• Gilberto Simões Pires
  • 17 Outubro 2014

 

Olhando com atenção alguns debates do primeiro turno da eleição estadual chamaram atenção colocações do governador Tarso Genro (PT), de que vinha sacando dos depósitos judiciais, pois era um dinheiro que estava lá parado e, como o Estado estava precisando, havia sacado e ia continuar sacando. Decidido a entender um pouco melhor o assunto, pesquisei na legislação estadual os tais depósitos judiciais e verifiquei que os mesmos, além de terem dono, quando o Estado os utiliza, os mesmos possuem um custo financeiro equivalente à taxa Selic, atualmente em 11% ao ano.

Também, os depósitos judiciais têm dono sim, que são as empresas e pessoas que os colocam por determinação judicial para garantir o pagamento de sentenças futuras. Olhando estes dois aspectos, que têm dono e que têm custo e a transitoriedade que os caracteriza, trazem a certeza de sua devolução. E ficaram algumas perguntas a serem feitas ao governador ou mesmo a quem venha a sucedê-lo.

A primeira, tendo o Estado já sacado, segundo informado, mais de R$ 7,5 bilhões, o custo devido é de 11% ao ano, equivalente à taxa Selic, o que gera uma despesa anual de R$ 825 milhões, algo como R$ 3,2 milhões por dia útil que são desembolsados pelo caixa do Tesouro; também, ao analisar o orçamento estadual, a receita gira em torno de R$ 20 bilhões, ou seja, apenas o custo financeiro representa já cerca de 4% da receita estadual.

A segunda pergunta é se o Estado tem condições de devolver os R$ 7,5 bilhões sacados, pois os mesmos têm dono e as partes envolvidas nas demandas judiciais esperam receber quando suas demandas judiciais encerrarem. E, por fim, tenho ouvido que o grande problema do Estado é a dívida junto à União que comprometeria cerca de 13% da receita estadual e a forma de enfrentá-la está sendo aumentá-la a um custo elevado e que já nos faz pagar os referidos R$ 825 milhões anuais. A pergunta final é: será que a sociedade conhece mais esta despesa, que terá caráter permanente e concorda com ela e de que forma estes recursos serão devolvidos de forma a tranquilizar todo aquele que depositou estes recursos de que, efetivamente, poderá recebê-los?

* Economista

www.pontocritico.com

   

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  • Ives Gandra da Silva Martins
  • 16 Outubro 2014

 

Em 16 de março de 2011, publiquei nesta Folha um artigo em que apoiava a presidente Dilma e seu vice, Michel Temer –meu confrade em duas Academias e companheiro de conferências universitárias–, pelas ideias apresentadas para o combate à corrupção e a promoção do desenvolvimento nacional.

Como mero cidadão, não ligado a qualquer partido ou governo, tenho, quase quatro anos depois, o direito de expressar minha irritação com o fracasso de seu governo e com as afirmações não verdadeiras de que o Brasil economicamente é uma maravilha e que seu governo é o paladino da luta contra a corrupção.

Começo pela corrupção. Não é verdade que, graças a ela, os oito anos de assalto à maior empresa do Brasil, estão sendo rigorosamente investigados. Se quisesse mesmo fazê-lo, teria apoiado a CPI para apurar os fantásticos desvios, no Congresso Nacional.

A investigação se deve à independência e à qualidade da Polícia e do Ministério Público federais que agem com autonomia e não prestam vênia aos detentores do poder. Nem é verdade que demitiu o principal diretor envolvido. Este, ao pedir demissão, recebeu alcandorados elogios pelos serviços prestados!

Por outro lado, não é verdade que a economia vai bem. Vai muito mal. Os recordes sucessivos de baixo crescimento, culminando, em 2014, com um PIB previsto em 0,3% pelo FMI, demonstram que seu ministro da Fazenda especializou-se em nunca acertar prognósticos.

Acrescente-se que também não é verdade que controla a inflação, pois, se o PIB baixo decorresse de austeridade fiscal, estaria ela sob controle. O teto das metas, arranhado permanentemente, demonstra que a presidente gerou um baixo PIB e alta inflação.

Adotando a pior das formas de seu controle, que é o congelamento de tarifas, afetou a Petrobras e a Eletrobras, fragilizando o setor energético, além de destruir a indústria de etanol, sem perceber que desde Hamurabi (em torno de 1700 a.C.) e Diocleciano (301 d.C.) o controle de preços, que fere as leis da economia de mercado, fracassou, como se vê nas economias argentina e venezuelana, que estão em frangalhos.

O mais curioso é que o Plano Real, que tanto foi combatido por Lula e pelo PT, é o que ainda dá alguma sustentação à Presidência.

Em matéria de comércio internacional, os governos anteriores aos atuais conseguiram expressivos saldos na balança comercial, que foram eliminados pela presidente Dilma. Apenas com artimanhas de falsas exportações é que conseguiu obter inexpressivos saldos. O “superavit primário” nem vale a pena falar, pois os truques contábeis são tantos, que, se qualquer empresa privada os fizesse, teria autos de infração elevadíssimos.

Seu principal eleitor (o programa Bolsa Família) consome apenas 3% da receita tributária. Os 97% restantes são desperdiçados entre 22 mil cargos comissionados, 39 ministérios, obras superfaturadas, na visão do Tribunal de Contas da União, e incompletas.

Tenho, pois, como cidadão que elogiou Sua Senhoria, no início –para mim Sua Excelência é o cidadão, a quem a presidente deve servir–, o direito de, no fim de seu governo, mostrar a minha profunda decepção com o desastre econômico que gerou e que me preocupa ainda mais, por culpar os que criam riqueza e empregos em discurso que pretende, no estilo marxista, promover o conflito entre ricos e pobres.

Gostaria, neste artigo –ao lembrar as palavras de apoio daquele que escrevi neste mesmo jornal quase quatro anos atrás–, dizer que, infelizmente, o fracasso de seu projeto reduziu o país a um mero exportador de produtos primários, tornando este governo um desastre econômico.

* Advogado tributarista, professor emérito da Universidade Mackenzie e professor honoris causa do Centro Universitário FIEO. É membro da Academia Paulista de Letras e da Ordem dos Advogados, secção de São Paulo.
 

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  • Paulo Roberto Almeida
  • 16 Outubro 2014

 

Os companheiros no poder praticaram o que eles mesmos designaram como sendo uma “diplomacia ativa, altiva e soberana”. Sua primeira tarefa, em 2003, foi denegrir a anterior, considerada – como, de resto, as demais políticas – como manchada pela submissão ao império, pela adesão voluntária às regras perversas do “Consenso de Washington” e por vários outros pecados, no contexto da “herança maldita” que teriam recebido do governo precedente. Eles passaram a orientar a nova política externa por outros critérios: alianças estratégicas com supostas potências anti-hegemônicas, sonhos de “mudar as relações de força no mundo”, construir uma “nova geografia do comércio internacional” e manter relações preferenciais com os países do Sul, numa pouco disfarçada oposição ideológica ao império e às grandes potências hegemônicas.

Qual foi o resultado dessa agenda ativíssima? Certamente a ampliação da presença brasileira no mundo, nem sempre com os resultados esperados, mas sempre em benefício de alguns parceiros privilegiados pelos companheiros: alguns regimes deploráveis na região, e outros aliados pouco democráticos alhures. Nenhuma das principais prioridades – reforço do Mercosul, obtenção de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança, conclusão exitosa da Rodada Doha – foi alcançada, mas é claro que nem todas dependiam do Brasil. A que dependia, o Mercosul, retrocedeu de bloco comercial a mero agrupamento político em pouco tempo, e sua ampliação se fez às custas de seus fundamentos. Enfim, se poderia continuar por vários outros fracassos companheiros, mas agora a hora é de olhar para a frente e ver o que poderia ser feito para corrigir alguns dos equívocos dos últimos três governos na frente externa.

Em primeiro lugar, caberia restabelecer a dignidade e a credibilidade da política externa e da diplomacia profissional, afetadas por uma formidável confusão com a – na verdade submissão à – diplomacia partidária, um ajuntamento anacrônico de velhos mitos esquerdistas e de ações e iniciativas que se desenvolveram à margem, até contra, antigas (mas válidas) tradições do Itamaraty: não intervenção nos assuntos internos dos outros Estados, observância aos tratados, condução técnica dos temas da agenda e, sobretudo, avaliação isenta dos interesses nacionais em oposição a qualquer tratamento ideológico das relações exteriores. Em segundo lugar, corrigir a miopia sulista, por uma política externa multidirecional e centrada em objetivos concretos, não em ilusões anti-hegemônicas, que aliás não são correspondidas por esses supostos aliados estratégicos. Em terceiro lugar, honrar alguns princípios constitucionais brasileiros, que parece terem sido esquecidos nos últimos tempos, como a adesão integral aos valores da democracia e dos direitos humanos e a rejeição absoluta do terrorismo como arma política (e aqui estamos falando da própria região, não de fundamentalismos médio-orientais).

Mesmo quando se admite que a diplomacia ativa foi importante para colocar o Brasil no mapa do mundo – e os 27 doutorados honoris causa concedidos ao chefe da pirotecnia diplomática estão aí para provar isso mesmo – deve-se reconhecer que a política econômica externa dos companheiros contribuiu ativamente para retrair o Brasil no índice das liberdades econômicas, fazê-lo retroceder nos rankings de competitividade internacional e aumentar suas fragilidades comerciais, com uma queda na pauta exportadora manufaturada e uma dependência quase colonial do novo primeiro parceiro externo. Uma diplomacia econômica focada em resultados concretos reduziria o absurdo protecionismo comercial, trabalharia para reinserir o Brasil nas grandes redes globais de integração produtiva – abandonando o atual retorno ao stalinismo industrial da era militar – e redefiniria completamente nossa política comercial externa, a começar pelo Mercosul e demais esquemas de integração regional. O tratado do Mercosul, não custa lembrar, começa por proclamar objetivos de liberalização comercial e de abertura econômica, e não foi exatamente concebido para criar novas utopias sociais.

Em relação a certos sonhos de grandeza, é muito provável que a sociedade brasileira não veja na obtenção de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança uma alta prioridade nacional, a despeito de esse tema provocar orgasmos em alguns diplomatas. As grandes “alianças estratégicas” com certos parceiros escolhidos a dedo também precisariam ser revistas, em função estritamente do interesse nacional, não de um desejo pouco secreto de enfrentar a “arrogância imperial”, disfarçada como uma tentativa de “democratizar as relações internacionais”. Algumas iniciativas de escassa racionalidade econômica – o Banco do Sul, cujo parto vem sendo feito a fórceps, e o Banco dos Brics, um grande negócio para os chineses – teriam igualmente de ser medidas sob o diapasão de sua utilidade efetiva.

No plano do relacionamento bilateral, há muito o que mudar, dada a natural propensão dos companheiros por certas preferências políticas que serviam mais às idiossincrasias ideológicas dos que estavam no poder do que a uma agenda equilibrada moldada pelo profissionalismo do Itamaraty. Um exame cuidadoso do perfil geográfico da diplomacia brasileira poderá ajudar nessa tarefa.

Por fim, caberia restabelecer de verdade a soberania nacional, deixando, por exemplo, de servir a governos estrangeiros de duvidosa reputação democrática com empréstimos secretos e outros mimos financeiros retirados do orçamento público. O Senado deve recuperar suas prerrogativas institucionais, voltando a examinar com todo o cuidado operações que envolvam recursos nacionais – como um inacreditável Fundo Soberano que jamais deveria ter existido –, como, aliás, determinado na Constituição.

* Diplomata e professor universitário
http://diplomatizzando.blogspot.com

 

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  • Enio Meneghetti
  • 15 Outubro 2014

 DEBATE – FESTIVAL DE MENTIRAS
Enio Meneghetti


Dilma foi ao debate de ontem depois de exaustiva preparação para responder ao tema da corrupção, especialmente o mega escândalo da Petrobrás.
Lá pelas tantas, Aécio disparou:
- Todos nós, brasileiros, acordamos a cada dia surpresos com novas denúncias. Em relação à Petrobras é algo absolutamente inacreditável. Eu vi um momento apenas de indignação da candidata ao longo de todo esse período em que essas denúncias sucessivas chegaram aos brasileiros. Foi no momento em que houve o vazamento de alguns depoimentos nesses últimos dias. Não vi a mesma indignação em relação ao conteúdo desses vazamentos.
Dilma atrapalhou-se:
- A minha indignação em relação a tudo o que acontece, inclusive no caso da Petrobras, é a mesma de todos os brasileiros. A minha determinação de punir todos os investigados que sejam culpados, os corruptos e os corruptores, é total.
Deslavada mentira. Ela não agiu ao tempo em que devia ter agido para desmontar o esquema instalado na Petrobrás. Depois da prisão de um diretor, o caso está com a Polícia Federal que - ao contrário do que ela costuma insinuar - não age e nem poderia agir a mando dela.
O caso hoje está na alçada do Ministério Público e do Judiciário, que enquanto formos uma democracia, não são e nem poderiam ser subordinados ao Executivo. Dilma não apita mais nada neste tema. Está fora de sua alçada constitucional, ao contrário do que tenta fazer parecer a cada vez que é encostada na parede com esse enorme "malfeito" de seu governo.
Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobrás, pivô do escândalo e seu principal operador, prestou depoimento público à Justiça Federal na semana passada. E o conteúdo foi divulgado corretamente, dentro da lei, e não “vazado” como Dilma quer fazer parecer.

Paulo Roberto foi nomeado por Lula. E seguiu no posto no segundo ano do mandato de Dilma. É ladrão confesso, "arrependido" somente porque comprometeu a própria família no embroglio. Usou o nome das filhas e genros nas maracutaias para esconder o dinheiro roubado. Só por isso abriu o bico. Em troca de redução da pena e alívio para seus familiares. Entregou tudo para a Polícia Federal e o Ministério Público. E como parte desse acordo, está restituindo R$ 70 milhões, seu quinhão no dinheiro roubado.
Na ata da Petrobrás onde foi registrado seu pedido de demissão - dele, e não exoneração de Dilma - estão oficialmente consignados, os agradecimentos pelos relevantes (!!!) serviços prestados a Petrobras.
Confrontada com isso, Dilma tentou se esquivar:
– Eu tenho uma vida toda de absoluto combate à corrupção e de nenhum envolvimento com malfeitos.
(Puxa, será que aqui caberia um pergunta sobre o cofre do Ademar de Barros?)

– Quero dizer ao senhor que, quando este diretor foi demitido, o Conselho da Petrobras não sabia dos atos. Ele foi demitido em abril de 2012. E os fatos estão ocorrendo, graças ao meu governo e à minha investigação.
“Graças a minha investigação!” – não é incrível? Ela parece acreditar mesmo nessa lorota!
Quanto à investigação, esta ocorre à revelia e ao pavor de Dilma e do PT.
Ou será que ela não conhece o conceito da separação entre os poderes?
Alguém precisa avisar dona Dilma, que os três poderes que formam o Estado – Legislativo, Executivo e Judiciário – atuam (ou deveriam, no caso dela) separadamente. Avisar inclusive que que essa separação deveria ser “harmônica”.
Mas como talvez o ex-Ministro do STF, Joaquim Barbosa, poderia atestar, nem sempre essa harmonia se faz presente… Ou mesmo Gilmar Mendes, que foi peitado por Lula para que “aliviasse” no julgamento do mensalão….
Será que esses petistas tem dificuldade de compreender que o objetivo dessa secular separação é justamente evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, um títere, para que não haja abuso, como o ocorreria em um Estado totalitário, bolivariano, ditatorial?
Mas dona Dilma já deu demonstrações práticas que tem dificuldade para conviver com as idéias democráticas.
A edição de seu Decreto 8243, assinado em 25/05/2014, onde tenta mudar totalmente o regime de governo do Brasil é demonstração cabal disso.
O texto do decreto estabelece a Política Nacional de Participação Nacional e o Sistema Nacional de Participação Social, com conselhos e comissões de políticas públicas – a serem escolhidos a dedo e nomeados pelo governo – para decidir sobre qualquer tema e perpassando os Três Poderes, tendo o mesmo poder do Legislativo. Qualquer semelhança com os sovietes da Rússia de 1917 e que começaram a União Soviética, levando aos crimes mais brutais e escabrosos que se conhece.
Também da mesma forma, o atual governo descumpre a Constituição ao destinar a países estrangeiros (vide Porto de Mariel em Cuba, etc) volumes colossais de dinheiro a fundo perdido que fazem falta ao Brasil.
http://eniomeneghetti.com/2014/03/17/emprestimos-ilegais/
A veia totalitária está ai para quem quiser ver.
Que cacoete, dona Dilma!
 

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  • Arnaldo Jabor
  • 14 Outubro 2014

É necessária uma cartilha bem clara para a população que se perde nesse sarapatel de mentiras e manipulações da candidata para presidente. Por exemplo, o povo não entende frases como: “Nosso Produto Interno Bruto é mínimo por falta de corte nos gastos fiscais...” Ninguém sabe o que é isso, principalmente no Nordeste-Norte. Ao contrário do que diz Dilma, os pobres que não puderam estudar são, sim, absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros. Vamos ao diálogo da cartilha:
– Dilma viu a uva. Dilma viu o vovô. Dilma diz que viu o povo, mas não viu.
Dilma viu Maduro, Dilma viu Chávez... Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
– Por que ela gosta de governos como Cuba, Venezuela, Argentina?
– Porque para ela, no duro, a sociedade é composta de imbecis e de empresários imperialistas. Dilma pensa igual a eles. Ela e a “Cristina botox “ .
– Por que ela pensa igual a eles?
– Porque é possuída por uma loucura antiga chamada “revolução socialista” que fracassou no mundo todo. Imagine um automóvel quebrado; em vez de chamarem um mecânico, chamam um marceneiro. É isso que estão fazendo. Essa é a causa do desastre atual de economia e da crise política. Para eles, quanto pior, melhor. O problema é que eles é que estão no governo, e essas ideias são tiros no pé. Mais uma vez repito o filósofo Baudrillard: “O comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não por meio da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas por meio do seu modelo de desfuncionamento e da desestruturação brutal”. Por isso, erram tudo, por incompetência. O governo ataca e quer mudar o Estado para possuí-lo.
– Por quê?
– Para o PT, as instituições não valem nada (burguesas) e têm de ser usadas para o projeto do PT.
– Qual é o projeto do PT?
– Fundar uma espécie de bolivarianismo tropical e obrigar o povo a obedecer o Estado dominado por eles.
– Que é bolivarianismo?
– É um tipo de governo na Venezuela que controla tudo, que controla até o papel higiênico e carimba os braços dos fregueses nos supermercados para que eles só comprem uma vez e não voltem, porque há muito pouca mercadoria.
– Por que os petistas não fazem reforma alguma?
– Porque não querem. A reforma da Previdência não existirá, pois, segundo o PT, “ela não é necessária, pois ‘exageram muito sobre sua crise’, não havendo nenhum ‘rombo’ no orçamento”. Só de R$ 52 bilhões. Por isso, a inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a “inflação neoliberal”.
– O que é inflação?
– Aaahhh...é sinônimo de “carestia”.
– Por que o PT ataca tanto os adversários?
– Porque eles têm medo de perder as 100 mil “boquinhas” que conquistaram no Estado. Essa gente não larga o osso. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos. Eles também têm medo que suas roubalheiras sejam investigadas. Vejam o caso do “Petrolão.” Perto dele, o “mensalão” é um troco.
– Por quê?
– A Petrobras foi predada e destruída pela metade porque essa empresa sempre foi vista como “propriedade de uma esquerda psicótica”.
– Esse roubo foi feito por vagabundos sem moral?
– Não. A Petrobras foi assaltada pelos próprios diretores para que o dinheiro fosse dividido entre PT, PP e PMDB, para seus políticos apoiarem o governo Dilma e para novos malfeitos.
– Por que Dilma diz que não viu nada?
– Para negar que viu. Claro que viu. É necessário mentir, para o “bem” do povo. Sim. Eles acham que são “mentiras revolucionárias”. Aliás, você sabe o que é Pasadena? Não... É o nome da refinaria da qual Dilma autorizou a compra.
– Por que Dilma assinou a compra da refinaria?
– Ela afirma que não sabia…
- Mas, como é possível que, sendo a presidente do Conselho da Petrobras, tenha autorizado (apenas informada por duas folhas de papel) a compra de uma refinaria por um preço 300 vezes mais alto do que vale?
– Não sei.
– Você compraria uma casa que vale R$ 100 mil pelo preço de R$ 1,2 bilhão?
– Só eu fosse louco ou mal-intencionado. Ela comprou. Comprou também pelo desprezo que os comunas têm por “administração” – coisa de empresários burgueses… Ou por pura incompetência…
– Por que a Dilma e o PT não mudam de ideia, vendo tantos erros?
– Oh ingênuo eleitor! Porque a Dilma e PT são sacramentados por Deus e não erram nunca. Quem erra somos nós. Quem discordar é inimigo. E querem se eternizar no poder.
– E por que nós, do povo, acreditamos nisso?
– Porque acham que Dilma “ama” o povo. Precisam ver como Dilma trata os garçons do Palácio...
– Por que então tantos intelectuais informados vão votar na Dilma mesmo assim?
– Porque acham que o PT ainda tem um grãozinho de romantismo social e também porque temem ser chamados de “reacionários”, “neoliberais”. O nome “esquerda” ainda é o ópio dos intelectuais.
– Por que não mudam de ideia?
– Porque essa ideologia é um tumor inoperável em suas cabeças. É espantoso que não vejam o óbvio: a desconstrução do país.
– Por que Dilma e Lula aparecem juntinhos do Collor?
– Porque o Collor pode trazer votos de Alagoas...o Estado mais rico de pobres.
– Por que eles querem tanto os votos dos pobres?
– Por que em geral têm “Bolsa Família”. Mas, o que não sabem é que, com a volta da carestia...
– Inflação...
– Isso. Com a volta da inflação, a graninha do Bolsa Família vai mirrar, sumir, perder o valor. Isso eles não explicam.
– E por que eles dizem que a luta eleitoral é entre ricos e pobres? Pobres do Norte-Nordeste contra os riquinhos do Sudeste e Sul?
– Porque eles falam assim para esconder que a luta é entre pobres analfabetos e pessoas mais sensatas e informadas. Quem sabe disso não vota nela.
– Mas, afinal, o que é o projeto do PT?
– O programa do PT é um plano de guerra. Eles odeiam a democracia (eles sempre usaram a democracia para negá-la depois.) Eu me lembro do Partidão. Eles diziam: “Apoiaremos a democracia como tática. Depois a gente vê”. Dilma também pensa assim: a democracia é um meio, não um fim. Por isso, tem de haver uma cartilha para explicar o programa do PT.
Dilma diz que viu o povo, mas não viu. Dilma viu o ovo. Mas não viu o novo.
 

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  • Rubens Ricupero
  • 14 Outubro 2014

É terra arrasada: degradação atinge Petrobras, Correios, Ipea, IBGE, Embrapa... Fora o Itamaraty, que definha.


A degradação da Petrobras, da Eletrobras e do BNDES nada tem em comum com a "destruição criativa" de Schumpeter. É pura terra arrasada, demolição sem criação. Custa a crer que um governo com pretensão de herdeiro de Getúlio se encarregue de dilapidar os três mais importantes legados institucionais do segundo governo Vargas.

A sanha exterminadora está longe de se deter nos três. Sofrem do mesmo efeito desagregador instituições como o Ipea, o Tesouro, até o IBGE, fundado no primeiro governo Vargas, afetado por escassez de recursos e divisões internas. Problemas similares comprometem a Embrapa e a vigilância sanitária do Ministério da Agricultura, setores vitais para manter a vantagem comparativa brasileira na exportação.

A lista poderia ser ampliada com os Correios, entre outros, mas esses exemplos bastam para mostrar que o fenômeno é generalizado. As causas é que não são as mesmas. Onde existe muito dinheiro, na Petrobras ou no Ministério do Transporte, a fartura de queijo é que atrai os ratos.

Às vezes, o problema se origina no aparelhamento partidário, na incompetência de indicados políticos e na intromissão excessiva como nas agências reguladoras, que nem chegaram a se consolidar. O Itamaraty é caso à parte. Sem projetos e obras tentadoras, sem verba para pagar luz e água de embaixadas prematuramente criadas, o velho ministério definha na austera, apagada e vil tristeza da desmoralização programada pelo governo. Três flagelos o devastaram ao mesmo tempo. O primeiro foi a expansão megalomaníaca de embaixadas sem meios de utilizá-las de modo produtivo. Criamos anos seguidos cem vagas de diplomata como se as vacas gordas fossem durar para sempre. Não surpreende agora que mais de trezentos jovens diplomatas se revoltem frustrados ao descobrir a falta de perspectivas que os aguarda.

O segundo golpe desmoralizador provém de presidente sem apreço pela diplomacia e pelos diplomatas, aos quais não perde ocasião de demonstrar seu desdém. Nem na fase caótica da proclamação da República tivemos chefe de Estado que deixasse mais de 20 embaixadores estrangeiros esperando para apresentar credenciais como se fossem rebanho de gado.
Cerca de 230 acordos internacionais dormem na Casa Civil aguardando a providência burocrática de decreto de promulgação ou mensagem de envio ao Congresso. Foi preciso a grita dos empresários para promulgar os acordos comerciais com o Chile e a Bolívia.

O erro original coube aos diplomatas da cúpula que decidiram pôr de lado o conselho de Rio Branco e promoveram a subordinação ao partido no poder de política externa que deveria estar a serviço da sociedade brasileira como um todo.
O Barão se recusou envolver nas paixões partidárias por saber que "seria discutido, atacado, diminuído [...] e não teria a força [...] que hoje tenho como ministro para dirigir as relações exteriores".

Ao desprezar a lição, os dirigentes do Itamaraty perderam "o concurso das animações de todos meus concidadãos". Perderam mais: a proteção e o respeito da sociedade, que os abandonou à sanha do partido que pretenderam servir.
 

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