteram-se os pap? do doador e do benefici?o, em perfeita sintonia com o que ocorre, em todos os campos, na passagem da lei ?ra? da salva? como obra do homem ?alva? como dom gratuito de Deus. Isso explica por que a interpreta? de Pentecostes, como festa das prim?as, n?teve, estranhamente, quase nenhuma correspond?ia no ?ito crist? Santo Irineu fez um intento em tal sentido, dizendo que no dia de Pentecostes «o Esp?to oferecia ao Pai as prim?ias de todos os povos» [3], mas praticamente n?teve eco no pensamento crist? 3. O Esp?to Santo, alma da Tradi? A ?ca patr?ica, ao contr?o dos demais aspectos da pneumatologia, n?oferece, a prop?o do Esp?to como promessa, uma contribui? importante, e isso por causa do menor interesse que os Padres t?pela perspectiva hist?a e escatol?a com rela? ?ntol?a. S?Bas?o conta com um belo texto sobre o papel do Esp?to na consuma? final; escreve: «No momento da esperada manifesta? do Senhor dos c?, tampouco estar?usente o Esp?to Santo... Quem pode ignorar at?al ponto os bens que Deus prepara aos que lhe s?dignos como para n?entender que tamb?a coroa dos justos &eac ute; gra?do Esp?to Santo?» [4]. Mas, observando bem, o santo diz s?e o Esp?to Santo ter?ma parte ativa tamb?no ato final da hist? humana, quando se passar?o tempo ?ternidade. Est?usente qualquer reflex?sobre o que o Esp?to Santo faz agora, no tempo, para impulsionar a humanidade para o cumprimento. Falta o sentido do Esp?to Santo como impulso, for?de propuls?do povo de Deus, a caminho rumo ??ia. O Esp?to impulsiona os crentes a permanecerem vigilantes e em espera do retorno de Cristo, ensinando a Igreja a dizer: «Vem, Senhor Jesus» (Ap 22, 20). Quando o Esp?to diz Maranatha com a Igreja, ?omo quando diz Abba no cora? do crente: deve-se entender que Ele faz dizer, que se faz voz da Igreja. Por si mesmo, de fato, o Par?clito n?poderia gritar Abba, porque n?? filho do Pai, nem poderia gritar Marana-tha, «Vem, Senhor», porque n??ervo de Cristo, mas «Senhor» igual a Ele, como professamos no Credo. «Ele vos anunciar? que h?e vir», diz Jesus do Par?ito (Jo 16, 13): isto ?revelar? conhecimento da nova ordem de coisas surgidas da P?oa. O Esp?to Santo ?portanto, a fonte da escatologia crist?que mant?a Igreja em tend?ia para adiante, para o retorno do Senhor. E isso ?recisamente o que tentou evidenciar a reflex?b?ica e teol?a de nossos dias. A nova exist?ia suscitada pelo Esp?to – escreve Moltmann – ??la mesma escatol?a, sem esperar o momento final da Parusia, no sentido de que ? come?de uma vida que se manifestar?lenamente s?ando se tiver estabelecido o modo de exist?ia determinado pelo Esp?to, j??contrariado pela carne. O Esp?to n???omessa em sentido est?co, mas a for?da promessa, que faz sentir a possibilidade da liberta?, que permite que se percebam como mais pesadas e intoler?is ainda as correntes, e por isso impulsiona a romp?as [5]. Esta vis?paulina do Esp?to Santo como promessa e como prim?a nos permite descobrir o verdadeiro sentido da Tradi? da Igreja. A Tradi? n??ntes de tudo um conjunto de coisas «transmitidas», mas ?em primeiro lugar, o princ?o din?co de transmiss? ?mais, ? pr?a vida da Igreja, enquanto que, animada pelo Esp?to sob a guia do magist&eacut e;rio, desenvolve-se na fidelidade a Jesus Cristo. Santo Irineu escreve que a revela? ?como um dep?o precioso contido em um vaso de valor, que gra? ao Esp?to de Deus rejuvenesce sempre e faz que rejuvenes?tamb?o recipiente que o cont? [6]. O valioso vaso que rejuvenesce junto a seu conte??precisamente, a prega? da Igreja e a Tradi?. Por isso, o Esp?to Santo ? alma da Tradi?. Quando se elimina ou se esquece do Esp?to Santo, o que resta dela ??tra morta. Se – como afirma S?Tom?de Aquino – «sem a gra?do Esp?to Santo, at?s preceitos do Evangelho ser?letra que mata», o que dever?os dizer da Tradi?? A Tradi? ?nt? sim, uma for&cce dil;a de perman?ia e de conserva? do passado, mas ?amb?uma for?de inova? e de crescimento; ?em? e antecipa? ao mesmo tempo. ?como a onda da prega? apost?a que avan?e se propaga nos s?los [7]. A onda n?se pode captar mais que em movimento. Congelar a tradi? em um momento determinado da hist? significa fazer dela uma «tradi? morta», j?? como a denomina Santo Irineu, uma «tradi? viva». 4. O Esp?to Santo nos faz abundar na esperan? Com sua enc?ica sobre a esperan? o Santo Padre Bento XVI nos indica a consequ?ia pr?ca que se desprende de nossa medita?: esperar, esperar sempre, e se j?speramos mil vezes em v? volta r a esperar! A enc?ica (cujo t?lo «Spe salvi» – «Na esperan?fomos salvos» – procede precisamente da passagem paulina que comentamos) come?com estas palavras: «Segundo a f?rist?a ‘reden?’, a salva?, n??implesmente um dado de fato. ?nos oferecida a salva? no sentido de que se nos deu a esperan? uma esperan?fi?l, gra? ?ual podemos enfrentar nosso presente: o presente, ainda que seja um presente fatigoso, pode ser vivido e aceito quando se leva para uma meta, se podemos estar seguros desta meta e se esta meta ??grande que justifica o esfor?do caminho.» Estabelece-se uma esp?e de equival?ia e de qualidade de interc?io entre esperar e ser salvos, como tamb?entre esperar e crer. «A f? escreve o Papa – ?speran?, confirmando assim, de um ponto de vista teol?o, a intui? po?ca de Charles P?y, quem inicia seu poema sobre a segunda virtude com as palavras: «A f?ue prefiro – diz Deus – ? esperan?. Da mesma forma que distinguimos dois tipos de f?a f?rida e a f?rente (ou seja, as coisas cridas, e o pr?o ato de crer), assim ocorre com a esperan? Existe uma esperan?objetiva que indica a coisa esperada – a heran?eterna – e existe uma esperan?subjetiva que ? pr?o ato de esperar essa coisa. Esta ?ma ?ma for?de propuls?para diante, um impulso interior, uma extens?da alma, uma dilata? para o futuro. «Uma migra? amorosa do esp?to para o que se espera», dizia um antigo Padre [8]. Paulo nos ajuda a descobrir a rela? vital que existe entre a virtude teologal da esperan?e o Esp?to Santo. Faz que cada uma das tr?virtudes teologais se remontem ?? do Esp?to Santo. Escreve: «Pois n?em virtude do Esp?to, aguardamos pela f? justi?que ?bjeto da esperan? Porque em Cristo Jesus nem a circuncis?nem a incircuncis?t?valor, mas somente a f?ue atua pela caridade» [9]. O Esp?to Santo nos ?presentado assim como a fonte e a for?de nossa vida teologal. ?por m?to seu, em especial, que podemos «abundar na esperan?. «O Deus da esperan?– escreve o Ap?lo um pouco mais adiante, na mesma Carta aos Romanos – vo s cumula de todo gozo e paz em vossa f?at?ransbordar de esperan?pela for?do Esp?to Santo» (Rm 15, 13). «O Deus da esperan?: que ins?a defini? de Deus! 3 vezes se chamou a esperan?de «a parente pobre» das virtudes teologais. Houve, ?erto, um momento de intensa reflex?sobre o tema da esperan? at?ar lugar a uma «teologia da esperan?. Mas faltou uma reflex?sobre a rela? entre esperan?e Esp?to Santo. Contudo, n?se compreende a peculiaridade da esperan?crist? sua alteridade com rela? a qualquer outra ideia de esperan?se n?for contemplada em sua ?ima rela? com o Esp?to Santo. ?Ele quem marca a diferen?entre o «princ?o esperan? e a virtude teologal da esperan? As virtudes teologais s?tais n?s?rque t?Deus como seu fim, mas tamb?porque t?Deus como seu princ?o; Deus n???u objeto, mas tamb?sua causa. S?causadas, infusas, por Deus. Precisamos de esperan?para viver e necessitamos do Esp?to Santo para esperar! Um dos principais perigos no caminho espiritual ? de desalentar-se diante da repeti? dos pr?os pecados e a aparentemente in? sucess?de prop?os e reca?s. A esperan?nos salva. D?os a for?para recome?, para crer cada vez que essa ser? ocasi?boa, a da verdadeira convers? Atuando assim, comove-se o cora? de Deus, que vir?m nossa ajuda com sua gra? «A f& eacute; n?me surpreende, diz Deus. (Continua sendo o poeta da esperan?quem fala; melhor dito, quem faz Deus falar). Resplande?assim em minha cria?. A caridade n?me surpreende, diz Deus. Essas pobres criaturas s?t?infelizes que, a menos que tenham um cora? de pedra, como n?deveriam ter caridade umas pelas outras... Mas a esperan? diz Deus, ? que me surpreende. Que os pobres filhos vejam como v?as coisas e que creiam que melhorar?amanh?Isso ?lucinante. E se precisa que minha gra?seja de verdade de uma for?incr?l.» [10] N?podemos contentar-nos em ter esperan?s?ra n?O Esp?to Santo quer fazer de n?emeadores de esperan? N?h?om mais belo que difundir esperan?em casa, em comunidade, na Igreja local e universal. &Eac ute; como certos produtos modernos que regeneram o ar, perfumando todo o ambiente. Concluo a s?e destas medita?s quaresmais com um texto de Paulo VI que resume muitos dos pontos que toquei nelas: «N?os perguntamos v?as vezes... que necessidade advertimos, primeira e final, para esta Igreja nossa aben?da e amada. Devemos dizer quase com temor e s?ca, porque ?eu mist?o e sua vida, j?abeis: o Esp?to Santo, animador e santificador da Igreja, seu alento divino, o vento de suas velas, seu princ?o unificador, sua fonte interior de luz e de for? seu apoio e seu consolador, sua fonte de carismas e de cantos, sua paz e sua alegria, seu penhor e prel? de vida feliz e eterna. A Igreja precisa de seu perene Pentecostes; precisa de fogo no cora?, de palavra em seus l?os, de profecia no olhar... Precisa, a Igreja, re cuperar o desejo, o gosto e a certeza de sua verdade.» [11] Desejo ao senhor, Santidade, e a v?vener?is padres, irm? e irm? uma feliz e santa P?oa! --------------------------------------- [1] S. Agostino, Discorsi, 23, 9 (CC 41, p. 314). [2] Cf. Num 28,26; Lev 23, 10. [3] S. Ireneo, Contro le eresie, III, 17,2; cf. anche Eusebio di Cesarea, Sulla solennit?asquale,4 (PG 24, 700A). [4] S. Basilio, Sullo Spirito Santo, XVI, 40 (PG 32, 141A). [5] Cf. J. Molmann, Lo Spirito della vita, Brescia 1994, pp. 18. 92 s. 190. [6] S. Ireneo, Adv. Haer. III, 24, 1. [7] H. Holstein, La tradition dans l’Eglise, Grasset, Parigi 1960 (Trad. ital. La tradizione nella Chiesa, Vita e Pensiero, Milano 1968. [8] Diadoco di Fotica, Cento capitoli, preambolo (SCh 5, p.84). [9]Gal 5, 5-6; cf. Rom 5,5. [10] Ch. P?y, Le porche du myst? de la deuxi? vertu, in Œuvres po?ques compl?s,Gallimard, Paris 1975, pp. 531 ss. [11] Discorso all’udienza generale del 29 Novembre 1972 (Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, X, pp. 1210s.).

Olavo de Carvalho

04/04/2009
H?lguns dados hist?os elementares sobre o movimento comunista, ignorados pela maioria e mal conhecidos ou bem esquecidos pelas minorias letradas e dirigentes, sem os quais ?mposs?l, literalmente imposs?l entender o que quer que seja da hist? recente. Se voc?rocurar se informar a respeito e come? a levar esses dados em conta, ver?uanta coisa obscura se esclarece automaticamente, sem necessidade de grande esfor?interpretativo. l O comunismo foi e ?ao longo da hist? humana, o ?o – repito: o ?o – movimento pol?co organizado em escala mundial, com ramifica?s e agentes nos lugares mais remotos do planeta, disciplinados e capacitados para entrar em a? de maneira imediata, coordenada e simult?a ao primeiro chamado de seus centros de comando. l Embora tendo a seu servi?uma quantidade enorme de organiza?s e partidos de massa, o comunismo ?ubstancialmente um movimento clandestino, cujo comando e cujos planos de a? devem permanecer invis?is aos profanos, mesmo nas ?cas de legalidade em que v?as organiza?s comunistas atuam publicamente sem sofrer a menor persegui?. O primado da elite clandestina sobre a lideran?vis?l ?pelo menos desde L?n, uma cl?ula p?ea da estrat?a comunista. ?imposs?l compreender essa estrat?a e as t?cas que a implementam levando em conta somente a atua? ostensiva dos l?res comunistas mais vis?is em cada pa? sem acesso ?discuss?internas e ?conex?internacionais de cada organiza?. l O comunismo foi e ?em todo o mundo e em todas as ?cas, o ?o movimento pol?co que teve e tem a seu dispor recursos financeiros ilimitados, superiores ?maiores fortunas conhecidas no Ocidente e aos or?entos de muitos governos somados. Suas possibilidades de a? devem ser medidas na escala dos seus recursos. l S?a parcela ?ima da atividade comunista consiste em propaganda doutrin?a reconhec?l direta ou indiretamente. A parte maior e mais significativa consiste em infiltrar-se e mesclar-se em toda sorte de organiza?s – partidos pol?cos (inclusive liberais e conservadores), m?a, sindicatos, empresas estatais e privadas, institui?s culturais, educacionais, religiosas e de caridade, For? Armadas, Ma?aria, a lista n?tem fim – de modo a torn?as instrumentos da estrat?a comunista e a controlar por meio delas toda a sociedade, fazendo do Partido “um poder onipresente e invis?l” (a express??e Antonio Gramsci, mas a t?ica existia desde muito antes dele). ?pueril imaginar que, uma vez inseridos nessas entidades, os comunistas a?e dediquem a doutrina? ou proselitismo, como se fossem pastores protestantes espalhando o Evangelho entre infi?. A arregimenta? de todas as for? para que sirvam ?strat?a comunista ?m mecanismo tremendamente sutil e complexo, que envolve doses maci? de camuflagem e despistamento, com muitos lances paradoxais pelo caminho. l ?tolice imaginar o comunismo como uma “doutrina” ou “ideal”, sobretudo quando se entende por isso a prega? aberta da aboli? da propriedade privada. O movimento comunista nunca teve nem precisou ter qualquer unidade doutrin?a, e j?rovou mil vezes sua capacidade de adaptar-se taticamente ?f?las ideol?as mais d?ares, de maneira sucessiva ou simult?a, desnorteando por completo o observador leigo (incluo nisto os pol?cos em geral e a quase totalidade dos intelectuais liberais e conservadores). Campanhas ate?icas as mais truculentas, por exemplo, coexistem pacificamente, no seio do movimento comunista, com o aproveitamento do discurso religioso como meio de atingir o cora? das massas. Mutatis mutandis, a explora? dos sentimentos nacionalistas extremados vem lado a lado com o esfor?de diluir as soberanias nacionais em unidades maiores, regionais ou mundiais, de modo que, por tr?da cena, o movimento comunista se beneficia tanto das resist?ias patri?as quanto do poder global em ascens? A unidade do movimento comunista ?e tipo estrat?co e organizacional, n?ideol?o. O comunismo n??m conjunto de teses: ?m esquema de poder, o mais vasto, fex?l, integrado e eficiente que j?xistiu. Mesmo o radicalismo isl?co, hoje em r?da expans? nada poderia sem o apoio da rede mundial de organiza?s comunistas. l Tolice maior ainda ?maginar que a oposi? l?o-formal entre os conceitos abstratos de capitalismo e comunismo se traduza, na pr?ca, em conflito mortal entre capitalistas e comunistas. variedade de diferentes situa?s locais e temporais corresponde uma infinidade de nuances e transi?s, com um vasto espa?para os arranjos e cumplicidades mais estranhos em apar?ia (s? apar?ia). Ningu?entender?ada do mundo hist?o em que vive hoje se n?tiver em conta a longa colabora? entre o movimento comunista e algumas das maiores fortunas do Ocidente, por exemplo Morgan, Rockefeller e Rothschild. Os livros cl?icos a respeito s?os do economista ingl?Anthony Sutton, mas j?m 1956 o Comit?eece da C?ra de Representantes dos EUA levantou provas substanciais de que algumas funda?s bilion?as estavam usando seus recursos formid?is “para destruir ou desacreditar o sistema de livre empresa que lhes deu nascimento”. Essas funda?s est?hoje entre os mais robustos pilares de suporte do governo socialista de Barack Hussein Obama. O desconhecimento ou incompreens?desses fatos entre liberais e conservadores est?a raiz de sua incapacidade de opor uma resist?ia s?a ?archa triunfante do comunismo na Am?ca Latina. Muitos ainda acreditam, por exemplo, que ser?ma grande vit? da democracia obrigar as Farc a abandonar a luta armada para transformar-se em partido legal. N?entendem que criar uma for?pol?ca reconhecida ?no fim das contas, o ?o objetivo da luta armada – na Col?a ou em qualquer outro lugar. Guerrilhas n?vencem guerras: tudo o que desejam ?ma derrota politicamente vantajosa. Por isso, ao mesmo tempo que trocam tiros com as for? do governo, na selva e nas cidades, colocam seus agentes em postos-chave dos partidos esquerdistas legais, de onde clamam contra o derramamento de sangue e apelam dramaticamente ao retorno da legalidade. Fizeram isso no Brasil, fazem agora na Col?a. Enquanto os liberais e conservadores n?obtiverem uma clara vis?de conjunto do fen?o enormemente complexo do comunismo, enquanto insistirem em se opor somente ?facetas mais imediatas e repugnantes desse movimento, se n?apenas ?doutrinas comunistas consideradas abstratamente, estar?condenados ?errota mesmo quando se julgam vencedores. O fato de que jamais tenha havido uma internacional anticomunista torna dif?l para muitas pessoas obter essa vis?de conjunto, que os pr?os comunistas obt?t?facilmente. Mas a aus?ia de suporte social n?pode servir de desculpa para a pregui?intelectual. H?empre algumas intelig?ias individuais capazes de raciocinar acima das perspectivas grupais, quando existem, ou sem elas, quando n?existem. Nada justifica que essas intelig?ias permane? ?argem das discuss?p?cas, deixando aos ignorantes o monop? dos microfones. Neste como em todos os demais assuntos humanos, quem n?estudou nada est?heio de certezas simpl?s e as proclama com um ar de tremenda superioridade, sem perceber o papel rid?lo que faz. Quem estudou fica ?vezes parecendo maluco ou exc?rico, mas, afinal, para que ?ue algu?estuda, se n??ara ficar sabendo de algo que a maioria n?sabe? * Jornalista, ensa?a e professor de Filosofia

Marcílio Marques Moreira

04/04/2009
O tsunami financeiro em curso engendrou a mais s?a recess?global desde a 2ª Guerra Mundial. Ela chegou ao Brasil em outubro de 2008 e, al?de sua gravidade, apresenta tr?caracter?icas - alta complexidade, ampla incerteza e forte volatilidade - que dificultam o esfor?de interpret?a e, ainda mais, o de prever sua trajet? futura. Na elabora? de estrat?a para superar a crise e preparar nossa economia para o mundo repaginado que lhe suceder??ssencial, portanto, avaliar corretamente os fatores que convergiram para ger?a. S?in?s explica?s simplistas e conclus?precipitadas. Elas mais atrapalham do que ajudam a aprecia? equilibrada dos elementos em jogo. Tanto Estado quanto mercado haviam contribu? para propiciar o quinqu?o in?to de prosperidade global, de 2003 a 2007, e foram incapazes de perceber e coibir a tempo a s?e de abusos e iniciativas de alto risco que, surgidas em momento de euforia, acabaram precipitando a crise. Esta emitiu o primeiro alerta em agosto de 2007 e chegou a um quase desmanche sist?co em setembro de 2008. Tanto a ret?a da salva? pelo Estado onipotente quanto pelo mercado autocorretor n?resistem a uma an?se mais consistente, que leve em conta os pressupostos te?os e a experi?ia pr?ca da longa hist? de crises financeiras. N?se pode esquecer que foram iniciativas legislativas, ordenando que o financiamento de habita?s aos grupos de baixa renda fosse privilegiado, minimizando at? sua capacidade de pagamento, combinadas com legisla? que permite o abatimento tribut?o dos juros de quaisquer financiamentos imobili?os, que contribu?m para inflar a bolha imobili?a norte-americana. Nem, tampouco, que foram decis?de pol?ca macroecon?a, empurrando os juros b?cos nos Estados Unidos para 1%, aliadas ?da China, manipulando para baixo sua taxa de c?io, que levaram ?imbiose esp? pela qual a China passou a exportar produtos a custo cadente para o desregrado consumo norte-americano, ao mesmo tempo que o financiava pela compra maci?de t?los de d?da. Estava criada a poderosa m?ina de transformar em liquidez internacional os enormes d?cits americanos em conta corrente, que beiraram US$ 1 trilh?por ano. O fen?o se repetiu em outros pa?s emergentes cujas exporta?s permitiram o ac?o de super?ts, que passaram a financiar o consumo dos pa?s centrais, inundando o mundo com cr?to barato e abundante. Poupan?excessiva na periferia, consumo desmedido no centro e sistema financeiro intermedi?o eficaz, embora imprudente, geraram desequil?io mundial insustent?l, terreno f?il para que a desmedida, a gan?ia e a fraude, sem regula? e fiscaliza? do Estado, criassem riscos exorbitantes, que, ao estourar, corroeram a confian? pedra angular do sistema econ?o. No Brasil, o governo tem procurado mitigar o quadro que se revelou de maneira mais dr?ica na queda do PIB do ?mo trimestre de 2008. Infelizmente, o alto n?l de compromissos fiscais que assumira em gastos recorrentes de pessoal e custeio, aliado ?ueda na arrecada? inerente ?esacelera?, vieram a restringir o escopo da sua a? fiscal. Em contraste com a maioria de nossos pares, caber?portanto, ?ol?ca monet?a a principal responsabilidade de conduzir o esfor?antic?ico, utilizando a margem de manobra que soube preservar. Redu? de juros, libera? de compuls?s e administra? de n?is de liquidez, em reais e em divisas, ser-lhe-?armas preciosas. pol?ca fiscal caber?anter o apoio ?ede de prote? social, em especial ao Bolsa-Fam?a, e realizar imposterg?is investimentos p?cos, sobretudo em infraestrutura. O governo ter?tamb? de melhorar o ambiente de neg?s, temperando sua voracidade fiscal e assegurando maior seguran?jur?ca ?tividade econ?a, refor?do o marco regulat? e prestigiando a atua? independente e confi?l das ag?ias reguladoras. S?sim seremos capazes de atrair capital privado, nacional e externo, para investimentos priorit?os. ?tarefa indispens?l, haja vista o baixo n?l de nossa poupan? apenas 16,9% do PIB no quarto trimestre de 2008. A maneira pontual que at?gora tem presidido a destina? dos recursos p?cos antic?icos, atendendo, ?erdade, a situa?s emergenciais de setores mais dependentes do cr?to ou da exporta?, tem de ser revista, para inseri-la em estrat?a visando a preparar o Pa?para o mundo de amanh?em que predominar?novos paradigmas de produtividade, efici?ia e eco-compatibilidade. A pol?ca anticrise h?portanto, que ser vertebrada em torno de um fio condutor e inspirar-se em clara vis?do futuro. Subsidiar empresas ou financi?as a juros diferenciados, sem contrapartidas qualitativas e compromissos de modernizar a gest? distorce a concorr?ia entre elas e subverte a equanimidade e a efici?ia que devem inspirar o mercado din?co e sadio exigido pelo ambiente mais competitivo que passar? prevalecer amanh? Urge, pois, recolocar a opera? do mercado nos trilhos, regulando-o sem sufocar seu dinamismo e sua criatividade, virtudes pr?as da liberdade de empreender. Por sua vez o Estado tem de ser repensado e seus gastos, redefinidos, a fim de que passe a priorizar a educa?, o conhecimento t?ico-cient?co e a infraestrutura f?ca e humana, valores pouco prezados entre n?mas indispens?is ?obiliza? do enorme potencial desperdi?o de desenvolvimento integral do Pa? ?exig?ia imposterg?l no mundo p?rise, que se anuncia menos exuberante, mas ainda assim repleto de promissoras oportunidades que n?temos mais o direito de ignorar. * Presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de ?ica Concorrencial. Site: www.etco.org.br

Miguel Nagib

03/04/2009
No cap?lo 3º do livro did?co “Portugu?Linguagens - 5º ano”, de autoria de William Roberto Cereja e Thereza Cochar (Editora Atual, pertencente ao grupo Saraiva - clique aqui para ver), os estudantes encontram, logo abaixo do t?lo – “O gosto amargo da desigualdade” –, o seguinte par?afo: Voc?lguma vez j?e sentiu injusti?o? Seu amigo com duas bicicletas, uma delas novinha, e voc?em bicicleta tem... Sua amiga com uma cole? inteirinha da Barbie, e voc?ue n?ganha um brinquedo novo h?uito tempo... Se vai reclamar com a m? l?em ela dizendo: ‘N?reclama de barriga cheia, tem gente pior do que voc?. Ser?ue h?usti?no mundo em que vivemos? A resposta negativa ?presentada sob a forma de um texto, em estilo pretensamente liter?o, seguido de uma bateria de perguntas destinadas a ati? o “pensamento cr?co” dos alunos (supondo-se, ?laro, que crian? de 10 anos possuam conhecimento e maturidade para pensar criticamente). O texto consiste, resumidamente, no seguinte: ao ver o filho entretido com um globo terrestre, o pai lhe confessa a sua “birra contra geografia”, atribuindo a avers?a uma professora que tivera no gin?o. Um dia, conta o pai, a professora Dinah resolveu dar aos alunos uma aula pr?ca sobre a distribui? de renda no Brasil. Dizendo que o conte?de uma caixa de doces representava a riqueza do pa? a professora come? a distribuir os doces entre os alunos, dando a uns mais que a outros. Os primeiros da lista de chamada ganharam apenas um doce; da letra G at? M, dois doces; de N a T, tr? Vanessa e V?r ganharam seis, e Zilda, finalmente, ganhou a metade da caixa, 24 doces. A satisfa? inicial dos primeiros se transformava em revolta ?edida que percebiam a melhor sorte dos ?mos: “- Ningu?na sala conseguia acreditar que a Dinah tava fazendo aquilo com a gente. At?aquele dia, todo mundo era doido com ela, ?a professora, simp?ca, engra?a, bonita tamb?” A hist? termina com o filho, frustrado, entregando ao pai o globo terrestre: “- Toma esse neg?. Se a geografia ?ssim desse jeito que voc??alando, eu n?vou querer aprender tamb?n?. Seguem os questionamentos: – A distribui? dos doces promovida pela professora serviu para ilustrar como ?eita a distribui? de riquezas no Brasil. Associe os elementos da aula ao que eles correspondem no pa? • a caixa de [doces] • os patr? os empres?os, o governo, etc. • os alunos • o povo • a professora • a riqueza – Dos alunos da sala, quem voc?cha que reclamou mais? E quem voc?cha que n?reclamou? Por qu? – Na opini?da maioria dos alunos, como a professora deveria ter distribu? os doces? – A distribui? de doces feita pela professora ilustra a situa? de distribui? de renda entre os brasileiros. De acordo com o exemplo: a) Quem fica com a metade da riqueza produzida no pa? b) Para quem fica a outra metade? c) Na sua opini? a minoria privilegiada reclama da situa?? d) E os outros, deveriam reclamar? Por qu? – Dona Dinah, pela aula pr?ca que deu, talvez n?tenha agradado a todos os alunos. No entanto, voc?cha que eles aprenderam o que ?istribui? de renda? – No final do texto, Mateus diz ao pai: “Toma esse neg?!”. E come?a dormir sem o globo terrestre. a) O que voc?cha que o menino est?entindo pelo globo nesse momento? b) Na sua opini? ?ela geografia que ele deveria ter esse sentimento? – Segundo o narrador, a turma tinha entre onze e doze anos e n?estava interessada no assunto distribui? de renda. Na sua opini? existe uma idade certa para uma pessoa come? a conhecer os problemas do pa? Se sim, qual? Por qu? – Os alunos que ganharam menos doces sentiram-se revoltados com a divis?feita pela professora. a) Na vida real, como voc?cha que se sentem as pessoas que t?uma renda muito baixa? Por qu? b) Que consequ?ias a baixa renda traz para a vida das pessoas? D?xemplos. c) Na sua opini? as pessoas s?culpadas por terem uma renda baixa? – Muitas pessoas acham que uma das causas da viol?ia social (roubos, furtos e sequestros, por exemplo) ? m?istribui? de renda. O que voc?cha disso? Voc?oncorda com essa opini? Vejam voc?a que n?l chegou a educa? no Brasil. Decididos a “despertar a consci?ia cr?ca” dos seus pequenos leitores – miss?suprema de todo professor/escritor amestrado na bigorna freireana (ademais, se o livro n?for “cr?co”, a editora n?quer, porque o MEC n?aprova, os professores n?adotam e o governo n?compra) –, mas cientes, ao mesmo tempo, da incapacidade das crian? para compreender minimamente, em termos cient?cos, o tema da desigualdade social, Cerej?e Therezinha (permitam-me a liberdade euf?a) optaram por uma abordagem emocional do problema. Afinal, devem ter ponderado, embora os alunos n?tenham idade para entender o que ? o que produz a desigualdade na distribui? das riquezas, nada os impede de odiar desde logo essa coisa, o que quer que ela seja. A dupla de escritores assumiu, desse modo, o seguinte desafio (como eles gostam de dizer) “pol?co-pedag?o”: criar uma empatia entre os alunos e as “v?mas da injusti?social”; induzi-los a acreditar que toda desigualdade ?njusta, de sorte que para acabar com a injusti??reciso acabar com a desigualdade; e predisp?s, enfim, a aceitar ou apoiar a bandeira do igualitarismo socialista. Como na cabe?de Cerej?e Therezinha vida de pobre consiste em sentir inveja de rico, era necess?o lembrar ?crian? como ?riste n?ter uma bicicleta, quando o amigo tem duas, ou n?ter uma boneca, quando a amiga tem v?as. Mas, em vez de chamar essa tristeza pelo nome que ela tem desde os tempos de Caim, o livro a ela se refere como “sentimento de injusti?. Assim, al?de transmitir ?crian? uma vis?ideologicamente distorcida – e portanto falsa – dos mecanismos de produ? e distribui? da riqueza na sociedade e da realidade vivida por uma pessoa pobre, a dupla Cerej?e Therezinha as ensina a mentir para si mesmas, a fingir que sentem o que n?sentem e a berrar “injusti?” ao menor sintoma de inveja – pr?a ou de terceiro (essa ?ma presumida) – provocada por alguma desigualdade. Como se v?isto n??ma aula, ?ma inicia? nos mist?os do esquerdismo militante! Ou seja, no Brasil de hoje, os autores de livros did?cos j??se contentam em fazer a cabe?dos estudantes; eles querem danar as suas almas. Trata-se, em ess?ia, de uma par? sat?ca da par?la dos trabalhadores da vinha, onde Cristo nos ensina, entre tantas outras coisas, que n?existe correla? necess?a entre desigualdade e injusti?e que ?le pr?o – o justo por excel?ia – a maior, sen?a ?a, fonte de desigualdades do universo. “Amigo, n?fui injusto contigo. N?combinaste um den?o? Toma o que ?eu e vai. Eu quero dar a este ?mo o mesmo que a ti. N?tenho o direito de fazer o que eu quero com o que ?eu?” Que a palavra “sat?ca” – o esclarecimento ?o fil?o Olavo de Carvalho – “n?se compreenda como insulto ou for?de express? ?termo t?ico, para designar precisamente o de que se trata. Qualquer estudioso de m?icas e religi?comparadas sabe que as pr?cas de dessensibiliza? moral s?o componente mais t?co das chamadas ‘inicia?s sat?cas’. Enquanto o novi?crist?ou budista aprende a arcar primeiro com o peso do pr?o mal, depois com o dos pecados alheios e por fim com o mal do mundo, o asceta sat?co tanto mais se exalta no orgulho de uma sobre-humanidade ilus? quanto mais se torna incapaz de sentir o mal que faz”. Vem da? sentimento de superioridade moral da milit?ia esquerdista que h?ais de trinta anos deposita seus ovos nas cabe? dos estudantes brasileiros, parasitando, como solit?as ideol?as, o nosso sistema de ensino. Chamo a aten? para a mal?a empregada na montagem do experimento (pouco importa se fict?o ou real): se a professora houvesse distribu? os doces em conformidade com o desempenho alcan?o pelos alunos, eles entenderiam perfeitamente a raz?da desigualdade. Dificilmente algum deles se revoltaria. Mas, se isto fosse feito, o tiro sairia pela culatra, pois as crian? tamb?aceitariam com absoluta naturalidade o fato de na sociedade uns ganharem mais e outros menos. Para isso n?acontecer, a distribui? tinha de ser gratuita. S?sim o sentimento de inveja (que se pretendia instrumentalizar) n?seria contido pela percep? intuitiva de que, por justi?mesmo, uns de fato merecem receber mais e outros menos. A coisa toda ??p?ida e t?covarde que somos levados a pensar – sobretudo ?ista das perguntas, que parecem haver sido formuladas por pessoas com o mesmo n?l de conhecimento e maturidade do p?co a que s?dirigidas – que os autores n?t?capacidade para perceber a gravidade do delito que est?cometendo contra crian? totalmente indefesas. Sem descartar essa possibilidade – o que fa?em benef?o dos pr?os autores –, h?az?de sobra para atribuir esse crime a uma causa mais profunda e mais geral. “Hoje em dia – escreve Eduardo Chaves, Professor Titular de Filosofia da Educa? da Universidade Estadual de Campinas (http://chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/Inveja-new.htm) –, “o sentimento pelo qual a inveja pretende passar, a maior parte do tempo, ? de justi?– n?a justi?no sentido cl?ico, que significa dar a cada um o que lhe ?evido, mas a justi?em um sentido novo e deturpado, qualificado de ‘social’, que significa dar a cada um parcela igual da produ? de todos – ou seja, igualitarismo. (...) Um postulado fundamental da ‘justi?social’ ?ue uma sociedade ?anto mais justa quanto mais igualit?a (n?s? termos de oportunidades, mas tamb?em termos materiais, ou de fato). ‘Justi?social’ ?portanto, o conceito pol?co chave para o invejoso, pois lhe permite mascarar de justi?(algo nobre, ao qual ningu?se op?seu desejo de que os outros percam aquilo que t?e que ele deseja para si, mas n?tem compet?ia ou ?n para obter. (...) A luta pelo igualitarismo se tornou verdadeira cruzada a se alimentar do sentimento de inveja. V?as ideologias procuram lhe dar suporte. A marxista ?hoje, a principal delas. A desigualdade ?pontada como arbitr?a e mesmo ilegal, como decorrente de explora? de muitos por poucos. Assim, o que ?penas desigualdade passa a ser visto como iniq?de. (...) O igualitarismo tornou-se o ? dos invejosos.” O que vemos nesse livro de Portugu?– inclu? pelos especialistas do MEC no Guia do Livro Did?co de 2008 – ? prepara? do terreno; ? fumiga? que pretende exterminar ou debilitar as defesas morais instintivas das crian? contra o ataque da milit?ia socialista que as aguarda nas s?es subsequentes. Mas, por favor, que ningu?desconfie da bondade desses educadores. Afinal, eles n?querem nada para si; s?apenas “trabalhadores do ensino” (como eles tamb?gostam de dizer), tentando contribuir para a constru? de uma sociedade mais justa. Vejam a Dinah: “?a professora, simp?ca, engra?a, bonita tamb?. Ora, quem somos n?ara discordar? Assim postas as coisas, s?s resta pedir a Deus que proteja as crian? brasileiras da bondade militante dos seus professores. * Coordenador do site www.escolasempartido.org

Agnaldo Del Nero Augusto

03/04/2009
Vers?sint?ca de um per?o importante da hist? do pa? destinada aos jovens, impregnados pela Mitologia Hist?a, criada pelos comunistas, em substitui? ?em? Nacional por eles deturpada. No in?o e meados do s?lo XX, nosso Pa?teve que enfrentar muitas dificuldades para manter a democracia e para vencer as barreiras que se opunham ao seu desenvolvimento, a fim de tir?o da posi? marginal que vinha ocupando na hist? e torn?o – ao contr?o do que parecia ser o destino dos pa?s perif?cos – um pa?vi?l. Se refletirmos sobre essa proposi?, constataremos que se trata de uma tarefa gigantesca. Poucos s?os que, pela pr?a idade, conheceram ou imaginam qu?atrasado era nosso pa?nessa ?ca. Por exemplo, uma liga? telef?a entre Pirassununga, no interior paulista e S?Paulo, capital do Estado mais avan?o, demorava de 4 a 6 horas, quando se completava. Por qu? A maioria das cidades tinha sua pr?a companhia telef?a que geria uma central para atender parte dos seus habitantes. Normalmente, n?se ligava lateralmente. Em dire? ?apital havia uma coordena? e as liga?s se faziam de cidade a cidade at?lcan? a capital. Os postes de sustenta? dessas linhas eram usualmente varas de eucalipto, mas havia at?idade em que eram de bambu-a? Em um e outro caso, uma ventania mais forte derrubava parte desses suportes e a liga? era interrompida por alguns dias e at?emanas, dependendo da presteza e capacidade das prefeituras Problema semelhante ocorria em uma viagem nesse mesmo trecho, de cerca de 200 km, de ?us ou autom?. Levava-se de 5 a 6 horas, quando se chegava. Por qu? As estradas, no centro do Estado de S?Paulo, ainda nos anos 50/60, eram de terra. N??reciso explicar mais nada, mas ?oss?l imaginar o que ocorria no restante do pa? Nossa infra-estrutura era precar?ima. Uma marcha carnavalesca complementava essa vis?deplor?l. Referia-se ?apital do pa? Seu t?lo: Rio de Janeiro cidade que seduz e seu estribilho: de dia falta ?a, de noite falta luz, retratava uma realidade insofism?l. Na ?a social a defici?ia ficava, no m?mo, no mesmo plano. Vejamos uma ?a da maior import?ia, a educacional. Em 1963, o Brasil aplicava somente 2,1% do PIB em educa?. A escolariza? obrigat? alcan?a apenas as crian? de 7 a 10 anos de idade, ou seja, um per?o de 4 anos, que s?a igual a de tr?pa?s africanos. T?amos 132 universit?os para cada bloco de 100 mil habitantes, enquanto a Argentina j?inha mais de 700 e o Chile e o Uruguai mais de 600. Das 135 mil escolas prim?as, 70% eram de uma sala s?om um s?ofessor lecionando para todas as s?es. De cada mil crian? que iniciavam o curso prim?o, menos da metade chegava ?a s?e. O contingente de analfabetos era assustador. No senso escolar de 1970, o primeiro do g?ro realizado no pa? apurou-se que 32% da popula?, correspondente a cerca de 30 milh?de brasileiros, eram analfabetos. Da oferta de ensino secund?o, 74% provinham das escolas particulares, negando-se, pois, ao pobre o acesso ao gin?o. N?havia cotas, nem diferen?de cor: preto, ?io, ou branco, sem dinheiro n?tinha como estudar, a car?ia era total. N?havia nem mesmo essas diferen? de cor e ra? que atualmente esfor?se a acirrar. Nas poucas escolas p?cas tinha-se que enfrentar o exame de admiss?ao gin?o, um primeiro funil. O homem do campo, ainda a maioria da popula?, n?tinha nenhum apoio do governo. N?tinha apoio de sa? educa? e previd?ia. N?tinha aposentadoria, pens? ent? nem pensar. O idoso vivia da caridade da igreja ou de parentes, ou ia para as ruas pedir esmola para sobreviver. Algo parecido acontecia com os empregados dom?icos e outras categorias profissionais que n?contavam com previd?ia. A mudan?dessa situa? era uma aspira? permanente. Podemos perceb?a nitidamente no Tenentismo. Este foi um movimento que surgiu nos anos vinte entre a jovem oficialidade militar. Considerava a corrup? o v?o fundamental do regime. Agitava a vida nacional com a prega? do voto secreto, para moraliza? das elei?s fraudulentas que permitiam a manuten? das oligarquias e seus privil?os. Para diminuir o poder dessas, pretendia uma maior centraliza? do poder no governo federal. Propugnava pela regenera? nacional e pela moderniza?. Defendia mudan? radicais na Administra? e no n?l de consci?ia nacional. O desejo de desenvolvimento explica-se, por serem os recursos proporcionados pelo crescimento econ?o, que custeiam e permitem aprimorar os maiores benef?os sociais – os programas habitacionais e os servi? p?cos de sa? as aposentadorias e pens? o aux?o contra o desemprego, o ensino b?co gratuito e as bolsas educacionais, a reciclagem profissional, o planejamento urbano etc. Nada disso se mant?a contento e muito menos se melhora sem os recursos carreados pela vitalidade econ?a, inclusive a manuten? das vagas de trabalho j?xistentes e a cria? de emprego ao enorme contingente de jovens que ingressa anualmente no mercado de trabalho.Enfim, ? desenvolvimento, que permite aos pa?s bem sucedidos assegurar o que se convencionou chamar os direitos fundamentais: ao trabalho, ?duca?, ?a? ?revid?ia. Por que tivemos que lutar para manter a democracia e a liberdade ? que procuraremos responder no pr?o artigo. * General de Divis?Reformado