• Valdemar Munaro
  • 25 Favereiro 2023


Valdemar Munaro
         Os textos das 'Campanhas da Fraternidade' (promovidas anualmente pela CNBB) produzem no leitor quaresmal, atento e sedento, mistos de tristeza e desolação. É mísera a teologia aí encontrada e parca a reflexão sobre os dramas e mistérios do pecado e da morte que ferem a vida humana, sobre o amor de Jesus aos que sofrem, sobre as iniquidades sombrias que afligem o coração dos fiéis, sobre o sangue e a graça de Cristo derramados na cruz.

As fraternidades divulgadas e prometidas por tais Campanhas têm caretas cristãs, mas são essencialmente caiadas e kantianas. Têm o perfil dos imperativos morais, em tudo semelhantes aos grimpados nas obras do prussiano, Immanuel Kant (1804).


Iluminista de carteirinha, este conhecido e rebuscado filósofo alemão dos tempos modernos, pretendeu encontrar na faculdade racional as inteiras credenciais da decência humana. Morreu (12 de fevereiro), ironicamente, atormentado por alucinações e amnésias.


A prática cristã, para Kant, equivale à vida ética. O Cristo de Nazaré é apenas um homem moral excelente, dispensável às súplicas e preceitos evangélicos. Segundo sua filosofia, o homem não precisa de alavancas sobrenaturais para melhorar e suplantar ações morais e capacidades cognoscitivas. A razão tem coordenadas e imperativos suficientes que o possibilitam ser bom e digno da coroa da justiça.


Numa carta dirigida a Lavater, em 28 de abril de 1775, escreveu: "em lugar de propor como essencial a doutrina religiosa prática do santo mestre (Lehrer), (os apóstolos) defenderam a veneração desse mestre e uma maneira de buscar favores por meio de bajulações e louvores". Em outras palavras, Kant entende que os apóstolos deturparam os fatos e as palavras de Cristo, transformando-o em divindade. Ao invés de absorverem seus ensinamentos morais, fizeram dele um ser divino.


Ora, essa conclusão kantiana tem uma ousadia intelectual malandra. Sorrateiro anticristão, Immanuel Kant, desdenhou simploriamente as notícias neotestamentárias narradas pelos evangelistas: palavras, discípulos, milagres, morte, paixão, ressurreição, humanidade e divindade de Jesus de Nazaré. Prevalecendo a interpretação epistemológica dada por ele, os fatos registrados nos Evangelhos são claramente deturpados.

Como diz o poeta Heirich Heine, nada mais avassalador e aniquilador. A 'imoral' desonestidade intelectual de Kant inviabiliza a sua pretensa moralidade filosófica. O seu sacana apriorismo crítico foi capaz de criticar tudo, exceto a própria criticidade.

Católicos e protestantes, gentes das academias, ainda o veneram, sem desfazer o fato que sua doutrina fere a verdade cristã. Com razão, tardiamente (11 de junho de 1827), o magistério da Igreja católica o considerou não apenas um agnóstico, mas também "um velado ateu e pai de ateus".

A linguagem kantiana, astutamente, não exclui elogios ao Nazareno, mas, como dissemos, o faz apenas para adornar e complementar sua pedagogia ética. Mesmo negando a divindade, Kant se utiliza das qualidades humanas de Jesus para corroborar seus ideais morais abstratos.

Em outras palavras, a ética kantiana, incapaz, por si mesma, de exemplificar ideais morais humanos inexistentes, toma a excelência moral de Cristo (que é divino) para amostragem e vitrine. O 'Santo do Evangelho', como o designa, não é, para Kant, modelo, Deus e mestre a ser seguido, imitado, amado e adorado, mas apenas 'excelência moral', empiricamente demonstrada, possível e acessível a todos os homens.

Para o kantismo, só a racionalidade libertada da 'menoridade' (exigência e tarefa imprescindíveis aos pensantes), pode ser ferramenta e porta de acesso à vida adulta, autônoma e livre do indivíduo.

Em outros termos, os ideais éticos, segundo a doutrina kantiana, enraizados na íntima estrutura racional humana, postulam, peremptoriamente, uma vida prática decente. Os próprios divinos mandamentos, aparentemente revelados, não passam de códigos nascidos do estuário racional no qual estão enraizadas as credenciais necessárias à perfeição moral. Ser eticamente bom (estágio correspondente à vida cristã), é cumprir o dever e a justiça, nível comportamental 'qualificado' e suficiente à vida humana.

O tesouro da razão, conforme Kant, contém deveres e ideais 'imperativos' a serem obedecidos. Eles nos bastam. Dispensam-se, portanto, santidades cristãs, autoridades externas, dogmas, dons ou suplementos extra racionais. Mestra e guia é somente a razão dentro da qual se deve permanecer, pois fora dela só há superstição e dogmatismo.

Como se vê, Kant amesquinha a vida cristã estreitando-a aos muros racionais e usa a fé unicamente como instrumento de ação pragmática. O efeito é devastador, pois propõe uma crença ficcional, isto é, uma fé em um Deus inexistente.

A doutrina racionalista kantiana, assim, não realiza apenas a proeza apocalíptica do 'nem frio, nem quente (3, 16) que, simultaneamente, amorna crentes e ateus, senão também cria rupturas metafísicas niilistas, de um Deus sem mundo e de um mundo sem Deus, de uma existência vazia de divino, de um divino vazio de existência.

Nenhuma outra época como a nossa experimentou, justamente, tristes avalanches de solidão e desespero, loucura e violência que aquelas premissas fomentaram. Que mundo seria o sem Deus? E que Deus seria o sem mundo? Se Ele não nos tivesse consigo, também não O teríamos conosco. Do mesmo modo, se planetas tresloucados ficassem indo e vindo elipticamente, sem eira, nem beira, sem origem e sem destino, exterminariam absolutamente o sentido e a razão de ser de nossa frágil existência.

O deicídio intelectual e moral no homem contemporâneo abriu, por consequência, comportas de psicopatias nunca vistas. Alucinantes e inimagináveis gritos de dessacralizados e sem esperança ecoam por todas as partes invocando amor e significado para o que fazem e vivem. Se Deus não estiver conosco, seremos apenas frangalhos de explosões ridículas e ocas do acaso.

Sabemos, porém, que não é assim. O agnóstico e sarcástico Voltaire (1778) entendeu bem que a negação absoluta de Deus inviabilizaria tudo, sobretudo a vida humana. Por isso saiu em defesa da sensatez dizendo: "Se Deus não existisse, teríamos que inventá-lo".

O estudioso Eric Voegelin, por sua vez, considerou que as serpentes nazistas e suas consanguíneas (comunismo, fascismo) só puderam eclodir seus ovos porque ninhos culturais alemães e europeus os chocaram fecundados por doenças 'pneumáticas'. As enfermidades espirituais, com efeito, infectam sobremaneira intelectuais sendo mil vezes mais perigosas que as do corpo.

Houve e há, como se vê, intelectuais seguidores de Kant. O célebre teólogo protestante, Rudolf Bultmann (1884 -1976), por exemplo, foi um deles. Sob feitiços kantianos que orientaram sua mente, produziu uma teologia que destrói a fé dos que têm Deus e o Deus dos que têm fé. Igual a Kant, postulou uma crença sem conteúdo, desvestida de história, fatos e presenças reais.

Pela lógica kantiana (e bultmanniana), qualquer pessoa poderá ser cristã sem precisar de Cristo já que o importante é a 'ideia', útil e eficaz do mesmo posta a serviço da ignição e da ação preferencialmente revolucionária.

Por este caminho somos conduzidos a esquizofrenias e catástrofes espirituais: fés esvaziadas da presença real de Cristo e presença real de Cristo inacessível ao coração humano. Se a racionalidade for a rainha do pedaço, a única a postular condições para haver encontro vivo e real com o Senhor, então a vida e a graça de Cristo nunca nos acontecerão. As vidas éticas estão sempre emaranhadas de teias racionais que condicionam o encontro e o acesso à Boa Nova de Jesus. Muitas vezes, porém, são a ruína do edifício cristão.

Vemos como os mecanismos éticos e teóricos kantianos fazem de Jesus um adorno moralista posto à disposição de catequeses e doutrinas 'fraternalistas'. Teólogos da libertação e seus agentes fazem o mesmo que fez Bultmann. Sob vestimentas aparentemente cristãs escondem corações e mentes não fixadas em Cristo, mas em ideais, preferencialmente socialistas e revolucionários, nos quais as fraternidades são imaginariamente dependuradas. Ali, na própria fraternidade imaginada, adornam o Cristo que por sua vez os adorna.

Das tentações de Jesus no deserto há a da fome e do pão (Campanha da Fraternidade, 2023). Cristo, faminto e solitário, é visitado pelo demônio que o instiga a solucionar o gigantesco problema da fome no 'canetaço': "Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães" (Mt 4, 3).

Poder-se-ia quase dizer: 'Deus do céu! Por que não facilitar as coisas invertendo e reformulando a criação, fazendo o amor não ter renúncias, o pão não ter suor, os filhos não ter sacrifício, a liberdade não ter responsabilidade, a riqueza não ter trabalho?!'

Mas Jesus nos ilumina: "Não só de pão vive o homem". O Filho do Homem sabe que o pão necessário ao corpo, não é tudo o que precisamos, pois o entupido de pão não é capaz de partilhá-lo. Morre com ele.

A assustadora fome corporal que assola os homens, porém, não é pior que a morte. Saciados e bem nutridos, estão na iminência de morrer tanto quanto famintos. 'Farturas' de miséria se aproximam das 'misérias' de fartura e corpos bem nutridos podem se reunir apodrecidos aos mesmos túmulos dos mortos pela fome.

Quem nos assegura o 'vigor da uva', a vida, o pão e a fraternidade é o Crucificado Ressuscitado. Sem Ele, com Ele e por Ele nosso pão mofaria, nosso trigo caruncharia, nosso vinho vinagraria, nosso fermento azedaria, nosso azeite rançaria e nossa fraternidade seria afetação diplomática.

Famintos, pobres, doentes, decaídos, endividados, carentes de toda ordem, presas fáceis da 'compaixão' política e sociológica, normalmente afetada, são os primeiros a serem vistos e visitados por demônios que os quer sempre desvalidos, perpetuamente 'cativos' na duradoura dependência lhes dá guarida a caridades hipócritas. Vê-se que vulneráveis 'amam' benfeitores e benfeitores 'amam' vulneráveis exatamente na recíproca colaboração que apazigua e acalma consciências morais.

Evocando ideais que poderiam ser promovidos em qualquer lugar, tempo e religião, teólogos, bispos e assessores 'libertadores' proclamam Campanhas da Fraternidade encharcadas de síndromes kantianas temperadas de pelagianismo e romanticismo, teses exaltantes e exultantes de fraternidades fáceis e baratas. Pressupõem o amor cristão surgindo mágico de catequeses e conscientizações, decretos e propagandas, sermões e cânticos, textos e técnicas pastorais.

As moralidades kantianas uniram-se ao espírito revolucionário marxista pondo lenha no fogo 'teológico libertador' de metas sempre surrealistas. Infelizmente, ideais surrealistas produzem na alma dos próprios protagonistas, atitudes invertidas de hipocrisia e/ou rebeldia. O comunismo, por exemplo, é um ideal tão alto, tão excelso, só possível fora da face da terra. Nas condições humanas, porém, produz o efeito de transformar comunistas em hipócritas ou rebeldes já que a impossibilidade de ser vivido faz o vivente ser fingido ou revoltado. Fraternidades adornadas e fingidas sobram aos cântaros. Delas não precisamos.

'Comovidos' e 'comprometidos' com os famintos do Brasil, entre eles políticos e católicos moralistas de plantão (como Ackmin, Lula, Haddad e tutti quanti), não fossem fingidos teriam destinado vultoso dinheiro aos desabrigados de SP e nada aos desfiles e artistas da Sapucaí.

Onde está o 'amor fraterno petista' pelos milhões esfomeados brasileiros? Revelam-se tão perversos quanto parlamentares europeus socialistas, situados em Bruxelas, que se 'mostram' comovidos com os 'terremotados' turcos sem diminuir uma gota de suas benesses (pagos pela população) para ajudá-los. São portadores de amores e comoções vernizados num rosto 'cosmético' de hipocrisias e mentiras.

Muitos dos promotores das Campanhas da Fraternidade no Brasil apoiam governantes e políticos anticristãos, abortistas, ladrões, empenhados na liberação de drogas e do crime, dispensando-lhes salamaleques e favores.

Aos protagonistas e promotores de tais campanhas, os sedentos de fraternidade perguntam: "Onde morais? Mostrai-nos a fraternidade que ensinais e com quem a praticais para que também a possamos viver e saborear. Porém, se não tendes como no-la mostrar, se não tendes como no-la testemunhar, então, calai-vos! Vossos julgamentos, admoestações e mandamentos se assemelham 'aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. Por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade. Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno?" (Mt 23, 27s).
*       Santa Maria, 24/02/2023

**     O autor, Dr. Valdemar Munaro, é professor de Filosofia.

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  • Raul Jafet
  • 23 Favereiro 2023

 

Raul Jafet

       A frase parece trocada, mas infelizmente é o retrato que vejo hoje, mundo afora, sobre os filhos que estamos deixando nos substituir, para viver e participar do mundo futuro já presente.

Jamais pensei que seria saudosista, afinal, procuro estar sempre atualizado, principalmente na tecnologia, um sonho que acompanho se tornar realidade a cada instante.

Recentemente uma frase que li, me inspirou a escrever esse artigo:

"Os filhos de hoje sabem o preço de tudo, mas o valor de nada!"

Cada vez mais afastados da religião, da família,  os valores éticos e morais que nos foram transmitidos durante gerações,  vão se perdendo a olhos vistos, substituidos pelo "importante é ser feliz, custe o que custar" .Os fins justificam os meios...pelo sucesso e poder, se abatem uns aos outros, se afundam em bebidas e outras drogas, vivem o hoje....o futuro, e a provisão estão longe de suas prioridades.

Os adolescentes, por sua habilidade na tecnologia, desprezam os pais - heróis em nosso tempo - considerando-os apenas provedores de seus Iphones, roupas, games, baladas...

Por isso, em pouco tempo, apareceram 54 tipos de gênero  - antes só o masculino e feminino - pela dificuldade em se situar em algum deles, e  vão nos obrigando - graças aos poderosos que estão por trás disso - a modificar a linguagem que aprendemos nos bancos escolares, para não ferir as suscetibilidades das frágeis e confusas cabecinhas, que após terem passado da adolescência e juventude, ainda não decidiram o que são e como se situam nesse mundo....

Durante o último período eleitoral brasileiro,  exacerbaram-se rancores entre pais e filhos...esses, incapazes de aceitar a experiência e vivência dos mais velhos, respondiam com desprezo e descaso às considerações dos familiares....ouvi de muitos pais, que seus filhos pareciam inimigos dentro de casa....

A competitividade, a luta por espaços cada vez mais reduzidos, a falta de estrutura familiar,  somados a fenômenos climáticos cada vez mais devastadores, os conflitos entre nações que continuam fazendo milhões de vítimas, experiências atômicas e biológicas, estranhas pandemias e suas ainda mais estranhas vacinas...uma decadência acentuada do mundo Ocidental,  propõe rapidamente, severas e trágicas modificações do mundo como o conhecemos.....cabe a reflexão de onde é que erramos, continuamos errando... como sucumbimos às irremediáveis mudanças e não demos os alicerces necessários, como nossos filhos irão enfrentar o que está porvir e de que forma transformarão o mundo? ????

*       Raul Jafet, autor do artigo, é engenheiro, jornalista e empresário.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 22 Favereiro 2023

 

Gilberto Simões Pires

FORMATOS

Segundo Theodore J. Lowi, cientista político americano que ganhou notoriedade como professor e pesquisador da Universidade de Cornell, EUA na área de -POLÍTICAS PÚBLICAS-, esta concepção assume QUATRO FORMATOS: -POLÍTICAS REGULATÓRIAS, POLÍTICAS DISTRIBUTIVAS, POLÍTICAS REDISTRIBUTIVAS E POLÍTICAS CONSTRUTIVAS. Mais: esta classificação é feita de acordo com os impactos de custos e benefícios que os grupos de interesse esperam de uma política determinada.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

A partir daí, sem muito esforço mental, é possível concluir que -POLÍTICAS PÚBLICAS-, geralmente referida no plural, é uma concepção institucionalizada que, em princípio, tem como propósito o encaminhamento da SOLUÇÃO DE PROBLEMAS PÚBLICOS QUE AFETAM A COLETIVIDADE. Como tal se define como uma soma das atividades que os governos escolhem e decidem : 1- FAZER OU PROPORCIONAR QUE OUTROS FAÇAM; ou 2- NÃO FAZER NEM PERMITIR QUE OUTROS POSSAM FAZER. 

ATORES PÚBLICOS E PRIVADOS

Ora, por tudo que já está mais do que provado e comprovado, o sucesso das POLÍTICAS PÚBLICAS é resultante da soma do envolvimento e das participações de ATORES PÚBLICOS (governantes, burocratas, tecnocratas, etc) e de ATORES PRIVADOS (empresários, trabalhadores etc.), que atuam de modo -concertado- antes, durante e depois do estabelecimento de um projeto a ser desenvolvido. 

SANTA CATARINA E BAHIA

Feitas estas importantes considerações vejam a seguir, por exemplo, o que acontece em Santa Catarina, que nunca foi governada pelo PT e compare com o que acontece na Bahia, que nos últimos 16 anos foi governada pelo PT: De novo: enquanto que em SC boa parte dos projetos e/ou POLÍTICAS PÚBLICAS são discutidos e/ou tocados pelos DOIS ATORES -PÚBLICO E PRIVADO-, na Bahia os números -péssimos- falam por si.

RESULTADO DOS ÚLTIMOS 16 ANOS

1- DESEMPREGO: Bahia -taxa de 15,6%, Santa Catarina - taxa de 3,9%;

2- ANALFABETISMO: Bahia - taxa de 13,2%;  SC - taxa de 2,3%;

3- HOMICÍDIOS: Bahia - 46 por100mil; SC - 4,6 por 100 mil;

4- AUXÍLIO BRASIL: Bahia 2, 2 milhões; SC 186 mil

 

 

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  • Autor desconhecido
  • 21 Favereiro 2023

Autor desconhecido (em todo caso, meus aplausos)

Um engenheiro caminhava no campo quando percebe um balão voando baixo.

O balonista acena desesperadamente, consegue fazer o balão baixar o máximo possível e grita:

- Pode me ajudar? Prometi a um amigo que me encontraria com ele às 2 horas da tarde,

mas, já são 4 horas e nem sei onde estou.

- Poderia me dizer onde me encontro?

O homem no campo responde:

- Sim! Você se encontra flutuando a uns cinco metros acima da estrada; está a 33 graus de latitude sul e 51 graus de longitude oeste.

O balonista escuta e pergunta, com sorriso irônico:

- Você é engenheiro?

- Sim, senhor! Como descobriu?

- Simples! O que você me disse está tecnicamente correto, porém, sua informação não me é útil e continuo perdido! Você tem que me dar uma resposta mais satisfatória pois se eu continuar perdido a culpa será sua.

O engenheiro raciocina por segundos e depois afirma ao balonista:

- E você é petista!

- Sim, sou filiado ao PT! Como descobriu?

- Fácil!

- Veja só: Você subiu sem preparo e sem ter a mínima noção de orientação!

- Não sabe o que fazer, onde está, e tampouco para onde ir!

- Fez promessa e não tem a menor ideia de como conseguirá cumpri-la!

- Espera que outra pessoa resolva o seu problema, continua perdido e acha que a culpa do seu problema passou a ser minha!

 

 

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  • Francicarlos Diniz
  • 21 Favereiro 2023

 

Francicarlos Diniz

A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades.  É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia.

"Coisas" do português.

Gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": Ô, seu "coisinha", você já "coisou" aquela coisa que eu mandei você "coisar"?

Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.

Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: Segura a "coisa" com muito cuidado / Que eu chego já."

Já em Minas Gerais , todas as coisas são chamadas de trem (menos o trem, que lá é chamado de "coisa"). A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trens que lá vem a "coisa"!.

E no Rio de Janeiro? Olha que "coisa" mais linda, mais cheia de graça...

A garota de Ipanema era coisa de fechar o trânsito! Mas se ela voltar, se ela voltar, que "coisa" linda, que "coisa" louca.  Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino.

Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa também não tem tamanho.

Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira um monte de coisas...

Mas a "coisa" tem história mesmo é na MPB.  No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, a coisa estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: Prepare seu coração pras "coisas" que eu vou contar..., e A Banda, de Chico Buarque: pra ver a banda passar, cantando "coisas" de amor... Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: “coisa" linda, "coisa" que eu adoro!

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade afinal, são tantas "coisinhas" miúdas.  E esse papo já tá qualquer "coisa". Já qualquer "coisa" doida dentro mexe...

Essa coisa doida é um trecho da música "Qualquer Coisa", de Caetano, que também canta: alguma "coisa" está fora da ordem! e o famoso hino a São Paulo: "alguma coisa acontece no meu coração"!

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar.

Uma coisa de cada vez, é claro, afinal, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.  E tal e coisa, e coisa e tal.

Um cara cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques.

Já uma cara cheio das coisas, vive dando risada. Gente fina é outra coisa.

Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Político, quando está na oposição, é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura.

Quando elege seu candidato de confiança, o eleitor pensa: Agora a "coisa" vai... Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se as pessoas foram feitas para serem amadas, e as coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, deixemos de "coisa", cuidemos da vida, senão chega a morte, ou "coisa" parecida... Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento:

"AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS "COISAS".

*       O autor, Francicarlos Diniz, é ornalista e escritor, pós-graduado em Comunicação pela USP.

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  • Marco Frenette
  • 18 Favereiro 2023

 

Marco Frenette

O congressista que pensar em se rebelar vai se lembrar do destino de Daniel Silveira.

O líder de partido vai se lembrar de como acabou Roberto Jefferson.

O juíz vai se lembrar do que fizeram com Ludmila Lins Grilo.

O jornalista vai se lembrar de Allan dos Santos e dos integrantes do Canal Hipócritas.

O policial, diante do bandido, vai pensar nos colegas que tiveram suas vidas arruinadas pelo ativismo judicial em prol dos criminosos.

O brasileiro patriota que pensar em protestar vai se lembrar do ginásio onde os inocentes foram amontoados feito sacos de batatas.

O governador vai se lembrar de Ibaneis.

O empresário vai se lembrar de seus pares perseguidos por financiar causas honestas e democráticas.

E todo homem poderoso que desejar usar o seu poder para melhorar o seu país, vai se lembrar de um presidente honesto que está na situação vexatória de precisar prometer que vai ficar pianinho ("oposição responsável") se desejar voltar ao Brasil.

Todos já entenderam que, se caírem na malha stalinista, estará por sua própria conta e risco, porque os conservadores ainda estão engatinhando no quesito "proteção aos seus". É a "democracia" esquerdista em pleno funcionamento.

*        Publicado originalmente na página do autor no Facebook

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