Stephen Kanitz
Só no Brasil os partidos políticos, que perdem uma eleição, imediatamente se colocam em oposição ao governo democraticamente eleito.
Brados de união para um bem maior não existem.
Não me lembro da Direita se colocar imediatamente contra o Governo Lula, impedindo-o de governar desde o primeiro dia.
Não me recordo de nenhum processo contra os filhos do Lula, apesar de indícios de valores bem maiores do que os 10% da rachadinha.
A Dilma foi para impeachment devido aos desmandos econômicos do seu Ministro da Economia, Guido Mantega. Ele saiu ileso.
Essa oposição não se dá conta que foi ela justamente aquela rejeitada pelo povo brasileiro.
Espera-se dos que perderam 4 anos de meditação, 4 anos para analisarem no que erraram, 4 anos para fazerem planos mais bem elaborados para o futuro, e não impedirem que o eleito governe.
Avaliar o governo Bolsonaro fica difícil porque não fica claro quanto a oposição boicotou um governo democraticamente eleito.
Oposição não é democracia, oposição no Brasil é claramente antidemocrática.
A oposição brasileira precisa se dar conta que foi rejeitada pelo povo brasileiro nas urnas, e que não foi eleita para fazer oposição.
* Publicado originalmente em https://blog.kanitz.com.br/limites-da-oposicao/
Gilberto Simões Pires
MODAL FERROVIÁRIO
Depois de mais de um século, o nosso empobrecido Brasil, graças à vontade do atual governo, está dando passos firmes, objetivos e determinados no sentido de ressuscitar o importante MODAL FERROVIÁRIO. O que mais chama a atenção, nesta gloriosa tarefa que rapidamente está tornando viável, real e promissor o crescimento e desenvolvimento da até então esquecida MALHA FERROVIÁRIA, é que o fantástico despertar do interesse deste esquecido setor decorre da PALAVRA MÁGICA chamada -AUTORIZAÇÃO-.
AUTORIZAÇÃO
Antes de tudo, AUTORIZAÇÃO significa -PERMITIR- que alguém faça alguma coisa. Algo que lembra muito a palavra LIBERDADE, que até pouco tempo atrás, em termos de INFRAESTRUTURA, era simplesmente impensável. Pois, ontem, 09, atendendo ao que estabelece o importante PROGRAMA PRÓ TRILHOS, o Ministério da Infraestrutura assinou os primeiros contratos que AUTORIZAM empresas privadas a investir -DO ZERO- NOVE TRECHOS ferroviários, cruzando DEZ ESTADOS em 3,5 mil quilômetros de trilhos. A previsão de investimentos é de mais de R$ 50 BILHÕES. É mole?
PRIMEIRO BOOM FERROVIÁRIO
Como bem destaca o Estadão, o movimento é considerado histórico porque RESGATA um formato responsável pelo PRIMEIRO BOOM FERROVIÁRIO do País. Entre o século 19 e o início do 20, as ferrovias foram erguidas no Brasil pelo interesse do setor privado. Os registros apontam que o último traçado construído nesse modelo foi da Estrada de Ferro Mamoré, conhecida como a “Ferrovia do Diabo”, autorizada em 1905, com obras iniciadas dois anos depois, ainda no ciclo da borracha. De lá até 1932, novos ramais foram implantados, mas todos por empresas que já atuavam no segmento.
A PREVISÃO É 40% DAS CARGAS
Mais: hoje, a malha ferroviária brasileira soma apenas 29,3 mil quilômetros de estradas de ferro. Com a novidade das FERROVIAS PRIVADAS e outros projetos de concessão em andamento, o Ministério de Infraestrutura acredita que o MODAL FERROVIÁRIO terá um novo boom. Atualmente, as ferrovias transportam cerca de 20% das cargas no País, e a expectativa é de que essa participação possa ultrapassar os 40%.
MODELO
Este modelo de AUTORIZAÇÕES é muito comum em países como EUA e Canadá, criado para atender a demandas específicas de transporte de cargas, identificadas pelos próprios produtores e empresas. Além disso, o fardo regulatório é mais leve, baseado nos princípios da livre concorrência e da liberdade de preços – ou seja, sem intervenção do poder público na definição das tarifas de transporte. Ontem, o governo liberou as autorizações solicitadas por seis empresas: Bracell, produtora de celulose; Ferroeste, empresa ferroviária estatal do Paraná; Grão Pará Multimodal, que tem autorização para operar um terminal portuário em Alcântara (MA); Petrocity, empresa do setor portuário; Macro Desenvolvimento Ltda; e Planalto Piauí Participações.
PAÍS FERROVIÁRIO
Tais projetos estão entre os 47 pedidos de requerimento de ferrovias que chegaram até o momento ao Ministério da Infraestrutura. Em relação a 36 desses requerimentos, o governo já tem estimativas de investimentos que alcançam R$ 150 bilhões.
“Estamos vendo agora o início da revolução que vai nos tornar novamente um PAÍS FERROVIÁRIO, disse o secretário nacional de Transportes Terrestres, Marcello Costa. “Não existe projeto nenhum na área de infraestrutura de transportes mais transformador do que esse”, afirmou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
Vitor Bertini
O comunicado era oficial.
O Conselho das Corujas, nos termos do Estatuto das Matas, convoca todos as criaturas desta floresta para a Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada ainda hoje, ao pôr do sol, na Clareira do Lago.
– Qual é a pauta? – repetiam quase todas as vozes, em forma de pergunta.
– Melhor não faltar! Melhor não faltar! – Taramelavam os papagaios, emissários do Conselho, voando em bandos e espalhando ansiedade e suspense.
Os boatos sobre os motivos da convocação só não foram mais numerosos por falta de tempo. Falava-se de um novo recenseamento na floresta, na votação de um novo fundo eleitoral, na possível explicação sobre o desaparecimento global das abelhas e até na formação de um Superior Tribunal da Floresta, uma espécie de STF regular, há muito demandado.
– Corujas não se reúnem por pouca coisa – rugiram os leões, seguros de si.
– Vamos comparecer em paz – garantiram as leoas, respondendo aos olhares desconfiados das zebras.
– Iremos aos pulos – completaram os improváveis cangurus, certos de que viviam em uma floresta inclusiva.
Na hora do sol vermelho, com todos os bichos presentes e guardando silêncio, a coruja mais velha, Presidente do Conselho, tomou a palavra:
– Muito obrigado, pela presença de todos. Serei breve. Nos últimos dias o Conselho recebeu, preocupado, notícias dando conta de supostas proibições da emissão de alguns sons de nossa floresta, por parte de supostas autoridades. Como se nossos pios, mugidos, arrulhos ou cantos pudessem, de alguma forma, ser prejudiciais ao nosso conviver. Não sabemos se são verdadeiras as notícias, mas sabemos que são falsas estas autoridades – e concluiu, séria, de olhos arregalados: – aqui, falsos corvos não crocitarão. Aqui, livre falar, é falar com a voz que cada um tem. Salve a multiplicidade de sons da floresta!
Os urras e vivas só foram interrompidos quando a coruja Secretária Geral piou, pedindo mais um minuto de atenção:
– Só um lembrete. Nesta mata também se pode ir e vir, livremente. Nossa floresta não tem donos!
Diante de novo tumulto, as abelhas, que não tinham sido avisadas de seu próprio desaparecimento, preocupadas com o tempo de floração, saíram às pressas para fazer mel - e zunir como quisessem.
*Publicado originalmente em https://ahistoriadasexta.substack.com/ e https://vbertini.blogspot.com/
Ricardo Velez
?Dizia o ex-ministro Delfim Netto, dia destes, que “Lula não é marxista”. Me lembro de alguém que perguntou, décadas atrás, ao Lula, se era comunista. Ele respondeu, rápido: “Sou sindicalista”. Acho que falou a verdade pela metade. Ele é um sindicalista de corte getuliano, num contexto de sindicato único e rígida representação corporativista, com fortes tendências caudilhistas, estatizantes e orçamentívoras. Mas, um sindicalista que paquera o comunismo. A maior prova, a criação do Foro de São Paulo, em 1990, iniciativa que Lula desenvolveu junto com Fidel Castro, com a finalidade de dar sobrevida ao comunismo na América Latina, depois da queda do Muro de Berlim.
Chegado ao poder, Lula governou o Brasil como líder sindical, abrindo as comportas para os gastos dos sindicatos sem controle do TCU. Foi um líder e um presidente “camarada”, amigo dos sindicatos arregimentados à sombra do estatismo. Justamente por essa sua fidelidade ao modelito getuliano de sindicatos pelegos, Lula é simpático a todos aqueles que tentam governar no contexto patrimonialista, na América Latinha e alhures, gerindo o Estado como bem de família ou da patota.
Ao longo dos seus dois mandatos, Lula foi um colega camarada do ditador da Venezuela, Hugo Chávez Frias. Até chegou a declarar que “havia muita democracia na Venezuela”. E estabeleceu relações de camaradagem com o casal Kirchner da Argentina, com o líder cocalero que virou presidente da Bolívia, Evo Morales, com o presidente e ex-guerrilheiro tupamaro Pepe Mujica do Uruguai, com o presidente Rafael Correa do Equador e com o bispo e presidente Lugo, do Paraguai. Longe de condenar as FARC como terroristas, foi simpático a elas. Junto com Fidel Castro, como já foi frisado, antes de chegar à Presidência da República, Lula tinha criado o Foro de São Paulo em 1990. Fora do contexto latino-americano, cultivou relações amigáveis com o regime dos Aiatolás do Irã, com o populista presidente turco Erdogan, com o presidente francês Sarkozy e com o ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasongo.
Obama prestigiou Lula quando naquela cúpula do G-20, em Londres, em 2009, trocou um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olhou para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e disse, apontando para Lula: "Esse é o cara! Eu adoro esse cara!". Em seguida, enquanto Lula cumprimentava Rudd, Obama disse, novamente apontando para Lula : "Esse é o político mais popular da Terra". Rudd aproveitou a deixa e disse: "O mais popular político de longo mandato". "É porque ele é boa pinta", acrescentou Obama [cf. Globo.com 02/04/09]. Todo esse capital político começou a ruir quando Obama, diante dos malfeitos do Mensalão, viu que Lula e o seu governo, em que pese a liderança carismática e as reformas em prol dos menos favorecidos, passaram a se assemelhar à quadrilha de Tammany Hall, a sociedade política formada por membros do Partido Democrata na cidade de Nova Iorque, que propunha, entre 1854 e 1934, profundas reformas sociais, mas que também atuava como quadrilha acusada de corrupção e abuso de poder. A respeito, escreveu Obama na sua obra intitulada: Uma terra prometida: “Constava também que (o presidente Lula) tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões” [Obama, Uma terra prometida. Tradução de Berilo Vargas, Cássio de Arantes Leite, Denise Bottmann e Jorio Dauster. 1ª edição, São Paulo: Companhia das Letras, p. 353].
Recentemente, o ex-presidente Lula comparou os 16 anos de Ortega na Nicarágua, à longa permanência da líder conservadora Angela Merkel à frente da Chancelaria da Alemanha e minimizou a repressão, em Cuba, do governo contra os opositores ao regime da Ilha, que reivindicavam mudanças e maior abertura política. Para os jornalistas Marcelo Godoy e Pedro Venceslau, do Estadão, “As declarações de Luíz Inácio Lula da Silva sobre a reeleição do ditador Daniel Ortega, na Nicarágua, e as ações da polícia cubana para debelar protestos da oposição na Ilha trazem para o PT uma ‘vidraça’ extra nas eleições de 2022. Além das explicações sobre os escândalos de corrupção, Lula poderá ser alvo de ‘pedradas’ pelas posições a respeito de regimes autocratas latino-americanos” [Marcelo Godoy e Pedro Venceslau, “Negacionismo de Lula sobre ditaduras impõe ‘vidraça extra’ ao PT nas eleições”. O Estado de S. Paulo, 24-11-2021, p. A12].
Nem todo mundo, no arraial da esquerda, fechou com o ponto de vista de Lula acerca de Ortega na Nicarágua. Para o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), o louvor a Ortega é questionável. A respeito das declarações do ex-presidente, frisou: “Não tenho acompanhado essa questão do Lula, mas vemos com preocupação o continuísmo dele (Ortega), da família. Temos uma visão crítica” [in: Marcelo Godoy e Pedro Venceslau, “Negacionismo de Lula sobre ditaduras impõe ‘vidraça extra’ ao PT nas eleições”, art. cit.]. Já para Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ex-chanceler do governo de Miguel Temer, não é conveniente comparar “uma tirania corrupta e sanguinária de Ortega com o governo democrático de Merkel”. “A questão democrática – frisou ainda o ex-chanceler – não comporta ambiguidades; é uma questão de princípio, e o princípio tem de ser universal, não vale só aqui no Brasil. Alguém com a ressonância mundial que o Lula tem, quando trata desse tema, deve fazê-lo com uma responsabilidade que vai além do companheirismo interior do PT”.
Os jornalistas Marcelo Godoy e Pedro Venceslau frisam que “para Aloysio (Ferreira Nunes), a responsabilidade de Lula é maior em razão do momento, pois é a defesa da democracia e das instituições que une a oposição a Bolsonaro. Para ele, o petista precisa dialogar mais (com) outras correntes democráticas a respeito desse tema”, lembrando que o momento na América do Sul é de ascensão de forças de extrema-direita. Do lado do governo, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, publicou no Twitter que Lula “debocha da inteligência da população e do regime democrático”. Já a deputada Joyce Hasselmann (PSDB-SP), segundo os jornalistas do Estadão, ironizou com as seguintes palavras: “Imagino o desespero do PT quando Lula resolve comentar sobre os seus velhos amigos”.
Antes das declarações laudatórias de Lula, contam os jornalistas Godoy e Venceslau, “o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, divulgara nota na qual celebrava a vitória de Ortega e classificava a eleição no país como ‘uma grande manifestação popular e democrática’. Diante da repercussão negativa, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a nota não havia sido submetida à direção partidária. O documento foi suprimido do site do PT, como se o tema estivesse superado”. A assessoria do ex-presidente Lula, por sua vez, declarou ser “falso e de má-fé afirmar que Lula teria apoiado ‘ditaduras de esquerda’ ou igualado a primeira-ministra Ângela Merkel ao presidente Daniel Ortega”. Segundo a assessoria, “Lula reafirmou a alternância no poder”, considerando errado e antidemocrático “prender opositores para impedir que disputem eleições”, sendo que “a autodeterminação dos povos deve ser respeitada”.
Para os jornalistas Godoy e Venceslau, ficou clara “a impressão, para a maioria dos que leram a entrevista, de que a ambiguidade petista em relação às ditaduras esquerdistas está viva”. E, para terminar, os jornalistas do Estadão citaram as palavras do historiador Alberto Aggio, docente da Universidade Estadual Paulista e especialista em história da América Latina: “Dizer que foi preso quando estava virtualmente eleito é uma artimanha, em vez de tratar da defesa da democracia como princípio universal”.
O mínimo que podemos dizer é que falta clareza a Lula nesta pré-campanha. As dúvidas talvez se desfizessem se o pré-candidato petista à presidência se submetesse, com coragem, ao teste das ruas, fazendo uma caminhada em pleno dia pela Avenida Paulista.
* Publicado originalmente no site do autor.
** Ricardo Velez é Ex-Ministro da Educação do Brasil (2019). Formado em filosofia (licenciatura, mestrado e doutorado), pesquisa a história das ideias filosóficas e políticas no Brasil e na América Latina.
Valterlucio Bessa Campelo
A reflexão sobre os dias atuais me levou de volta a uma leitura antiga. Refiro-me ao “Discurso da Servidão Voluntária” do francês Étienne de La Boétie, escrito em 1549, quando o autor tinha apenas 18 anos, idade em que parte dos jovens atuais entram na faculdade com escassa capacidade de interpretar textos simples. O livro só foi publicado anos após sua morte prematura aos 33 anos.
O que disse o garoto Étienne, amigo do filósofo e jurista Michel de Moutaigne, que mereça a nossa atenção 470 anos depois? Ele aborda de modo singular e simples um tema eterno – a liberdade, fazendo com que revisemos, considerando os eventos atuais, a compreensão da natureza da tirania e do comportamento das massas escravizadas. Ele dava como certo que, mesmo sendo a “natureza do homem ser livre e desejar sê-lo”, à tirania corresponde um comportamento servil voluntário das massas. Eis um trecho:
“Diga-se, pois, que acaba por ser natural tudo o que o homem obtém pela educação e pelo costume; (...) assim, a primeira razão da servidão voluntária é o hábito: provam-no os cavalos sem rabo que no princípio mordem o freio e acabam depois por brincar com ele; e os mesmos que se rebelavam contra a sela acabam por aceitar a albarda e usam muito ufanos e vaidosos os arreios que os apertam”. Tomando como exemplo a domação de um animal, Étienne acusa a inação humana perante a tirania depois que o tempo a “naturaliza”, como se nesta condição houvesse um certo conforto inibidor da ação primordial de rebeldia contra o jugo.
Pergunto ao leitor se não se sente assim ao sair à rua com o rosto coberto por uma máscara que lhe esconde a própria identidade. De certo modo, concedemos à tirania sanitária que eclode na OMS, por exemplo, nossa representação mais pura e nos acostumamos a isto. Perdemos nossa distinção, estamos nos homogeneizando sob um pedaço de pano e já há quem dele não se desapegue.
Trato da relação do cidadão comum com tudo aquilo que lhe é imposto e com o que não deveria jamais ser negociado. O mesmo raciocínio se aplica, se preferirem, à tirania ambiental, cujos mandatos avançam aos poucos sobre o que se oponha à “urgência climática”, uma criação de ciência torta, jamais provada, mas que pelo medo induz à obediência. Desde os verdadeiros donos do poder global, emanam ordenamentos que estão léguas acima da compreensão da multidão ignara mas lhe alcançam por uma rede de tiranias/servidões chanceladas de cima a baixo por uma seqüência infindável de agentes de dentro e de fora do Estado.
Étienne, lembrando o império romano, esclarece os meios utilizados pelos tiranos. Um, é bastante conhecido como a política do pão e circo. Diz ele: “Atrair o pássaro com o apito ou o peixe com a isca do anzol é mais difícil que atrair o povo para a servidão, pois basta passar-lhes junto à boca um engodo insignificante. É espantoso como eles se deixam levar pelas cócegas. Os teatros, os jogos, as farsas, os espetáculos, as feras exóticas, as medalhas, os quadros e outras bugigangas eram para os povos antigos engodos da servidão, preço da liberdade, instrumentos da tirania”. Façamos um exercício simples. Olhemos hoje ao redor, consultemos nossos novos gostos, avaliemos novos costumes e respondamos sinceramente o que teria mudado de Julio César até aqui. Que bugigangas temos à mão, que circos nos oferecem e quanto de liberdade lhes damos em troca?
A outra forma Étienne, relaciona ao que atualmente chamamos de governança. Por que uma decisão opressora em um folha de papel assinada pela ONU alcança o município mais longínquo da Amazônia no dia seguinte? Por que uma mudança arbitrária num algoritmo inibe ou libera imediatamente a comunicação entre as pessoas nos confins da África? Étienne explica assim:
“Parece à primeira vista incrível, mas é a verdade. São sempre quatro ou cinco os que estão no segredo do tirano, são esses quatro ou cinco que sujeitam o povo à servidão. Sempre foi a uma escassa meia dúzia que o tirano deu ouvidos, foram sempre esses os que lograram aproximar-se dele ou ser por ele convocados, para serem cúmplices das suas crueldades, companheiros dos seus prazeres, alcoviteiros de suas lascívias e com ele beneficiários das rapinas. Tal é a influência deles sobre o caudilho que o povo tem de sofrer não só a maldade dele como também a deles. Essa meia dúzia tem ao seu serviço mais seiscentos que procedem com eles como eles procedem com o tirano. Abaixo destes seiscentos há seis mil devidamente ensinados a quem confiam ora o governo das províncias ora a administração do dinheiro, para que eles ocultem as suas avarezas e crueldades, para serem seus executores no momento combinado e praticarem tais malefícios que só à sombra deles podem sobreviver e não cair sob a alçada da lei e da justiça. E abaixo de todos estes vêm outros”. Vê-se que Étienne identifica a hierarquização da tirania e sua correia de transmissão. Alguma semelhança com as sinecuras e privilégios governamentais, ou com os cargos e representações das organizações internacionais e mega corporações de nosso dia a dia?
Parece claro que temos aí uma via de mão dupla. Se, de cima para baixo há uma tirania sendo exercida, obrigando crescentes concessões, de baixo para cima há uma servidão voluntária movida por também crescentes prêmios de poderes e privilégios. Eis, portanto, a chave para entender o totalitarismo pacificamente implantado em nossas vidas.
Paradoxalmente, para Étienne, os do mais baixo escalão são os mais livres e felizes, pois “embora servos, limitam-se a fazer o que lhes mandam e, feito isso, ficam quites. Os que giram em volta do tirano e mendigam seus favores, não se poderão limitar a fazer o que ele diz, têm de pensar o que ele deseja e, muitas vezes, para ele se dar por satisfeito, têm de lhe adivinhar os pensamentos. Não basta que lhe obedeçam, têm de lhe fazer todas as vontades, têm de se matar de trabalhar nos negócios dele, de ter os gostos que ele tem, de renunciar à sua própria pessoa e de se despojar do que a natureza lhes deu”.
Haveria uma saída para o ciclo de tirania? Segundo Étienne, sim. Bastaria que cada um se recusasse a servir. “Ele (o tirano) será destruído no dia em que o país se recuse a servi-lo. Não é necessário tirar-lhe nada, basta que ninguém lhe dê coisa alguma. Não é preciso que o país faça coisa alguma em favor de si próprio, basta que não faça nada contra si próprio. São, pois, os povos que se deixam oprimir, que tudo fazem para serem esmagados, pois deixariam de ser no dia em que deixassem de servir. É o povo que se escraviza, que se decapita, que, podendo escolher entre ser livre e ser escravo, se decide pela falta de liberdade e prefere o jugo, é ele que aceita o seu mal, que o procura por todos os meios”. Há, creio, também os que, vassalos, nem sequer reconhecem a própria vassalagem e julgam estúpidos os homens que lamentam a liberdade perdida.
É claro que em seu próprio benefício os tiranos não dispensariam as Leis, normas e regulamentos para sustentarem suas decisões. Disto, aliás, tratou Bastiat (A Lei - 1850), ao denominar de lei pervertida aquela que vai em sentido oposto ao que deveria ser – a proteção da liberdade, direito humano natural.
Então, se o leitor quer exercer plenamente a sua liberdade, renuncie à obediência compulsória, seja mouco ao mando arbitrário, meça seu comportamento permissivo ou omissivo em frações de liberdade e decida se vale a pena, vasculhe seu baú moral e tente nele encontrar coragem para enfrentar o monstro que já nem esconde o rosto.
Atenção! Klaus Schwab, o criador e chefão do Fórum Econômico Mundial não estava mentindo quando lançou “A Quarta Revolução Industrial” em 2016 e, menos ainda, em 2020, quando lançou COVID 19 – O GRANDE RESET. Pelo menos não em relação ao que significam.
Gilberto Simões Pires
CONFUSÃO
Quem olha o nosso empobrecido País pela janela político-eleitoral já deve ter percebido que de maneira geral os eleitores brasileiros gostam mesmo é de CONFUSÃO. Não fosse assim, certamente que tratariam de escolher - senadores, deputados e vereadores- que estivessem alinhados com os mesmos ideais e propósitos daqueles que elegem para presidente, governador e prefeito. Esta boa relação/combinação, por mais que possa haver discordâncias, se faz necessária para que o Plano de Governo seja implementado e os resultados previstos sejam atingidos.
LONGA CAMINHADA EM DIREÇÃO À LIBERDADE ECONÔMICA
Vejam, por exemplo, que ao eleger o presidente Bolsonaro, os eleitores, em tese, estavam dando o seu aval ao Plano de Governo que foi amplamente difundido ao longo da campanha eleitoral. Consta no importante documento, que pode ser lido e relido a qualquer momento, que as intenções do então candidato Jair Bolsonaro davam conta de que, uma vez eleito, o Brasil daria início a uma longa caminhada em direção à tão sonhada LIBERDADE ECONÔMICA, algo jamais experimentado no nosso empobrecido País.
AR PURO
Entretanto, o cuidado que os eleitores mostraram para eleger o presidente foi contrastado com o desprezo no tocante à escolha dos representantes do PODER LEGISLATIVO, que, em última análise, DECIDEM praticamente tudo que é proposto pelo EXECUTIVO, qual sejam os projetos e medidas constantes no Plano de Governo, os quais, por sua vez, têm como propósito abrir o caminho para que um pouco do AR PURO DA LIBERDADE ECONÔMICA possa ser respirado.
DESINTERESSE COMPROVADO
Pois, para comprovar o quanto os eleitores não se preocuparam em escolher políticos de mesma afinidade, um levantamento feito pelo Observatório Legislativo Brasileiro (OLB), publicado na revista Oeste desta segunda-feira, 06, informa que, neste ano -2021- o Congresso Nacional APROVOU APENAS CERCA DE 30% DE PROJETOS DO GOVERNO BOLSONARO. Segundo dados do OLB, o melhor desempenho do Executivo foi registrado no ano anterior -2020-, quando conseguiu aprovar 42,9% das propostas. Mais: nos primeiros 12 meses de governo, em 2019, o Congresso já havia mostrado o quanto não aprecia a LIBERDADE ECONÔMICA, pois aprovou pouco mais de 30% de projetos protocolados. Conforme a pesquisa, trata-se do pior desempenho de um presidente desde a redemocratização. Que tal?
ORÇAMENTO SECRETO E PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS
Além de não dar andamento àquilo que o Brasil mais precisa, a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou, ontem, o texto-base do parecer preliminar do Orçamento para 2022, que prevê um teto de 16,2 bilhões de reais para as EMENDAS DO RELATOR, que ficaram conhecidas como "ORÇAMENTO SECRETO. Mais: hoje, 07, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Otto Alencar, adiou o debate sobre a proposta de PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS. Segundo ele, o projeto só deve ser analisado no ano que vem, "se é que vai ter condições", o que pode inviabilizar a venda da estatal em 2022. Pode?