• Luis Milman
  • 25 Março 2015

Você quer que o proletariado se integre à vida econômica e social? Não o entregue aos cuidados de quem precisa dele exatamente como está. Leia com atenção este artigo do Prof. Dr. Luis Milman.

 

Desde a década de 80, o Partido dos Trabalhadores, mais especificamente o lulopetismo , estimulou sempre a ascensão do proletariado à cena política de ponta, tutelando-o, estimulando-o, tornando-o agente, ainda que dependente do partido, de transformações na sociedade brasileira. Os métodos de cooptação são conhecidos; distribuição de bolsas-família pelo governo, atendimento popular feito por médicos cubanos, programas de assentamento para sem terra, financiamento para casas populares nas periferias, entre outros. Por essa razão, é importante considerar, no plano da análise sociológica, as implicações desta ascensão para a nação nos últimos 30 anos. Ao contrário do que apregoa o esquerdismo de frases feitas, derivado do Manifesto Comunista de Marx e Engels, o crescimento do proletariado e da sua ideologia é corrosivo, do ponto de vista civilizacional.

A economia de subsídios para os proletários não retira deles a sua condição de párias. Convém lembrar que as palavras “prolertariado” e “´proletário” vêm-nos dos tempos romanos e não dos tempos de Marx. Na acepção romana, um "proletarium" era um homem que não contribuía para a comunidade política com nada, a não ser com a própria prole. Uma tal criatura não pagava impostos (porque não tinha renda suficiente), vivia às custas do público, não cumpria deveres cívicos, não fazia nenhum trabalho digno de menção e não conhecia o significado da solidariedade social ou da piedade. Como massa, os proletários coletivos, o proletariado, são formidáveis; exigem certos direitos – em tempos antigos, pão e circo; em nossos dias, direitos muito mais amplos, que lhes são concedidos para evitar que se tornem violentos como coletividade. Ao Estado, repito, o proletário contribui apenas com os filhos – que, por sua vez, quase sempre viram proletários. Ocioso, ignorante e muitas vezes criminoso, o proletariado pode arruinar uma nação. O que Arnold J. Toynbbe (1889-1975), em "A Study of History – Volume V: Desintegration of Civilization", Parte 1, chamava de “proletariado interno”, arrassou dessa maneira, a civilização romana de mil anos; os invasores bárbaros, o proletariado “externo”, apenas irromperam pelo frágil casco de uma cultura que já havia sangrado até a morte. Karl Marx, o duro inimigo do patrimônio da civilização moderna, conclamou o proletariado moderno a se levantar e a verter sangue em grande escala. O Manifesto do Partido Comunista, de 1848, conclui com as seguintes palavras: 'Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social até aqui existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada tem a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todo o mundo, uni-vos'. Triunfantes no Império Russo após a Primeira Guerra Mundial, na Europa Oriental e tantas outras regiões do mundo pouco depois da Segunda Guerra Mundial, os discípulos ideológicos de Marx instalaram no poder proletários brutais, como Lênin, Stálin, Mao Tse Tung e Fidel Castro, onde se mostraram tão impiedosos quanto estúpidos. As carnificinas, os genocídios e o terror que implantaram quando chegaram ao poder estão relatados nos livros de Stephanie Courtois ET. Al, " O Livro Negro do Comunismo: Crimes , Terror e Repressão" (1999), e de Paul Johnson, "Tempos Modernos: O Mundos dos anos 20 Aos 80 (1999)". Em nossos dias, no Brasil, o proletariado não possui apenas os meios de intimidação por meio da violência; ele tem mais efetivamente o poder da urna eleitoral. Nossos hunos e vândalos têm sido engendrados dentro de nosso País por subsídios estatais e nossas ominosas instituições educacionais e culturais. Ora, no Brasil de hoje, a quem nos referimos quando falamos de um proletariado, de uma classe desenraizada e descontente, que é um ônus para a comunidade política? Primeiro é necessário especificar os grupos que não podemos enquadrar nesta categoria social. O proletariado não é idêntico aos “pobres”. Embora a maioria dos proletários seja pobre, um homem pode ser rico e, ainda assim, proletário, se não for nada mais que uma vergonha para a comunidade política, e se tiver a mentalidade de um proletário. Por outro lado, também há muitas pessoas de renda modesta, que recebem baixos salários e que, mesmo assim, possuem um caráter louvável e são bons cidadãos e, por isso, não se enquadrando na categoria social dos proletários. O proletário não é idêntico ao “trabalhador” – de fato, uma das características do proletário é não trabalhar voluntariamente. O proletário não é idêntico ao “recebedor de auxílio social”, ainda que a vasta maioria dos proletários esteja na lista dos beneficiários deste auxílio. Logicamente, entre aqueles que recebem bolsas e auxílios locais, estaduais e federais, encontramos vários idosos, enfermos, ou pessoas afligidas por algum outro mal, que, contudo, não são tão desventurados a ponto de compartilhar da mentalidade e da moralidade proletária. O proletário não é idêntico ao homem negro que habita os bairros pobres dos centros urbanos. Parece que mais da metade dos proletários brasileiros são brancos e a outra metade gente negra, embora isto signifique, obviamente, que a proporção dos proletários entre a população negra do Brasil seja consideravelmente mais alta do que a proporção de proletários brancos. A população proletária não é apenas a população urbana. Cada vez mais a, a condição de vida proletária se expande até mesmo para remotos distritos rurais. Mesmo em longínquas pequenas cidade do interior, como Vicente Dutra e Panambi, no, Rio Grande do Sul, lúgubres ajuntamentos de casebres em decomposição circundam as ruelas que se projetam da praça central. Por lá, a taxa de crimes, especialmente a venda de drogas, a violência contra as mulheres, os homicídios e os latrocínios crescem a cada ano devido a presença de estratos já significativos de proletários nestas cidades. O proletariado, em suma, é uma massa desenraizada de pessoas, originada de deslocamentos populacionais sucessivos, que perdeu – se é que alguma vez possuiu – a comunidade, a esperança de melhora, as convicções morais, os hábitos de trabalho, o senso de responsabilidade pessoal, a curiosidade intelectual, a participação em uma família saudável, a propriedade, a participação ativa nos assuntos públicos, nas associações religiosas e a consciência de fins e objetivos da existência humana. A maioria dos proletários vive dia após dia, sem refletir. Em tempos de declínio na produção industrial e crise econômica, o proletariado moderno se vê quase sem dinheiro, com pouco trabalho desqualificado disponível e, invariavelmente, numa confusão social e moral. O divórcio, o abandono de esposas e de crianças e o crime endêmico tornam-se mais comuns, assim como o surgimento de pseudofamílias monoparentais, fazendo com que estados democráticos controlados por uma casta política de socialistas, como o Brasil, ativem programas assistenciais extremamente dispendiosos para atender suas demandas. Nosso panorama de políticas públicas é dominado pelo assistencialismo, via benefícios governamentais em grande escala. Ao mesmo tempo, o tecido dos costumes e o sistema educacional públicos se degradam pela ideologização esquerdista e permissiva. As esquinas das grandes cidades são dominadas por guangues de jovens sem futuro, entendiados e ociosos, que adotam como exemplos paternos o dono de bordel, o extorsonário e o traficante de drogas. Se pensarmos nos estados totalitários, ao longo da nossa mais recente história (século XX), constatamos que estes atacaram o problema da desagregação social que está na origem da ascensão do proletariado, com violência revolucionária interna ilimitada, guerras, reformas coletivistas desastrosas e deslocamentos populacionais forçados, gerando miséria generalizada, fome e instituindo o domínio do cotidiano da sociedade por gangues de criminosos com função policial, a serviço do estado. Cuba e Coréia do Norte, onde dinastias comunistas se perpetuam no poder e os níveis de pobreza e ignorância são aterradores, são os países que ainda hoje representam a assunção ao poder da mentalidade proletária; e a Venezuela é o exemplo mais recente do que a proletarização da política, com a correlata assunção de tiranos demagogos ao poder, é capaz de acarretar para uma nação. Passo a analisar um ponto importante No Brasil, ainda são precárias as estatísticas sobre o consumo de álcool e drogas pelos trabalhadores da indústria, mas estima-se, com base em pesquisas realizadas nos EUA, Canadá e Europa, que mais de 30 por cento encontram-se num nível de “debilitação” ou vivem perigosamente sob a influência de narcóticos e álcool, sendo que no setor de serviços a estimativa é de que este número ultrapasse os 20 por cento. Um trabalhador italiano da indústria, por exemplo, que pertence ao grupo consumidor de substâncias psicoativas pode gastar até a metade de seu salário em cocaína, heroína, maconha e bebidas destiladas e, ainda assim, permanecer empregado. Em que proporção este diagnóstico se aplica ao trabalhador industrial brasileiro? Não sabemos ao certo, mas os números, por projeção, nos colocam diante de um quadro muito mais alarmante. E, pelo vigor com que são apregoadas e recepcionadas as doutrinas de tolerância à droga no Brasil, este trabalhador é, certamente, um proletário situado na fronteira do desemprego e da ruptura com todos os padrões morais.

Ele busca alucinógenos ou a estupefação de bebidas muito fortes porque não tem mais nenhum fim ou objetivo na vida. Ele e, provavelmente, sua prole na escola, constituem a ponta de uma cadeia de escala planetária do tráfico e distribuição de drogas, controlado por mafiosos mundiais e locais, associados muitas vezes a governos e a grupos políticos terroristas, que se financiam mutuamente. O vício em narcóticos, convém não esquecer, faz de pessoas com chances de sucesso no trabalho e no estudo, proletários vazios. E quando quase um terço da mão-de-obra industrial está viciada desta forma, por quanto tempo uma sociedade urbana, como nossas cidades, pode se manter coesa? O que dizer, então, dos estratos econômicos inferiores, ligados ao subemprego e à desqualificação profissional? Por quanto tempo os costumes, a moralidade pública, a busca pelo sucesso e o estímulo ao aprendizado, podem resistir à corrosão continuada promovida pelo arremedo de vida proletária, pela embriaguez e a drogadição , que multiplicam a mentalidade proletária nas novas formas de família precária, na espetacularização do gosto vulgar e pornográfico, que a indústria de massa explora, transformando os proletários em consumidores de uma cultura degradada?

É por isso que a contribuição dos proletários à vida pública e aos bons costumes civilizatórios é apenas destrutiva, Como na Roma antiga, eles geram filhos que serão iguais a eles e permanecem à margem de qualquer contribuição pública. Os proletários continuam a ser movidos pelo tédio, pelo pão e pelo circo. Na realidade, estão ligados ao crime e ao ódio à vida civilizada. A forma de enfrentar o problema, nas repúblicas constitucionais, cada vez mais ameaçadas pelo avanço destas hordas nas cidades pequenas e grandes, é a reforma moral radical no sistema de educação pública que, a longo prazo, poderia transformar estas massas destrutivas, paulatinamente, em potenciais cidadãos orgulhosos de suas capacidades, dos valores cívicos adquiridos e, assim, capazes de integrarem-se em redes de atividades produtivas. Mas em países como o nosso, dominados por uma inteligentsia revolucionária, que estimula, usa e financia a cultura proletária para fins ideológicos, é de se esperar que não venhamos a sair da situação dramática em que estamos, ao menos tão cedo. Somente a ação política destinada a recuperar a alta cultura, que foi banida da escola e da universidade, pode alterar este quadro. Esperemos que ela não venha tarde demais.


 

 

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  • Katia Schmidt Filgueras
  • 24 Março 2015

Eu sou da elite. Médica. Branca. Ganho mais de dez salários por mês. Legítima coxinha. Qual dessas características me desqualifica para manifestar minhas contrariedades contra esse ou qualquer governo que seja? Ah! É médica, filhinha de papai, estudou nas melhores escolas, ganhou carro do paizinho quando entrou na faculdade, “nunca precisou pescar”... Idiotices. Não foi assim. Estudei a vida inteira em escola pública (inclusive a faculdade) e não foi por exercício de sociologia dos meus pais. E mesmo que tivesse sido dessa forma estereotipada que tanto se alardeia, uma vaga num curso de medicina não cai na cabeça da gente feito merda de pompo. Há que se ter certo mérito e esforço, por mais dinheiro e boa formação que se tenha.

O mesmo vale para grandes empresários, donos de indústrias, comerciantes, representantes do agronegócio, etc. Ninguém chegou onde chegou, sem arriscar, sem empreender, sem esforço, sem mérito. Essas pessoas não foram agraciadas por Deus com torneiras de ouro por onde jorra dinheiro fácil, como parecem acreditar tantas pessoas (até alguns ditos intelectuais) de uma puerilidade quase cômica, se não fosse ridícula. Ganho mais de dez salários. Estudei (e muito). Ainda estudo. Trabalhei e trabalho para isso. Contribuo proporcionalmente à minha renda.

Quero e exijo o bom uso do dinheiro dos meus impostos. Que esses sejam revertidos em saúde, educação, segurança pública, transporte e infraestrutura. E que eu, como toda a população, possa usufruir de tudo isso. E que o meu dinheiro, dos meus impostos, sirva para proporcionar uma educação pública de excelência a todos aqueles que não têm as mesmas condições que eu hoje tenho. Para que pobres, brancos, negros ou mestiços, disputem em pé de igualdade as vagas nas universidades. Mesmo que eu não utilize o sistema público de saúde, exijo que o SUS seja, de fato, aquele que consta na Lei Orgânica da Saúde. Universal e INTEGRAL. E não esse arremedo desumano que massacra os mais pobres e desanima os profissionais de saúde.

Quero ver o dinheiro dos meus impostos de coxinha revertidos na saúde dos pacientes do SUS. Para que meus pacientes do SUS, não tenham de esperar meses por um exame, na suspeita de um câncer. Para que eu, como tantos outros médicos coxinhas, não tenhamos de continuar lamentando todo dia um diagnóstico tardio em nossos pacientes. NOSSOS pacientes. Pois, quem olha nos olhos das pessoas para dar diagnósticos infelizes, somos nós. Não é o governo. Não são aqueles que a cada quatro anos aparecem na TV pedindo votos e vendendo mentiras. Somos nós! E nós, a elite, temos todo o direito de exigir. Pagamos, como pagam todos, e não temos retorno. Quem vende a ideia de que nós, da dita elite, somos contra bolsa família e benefícios assistenciais, ou a ascensão social dos pobres, é idiota. Aqueles que divulgam o discurso mentiroso de que quem vive em melhores condições sociais e econômicas, o faz a custa do sofrimento dos mais desfavorecidos é alienado ou cafajeste. E é mais do que hora de adjetivarmos adequadamente as coisas.

Temos sido demasiadamente coniventes com o incentivo contínuo a luta de classes em nosso país. Temos aceitado por anos que gente mal intencionada, ou meramente ignorante e doutrinariamente alienada, repita insistentemente esses descalabros nas redes sociais, na imprensa, nas escolas de nossas crianças, nas universidades, em discursos de palanque. É preciso dar o basta. A elite (e que fique bem entendido, “elite”, para os adoradores do termo, não guarda qualquer relação com a condição econômica, eles “colam” o “elite” em quem quiserem, da forma que bem entenderem) precisa exigir mais, e se manifestar mais. Ganharemos nós, os coxinhas, com nossos impostos melhor investidos? Com governos mais responsáveis? Com políticos menos corruptos? Com o crescimento econômico? Com toda certeza. E ganharão os miseráveis, os muito pobres e a classe média baixa também. Só cegos e idiotizados é que não são capazes de enxergar isso. Que fiquem eles com a guerra, que há de ser perdida, da luta de classes. Fiquemos nós com a luta por um país decente para todos. Inclusive para eles. Kátia Filgueras.

* Médica. Erechim/RS
 

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  • Ruy Fabiano
  • 24 Março 2015

(Publicado originalmente em O Globo, 21/03/2015)

Diz-se que uma foto vale mais que mil palavras – e um símbolo mais que mil fotos. Uma das primeiras providências que Lula tomou, ao chegar à Presidência da República, foi mandar recortar na grama do jardim do Palácio da Alvorada uma imensa estrela do PT e pintá-la de vermelho.

Estavam ali simbolizados os valores que pautariam os sucessivos governos petistas. Governo e partido – pior: Estado e partido – passaram a ser uma coisa só, numa linha de raciocínio segundo a qual o que é bom para o PT é bom para o Brasil.

Portanto, apenas o PT – e ninguém mais – sabe o que é bom para o Brasil. Dentro dessa lógica, cabem todo o Mensalão, o Petrolão e outras caixas pretas ainda não vasculhadas (BNDES, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica etc.). O PT inventou a corrupção do bem – e a defende com ódio sincero.

Ainda que a estrela ajardinada tenha sido removida semanas depois, em face das críticas que provocou, seu simbolismo mostrou-se irremovível. “O Brasil é nosso”, dizem os petistas. Lula, no recente ato da ABI, bradou que “a Petrobras é nossa” – isto é, deles, que, com base nisso, a sugaram até a falência.

Num de seus inumeráveis arroubos de palanque, registrados no Youtube, Lula diz que só não descobriu o Brasil porque “não estava vivo naquela época”. Se estivesse, é o que se deduz, teria se antecipado a Pedro Álvares Cabral. Como não foi possível, joga ao lixo os 500 anos que o precederam e inaugura uma nova história.

Esse sentimento de posse em relação ao país e suas instituições explica a, digamos assim, dificuldade do PT em aceitar a alternância no poder. São capazes, nas palavras da candidata Dilma Roussef, de “fazer o diabo” para ganhar as eleições. E fizeram e ganharam, mas o “diabo” mandou a conta, que aí está.

A insistência com que o PT repete que venceu as eleições sugere que ele mesmo não está convencido disso. Venceu, mas como? Mediante compromissos que não está cumprindo e não terá como cumprir. Não só: venceu por estreita margem, que, numa pesquisa, indicaria empate técnico.

Não apenas os 51 milhões de eleitores de Aécio rejeitaram o PT. O que dizer dos 37 milhões que não votaram em nenhum dos dois? De que lado estão? Dilma não parece ter entendido que, na soma total, foi eleita por uma minoria – e mesmo esta acabou frustrada pelo descumprimento das promessas eleitorais.

Isso explica o fato de estar refém de vaias, manifestações e panelaços. Para se locomover, precisa acionar um vasto aparato de blindagem, que contrasta com o fato de estar no terceiro mês deste segundo mandato. O “Fora FHC”, acionado menos de um mês após a posse de Fernando Henrique - reeleito no primeiro turno, em 1999 -, não foi um grito das ruas.

Foi concebido por alguns aloprados do PT, sob o comando do então governador gaúcho Tarso Genro. Não prosperou exatamente porque faltou o grito das ruas. Agora, acontece o contrário: os tucanos se opõem ao “Fora Dilma”, enquanto as ruas bradam por ele. Que governador petista se disporia às vaias de sua base e do adversário – como aconteceu quinta-feira passada, em Goiânia, com o governador tucano Marcone Perillo – para defender a presidente em nome da tolerância política?

O sentimento petista de posse legítima e definitiva do país dificulta a negociação da crise. Documento interno vazado da Secretaria de Comunicação da Presidência da República recomenda que se invista nos blogs sujos – aqueles pagos com dinheiro público para difamar adversários – e nos “guerrilheiros” (sic) virtuais.

Rui Falcão, presidente do PT, pede punição às redes de TV, que, segundo ele, deram publicidade às manifestações do dia 15. Confunde notícia com publicidade: se a notícia é boa, é jornalismo; se é ruim, é publicidade golpista. Como não noticiar dois milhões de pessoas nas ruas do país contra o governo?

O fracasso das manifestações do partido no dia 13 indica que já não manda nas ruas. O “exército do Stédile” carece de mão de obra. Não bastam sanduíche de mortadela e cachê. Sem classe média – a mesma que levou o PT ao poder e hoje o abandona -, não há movimento nas ruas, não há revolução, não há nada.

Marx, Lênin, Stalin, Fidel Castro, Che Guevara eram todos de classe média. É onde se produz e se põe em cena a chamada massa crítica de qualquer sociedade, à direita ou à esquerda.

A “elite branca” – termo racista (e, portanto, criminoso) com que o PT busca satanizar a classe média e apostar na divisão do país – é responsável pela construção do PT, que não possui (nunca possuiu) um único negro em seu comando.

Lá estão os olhos azuis de Marta Suplicy, João Pedro Stédile, Guido Mantega, Gleisi Hoffmann, Renato Duque, entre outros. O mesmo partido que diz ter levado 20 milhões à classe média agora a abomina e discrimina racialmente.

Um partido nutrido nas elites acadêmicas de São Paulo tem tanta legitimidade para rejeitar a “elite branca” quanto para defender a Petrobras. E o resultado de tanta contradição para não “largar o osso” (vide Cid Gomes) é que o partido não vê saída para a crise – e por um motivo simples: ele próprio é a crise.

* Jornalista

 

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  • O Estado de São Paulo - Editorial 23/03/2015
  • 23 Março 2015

 

É sabido que a proposta do PT para "regulamentar a mídia" nada mais é do que a intenção de submeter a imprensa ao governo petista e ao próprio partido. Os petistas douram a pílula para convencer a opinião pública de que não se trata de uma forma de censura e, eventualmente, podem confundir os incautos. No entanto, quem ainda tiver alguma dúvida sobre qual é realmente o espírito que preside esse projeto do partido basta prestar atenção ao que disse o presidente da agremiação, Rui Falcão, em recente reunião com parlamentares do PT na Câmara: o caminho, sugeriu ele, é asfixiar os veículos de comunicação que ousarem portar-se com independência e espírito crítico em relação ao governo petista.

Segundo relatos de participantes do encontro, Falcão defendeu que o governo corte a verba de publicidade destinada a veículos de comunicação que, no seu entender, "apoiaram" e "convocaram" as manifestações populares do último dia 15. Para o presidente do PT, é necessária "uma nova política de anúncios para os veículos da grande mídia". Pode-se depreender que essa "nova política" seja, simplesmente, colocar anúncios do governo somente em jornais e emissoras de TV que sejam camaradas.

Para demonstrar a urgência de uma nova política de distribuição das verbas publicitárias, Falcão argumentou que o clima beligerante contra Dilma e o PT levou até mesmo a TV Record, segundo ele um veículo "simpático" ao governo, a participar da suposta mobilização nacional por parte da imprensa para incitar os protestos de rua - mas isso, disse Falcão, ocorreu somente em razão da "briga por audiência". O importante a se observar é que, ao mencionar a suposta existência de veículos "simpáticos", Falcão demarca o território em que o PT julga disputar a guerra da comunicação: há os amigos e os inimigos. Aos primeiros, tudo; aos segundos, a danação.

Falcão sugeriu que a estratégia usada até agora para enfrentar o que julga ser uma campanha orquestrada pela grande imprensa para desacreditar o partido e o governo não tem dado resultado. "Não se enganem. O monopólio da mídia não será quebrado apenas nas redes sociais. Isso é uma ilusão", disse o presidente petista, referindo-se à comunidade de blogueiros e ativistas digitais montada para defender o PT e agredir sistematicamente a imprensa livre.

Por um momento, os estrategistas do partido julgaram que a guerra da comunicação seria ganha no ambiente virtual. No entanto, como reconheceu um documento da Secretaria de Comunicação Social que criticou a política oficial de comunicação, "o governo e o PT passaram a só falar para si mesmos".

Mas o PT não perdeu espaço apenas nas redes sociais; parece ter perdido também as ruas, lugar onde reinava. Isso explica a aflição de Falcão e de seus companheiros. Como sempre acontece com aqueles que interpretam o mundo exclusivamente por meio da ideologia, e não da razão, os petistas atribuem esses reveses não aos erros que o partido e a presidente Dilma Rousseff cometeram, mas a uma grande conspiração das "elites" para derrubar o "governo popular".
Em flagrante estado de negação, Falcão atribuiu o enorme sucesso das manifestações do dia 15 "exclusivamente" ao suposto trabalho da "grande mídia" - responsável, segundo ele, por tirar as pessoas de casa e por inflar o número de participantes.

Com isso, o presidente do PT, bem como a maioria de seus pares, parece ter se convencido de que nada há de errado no País, que tudo vai às mil maravilhas e que, se não fosse a imprensa "golpista" a conclamar os brasileiros a se manifestar, a população não teria ido às ruas.

A receita petista para resolver esse problema é simples: tratar as verbas de publicidade do governo como se fossem do PT. O princípio da impessoalidade, que deve nortear qualquer administração pública - e está explicitamente inscrito na Constituição -, é estranho a um partido que se acredita proprietário do poder. Por enquanto, Dilma tem resistido aos insistentes apelos do PT para que submeta a imprensa aos desígnios autoritários do partido. Espera-se que seu enfraquecimento político não a faça capitular.

 

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  • Jacy de Souza Mendonça
  • 23 Março 2015

Em Caracas, no dia 5 de março de 2015, João Pedro Stédile, o comandante em chefe do exército ilegal do MST, foi aplaudido entusiasticamente por Maduro ao pregar a luta contra o capitalismo na América Latina e convocar as nações socialistas da região para lutarem pela implantação do socialismo também no Brasil. Naquele momento vieram-me à lembrança as palavras iniciais de Cícero no Senado Romano, protestando contra a revolução que Catilina preparava na periferia da cidade: até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?

Stédile está mobilizando nações estrangeiras para atuarem contra o sistema constitucional do Brasil que, ao contrário dos socialistas, assegura a livre iniciativa (art. 170), utiliza-a como fundamento da ordem econômica (art. 170, IV) e garante o livre exercício de qualquer atividade econômica (art. 170, parágrafo único). Princípios que não se compatibilizam com o sistema socialista.

Como se não bastasse, no dia 9 deste mesmo mês, li, no blog do jornalista Juca Kfouri, uma das páginas mais lamentáveis para esse velho leitor que teve a felicidade de passar a juventude em uma nação pacífica, progressista e feliz e encontra-se na iminência de legar a seus descendentes um País economicamente destroçado, socialmente rompido e politicamente desmoralizado.

Para começar, o Sr. Kfouri critica o povo brasileiro por ter votado em Collor, Maluf, Newton Cardoso, Roseana, Marconi Perilo e Palocci (mesmo sabendo que muitos brasileiros nunca votaram nesses candidatos). Isso porque, no mais perfeito estilo socialista, não aceita que o cidadão eleja quem quer, mas quer que ele seja obrigado a votar no Partido único (ou que se tem por único). Além disso, em um lapso que só Freud explica, ignora que Palocci faz parte da entourage dominante. Estranhamente, não critica esse mesmo povo por ter cometido o crasso erro de votar em Lula, Dilma et caterva.

Em seguida, ignorando fatos e distorcendo evidências, como se tivesse autoridade para interpretar intenções alheias, afirma peremptoriamente que o panelaço do povo não foi contra a corrupção... terá ele coragem de pensar que foi a favor dela? Não! Os favoráveis à corrupção finalmente estão sendo presos e nem ousam andar pelas ruas de nossas cidades. Em outra agressão à verdade dos fatos, diz que o panelaço ocorreu nas varandas gourmet, fingindo não ter visto as fotografias dos jornais e os filmes das televisões que revelam à saciedade, a quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, que cenário dos acontecimentos foram mesmo as vias públicas das grandes cidades brasileiras.

Dando sequência à sua ousadia interpretativa, afirma que a causa do evento se encontra no que denomina o incômodo da elite branca contra a gente humilde. Não, Sr. Kfouri, a elite brasileira, branca, parda, vermelha, amarela ou negra, nunca se sentiu mal com o fato de seus coirmãos ultrapassarem a fronteira da pobreza e começarem a colaborar com o progresso do País. Sempre desejou isso. Nunca houve sentimento de luta de classes entre nós, antes da chegada ao Poder dos atuais dirigentes que, estes sim, estimulam o conflito, como a mídia já mostrou nas palavras furiosas de Lula e Stédile.

Do alto de meus 84 anos de idade, posso afirmar-lhe, Sr, Kfouri, que nunca tinha havido ódio político em nossa História. O brasileiro era pacífico, ordeiro e tolerante. Nunca um rico moveu uma palha contra um pobre apenas por ele ser pobre. Esse sentimento belicoso entre os brasileiros está sendo plantado pelos atuais detentores do Poder. Jogar os pobres contra os ricos, os pretos e os índios contra os brancos, os homo contra os heterossexuais, o norte contra o sul, é técnica marxista adotada rigorosamente pelo PT, às vezes acobertado pelos desordeiros de seu braço revolucionário, o MST, com o propósito de solapar a sociedade.

Não diga também, Sr. Kfouri, que o governo atual é de centro-esquerda. Não, não é. Ele é de esquerda-esquerda e só não é ainda mais esquerdista por temer reações e porque espera o momento adequado para fazê-lo. Nem diga também que seu Partido defende os pobres e os trabalhadores contra os ricos. Serão porventura pobres os seus correligionários que roubaram a mãos cheias as estatais, a ponto de, pela primeira vez no mundo, levar ao estado falimentar uma empresa petrolífera, precisando por isso serem aprisionados? Algum trabalhador ou algum pobre foi beneficiado pelos bilhões roubados por seus correligionários? Quem ajuda o trabalhador, Sr. Kfouri, é o capitalista que coloca seu patrimônio a risco, investindo para gerar empregos, graças aos quais os trabalhadores podem sustentar suas famílias. Não dá mesmo para perceber isso?

O senhor diz que os liberais e os ricos perderam a eleição, não aceitam isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. Não posso nem suspeitar que o senhor seja cego. O senhor não percebeu realmente que os únicos portadores e usuários de armas são seus companheiros do MST, são seus colegas do exército de Lula e Stédile? Leia, então, os jornais e assista às televisões. É tão evidente que não creio possa passar despercebido a seus olhos.

Realmente, Sr. Kfouri, nunca dantes nesse País se roubou tanto no governo. Como jornalista, visite os arquivos dos jornais, revistas e TVs e terá a confirmação desse fato. Ou, se quiser, procure os arquivos de processos no fórum e nos Tribunais de qualquer Comarca e qualquer Estado. Certamente os fatos irão desmascarar a parcialidade de sua posição.
Mais ainda: protestar contra o estado de coisas do governo, com ou sem panelaço, não é falta de senso do ridículo, não. É patriotismo puro. Seus colegas devem até agradecer aos céus por esse povo ser tolerante; assiste abismado aos desmandos dos governantes e limita-se a gritar pacificamente fora, Dilma!

Não foi só na zona leste de São Paulo que não houve panelaço por falta de luz e de água. O senhor deve saber que o Brasil inteiro, além da carência de água e luz, não tem portos (embora seu Partido tenha construído um em Cuba com o dinheiro arrecadado à força dos brasileiros), aeroportos e rodoviárias adequadas; não tem linhas para a transmissão da energia gerada em suas usinas; não tem saúde nem educação nem previdência; não tem segurança... não tem nada! E já teve. Foi perdendo tudo isso na última década, em consequência à desastrada política econômica e fiscal de seu Partido.

Acho, enfim, arriscado afirmar que Dilma foi eleita democraticamente quando as provas estão se acumulando segundo as quais ela foi eleita graças ao dinheiro surrupiado dos cofres público das empresas estatais...

 

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  • Bruno Braga
  • 22 Março 2015


"Jamais se guie pelas aparências; sempre se funde em dados concretos. Não há regra melhor do que essa" [1].


O protagonista do romance de Dickens havia se enganado quanto à identidade do "benfeitor" que patrocinava suas "grandes esperanças". Perplexo, ouviu do advogado - e também seu tutor - uma orientação que, para os termos deste breve artigo, será preservada como princípio de investigação.

Ion Mihai Pacepa - um ex-agente do serviço de inteligência da Romênia comunista - revelou que os soviéticos utilizaram o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) para chancelar a Teologia da Libertação. Um simulacro de teologia criado pela KGB para ser inoculado na Igreja Católica, capaz de distorcer maliciosamente o sentido da fé e instrumentalizá-la em favor do projeto de poder revolucionário. Pacepa - que participou diretamente da operação - conta o seguinte:
"O CMI, sediado em Genebra e representando a Igreja Ortodoxa Russa e outras pequenas denominações em mais de 120 países, JÁ ESTAVA SOB O CONTROLE DO SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA INTERNACIONAL SOVIÉTICO. POLITICAMENTE, HOJE AINDA PERMANECE SOB O CONTROLE DO KREMLIN por meio de muitos sacerdotes ortodoxos que são proeminentes no CMI e ao mesmo tempo agentes da inteligência russa" [2].
Muito bem. O senhor Leonardo - ou melhor, Genézio - Boff é um dos mais conhecidos "apóstolos" da Teologia da Libertação. E - quem sabe, não por coincidência - é um ilustre participante dos eventos promovidos pelo CMI. Na foto abaixo, ele aparece ao lado de "frei" Betto - outro ícone da teologia revolucionária - em um tal "Fórum Mundial sobre Teologia e Libertação". Evento realizado em Porto Alegre, em 2005, e patrocinado pelo Conselho Mundial de Igrejas [3].

Para aproveitar o "fenômeno" Francisco, Genézio - um crítico contumaz dos antecessores do Pontífice argentino - transformou-se em um entusiasmado papista. Expressou todas as suas expectativas em um livro: "Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja". Nele, não se envergonhou - em sua "grande esperança" de construir uma "nova igreja" - de sugerir ao Papa estabelecer "o Dicastério da UNIDADE dos cristãos em Genebra, perto do CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS" [4].

Seria apenas coincidência? Ou melhor, seria apenas "mais uma" coincidência? Porque, além da Teologia da Libertação, Pacepa ainda denunciou uma das bases utilizadas para disseminá-la pela América Latina: o "Christian Peace Conference" (CPC). Uma organização religiosa internacional sediada em Praga e que era mais uma criação dos soviéticos [5]. Brian Norris, que participou de uma das assembleias na Tchecoslováquia, confirmou o caráter "pró-comunista" do CPC [6]. Não faz muito tempo, o Christian Peace Conference mantinha um site na internet, e quem contribuía com a sua plataforma de "evangelização" era - ora, ora - o senhor Genézio Boff [7].

É momento então de retomar o conselho do personagem de Dickens: "Jamais se guie pelas aparências; sempre se funde em dados concretos. Não há regra melhor do que essa". Pois bem. Já não se sabe o bastante sobre Genézio Boff para apontar a sua verdadeira identidade? Para alertar os incautos e ingênuos - sobretudo os católicos - que, caso se deixem impressionar pela "aparência" de "teólogo" e de "intelectual", serão fatalmente levados ao engano? E que, pelos "dados concretos" - considerando o objetivo prático dos seus escritos e discursos, as suas companhias e o histórico de sua militância - Genézio Boff é um agente político a serviço de um projeto de poder? Talvez seja oportuno tomar outro trecho do "Grandes esperanças". Não é uma orientação. É apenas uma lembrança do protagonista, a de quando ele deixa a sua pequena aldeia em direção a Londres e diz: "E todas as névoas se haviam dissipado solenemente, e o mundo se abria para mim" [8].


REFERÊNCIAS.

[1]. DICKENS, Charles. "Grandes esperanças". Trad. Paulo Henrique Britto. Penguin Classics Companhia das Letras: São Paulo, 2012. p. 460.

[2]. Cf. "A KGB criou a Teologia da Libertação". Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013) - escrito por Ion Mihai Pacepa e Ronald J. Rychlak [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html].

[3]. Cf. [http://www.wcc-coe.org/wcc/what/jpc/wsf2005-events.html].

[4]. BOFF, Leonardo. "Francisco de Assis e Francisco de Roma": uma nova primavera na Igreja. Mar de Ideias: Rio de Janeiro, 2014. p. 60.

[5]. PACEPA, Ion Mihai. "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].

[6]. NORRIS, Brian. "Crítica do 'Christian Peace Conference'". Trad. Bruno Braga. Publicado no periódico "Religion in Communist Lands", Keston Institute, 1979, Vol. 7/3. pp. 178-179 [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/07/critica-do-christian-peace-conference.html].

[7]. Cf. Nota [6], Apenso I.

[8]. Cf. Nota [1], p. 234.
 

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