• Pedro Henrique Mancini de Azevedo
  • 26 Junho 2016

 

"No Brasil, criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina." (Nelson Rodrigues)

Nas histórias em quadrinhos do Super-Homem, existe um planeta fictício chamado Mundo Bizarro. Trata-se de um planeta simetricamente oposto a realidade vivida pelo Super-Homem, no planeta Terra. No Mundo Bizarro, existe tudo que existe no planeta Terra, inclusive o Super-Homem, só que totalmente o oposto do real.

As vezes acho que esse é caso do Brasil. Tudo aqui ocorre de maneira oposta e contraditória. Aqui, criminosos são vítimas; traficantes são viciados; música pornográfica é cultura; roubar terra é justiça social, e por aí vai.

Por essas e outras, não deveria me surpreender ao ver notícias como a de que Jandira Feghalli - comunista de carteirinha e deputada federal pelo PC do B -, foi acusada de receber R$100 mil de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato para sua campanha. Ora, onde está toda aquela balela de lutar contra o "grande capital"? Uma comunista que recebe doações de grandes empresas é o equivalente a um membro do Estado Islâmico que aceita um iphone de um americano. Nada a ver. E onde está toda pureza comunista? Sim, porque além de aceitar doações de empresas, há a acusação de que a verba vinha de propina. Parece que os santos comunistas gostam mesmo é de viver como capitalistas, vide Fidel Castro e Nicolas Maduro.

Aliás, essa não é a primeira vez que Jandira Feghalli tenta viver como uma burguesa. Jandira abriu um restaurante de comida árabe no Rio de Janeiro, que vendia, pasmem, Coca-Cola a R$10 e kibes a R$15! E onde Jandira abriu esse restaurante? Na Rocinha ou no Vidigal, onde está o proletariado? Nada disso, foi em Copacabana mesmo. E por incrível que pareça, ainda tem mais. A defensora da classe trabalhadora tem nada mais nada menos do que sete processos trabalhistas contra ela. Não é hilário? Realmente não se fazem mais comunistas como antigamente.

O mais triste disso tudo é saber que existem vários gêmeos siameses de Jandira Feghalli entre os candidatos a prefeitura do Rio de Janeiro. Estão lá figurinhas como Marcelo Freixo, Alessandro Molon, além de, é claro, a própria Jandira. E mais triste ainda é saber que muitos cariocas caem nessa conversinha comunista. Muitos parecem querer viver no fantástico mundo de Chico Buarque, esquecendo-se que o "poeta" vive mais em Paris do que no seu amado Rio.

E a coisa não para por aí. Não é novidade para ninguém que o Rio é uma das cidades mais violentas do Brasil. Qualquer pessoa que acompanha minimamente o cenário político sabe das bandeiras que essa esquerda carioca defende. Eles estão sempre lá achando um absurdo a quantidade de bandidos que estão nos presídios, um absurdo como os menores infratores são tratados, um absurdo toda "faxina social" que a "polícia fascista" faz nas favelas, etc. Sendo assim, votar em candidatos como Freixo, Molon e Feghalli - que defendem abertamente criminosos em detrimento dos cidadãos de bem -, é de uma contradição que não tem tamanho.

Mas o brasileiro parece ter perdido a noção das coisas. Vejo pessoas achando um absurdo, chocadas com um ataque terrorista nos EUA – mesmo tendo acontecido 15 anos após o último atentado – e não se chocam com o nosso terrorismo diário, que não nos permite nem falar no celular na rua por termos medo de sofrermos um latrocínio. Sim, existem os malucos nos EUA que volta e meia invadem escolas e saem matando pessoas. Mas por mais chocante que isso seja, o jornalista canadense Dan Gardner já demonstrou que nos últimos 30 anos morreram, em média, três vezes mais pessoas atingidas por raios do que por atiradores surtados nos EUA. Já aqui no Brasil, o raio cai muitas vezes no mesmo lugar.

Por isso, não dá para entrar na conversinha do esquerdista Obama, que pede controle de armas toda vez que acontece um atentado como este. Talvez Obama devesse fazer um benchmarking no Brasil e ver o quão "bem sucedido" foi o nosso estatuto do desarmamento. Aqui, o sucesso dessa lei foi tão grande, que crianças de 10 anos usam armas para matar policiais. E adivinhem só: tem gente, como os jornalistas petistas Juca Kfouri e José Trajano, que acham que o absurdo maior neste caso foi justamente o policial matar uma criança de 10 anos! Ou seja, esqueçam que essa criança portava uma arma e estava furtando um carro, o importante mesmo é acusar a polícia opressora.

Enfim, esse é o Brasil, o país dos absurdos, das contradições e da falta de noção. Digam a verdade, somos ou não somos um país bizarro?


 

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  • Silas Velozo
  • 25 Junho 2016

Poemas e poesias em louvor do livre mercado e do capitalismo devem ser poucos e raros. Este é um deles. Aqui, um ex-militante do atraso faz um poema em louvor ao livre mercado e ao capitalismo.
 

Na loja de parafusos,
centenas de pequenas caixas,
cada mínima peça com seu preço.
E assim, bens e serviços
por aí, em quase todas ruas do planeta.
Objetivados por seus custos,
nutrem nossas vidas.
Flocos do meu coração magnetizavam
o amor diluído
nessas atividades humanas,
meus olhos provavelmente brilhando.

Nosso ancestral mais remoto
nunca imaginaria essa comunicação
através das coisas do dia a dia.
Atravessando espinhos
na mata densa ou no cerrado
na aurora da humanidade,
fugindo de bichos, à procura de comida,
abrigo, companhia ou cura,
ele não poderia crer
num dia onde tudo também
se falasse pelos preços,
que a grande colmeia humana
levaria a vida adiante
de forma muito mais fácil e prática,
nossas mentes livres a voos maiores.

Bilhões de vidas fizeram-fazem isso,
cada qual em seus passos e ofícios,
tudo tecido sem saber o tamanho,
textura, cor ou a utilidade transcendente dessa teia
que nos une e tantos chamam de mercado, capitalismo,
como poderíamos chamar de encontro,
praçona, interconexão, homos gregarius.

Saí da loja de parafusos
sorrindo do tanto que já fui confuso
quando malhava o capital.
Abracei invisível
tudo e todos a girar na imperfeição harmônica
de negócios esparramados pelo mundo.
Apesar dos inevitáveis problemas,
nossa condição humana se eleva
ao nos agregarmos nessa cosmovia
que tantos nomes é-foi chamada,
mas atende simplesmente como Economia.

Aqui, minha pequena atitude de gratidão.
 

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  • Luís Olímpio Ferraz Melo
  • 22 Junho 2016


(Publicado originalmente em Diário do Poder)


A “delação premiada” do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, parece muito com o acordo feito no governo da Colômbia com o megatraficante colombiano Pablo Escobar (1949-1993) para que ele cumprisse as condenações criminais por tráfico de drogas. Escobar era naquela época um dos homens mais ricos do mundo, tinha grande poder político no seu país e, como imposição para se entregar e cumprir a pena, construiu o seu próprio presídio onde levava uma vida nababesca com todas as regalias possíveis e imaginárias, talvez até melhor do que se estivesse solto, pois lá a segurança era reforçada.

Machado conseguiu com o Ministério Público Federal brasileiro negociar a sua “prisão domiciliar”, pois se estima que a sua condenação será de 20 anos de reclusão, mas com a “delação premiada” tornar-se-á uma pena alternativa em que terá que usar tornozeleira eletrônica e logo estará livre novamente. Machado mora em Fortaleza, no bairro mais nobre da cidade, numa luxuosa mansão com piscina, sauna, quadra poliesportiva, etc. e poderá ainda conviver com 27 pessoas, incluindo um padre para tentar orientá-lo a não mais surripiar o dinheiro público. A mansão de Machado é o sonho de prisão de todo criminoso, pois não deve ser difícil e nem deprimente cumprir essa “prisão domiciliar”, lá podendo, inclusive, tomar bons vinhos da sua sofisticada adega...

O que chamou a atenção na “delação premiada” do nababo Machado foi que ele devolverá espontaneamente R$ 75 milhões referentes à sua parte nas propinas por ele arrecadada enquanto à frente da Transpetro — nem imagino quanto os outros receberam. Se Machado era apenas o “caixa” — alguns o chamam de “laranja” — dos caciques políticos de Brasília e tinha todo esse valor embolsado como sendo “seu”, é tentador imaginar que a corrupção no Brasil é bem maior do que se imagina, seja lá o que se imagina...

* Advogado e psicanalista

 

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  • Fernando Gabeira
  • 20 Junho 2016


(Publicado em gabeira.com.br)

No poema de Antônio Cícero, o inverno no Leblon é quase glacial. Lembrei-me do poema e da canção cantada por Adriana Calcanhotto porque fez frio no Leblon. Imagine em Curitiba.

Enquanto a economia brasileira vai, aos poucos, buscando seu rumo, a imprevisibilidade maior está na política e em seus desdobramentos.

O deputado Eduardo Cunha deve cair e pode passar o inverno na cadeia. Isso é previsível; o comportamento dele, uma incógnita. Seria ele capaz de enfrentar longos anos de cadeia, sem buscar um acordo de delação premiada?

O mais resistente dos empresários, Marcelo Bahia Odebrecht, parece decidido a fazer a delação premiada. Os que resistem com base ideológica, como José Dirceu e João Vaccari Neto, teriam acenado com uma nova modalidade de acordo: a leniência partidária.

De um modo geral, os acordos de leniência são feitos com empresas. Um acordo de leniência partidária seria uma jabuticaba, e sua menção foi criticada por procuradores. Tudo indica que suas chances são mínimas. A proposta revela uma inflexão. Os partidos são responsáveis pelo que aconteceu nos governos do PT. Vaccari não pegava todo aquele dinheiro para guardar em sua mochila. Nem José Dirceu usou a fortuna que lhe foi destinada apenas com gastos pessoais.

O que eles parecem estar querendo dizer é isto: não é justo que apenas alguns indivíduos paguem por um comportamento que envolve uma organização partidária.

Naturalmente, está contida nessa proposta a sugestão de que trabalharam para o partido e esperam, agora, uma socialização da responsabilidade.

É possível que esteja embutida na proposta a espera da própria redução da pena, na suposição de que a divisão do fardo alivie os ombros dos indivíduos.

Acho ingênuo supor que os partidos sobrevivam depois de reconhecerem sua culpa e pagarem pesadas multas. Mas, se escaparem, não estariam sobrevivendo como uma farsa, fingindo que nada aconteceu?

Uma outra variável importante neste cenário foi o pedido de prisão da cúpula do PMDB. O pedido vazou, foi criticado, defendido e acabou sendo negado esta semana pelo ministro Teori Zavascki.

Observando-o à distância, dois fatores emergiram no próprio vazamento. Um deles é a articulação para sabotar a Operação Lava Jato. O outro, a pura distribuição de propinas: quem levou quanto, por que e quem entregou o dinheiro?

Mesmo sem entrar no mérito de um texto que desconheço, é possível concluir que não só teremos o presidente da Câmara preso, mas o do Senado sob constante pressão.

A Lava Jato tem seu rumo, a recuperação econômica, também o seu. Cada qual segue seus trilhos, mas a tendência no horizonte é de que a Lava Jato, por meio de extensas delações, apresente uma radiografia completa do processo de financiamento político no Brasil.

Isso significa que é muito tênue o fio da recuperação econômica quando o processo político entra em decomposição.

Muitos acham que o problema foi resolvido com o financiamento público de campanha. Não foi. Há sempre novos truques na cartola. E a Lava Jato não conseguirá repatriar todo o dinheiro desviado, favorecendo alguns competidores no futuro próximo.

Os partidos seguem um pouco como sonâmbulos. Mas deviam perceber que, apesar da responsabilidade dos indivíduos, o próprio sistema político se inviabilizou.

Nada será como antes da Lava Jato. Será preciso aprender a fazer campanha com pouco dinheiro, quase nenhum, abandonar as superproduções do marketing, retornar ao mundo das ideias.

A ideia de José Dirceu e de Vaccari – se é que é deles mesmo – não tem nenhuma chance de vingar. Mas isso não impede os partidos de buscarem a Lava Jato dispondo-se a discutir responsabilidade e reparação.
Imagino como as raposas do PMDB ou mesmo o núcleo duro do PT devam achar ridícula essa proposta. Lembro apenas de uma frase célebre: a raposa sabe muitas coisas, o porco-espinho sabe uma só, que é se defender.

O estar na cadeia é a compreensão de que o mundo ruiu e o passar do tempo na cela, um longo aprendizado sobre negação, resistência e, finalmente, o desejo de negociar.

A experiência de cadeia também mostra que, quanto mais autoconfiante você se mostra, mais dura é a queda.
O que José Dirceu e Vaccari parecem ter dito com a proposta é isto: Não fomos apenas nós. Onde estão os outros?

Esse tipo de apelo parece muito distante de Lula, que é a voz mais poderosa do PT. Ainda há poucos dias ele voltou a dizer numa entrevista para o exterior que ninguém é mais honesto do que ele, nenhum procurador, juiz ou delegado.

Ele não consegue entender o absurdo de sua frase. Como é que o líder máximo de um partido que dominou o País com uma corrupção sistêmica, com tantos companheiros na cadeia, continua se achando o mais honesto do País?

Lula e Dilma vivem ainda na fase da negação. O que prolonga essa ilusão é a certeza de que muitos não conhecem os fatos e os tomam por perseguidos políticos. E que os círculos mais próximos continuam coniventes com tudo o que aconteceu na presunção de que o cinismo é a única alternativa num mundo em que os fatos importam menos que as narrativas.

Os ventos que sopram de Curitiba podem congelar essas ilusões. Marcelo Odebrecht, José Dirceu e João Vaccari Neto, a julgar pela ideia de leniência partidária, descobriram que acabou o tempo de fingir que não aconteceu nada.

Aprender com os caídos torna a própria queda menos dolorosa. Não posso garantir que a verdade liberta. Ela pode levar gente para a cadeia. Mas seu efeito positivo será uma lufada de vento fresco na política brasileira.
O faz de conta vai acabar e a realidade que nos espera é um sistema político em ruína. Pode ser o marco inicial da reforma.


 

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  • Jorge Béja
  • 20 Junho 2016


(Transcrito da Tribuna da Internet)

Desde o início dos trabalhos na Câmara dos Deputados – e agora no Senado Federal – do processo de Impeachment, o país inteiro passou a conhecer a advogada e professora de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP) Janaína Conceição Paschoal. Conhecer e admirá-la. Sou um deles. E dela me tornei amigo por correspondência, pois não nos conhecemos pessoalmente. Até o final do ano Janaína virá ao Rio com sua família. E para atender seu pedido, vou levá-los, todos, ao Cristo Redentor.

A subida ao Corcovado vai ser feita pelo bondinho da Estrada de Ferro do Corcovado (EFC), empresa pública federal, da qual fui diretor-jurídico de 1970 a 1972, quando integrava a Superintendência das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional. Hoje, a EFC continua patrimônio da União. Mas através de licitação, foi entregue à família Neves, de Tancredo e Aécio, que a administra primorosamente.

ADMIRAÇÃO A JANAÍNA – Me curvo à sabedoria, ao talento, ao empenho e à determinação de Janaína Paschoal. Eu e muitos de nossos leitores, destacando-se Francisco Bendl, no Rio Grande do Sul, o médico psiquiatra e psicanalista Ednei Freitas, o advogado João Amaury Belem, ambos do Rio e uma muita gente mais.

Mexeu com Janaína, mexeu comigo. Uso esse bordão brasileiro para externar minha admiração, carinho e respeito por Janaína Paschoal. Ontem, sábado, ao ler aqui no Rio onde moro a coluna de Jorge Bastos Moreno em O Globo (Moreno é aquele jornalista que noticiou que o presidente Temer iria demitir o jurista Fábio Medina Osório e errou, pois ele não foi demitido e continua como Advogado-Geral da União), dei de cara com uma nota que logo repassei para a doutora Janaína, que mora em São Paulo. Escreveu o jornalista:

“Síndrome de Estocolmo – Cardozão, que não perde a fama de galanteador – e já pagou caro por isso, pois uma colega de Ministério, desavisada, acreditou e ficou no seu encalço –, tem abusado nos galanteios a Janaína Paschoal, a advogada do impeachment. Dilma que já deu várias broncas nele por causa desse perfil, avisou Cardozão que considera um pouco demais o seu assédio a uma algoz do PT“.
Não demorou muito, Janaína me respondeu. E com toda razão, muito aborrecida. Disse que não sabia o motivo de ser “plantada” uma notícia desse tipo. “Será possível que uma mulher não pode trabalhar sem ser desmerecida!”, desabafou.

MENSAGEM A O GLOBO – Em seguida, a doutora Janaína Paschoal mandou mensagem para o e-mail do jornalista Alan Gripp, chefe da Editoria País do O Globo. Eis a nota da advogada:
“Repúdio. Caro Sr. Alan. Uma nota desprezível, envolvendo meu nome, foi publicada na edição de hoje. A nota mentirosa foi da autoria do jornalista Moreno. Sinto que um jornal do porte de O Globo se preste ao triste papel de atacar uma mulher dessa maneira tão vil. Sou uma profissional dedicada e respeito quem não concorda com meus posicionamentos jurídicos e políticos. Sou casada há anos e, com os embates havidos, desde o início do processo de impeachment, tenho sido tratada com muito respeito por todos. Pena um jornalista precisar se promover dessa maneira. Janaína Conceição Paschoal.”

ACONSELHAMENTO – Vai aqui um recado (ou conselho) meu a Jorge Moreno. O nome de uma pessoa é um dos bens mais importantes para o Direito, de todas as gentes, de todos os povos. Sua inviolabilidade está garantida na Constituição Federal. Integra o chamado Direitos da Personalidade. É um bem sagrado para os cristãos (e por que não para todos os demais credos?), eis que pronunciado pelo sacerdote no momento do recebimento do sacramento do Batismo. Quando era ainda recém-nascida, ao ungir com sal e óleo a cabeça, o peito e os pés de Janaína, o sacerdote ia pronunciado: “Janaína, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Sua nota, sr. Moreno, desafia e debocha desse transcendental mistério. Ofende e magoa. E a todos alcança, ao esposo, filhos, irmãs e pais da advogada. E leva o leitor a acreditar numa mentira, que mais fragiliza sua reputação de jornalista e desabona um dos mais importantes e renomados jornais do mundo, O Globo, que lhe dá espaço e emprego. O senhor, jornalista Jorge Moreno, causou grave dano moral à advogada Janaína Paschoal.

Ainda no âmbito da boa convivência social, espera-se que o senhor transcreva, na mesma coluna, o inteiro teor da nota de repúdio que a eminente advogada e professora de Direito Penal da USP enviou ao jornalista-Chefe da Editoria País, Alan Gripp. É o mínimo que por ora se pede. É o mínimo das suas muitas obrigações e muitos deveres para com o próximo e para com seus leitores.

 

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  • Bruno Braga
  • 19 Junho 2016

 

Os estados e os municípios tornaram-se alvo de protestos. As manifestações foram intensificadas com rapidez e certa eficiência com o afastamento da Presidente Dilma Rousseff após a abertura do processo de impeachment. Não se trata de obra do cidadão comum, descontente com a situação política do país, mas de uma iniciativa relativamente organizada.

No XXI Encontro do Foro de São Paulo, realizado em 2015, no México, houve um evento próprio para "Autoridades Locales y Sub-nacionales". O objetivo era transferir os projetos comunistas para as Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas. Um movimento estratégico de interiorização que afastaria deles os holofotes nacionais e, consequentemente, os deixariam menos expostos a críticas e resistências. Tendo em tais esferas administrativas - municípios e estados - uma rede de militantes e grupos de pressão disfarçados de "movimentos sociais", o trabalho de implementar os projetos seria em tese facilitado. Exemplo disso foi a tentativa sorrateira do governo petista de patrocinar a inclusão da ideologia de gênero nos planos municipais e estaduais de educação depois que o Congresso Nacional baniu o disparatado projeto de engenharia social e comportamental do Plano Nacional de Educação (PNE) [1].

Então veio a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, e o fantoche do Foro de São Paulo viu-se afastado da Presidência da República. A militância comuno-petista mais ostensiva - os sem-terra e os sem-teto - havia prometido: se isso acontecesse, o Brasil iria parar [2]. Bastou a ordem de comando para que toda a rede de agentes e de grupos de pressão passasse a agir em nome da "democracia" e contra um suposto "golpe". Militantes com o disfarce de "movimentos sociais" e "populares", em entidades de classe e sindicatos, fantasiados de "estudantes" e "professores", com a máscara de "intelectual" e "agente cultural". Greves, paralisações, reivindicações de Ministérios, ocupações de escolas, Institutos e Universidades Federais - que são centros de adestramento da militância comunista -, ocupações das Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas.

A tropa recebeu o reforço de João, o "padre" do PT que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados [CDHM] e anunciou: o colegiado será uma "trincheira" de "luta" e de "resistência". Para a batalha, o "apóstolo" da Teologia da Libertação reuniu aquele mesmo "exército" de "movimentos sociais" que está a serviço do PT para gritar contra o "golpe" e fazer terrorismo com "direitos" que foram supostamente "adquiridos" e "conquistados" - ou mesmo inventados como arma de guerra [3].

Claro, não se trata aqui de negar os problemas e dificuldades de ordem local, absolver prefeitos ou livrar os governos estaduais de suas responsabilidades, mas sim observar a estratégia ardilosa de utilizar esses problemas e dificuldades - ou mesmo de criá-los - como pretexto para abrir vários focos de "luta" e, com eles, forçar o acolhimento das reivindicações "populares", apresentadas por agentes, grupos, movimentos ditos "sociais" comprometidos com a preservação do esquema de poder comuno-petista.


REFERÊNCIAS.

[1]. "Foro de São Paulo: confabulação comunista no México" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/08/foro-de-sao-paulo-confabulacao.html].

[2]. Cf. (a) "'O Brasil será incendiado por greves e ocupações se houver impeachment e prisão de Lula', diz Boulos". Estadão, 22 de março de 2016 [http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-sera-incendiado-por-greves-e-ocupacoes-se-houver-impeachment-e-prisao-de-lula--diz-boulos,10000022683]; (b) "Líder do MST convoca greve geral caso o impeachment seja aprovado". Valor, 16 de abril de 2016 [http://www.valor.com.br/politica/4526427/lider-do-mst-convoca-greve-geral-caso-o-impeachment-seja-aprovado].

[3]. Cf. (a) "CDHM: 'Padre' do PT comanda 'trincheira' comuno-petista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/cdhm-padre-do-pt-comanda-trincheira.html]; (b) "Mariana: 'movimentos populares' e 'trincheira' comuno-petista [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/mariana-movimentos-populares-e.html].

 

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