• Paulo G. M. Moura
  • 19 Maio 2015

(Publicado oroginalmente em http://professorpaulomoura.com.br/coplexidade-e-imprevisibilidade-os-vetores-da-conjuntura/

O início do segundo mandato da presidente Dilma foi marcado por uma mudança qualitativa da conjuntura, cujo marco central é perda de popularidade e de apoio político do governo. Sob circunstâncias normais o protagonismo do jogo político costuma ser, sempre, do governo. O Executivo, quando sustentado por maioria no parlamento, é quem pauta o Legislativo e a sociedade com suas iniciativas e projetos. Circunstancialmente a oposição consegue protagonizar algum lance capaz de incomodar o governo, mas esses casos são exceções.

A inversão da balança do poder entre Executivo e Legislativo não é o único elemento (des)estruturante do novo quadro conjuntural. Transformações importantes também estão em curso entre os partidos e dentro dos principais partidos políticos brasileiros. O marco central dessa transformação parece residir na constatação, por parte dos principais players da política brasileira, de que o PT não é apenas mais uma das legendas partidárias nacionais, mas sim, uma organização movida por uma estratégia hegemonista, orientada por um projeto de perpetuação no poder que passa pela destruição dos demais partidos, especialmente do PMDB e do PP.

A corrupção, nesse contexto, além de forma de financiamento desse projeto de poder, é usada pelo PT como ferramenta para destruir alguns dos principais personagens da política brasileira e seus partidos. O fato de que a filha de José Sarney, Renan Calheiros e Eduardo Cunha estejam envolvidos no escândalo do Petrolão e correndo sério risco de condenação e prisão introduz um ingrediente dramático ao jogo político, dada a centralidade desses personagens no controle do PMDB, partido que se constitui no fiel da balança da governabilidade há décadas; que se posicionou no controle do Congresso Nacional e usa suas posições no parlamento como arma para enfrentar o PT e barrar o projeto do partido de Lula.

A fragmentação da base alugada e as contradições e conflitos entre Calheiros e Cunha, nesse cenário, embora se constituam em elemento importante da disputa de poder dentro do PMDB e entre os partidos, interfere, de fato, como um elemento complicador para a articulação de vitórias em plenário por parte do Palácio do Planalto. Os peemedebistas se servem da confusão para encarecer o preço de seu apoio ao governo no parlamento.

A percepção, por parte dos demais partidos, da natureza do projeto de poder do PT levou ao isolamento dos petistas. O envolvimento do partido no escândalo do Petrolão está produzindo um abalo de grandes proporções na imagem e no poder do PT, cuja hemorragia em praça pública recém está no seu início e ameaça, inclusive, a própria existência da legenda.

Além disso, o conteúdo das medidas de ajuste fiscal a que o governo se vê obrigado a recorrer para corrigir as distorções econômicas produzidas a partir do segundo mandato de Lula constitui-se em mais um elemento desagregador do petismo, forçando-os a engolir suas próprias contradições para salvar seu governo moribundo, e gerando um uma fieira de traições e deserções puxadas pela saída de Marta Suplicy do partido.

Num cenário com esses ingredientes, o duro ajuste fiscal necessário e estratégico para que o país saia do quadro de inflação com recessão produzido pela política econômica petista virou moeda de troca nos jogos de poder intragovernistas. O vice-presidente Michel Temer, alçado à condição de articulador político do governo vem comemorando as parcas vitórias que costurou pescando votos na oposição para passar o ajuste fiscal, mas o fato é que os congressistas estão mitigando o ajuste das contas públicas com um jogo cínico no qual, ao mesmo tempo que aprovam as medidas do governo, paralelemente, aprovam outros gastos capazes de corroer o esforço fiscal e comprometer a saúde da economia e a sobrevida do governo Dilma.

O ministro Joaquim Levy, diante dessa situação, anuncia a necessidade de mais aumentos de impostos e de contingenciar R$ 78 bilhões do orçamento para compensar os novos gastos criados pelo parlamento. No entanto, logo encontra os limites de suas ameaças ao se defrontar com o risco de o remédio, nessa dose, matar o doente. Isto é, paralisar completamente o governo e asfixiar as forças de mercado já sobrecarregadas com a carga tributário escorchante que esfola o ímpeto empreendedor das empresas e indivíduos, desestimulados pela transferência descomunal transferência da riqueza socialmente produzida para sustentar um Estado ineficiente, gastador e corrupto.

Por mais malabarismos que faça o ministro Joaquim Levy e por mais que os editoriais da grande imprensa se esforcem para puxar as orelhas dos políticos que teimam em não colaborar para o sucesso do esforço fiscal, a cada dia que passa vai ficando claro que a variável política está impedindo o fechamento das contas que o ministro do Bradesco precisa entregar redondas.

Por outro lado, a reforma política, dessa vez pautada pelo Congresso como forma de conter o petismo e que aparentava dessa vez avançar em medidas saneadoras do jogo eleitoral, também, a cada dia que passa, vai se revelando um novo fogo de palha a ser apagado pelo balde de água gelada da falta de consenso entre os políticos sobre a ameaçadora mudança das regras com as quais se elegeram.

E, para tornar ainda mais complexo o cenário, o dono da UTC, empreiteiro Ricardo Pessoa, tido como capo do conluio de empreiteiras agenciadas pelo projeto de poder do petismo, assinou seu acordo de delação premiada revelando que dinheiro do Petrolão abasteceu os cofres da campanha da chapa Dilma/Temer, lançando a mácula da corrupção e da ilegitimidade sobre o mandato dos recém-eleitos, passíveis de cassação sem a necessidade de um processo de impeachment.

Não obstante essa possibilidade de desfecho judicial e a guerra de pareceres entre advogados de um lado e outro, o fato é que a possibilidade do impeachment, com ou sem a cassação do mandato da chapa eleita em 2014, segue pairando como um fantasma a assombrar as noites do petismo.

A inflação sobe, a recessão se aprofunda, o desemprego cresce, os panelaços se espalham pelo país, e dia 27 de maio próximo, mais um capítulo do movimento civil pelo impeachment terá seu desfecho com a chegada em Brasília da Marcha pela Liberdade, protagonizada pelo Movimento Brasil Livre, que pretende lotar a esplanada dos ministérios para pressionar o Congresso Nacional a acatar o processo de impedimento desse governo.

Assim, se alguém se julga tranquilo e confiante com o destino do ajuste fiscal e do governo Dilma, ou está mentindo ou não está entendendo nada.

(Grupo Pensar+)

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  • Roberto Rachewsky
  • 17 Maio 2015

Em qualquer economia, quem cria a demanda é a oferta.

Somente num mercado livre, onde a capacidade criativa do homem pode ser exercida sem impedimentos, gerando oferta, e consequentemente demanda, há crescente abundância e riqueza.

Economias centralizadas não permitem que os indivíduos ofertem o que bem entenderem, inibindo a geração de novas demandas, emperrando a economia e empobrecendo a sociedade.

Não é a demanda que cria a oferta. Nenhum consumidor pode demandar algo que não existe, não foi criado ou não foi produzido. Há, por outro lado, ofertas que não criam demanda, por isso que há empresas que vão à falência.

Antes de ser inventado o smartphone, por exemplo, ninguém demandava o produto. Quando ele foi oferecido, criou-se instantaneamente a demanda por eles. A BlackBerry, para exemplificar, criou uma demanda específica que prosperou até a Apple criar demandas ainda mais exigentes, fazendo com que a oferta de BlackBerrys se tornasse inútil, pois não criava mais demandas como sua concorrente fazia.

O processo de criação de demanda desenvolvido pela Apple, fez com que sua lucratividade e geração de caixa a tornassem a maior empresa do mundo e, para poder adquirir seus produtos, cada consumidor, por sua vez, teve, tem e terá que ofertar algo, gerando demanda, para criar valor suficiente para si e para os outros, com o propósito de adquirir o que a Apple oferece ou vier a oferecer.

Por essa lógica simples, que muitos economistas ou governantes não conseguem compreender, é que se explica porque incentivar o consumo através da criação de moeda ou crédito não gera riqueza, mas cria apenas inflação e posteriormente pobreza. Governos para garantirem desenvolvimento em uma sociedade, devem antes de qualquer coisa, para não dizer apenas, proteger os direitos dos indivíduos à liberdade e à propriedade, para que estes se sintam seguros para criar oferta, gerando demanda presente e futura, propiciando que o círculo virtuoso da criação de valor se forme de maneira espontânea e voluntária, encaminhando aquela sociedade para a prosperidade de forma sustentável e permanente.

Para acessar outros artigos, visite:
http://robertorachewsky.blogspot.com.br

 

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  • Ion Mihai Pacepa - Trad. Ricardo R. Hashimoto
  • 16 Maio 2015

 

Durante a Guerra Fria, a KGB era um estado dentro do estado. Agora, a KGB – rebatizada de FSB – é o próprio Estado.

Mikhailov e a sua KGB, rebatizada FSB, estão fazendo o possível para apagar por edição de imagem a barra da saia que os liga à teologia da libertação.

A História costuma se repetir, e, se você tiver vivido duas vidas como eu vivi, talvez tenha a oportunidade de ver uma repetição com os próprios olhos.

A teologia da libertação, sobre a qual pouco se falou nas últimas duas décadas, está de volta às notícias. Mas ninguém está falando nada sobre a sua origem. Ela não foi inventada pelos católicos latino-americanos. Foi concebida pela KGB. O homem que hoje é o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, trabalhou secretamente para a KGB sob o codinome “Mikhailov” e passou quatro décadas promovendo a teologia da libertação, à qual, nós, do topo da comunidade de inteligência do leste europeu, demos o apelido de Marxismo Cristianizado.

A teologia da libertação tem sido normalmente entendida como um casamento entre Marxismo e Cristianismo. O que ninguém entende é que ela não foi inventada por cristãos que foram atrás do Comunismo, mas por comunistas que foram atrás dos cristãos. Eu descrevi o nascimento da teologia da libertação em meu livro Disinformation, escrito em coautoria com o professor Ronald Rychlak. A sua gênese foi parte do Programa de Desinformação do Partido/Estado, altamente secreto, aprovado formalmente em 1960 pelo chefe da KGB, Aleksandr Shelepin, e pelo membro do Politburo Aleksei Kirichenko, na época o segundo na hierarquia do partido, logo abaixo de Nikita Khrushchev.

Em 1971, a KGB enviou Kirill – recém-elevado ao grau de arquimandrita (NT: algo equivalente a abade na Igreja Católica) – a Gênova como emissário da Igreja Ortodoxa Russa para o Conselho Mundial de Igrejas (World Council of Churches). O CMI era, e ainda é, a maior organização religiosa internacional depois do Vaticano, representando cerca de 550 milhões de cristãos de diversas denominações em 120 países. A principal tarefa de Kirill/Mikhailov era envolver o CMI na disseminação da recém-criada teologia da libertação por toda a América Latina. Em 1975, a KGB conseguiu infiltrar Kirill no Comitê Central do CMI – posição que manteve até ser “eleito” patriarca da Rússia, em 2009. Logo após ter entrado no Comitê Central, Kirill informou à KGB: “Agora, a agenda do CMI é a nossa agenda”.

Durante os anos de Kirill na direção do CMI, a teologia da libertação lançou raízes profundas na América Latina – cujo mapa hoje tem expressivos retalhos vermelhos. Navios de guerra e bombardeiros russos estão de volta a Cuba pela primeira vez desde a crise dos mísseis de 1962, e a Rússia também enviou recentemente navios e bombardeiros para a Venezuela.

O Papa João Paulo II, que conhecia bem a cartilha comunista, não se deixou enganar pela teologia da libertação soviética. Em 1983, o seu amigo e homem de confiança, Cardeal Ratzinger (mais tarde Papa Bento XVI), na época chefe da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, classificou como marxista a idéia da teologia da libertação de que a luta de classes seja essencial para a história. O Cardeal chamou a teologia da libertação de “heresia ímpar” e a dinamitou como uma “ameaça fundamental” para a Igreja.

É claro, era e continua sendo uma ameaça – uma ameaça deliberadamente concebida para minar a Igreja e desestabilizar o Ocidente por meio da subordinação da religião a uma ideologia política ateísta, que é quem vai lucrar geopoliticamente com isso.

Hoje, nomes como Oscar Romero e Miguel d´Escoto Brockmann, não pronunciados desde os anos 1980 quando a União Soviética ainda existia, estão novamente no noticiário internacional. Lá vai! Os promotores de uma ideologia religiosa concebida pela KGB, que no passado abraçaram a revolução marxista violenta, agora negam a ligação da teologia da libertação com o marxismo e com a KGB.

Cada sociedade reflete o seu próprio passado. Desde o início dos tempos, todos os que se sentaram no trono do Kremlin – czares autocráticos, líderes comunistas, presidentes democradicamente eleitos – estiveram ocupados em controlar todas as expressões de religião que porventura pudessem atrapalhar as suas ambições políticas. Quando, em 1547, Ivan IV – O Terrível – se auto coroou o primeiro czar russo, também se auto proclamou chefe da Igreja Ortodoxa Russa. Czarismo e comunismo podem ter sido tragados pela areia do tempo mas o Kremlin dá continuidade essa tradição.

Ao longo de toda sua história, a Russia tem sido uma samoderzhaviye, tradicional forma russa de autocracia totalitária na qual o senhor feudal domina o país e a igreja com o auxílio da sua força política policial. Esta, sempre que teve um problema difícil de imagem, simplesmente trocou de nome – de Okhrana para Cheka, para GPU, para OGPU, para NKVD, para NKGB, para MGB, para MVD, para KGB – e fingiu ser uma organização novinha em folha.

Muitos dos falecidos oficiais da KGB devem ter virado no túmulo na véspera do Ano Novo de 1999 quando o seu antigo chefe, Vladimir Putin, meu colega da KGB durante algum tempo, entronou-se no Kremlin. Durante a Guerra Fria, a KGB era um estado dentro do estado. Agora, a KGB – rebatizada de FSB – é o próprio estado. De acordo com um estudo publicado no jornal russo Novaya Gazeta, em 2003, cerca de seis mil ex-oficiais da KGB estavam tocando os governos locais e federal russos. O respeitado jornal britânico The Guardian noticiou que o presidente Putin acumulou secretamente cerca de 40 bilhões de dólares, tornando-se o homem mais rico da Europa.

Na Rússia, quanto mais as coisas mudam, mais parecem ficar do mesmo jeito.

Isso nos leva de volta a Kirill/Mikhailov. Em 2006, a fortuna pessoal do arcebispo Kirill foi estimada em 4 bilhões de dólares pelo Moscow News. Não se espante. Em meados dos anos 1990, o Departamento de Relações Exteriores da Igreja Ortodoxa Russa, dirigida por Kirill, ganhou o privilégio de importar cigarros com isenção de impostos como recompensa por sua lealdade à KGB. Não demorou muito para que ele se tornasse o maior fornecedor de cigarros importados da Rússia.

Poucos anos atrás, quando Kirill estava visitando a Ucrânia como novo Patriarca da Rússia, um jornal publicou uma foto na qual o prelado aparecia com um relógio de pulso Breguet, com custo estimado em 30 mil euros. O jornal russo Kommersant acusou Kirill de abuso de privilégio de importação de cigarros sem pagamento de impostos e o apelidou de “metropolitano do tabaco”. Kirill negou possuir tal relógio. Disse que a foto devia ter sido alterada por seus inimigos, e postou a fotografia “real” no seu website oficial. Um estudo minucioso desta fotografia “real”, entretanto, mostra que o relógio Breguet havia sido apagado do seu pulso por edição da imagem mas o reflexo do relógio ainda está nitidamente visível na superfície da mesa abaixo do seu braço.

Mikhailov e a sua KGB, rebatizada FSB, estão fazendo o possível para apagar por edição de imagem a barra da saia que os liga à teologia da libertação. Não podemos deixar que eles consigam.


O general Ion Mihai Pacepa é o oficial de mais alta patente que desertou do Bloco Soviético. O seu livro mais recente, Disinformation, em co-autoria com o professor Ronald Rychlak, publicado pelo WND, está sendo filmado em Hollywood.

Publicado no National Review.

Tradução: Ricardo R Hashimoto 

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  • Bruno Braga
  • 16 Maio 2015

(Publicado originalmente em http://b-braga.blogspot.com.br)

"Foro de São Paulo". A expressão, antes pronunciada com heroísmo por alguns poucos, está cada vez mais presente nos debates sobre a situação política do país. Nos últimos protestos contra a Presidente Dilma e contra o PT, que levaram milhares de pessoas às ruas, ela compôs gritos de denúncia, apareceu nas faixas e cartazes empunhados pelos manifestantes. Miopia aguda ou surdez dissimulada, não há outra forma de explicar a omissão da imprensa de não destacá-la.

O Foro de São Paulo foi criado por Lula e por Fidel Castro em 1990. O objetivo era - e é - reunir a esquerda latino-americana, de partidos políticos a quadrilhas de narco-guerrilheiros, para transformar o continente na "Patria Grande" socialista-comunista. Porém, dúvidas e suspeitas são lançadas contra o audacioso projeto. Uma reação natural de desconfiança por causa do impacto da denúncia ou um artifício para ofuscar a gravidade das acusações. Mas, seja lá o que for, a documentação pode ser examinada por qualquer um que tenha interesse no assunto. E, para dissipar qualquer nuvem de incerteza, basta ler "A estrela na janela: ensaios sobre o PT e a situação internacional" [1]. O livro foi escrito por Valter Pomar, que o apresenta como a "prestação de contas" do seu trabalho de oito anos à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT e da Secretaria Executiva do Foro de São Paulo (2005-2013) (pp. 07-08).

"O Foro de São Paulo já é parte indissolúvel da história da esquerda latino-americana durante a última década do século XX e a primeira do XXI" (p. 256). O mapa do continente não foi pintado de vermelho de forma espontânea: "o Foro participou e contribuiu para esta mudança de correlação de forças na América Latina e Caribe" (p. 244). Pomar observa que, "quando o Foro foi criado, havia apenas um governo encabeçado pela esquerda: Cuba. Hoje governamos parte importante dos países da região. Isto se deve, ao menos em parte, à ação dos partidos que integram o Foro" (p. 267) [2].

As palavras do petista dão uma idéia da importância do Foro de São Paulo para a configuração do atual cenário político e da dimensão monstruosa que adquiriu este projeto de poder que é sim comunista [3]. Valter Pomar escreve como parte do movimento revolucionário. Ele enaltece a herança soviética, elogia o "modelo" cubano, faz da Unidade Popular do Chile uma fonte de inspiração, é um entusiasta das relações entre Brasil e China. O ex-Secretário Executivo do Foro de São Paulo fala abertamente sobre o horizonte perseguido pela organização:
[...] "o termo 'comunismo' é recusado ou simplesmente deixado de lado por amplos setores da esquerda, inclusive por alguns que se proclamam revolucionários. Mas, desde o ponto de vista teórico, o uso do termo é essencial, uma vez que permite distinguir entre o que é a 'transição' e o que é o 'objetivo final' (ou seja, a forma madura de sociedade que se pretende construir)" (p. 93).
Pomar ressalta que "a luta pelo poder pode se resolver no prazo de anos, mas a construção de outra sociedade é um projeto de décadas e séculos" (p. 117). As conquistas até o momento são inegáveis: "o potencial da esquerda latino-americana é confirmado, ao longo dos anos 1990 e adiante, com o surgimento do Foro de São Paulo; a gestação do Fórum Social Mundial; e a eleição de uma onda de presidentes progressistas" (p. 139). Porém, não basta estar no "governo" para "controlar o poder" (p. 155). O esquema comunista deve ser ampliado em uma "segunda etapa" (p. 206), e por duas vias: "aprofundar as mudanças e acelerar a integração" (p. 247).

"Temos que mudar o Estado, mudar sua natureza, não apenas sua forma" (p. 221). Pomar observa que as mudanças devem ser feitas com rapidez, porque as crises "externas" ou "internas" poderiam colocar "em questão nossa permanência no governo" - [...] "o tempo é curto, a janela é pequena, pode se fechar" (p. 213). Para ele, "reformas estruturais" precisam ser promovidas: a reforma política (p. 211); o controle do judiciário e dos meios de comunicação - o domínio da indústria cultural e do sistema educacional (p. 221).

A reforma política é imprescindível para o Foro de São Paulo:
"Nós precisamos fazer uma REFORMA POLÍTICA, mas não conseguimos, desde 2003 até hoje, fazer que este debate ganhe a sociedade. Não há como fazê-lo desde o governo nem desde o parlamento. Haveria que desencadear um movimento político-social, que tenha o partido [o PT] e os partidos de esquerda aliados como protagonistas" (p. 211).
As principais propostas de reforma política oferecidas para o público são a execução da estratégia descrita por Pomar. Para conquistar a adesão das pessoas, a coleta de assinaturas para a convocação de um Plebiscito Constituinte e para a legitimação do projeto de lei de "iniciativa popular" da "Coalizão pela Reforma Política Democrática" é propagandeada como mobilização da "sociedade civil organizada". Porém, os "movimentos sociais" envolvidos, as ONG's e sindicatos, ou estão a serviço do PT, ou estão de alguma forma alinhados com o partido. Pior. As propostas preveem - entre outros absurdos - a inserção desses mesmos grupos em instâncias decisórias da administração pública, promovendo aquilo que tanto quer o petista Valter Pomar: a ampliação sorrateira do esquema de poder do Foro de São Paulo [4]. Para a vergonha dos católicos - porque contraria escandalosamente os princípios e as orientações da Igreja, a CNBB apoia a convocação do Plebiscito Constituinte e assina o projeto da "Coalizão pela Reforma Política Democrática" [5].

A respeito da instrumentalização da Igreja Católica pelos comuno-petistas - algo que ocorre há décadas com a pregação de um engodo criado pela KGB e batizado por ela de "Teologia da Libertação" [6] - Pomar observa o estusiasmo da esquerda latino-americana com Francisco, o Papa argentino que poderia ser explorado para a promoção dos seus planos (p. 259).

Pomar - que esteve presente na fundação do Foro de São Paulo como representante do Instituto Cajamar, a "escola de quadros" do PT (p. 07) - destaca a importância da educação e da cultura para as pretensões da organização comunista. "A construção deste pensamento de massas, de uma cultura de massas, é, dentre as tarefas de longo prazo, talvez a mais estratégica" (p. 255). Trata-se de um ardil conhecido, sobretudo nos moldes gramscianos. Ocupação das universidades; formação de professores militantes; doutrinação nas escolas; "intelectuais" e artistas engajados - e a colaboração ingenua dos "idiotas úteis". Uma estratégia eficiente, que não só consagrou o comunista e "apóstolo" da Teologia da Libertação, Paulo Freire, como patrono da educação brasileira, mas forjou a falsa reputação que tanto contribuiu para a ascensão do PT ao poder [7].

Dentro do plano de promoção das "reformas estruturais", a reeleição de Dilma Rousseff, alertava Pomar, era imprescindível. "Não se trata da vitória de uma pessoa, mas sim da vitória de um projeto, de uma aliança, de um Partido" - o governo Dilma, no segundo mandato, "com reformas, com mudanças profundas, nos aproxima do socialismo" (p. 88). E a candidata petista foi de fato reeleita. Uma fraude eleitoral escandalosa conservou a marionete do Foro de São Paulo na Presidência da República [8].

Quanto à "integração", ela não é outra coisa que a construção da "Patria Grande" comunista na América Latina. Trata-se de uma "integração de amplo alcance", que possa consolidar "laços econômicos, sociais, políticos, militares e ideológicos" entre os países governados pela organização (p. 37). "Esta compreensão de uma integração de amplo escopo constitui o pano de fundo da criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (2004), cujo nome foi posteriormente alterado para UNASUL (2007)" (p. 141). O Foro de São Paulo é um dos "laboratórios" encarregados de planejar a institucionalidade da "integração" comunista (p. 268).

No entanto, observa Pomar: "Não haverá integração sem Brasil. Talvez sejamos o país menos latino-americano da região, mas somos também o capitalismo mais potente, que tem melhores condições para ajudar a financiar a integração" (p. 204). Os investimentos em "infraestrutura" são estratégicos, e devem subordinar "a ação das empresas brasileiras aos interesses da política externa e convertendo nossa política externa de política de governo em política de Estado" (p. 245). Porto em Cuba, metrô na Venezuela, estradas na Bolívia, hidrelétrica na Nicarágua. Um mar de dinheiro público, em vez de ser investido em obras que o país tanto precisa, é canalizado para patrocinar - com o disfarce de "integração" - o totalitarismo na América Latina.

Enfim, esta síntese da "prestação de contas" do ex-Secretário Executivo do Foro de São Paulo deixa à mostra o nefasto projeto de poder comunista. O petista diz que agora, da "planície", continuará contribuindo com a "luta pelo socialismo", com o Partido dos Trabalhadores (p. 08). O PT, contudo, permanece no altos postos de poder. Por isso, uma observação de Valter Pomar - feita quando ainda estava à frente da organização fundada por Lula e por Fidel Castro - é importante para concluir: "o PT valoriza extremamente o Foro de SP" [...] "Devemos, portanto, combinar a necessária luta ideológica em favor do socialismo, com uma estratégia e uma política organizativa mais amplas" [...] "para nós, do PT, o Foro de São Paulo é prioritário" (p. 87).


Referências.

[1]. POMAR, Valter. "A estrela na janela: ensaios sobre o PT e a situação internacional". Editora Fundação Perseu Abramo: São Paulo, 2014.

[2]. Em 2012, o ex-Presidente Luiz Inácio enalteceu o papel do Foro de São Paulo na construção do projeto de poder comunista na América Latina: "hoje governamos um grande número de países, e mesmo onde somos oposição, os partidos do Foro têm uma influência crescente na vida política e social" (Mensagem enviada para o XVIII Encontro do Foro de São Paulo, realizado em Caracas. Cf. [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/07/sob-o-efeito-do-encanto.html]).

[3]. Cf. "Um desajuste nocivo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/07/um-desajuste-nocivo.html].

[4]. Cf. "A reforma política para o Foro de São Paulo continuar governando o Brasil" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/04/a-reforma-politica-para-o-foro-de-sao.html].

[5]. Cf. "Padres pregam proposta de reforma política. Fiéis, não assinem!" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/07/padres-pregam-proposta-de-reforma.html]; "O porta-voz comunista da reforma política celebrada por padres" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/07/o-porta-voz-comunista-da-reforma.html]; "A reforma política da CNBB. Católicos, não assinem!" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/08/a-reforma-politica-da-cnbb-fieis.html]; "Se a CNBB realmente quer 'eleições limpas'..." [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/11/se-cnbb-realmente-quer-eleicoes-limpas.html].

[6]. PACEPA, Ion Mihai. "A KGB criou a Teologia da Libertação" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html]. Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013). ______. "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].

[7]. Cf. "A 'pedagogia' do Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/04/a-pedagogia-do-foro-de-sao-paulo.html].

[8]. Cf. "O Foro de São Paulo governa o Brasil" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/03/o-foro-de-sao-paulo-governa-o-brasil.html].

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  • Harry Browne
  • 16 Maio 2015

(Publicado originalmente em http://www.mises.org.br/
 N. do T.: o artigo a seguir foi adaptado para a realidade brasileira
 

De todos os passos que foram dados rumo ao caminho da ervidão, qual foi o pior?

Em minha opinião, foi o de permitir que o estado educasse nossos filhos, seja diretamente por meio de escolas públicas, seja indiretamente por meio de escolas privadas reguladas integralmente pelo Ministério da Educação.
Dado que a educação que nossos filhos recebem é toda controlada por funcionários públicos, que operam dentro das normas estabelecidas por um sistema estatal, não é surpresa nenhuma que nossos filhos cresçam acreditando que:
— o estado é um árbitro justo, imparcial, amoroso e caritativo, ao contrário de empreendedores privados, que agem somente em interesse próprio;
— programas governamentais realmente entregam aquilo que prometem e, sem eles, as pessoas estariam em situação muito pior;
— sem a saúde e a educação públicas, e sem programas de assistência social do governo, todos morreríamos doentes ainda muito jovens, seríamos analfabetos e as ruas estariam repletas de pessoas passando fome; e
— o estado é o país, e é nosso dever patriótico apoiar toda e qualquer política idiota que o governo decida implementar.
A educação é um desastre. Se você não acredita em mim, pergunte aos próprios políticos. Todo ano de eleição eles aparecem para nos contar como a educação está terrível — crianças que não conseguem ler em idade já avançada, violência nas salas de aula, professores incapacitados e mal pagos, infraestrutura precária e aos pedaços, drogas sendo vendidas dentro das escolas, salas de aula com excesso de alunos etc.
É claro que todos os políticos têm na ponta da língua soluções que irão sanar todos estes problemas. Porém, mesmo depois de eleitos, e de implementarem suas soluções, eles sempre voltam nas eleições seguintes dizendo como a situação da educação continua terrível.

  • A política e as escolas públicas

A primeira coisa que precisa ser entendida a respeito das escolas públicas é que elas não são instituições educacionais. Elas são agências políticas — logo, são controladas pelo grupo que tenha mais influência política. E isto exclui você e eu.
Não é de se estranhar, portanto, que suas políticas de ensino e de funcionamento sejam ditadas pelos sindicatos dos professores e dos funcionários, bem como pelas fantasias utópicas das universidades nas quais esses professores se formaram. Não existe um sistema de recompensas ou de incentivos para inovações. Mesmo os professores mais bem intencionados não têm oportunidades para utilizar métodos originais, lógicos e sensatos para resolver problemas rotineiros. Não há nenhuma chance de se recompensar aqueles que demonstram um desempenho superior. É a burocracia quem comanda tudo, e a ela todos devem ser submissos.
Para piorar, as escolas públicas acabam ensinando muitas coisas que iriam deixar os pais apavorados — isto se os pais soubessem exatamente o que se passa nas escolas. Orientação sexual e "kit-gay" são apenas a ponta do iceberg. Os alunos são ensinados a atormentar seus pais para que eles reciclem lixo, para que fechem a torneira do chuveiro enquanto estiverem se ensaboando durante o banho, e para que adotem inúmeros outros rituais da nova religião ambientalista. Literatura clássica quase nunca é mencionada. Quando o é, é apenas para mostrar como as pessoas já foram ignorantes e insensíveis, e não para mostrar aos alunos a complexidade da vida e a riqueza do idioma.
Tempo e recursos parece haver de sobra para ensinar as crianças a se conformarem com a ideologia e o pensamento politicamente correto da moda. Porém, se os pais reclamam que seus filhos não estão aprendendo ciências, português, história e matemática, os políticos respondem que está faltando dinheiro, os professores respondem que são mal pagos e vários "agentes sociais" dizem que a nova metodologia de ensino, com maior ênfase na 'consciência social do aluno', é bastante superior ao velho e reacionário método clássico de educação. E, no final, todos se unem para concluir que o grande problema realmente é o governo, que destina poucodinheiro para a educação — logo, novos impostos são necessários.
A questão é: teria como as coisas realmente serem diferentes? Nesse atual arranjo, sem estarem submetidos a uma pressão competitiva, sem estarem sujeitos à concorrência, as pessoas que realmente estão no controle das escolas públicas — os burocratas sindicalizados — estão livres para saciar seus desejos mais indômitos de doutrinar as crianças para que elas sejam cidadãos exemplares da Nova Ordem. Em um sistema como este, os bons professores não têm a menor chance — nem o estímulo — de fazer a diferença.

  • Público vs. Privado

O problema não são professores despreparados. O problema não é a falta de recursos ou a falta de participação dos pais.
O problema é que as escolas são administradas pelo governo.
Podemos ver isso claramente ao comparar a educação pública com a indústria de computadores — um dos ramos menos regulados em todo o mundo.
— A educação está sob o comando de políticos e burocratas, gente que jamais irá enfrentar pessoalmente as consequências de suas próprias medidas, por mais que arruínem a educação de nossos filhos. E assim, os custos da educação vão ficando cada vez maiores, ano após ano, ao mesmo tempo em que a qualidade e a utilidade decrescem velozmente.
— A produção de computadores, notebooks e afins está sob o comando de empreendedores, pessoas que visam ao lucro e que, por isso mesmo, têm de estar sempre encontrando novas maneiras de nos satisfazer, produzindo cada vez mais com cada vez menos — caso contrário, perderão o que investiram e irão à falência. E assim, computadores, notebooks e demais apetrechos tecnológicos vão ficando cada vez mais baratos, ano após ano (ou mês após mês), ao mesmo tempo em que sua qualidade e utilidade aumentam velozmente.
Ao contrário das empresas de tecnologia, as escolas públicas são organizações monopolistas isoladas da concorrência — e inteiramente sustentadas pela coerção do governo. Um sistema de vouchers para as escolas privadas, nos moldes defendidos por alguns liberais genuínos, não tornaria as escolas públicas mais competitivas simplesmente porque as escolas do governo não precisam competir. (Em nível universitário, já temos os exemplos práticos do ProUni e do Fies, que nada mais é do que uma variância desse esquema de vouchers. O único resultado foi piorar a educação das universidades particulares que recebem esse subsídio, pois agora elas não mais têm de competir por novos alunos; o governo já garante a receita.)
Não importa quantos alunos as escolas públicas percam para as escolas privadas e para aqueles heróis que, à revelia do governo, praticam ensino doméstico; o fato é que as escolas públicas ainda obtêm seus recursos por meio da força — e quanto maiores os seus fracassos, mais eles são utilizados como desculpa para se exigir ainda mais recursos.
Dado que o governo possui livre acesso a um recurso que empresas privadas não têm — o dinheiro dos pagadores de impostos —, ele consegue oferecer seus serviços "gratuitamente". Eles não são realmente gratuitos, é claro; no contexto estatal, "gratuito" significa que todas as pessoas pagam pelo serviço, queiram elas ou não.
Infelizmente, isso que irei dizer agora não é compreendido por todos, mas enquanto o governo puder tributar os cidadãos para lhes fornecer serviços educacionais a preço marginal zero, todo um serviço educacional privado que poderia existir jamais é criado. Não deixa de ser irônico constatar essa contradição: ao mesmo tempo em que o governo vigilantemente pune empresas que praticam "concorrência predatória" (leia-se: fornecem produtos e serviços a preços baixos), ele próprio incorre nessa prática — só que de maneira totalmente coerciva, pois o faz com o dinheiro que confisca da população — no serviço educacional.

  • Inversão de papéis

Suponhamos que o governo tenha estatizado a indústria de computadores tão logo ela surgiu (tudo para o "bem do povo", claro). Não é difícil imaginarmos como ela seria hoje:
— Um computador pessoal custaria alguns milhões de reais e seria maior que uma casa;
— Ele provavelmente seria capaz de realizar operações de soma e subtração, porém os funcionários públicos iriam nos explicar por que é cientificamente impossível uma máquina destas realizar multiplicações e divisões;
— O custo de um computador subiria continuamente, e cada modelo novo seria pior e mais caro que o do ano anterior;
— Haveria grupos de interesse organizados tentando fazer com que o governo produzisse computadores com DOS, e outros grupos exigindo interface gráfica. Haveria intensos debates sobre se os computadores fornecidos pelo governo deveriam poder acessar sites religiosos ou não.
O lado positivo seria que todos os computadores viriam com um software que ensinaria às crianças como manusear uma camisinha.
Por outro lado...
Agora vamos supor o contrário, que a educação fosse organizada de acordo com a indústria de computadores — formada por empresas privadas concorrendo em um mercado sem barreiras à entrada, livres de todos os tipos de regulamentações, que não estivessem sujeitas a matérias obrigatórias ou a comissões políticas. Em suma, por empresas que simplesmente tivessem de competir pela preferência dos pais.

  • Como as escolas seriam? Parece-me óbvio que:

— O custo da educação cairia ano após ano, com as empresas encontrando maneiras de fornecer educação de qualidade a custos cada vez menores. E todo o dinheiro que você gasta hoje para pagar pelas escolas públicas por meio de impostos ficaria integralmente com você, para gastar como achar melhor.
— A concorrência faria com que as escolas tivessem de melhorar ano após ano. Não dá para fazer previsões, mas é bem possível que as crianças precisassem passar apenas 3 horas por dia na escola para receber uma educação muito superior do que a obtida hoje nas escolas controladas pelo governo.
— As escolas seriam tão mais estimulantes, que as crianças poderiam perfeitamente querer passar várias horas por dia explorando o mundo da matemática, da história, da geografia, da literatura, da redação ou de qualquer outro tema que tenha despertado sua imaginação.
— Dado que não haveria nenhum Ministério da Educação impondo um determinado tipo de currículo para todo o país, não veríamos mais as brigas amargas sobre os conteúdos ministrados, sobre a necessidade ou não de se ensinar religião, "sensibilidade social" e educação sexual; não haveria problemas com a imposição estatal de "kit-gay" ou com a aceitação ou não de professores homossexuais. Se uma escola quisesse se especializar exclusivamente em esportes, por exemplo, caberia aos pais decidir se querem ou não que seus filhos estudem ali. A liberdade definiria as escolhas. Não mais haveria as centenas de controvérsias que vemos na educação atual, completamente controlada pelos burocratas do Ministério da Educação. Se você não gosta do que a escola do seu filho está ensinando, você simplesmente vai atrás de outra melhor — do mesmo jeito que vai atrás de um supermercado que tenha o que você quer.
— Haveria dezenas de opções disponíveis para você — escolas mais severas, escolas com disciplinas especiais, como música e cinema, escolas alternativas e até mesmo escolas que ofereçam um ensino completo sobre o funcionamento do livre mercado e do empreendedorismo, o que iria ajudar seu filho a obter uma vida mais confortável quando crescesse, além de poupar seu cérebro de infecções marxistas. Algumas escolas poderiam perfeitamente criar um currículo personalizado baseando-se em suas expectativas e nas capacidades de seu filho, ao passo que outras ofereceriam uma educação mais simples a um custo menor para aqueles que precisam economizar.
Temos de agradecer aos céus pelo fato de que nossos computadores e demais aparelhos eletrônicos não são fornecidos pelo estado. Mas também nunca podemos nos esquecer de como a educação poderia ser muito melhor, mais dinâmica e estimulante, se ela fosse tão livre do estado quanto é a indústria tecnológica.
Não há nada de específico na educação que nos faça duvidar de que o mercado poderia fornecê-la. Assim como qualquer produto ou serviço, a educação é uma combinação de terra, trabalho e capital direcionados a um objetivo claro: a instrução de assuntos acadêmicos e relacionados, os quais são demandados por uma classe de consumidores, majoritariamente pais.
O argumento de que uma educação de alta qualidade seria intrinsecamente cara para uma fatia significativa da população não se sustenta. Um livre mercado que consegue saturar a sociedade com telefones celulares, geladeiras, fornos microondas, televisões da alta definição, computadores, tablets e máquinas de lavar certamente pode produzir educação de alta qualidade para as massas. O segredo é a liberdade de empreendimento.
Imagine um mundo em que os impostos para a educação deixassem de existir, em que a liberdade conduzisse a educação de seus filhos e você pudesse escolher uma escola para eles da mesma maneira que escolhe qual artefato eletrônico quer comprar.
Isso é querer demais?


Harry Browne , o falecido autor de Por que o Governo Não Funciona e de vários outros livros, foi candidato à presidência dos EUA pelo Partido Libertário nas eleições de 1996 e 2000.

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

 

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  • Stephen Kanitz
  • 15 Maio 2015

(Publicado originalmente em http://blog.kanitz.com.br/dilma-nacao)


Nossa constituição foi elaborada por advogados legalistas, não por engenheiros, contadores, administradores e auditores. E de forma legalista decidiram que um Presidente só pode ser deposto se fizer algo contra a lei, não por incapacidade objetiva de governar.

Numa empresa, ao contrário, uma assembleia extraordinária de acionistas já teria sido convocada e a Dilma demitida, por falta de condições objetivas de liderar a empresa, apesar de ela ter sido eleita pelo Conselho de Administração.
Na democracia inglesa, também existe o recurso do Voto de Confiança, ou Voto de Desconfiança, onde a qualquer momento os representantes do povo podem destituir uma Dilma, por ela ter perdido a confiança de 80% dos brasileiros segundo pesquisas atuais, o que não é impeachment por alguma irregularidade.
É uma simples constatação de perda de condições objetivas de liderar uma nação, e o perigo que esta situação pode causar.

Vejamos as condições objetivas da Dilma de governar.
Dilma, como alertei em 2011 http://blog.kanitz.com.br/mcgregor-ultrapassada/ usa a teoria administrativa ultrapassada chamada Teoria X, um estilo briguento de conseguir as coisas. Ninguém a obedece porque tem valores alinhados, e sim porque temem o gênio dela.
Dilma já brigou com praticamente todo mundo, uma constante na sua vida por sinal.
Brigou com seu marido, de quem se separou, e que poderia agora lhe dar suporte emocional e carinho, acalmar esta pilha de nervos que ela demonstra a cada discurso.
Brigou com a mãe, a quem nunca mencionou em nenhum de seus discursos, que mostra outro problema pessoal.
Brigou com seu meio irmão, que ela inclusive enganou quanto à divisão da herança do pai http://www.novinite.com/view_news.php?id=120755.
Brigou com seu mentor Brizola, traindo o PDT, e se juntou ao PT que a odeia.
Brigou com seu eleitor Lula, a quem disse “não lhe devo mais nada”, e que está agora tramando contra a sua “mal” criada.
Brigou com seu Ministro Guido Mantega, que não fala mais com ela.
Brigou com Henrique Meirelles, o mentor da política econômica de Lula, e que deveria ter sido o seu Ministro da Fazenda e a Dilma não quis saber, e deu no que deu.
Brigou com a Marta Suplicy, que só fala mal da Dilma, de uma forma que só uma mulher sabe fazer.
Brigou com a Globo, a emissora que sempre é chapa branca, pode?
Brigou com o líder do Congresso, Eduardo Cunha, que quer um impeachment a todo custo.
Brigou com seu vice, Michel Temer, e o Partido que a apoia.
Brigou com alas inteiras de seu Partido dos “Trabalhadores”, achando que o Partido agora é dela.
Dá para brigar com ainda mais pessoas do que isto?
Como a personalidade da Dilma:
Brigou com o Líder do Senado, Renan Calheiros.
Brigou com as empresas do Setor Elétrico.
Brigou com as empresas do Setor de Educação.
Brigou com o setor de Álcool, hoje quebrado.
Brigou com o setor Agrícola.
Brigou com os caminhoneiros de todo o Brasil.
Brigou com o Ministério Público, justo quem.
Brigou com todo o sistema capitalista, que seu Marxismo século XIX odeia.
Brigou com a classe média, que agora externa sua insatisfação sempre que há oportunidade.
Dilma tem um sério problema pessoal, não resolvido pelo jeito, que lhe tirou as condições objetivas de ser a Presidenta do Brasil.

Sua única alternativa é brigar consigo mesmo, ou seja, renunciando.
Mas como ela acha que seria uma derrota do feminismo, eu temo que ela vá até o fim. Autocrítica ela não tem. Que economista tem por sinal, eles sempre estão certos, nunca erram.
Faltou-lhe bom senso, carisma, honestidade, humildade, vamos ser sinceros, faltou-lhe capacidade de liderança, que ela nunca teve.
Em nome de seu pai, em nome do país que abriu as portas para um refugiado búlgaro, em nome de um povo fraterno e solidário que permitiu a seu pai e a você vida nova, não destrua ainda mais o país que recebeu a sua família de refugiados.
Você já se revelou uma persona non grata com a classe dominante que permitiu a Família Rusev paz e tranquilidade, ao pegar em armas, assaltar bancos e joalheiros brasileiros, querendo derrubar aqueles que deram à sua família guarida.
Caso V.Exma. decida pedir desculpas a todos que a elegeram, no seu discurso cite pela primeira vez a sua mãe, o seu pai, o seu irmão, e agradeça os quatrocentões brasileiros e a elite dominante que abriu as portas para emigrantes como a sua família.
Não destrua com suas constantes brigas o país que lhe acolheu.
Perceba que você perdeu sua capacidade de liderança, e mais, que você nunca deveria ter aceitado aquele convite do Lula, você colocou a sua ambição acima da sua capacidade de cumprir o prometido.
Pense, se isto é possível.
 

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