• Marcel Van Hattem
  • 15 Novembro 2015


Em primeiríssimo lugar, registro aqui minha absoluta solidariedade a todo o povo francês e a cada familiar e amigo das vítimas dos horrendos e abomináveis atentados terrorista que o Estado Islâmico já reivindicou como sendo seus em Paris.

Que episódios mais tristes, lamentáveis, repugnantes! O ser humano, infelizmente, consegue superar as nossas mais terríveis expectativas sobre o quão mau e perverso ele pode ser quando doutrinado e cegado por uma ideologia. Os horrores de regimes nazistas e fascistas no passado e comunistas no passado e, lamentavelmente, ainda no presente, fazem-nos refletir sobre o dever que temos, todos nós, defensores do Estado de Direito, da democracia e da liberdade, de continuar sempre vigilantes e ativos.

Faço essa introdução pois, sobre a tragédia parisiense, agravam ainda mais a situação os desastrosos e mesmo criminosos posicionamentos de certas figuras públicas de esquerda ao determinar suas supostas "causas". Os corpos ainda estavam sendo arrastados pelas ruas, o Estado Islâmico ainda não havia assumido a autoria dos atentados e alguns "iluminados" da esquerda já procuravam denunciar o "capitalismo" e o "neoliberalismo" - esse jargão vazio e pejorativo - como responsáveis pela tragédia.

Como o filho traquinas que é pego pela mãe com a boca na botija e aponta o dedo para o irmãozinho inocente a fim de safar-se do castigo, a esquerda nacional e mundial foi pródiga em abusar da tragédia francesa para apontar culpados os mesmos fantasmas de sempre e isentar-se da própria responsabilidade sobre a tragédia por muitos anunciada.
"Esse terror q agiu em Paris nem declarou sua 'causa'. Mas, em geral, o terror reforça o que supostamente quer combater: xenofobia, racismo...", declarou no Twitter hoje, às 8h51, o "expert" deputado Chico Alencar, do PSoL - o novo partido dos socialistas de iPhone brasileiros¹. "Atentado em Paris mata dezenas: desordem neoliberal no planeta atirou a incerteza que espalha a peste da guerra e do nacionalismo xenófobo"², alertava a Carta Maior - um daqueles sites e blogs chapa-branca-petistas que vivem de dinheiro público para contar suas mentiras, em tweet ontem, ainda, às 21h21. E, para colocar a cereja no topo do bolo, sua excelência, o Sr. General das Forças Armadas Petistas-Bolivarianas-Sem-Terra convocadas por Lula contra a população, João Pedro Stédile, em entrevista à rádio Guaíba aqui no RS, declarou que a "responsabilidade por atentados é das grandes empresas"³.

Como vocês perceberam, eu demorei um pouco para me pronunciar aqui. Sou cauteloso, quero juntar as peças do quebra-cabeça antes, avaliar bem a situação para, aí sim, me pronunciar. E confesso que, ainda assim, falar sobre esse assunto, mesmo sendo especialista em relações internacionais, é sempre um desafio.

No entanto, uma coisa é certa: além da solidariedade ao povo francês e aos familiares e amigos das vítimas, não posso deixar de manifestar meu repúdio a essa esquerda que desfere o tapa e esconde a mão. Uma esquerda que defende jihadistas, o Estado Islâmico e ditadores em teocracias islâmicas que oprimem mulheres, perseguem gays e impedem qualquer exercício de liberdade religiosa enquanto essa mesma esquerda faz discursos, aqui no Brasil e alhures, em defesa de minorias.

Hipócritas!!! Criminosa e dolosa hipocrisia!
E quanta perversidade, abusando da dor alheia com os atentados terroristas para continuar batendo na tecla de que a culpa é das "empresas", do "capitalismo", do "neoliberalismo". Na verdade, essa esquerda faz exatamente a MESMA COISA que os islamistas fazem com aqueles que são arrebanhados para suas jihads e para o Estado Islâmico: busca DOUTRINAR a mente dos incautos em favor de suas ideologias tortas, moribundas, totalitárias e, pior de tudo, assassinas e mortíferas.

Repito: fica aqui o nosso compromisso de refutar, dia e noite, todas as barbaridades pronunciadas por essa esquerda totalitária e renova-se nosso dever de defender sempre, em todas as circunstâncias, a verdadeira liberdade e a verdadeira democracia, que só são possíveis em uma sociedade livre, que tenha economia de mercado e Estado de Direito. Só.
Isso prova a teoria, isso prova a história e isso está nos provando, infelizmente mais uma vez, também o presente.
--
¹Fonte: https://twitter.com/depChicoAlenc…/status/665482303502721024
²Fonte:
https://twitter.com/cartamaior/status/665308479100358663
³Fonte: https://twitter.com/RdGuaibaOfici…/status/665553420552683520

Continue lendo
  • Luiz Carlos Da Cunha
  • 15 Novembro 2015


O que mais estarrece ante este crime horrendo em Paris é o despreparo do governo francês para sustar os criminosos islamitas. Como admitir que, depois do alerta gritante do atentado ao semanário Charlie há menos de ano, a inteligência policial, os informativos militares, as medidas legislativas de defesa nacional tenham se acomodado à calmaria da irresponsabilidade.

 As agressivas ondas migratórias provindas da geografia muçulmana, recrudescendo sobre a Europa, mercê da hospitalidade humanista, a Europa deveria cogitar sobre o perigo ideológico contrabandeado: o ódio irreprimível contra os valores da cultura ocidental. A experiência dolorosa dos acontecimentos da Paris a dezembro de 2014 não podia admitir o relaxamento da guarda. Eram franceses e muçulmanos os criminosos; traidores da pátria. A França abrigou sob a igualdade de direitos, a sacrossanta pedra lapidar de sua cultura, os filhos espúrios que fermentam sua aversão doentia à democracia, a mesma democracia que os alimentou na tolerância, como se chocasse ovos de serpente.

Inconcebível igualar direitos de cidadania a agressores da pátria. A guerra está declarada. O momento então exigia, e mais do que nunca exige, leis e ações consentâneas para guarnecer a segurança da nação. O peso histórico do cristianismo na Europa cedeu à necessidade da precaução; escancarou as portas à imigração islamita qual fosse da mesma natureza pacífica de sua cultura moderna. Os guetos islâmicos hostis pulsando nas capitais européias, desde o limiar do século XX, abroquelados nas mesquitas doutrinárias, nas orações corâmicas anestesiantes, vão minando a resistência dos governos concessivos; socialistas, social democratas, inclinados sempre a admitir o islamismo compatível com a democracia.

Reconheça-se: a tolerância que alimenta o fanatismo canceroso, que agride a ordem civilizada e democrática, tem sua cota de responsabilidade nos atentados. Nestes dias, se esboça uma reação democrática convergente na guerra ao Estado Islâmico. Um pensamento de Putin pode nortea-la: “Na Rússia admitimos receber imigrantes de qualquer religião, que se submetam a nossas leis e costumes”. Ponto!
 

Continue lendo
  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 15 Novembro 2015


(Publicado originalmente em www.maluvibar.blogspot.com.br)


No Brasil tropical onde a moralidade foi sempre frouxa, a corrupção é entranhada no tecido social, a impunidade predomina, o PT encontrou terreno fértil para se estabelecer e não dá sinal que vai deixar o inebriante poder.
Além disso, uma das técnicas petistas para dominar mentes e corações é a propaganda enganosa. Nessa soma-se a exaltação dos feitos do líder ao temor de criticá-lo, o que é interpretado como sacrilégio.

Outra maneira de engabelar intelectos não muito atilados é o apelo à vitimização. Baseia-se tal estratagema nos seguintes dogmas: 1º - O PT não erra. 2º - Mesmo que hajam “malfeitos” os companheiros devem pairar acima da lei. 3º - Somente os outros erram. 4º- Especialmente Lula e seus familiares jamais cometem falhas.

Para confirmar tais dogmas ou mandamentos o PT lançou recentemente uma Cartilha do Cinismo onde é afirmado que a Operação Lava Jato existe apenas para criminalizar os coitadinhos dos petistas, inocentes acusados sem provas. Só faltou Rui Falcão, presidente do PT, pedir a prisão do juiz Sergio Moro, do ministro do STF, Gilmar Mendes, dos delegados da Polícia Federal, dos procuradores, dos juízes federais. Todos estão errados, menos os petistas.

Há também outro fator fundamental do fortalecimento do PT: a falta de uma verdadeira oposição e, principalmente, o apoio que nunca faltou do PSDB a Lula. Nesse momento crucial de nossa história os tucanos querem que Eduardo Cunha, tido como o único corrupto da República, inicie o processo do impeachment de Rousseff, mas querem também destituí-lo do cargo, virando assim a casaca do apoio para vestirem o terno do bom-mocismo. Simultaneamente os tucanos se prostram mais uma vez aos pés do PT e se disponibilizam para apoiar o ajuste fiscal, cujo efeito é justamente criar condições para a permanência de Rousseff. É o que se chama de exercício da dubiedade.

Enquanto na política vilezas e traições se alternam, o descalabro na economia gerado por Lula e sua obediente criatura vai retirando todas as caridades oficiais dadas pelo governo petista aos pobres e infernizando a vida dos brasileiros como um todo. Nessa situação, temeroso de perder seus privilégios e sua vida nababesca, o PT expõem suas garras totalitárias que, aliás, são por demais conhecidas quando os petistas desqualificam, agridem, ameaçam os considerados inimigos e usam a violência dos chamados movimentos sociais sustentados pelo partido.

Exemplo atual foi visto quando o governo Lula/Dilma se abateu contra caminhoneiros em greve. Além das pesadas multas que inviabilizaram o protesto, a senhora governanta estigmatizou a greve como criminosa, porque bloquear estradas é algo criminoso. O MST pode bloquear e invadir o que quiser. O MTST da mesma forma. Índios também com direito de agredir quem ousar desobedecê-los. Do mesmo modo a Via Campesina que destrói pesquisas em fazendas quando lhe dá na telha. A CUT pode bloquear o que desejar e é especialista em greves políticas. Os petroleiros estão exercendo seu sagrado direito de greve. Porém, para os caminhoneiros que pedem a saída da senhora que infelicita o país, tratamento de choque.

O PT ainda tem força e não vai deixar facilmente as delícias do poder. Por isso Lula está mandando defenestrar o ministro Joaquim Levy para colocar em seu lugar Henrique Meirelles. Esse daria um jeito de retomar os erros do passado e aliviar artificialmente as agruras populares, não sei se por milagre ou por mágica, preparando a volta do salvador da pátria. Quem sabe o PSDB pode ajudar de alguma forma o companheiro Lula nesse sentido?

Enquanto o tempo passa e a governanta vai ficando, os petistas vão pondo sorrateiramente em prática suas garras neocomunistas e atentando contra o direito de propriedade. Observem com cuidado a seguinte e pequena nota publicada na Folha de S. Paulo (12/11/2015), que faz lembrar a Venezuela:

“O prefeito Fernando Haddad (PT) regulamentou projeto de IPTU progressivo que prevê a desapropriação de imóveis vazios ou subutilizados em um prazo de cinco anos”. “Pelo decreto, a alíquota aumenta ano a ano após a notificação do proprietário, até chegar a 15% do valor venal do imóvel”. Já pensaram se a moda pega?

* Socióloga.
 

Continue lendo
  • George Mazza
  • 15 Novembro 2015

 

(Publicado originalmente em www.criticapoliticabrasil.com.br)

O tema aborto vem, nos meses mais recentes, sendo noticiado de maneira mais abrangente pelos canais de comunicação (rádio, jornais, canais de TV, revistas, mídias sociais), embora sem o aprofundamento que a complexidade do tema requer. A cobertura midiática sobre o tema tornou-se mais rotineira após aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados de Projeto de Lei que dificulta, leia-se bem, dificulta a possibilidade da prática de aborto, permanecendo intactos os casos de aborto permitidos em Lei.

Antes de tudo, é imprescindível anotar que o enfrentamento do tema em questão pode (e deve!) ser realizado sem desbancar-se para o aspecto religioso. Não que a religião, seja esta qual for, deixe de tangenciar o tema em questão. Pelo contrário: abre-se mão dos fundamentos religiosos para que a discussão prossiga, sem o corte inicial extremista dos que costumam desacreditar determinada opinião de terceiro, sem antes apreciá-la e mesmo que esta sobreponha a própria opinião vencida, tanto em fundamentos, como em argumentos e fatos comprovados.

Isto posto, deve-se iniciar a abordagem do tema sob aspecto basilar e fundamental para o entendimento do todo: a cientificidade do aborto.

Qualquer estudante do ensino médio e, sem superiores capacidades cognitivas ao esperado para sua idade, consegue discernir e entender que numa gravidez a mulher contempla uma outra vida em seu interior, isto é, um ser vivo em formação, desde a concepção. Este ser vivo, o feto, é tese fundamental da questão científica em torno do aborto: na gravidez não há apenas um corpo em questão, mas sim, dois: o da mãe e o do feto que nela se desenvolve.

Premissa esclarecida, começa-se a vislumbrar quão falacioso e desinformativo é o discurso dos pró-abortistas sobre a necessidade da mulher utilizar-se de sua gestação da forma que lhe convier, sob a alegação de que “o corpo é meu, faço dele o que bem entendo”. Como afirmado, no processo de gravidez, há dois corpos em destaque. Se dois corpos coexistem (mãe e feto), qual direito resta exclusivo à mulher em, abertamente, suscitar que pode de seu corpo usufruir sem limitações? Não há “um” corpo. Há dois corpos e, um deles, o feto, deve ser protegido pelo Estado, o qual limita a atuação irrestrita e livre da mulher sob aquele. Então, a cantiga estridente feminista do “útero livre” é insustentável, inconcebível, desarrazoada e ilegal, pelo rápido e certeiro argumento exposto.

Outrossim, a própria ONU, em sua Declaração dos Direitos da Criança, de 1959, afirma que “a criança, em decorrência de sua imaturidade física e mental, precisa de proteção e cuidados especiais, inclusive proteção legal apropriada, antes e depois do nascimento”. Vejam então que ANTES mesmo do nascimento a criança deve ser protegida pelo Estado, o que atualmente se faz em nosso país por diversos normativos jurídicos.

No aspecto jurídico, outra alegação descabida dos pró-abortistas refere-se ao fato que a mulher estuprada (caso o Projeto de Lei converta-se em Lei sancionada) não mais poderá abortar. Essa afirmação é desprovida de qualquer veracidade. A prática de aborto conhecida como legal, pois oriunda de Lei e contemplada no art. 128, I e II do Código Penal, permanecerá intacta na nova Lei proposta. A exigência de atestado de óbito proposta inicialmente pelo Projeto de Lei foi retirada do corpo deste. Assim, esvazia-se de fundamento, mais uma vez, o discurso pró-abortista.

Assim sendo, as questões jurídicas relevantes permanecerão inalteradas, ou seja, a mulher cuja gravidez originou-se em aborto ou que ponha em risco sua vida, poderá realizar o aborto, pois protegida estará pelo Código Penal vigente.

Outro aspecto interessante que se nota no discurso das pessoas favoráveis ao aborto – sejam elas intelectuais que direcionam e elaboram os discursos pró-abortistas, ou os meros propagadores deste discurso –, é que o tema aborto é tratado pelo termo composto “interrupção da gravidez”. Notem que nestes discursos não se vincula o tema aborto ao bebê em formação; à criança indefesa no útero; à morte cruel deste ser vivo sem direito defesa; ao sofrimento brutal durante seu assassinato etc. Estes discursos privilegiam o ângulo apenas da mulher, não sendo propagados ao acaso.

A metodologia engendrada pelos que propõem o discurso pró-aborto foi elaborada para que a discussão do tema aborto torne-se natural e aceitável na sociedade, que passa a percebê-lo como decorrente do avanço e da modernidade social, passando até a defendê-lo como “direito da mulher”. O que não se elenca é que o aborto nada mais é do que por fim à vida de um ser indefeso, assassinando-o.

Na mesma linha discursiva, quando se analisa o tema aborto, costuma-se destacar, sobremaneira, que a gestante é a única e exclusiva vítima do preconceito social (quando do estupro decorrente de aborto) ou da incompreensão de seu companheiro por sua gravidez, que a faz indesejar o ser vivo fruto do relacionamento.

A mulher, nessas circunstâncias, é percebida como a única que sofre quando da gravidez indesejada e da prática de aborto, pois rejeitada socialmente pela prática do ato. E o sofrimento incomensurável do feto que será assassinado? Você, cidadã de bem, mãe ou não, se declara a favor do assassinato de um outro indivíduo? Provavelmente não, mas talvez se declare a favor do aborto.

Por fim, embora não menos importante, o tema aborto é discutido há mais de 50 anos nos EUA, país que legalizou a prática deste ato no ano de 1973. Deste ano até o início dos anos 2000, mais de 63 milhões de fetos foram assassinados nos EUA via prática do aborto e em clínicas legalizadas. Isso mesmo: mais de 63 milhões de vidas indefesas foram extirpadas, pelos 5 (cinco) métodos abortivos mais conhecidos e praticados naquele país. Este número de assassinatos é maior que as mortes causadas por todas as guerras já ocorridas no planeta. E aqui não se fala apenas das Grandes Guerras Mundiais: contempla-se TODAS as guerras ocorridas até a atualidade. Em suma: mata-se mais crianças indefesas nos EUA, via procedimento abortivo, dos que todas as guerras ocorridas no mundo.

Alegar-se também que o aborto é questão de saúde pública, pois milhares de mulheres perecem em clínicas clandestinas anualmente é uma tentativa desenfreada dos pró-abortistas em sensibilizar os duvidosos sobre o tema, novamente utilizando-se do utilitarista discurso do sofrimento único e exclusivo da mulher.

A implantação legalizada de clínicas de aborto além de aumentar a quantidade de assassinatos de fetos, em nada obstará que algumas mulheres continuem procurando clínicas clandestinas para praticarem o aborto, pois as clínicas legalizadas deverão conter registros formais da abortante, o que não é desejado por esta, que almeja a furtividade, a clandestinidade na prática deste ato.

Há diversas outras formas de se precaver de uma gravidez, seja através de contraceptivos ou outros meios educacionais. Mas não há outra forma de salvar a vida do feto que não a proibição do aborto. A mulher, diga-se, deve ser protegida pelo Estado, devendo receber todo o apoio deste durante sua gravidez, de modo que todo o processo transcorra da melhor maneira possível.

Isto posto, questiona-se: o aborto é “direito” único e exclusivo da mulher ou deve ser tratado pelo ângulo da proteção do Estado em resguardar a vida do ser mais indefeso e desprotegido que se pode conceber na natureza humana: o feto?

* Mestre em Direito
 

Continue lendo
  • Leo Iolovitch
  • 14 Novembro 2015

 

Em julho de 2008 esteve em Porto Alegre a escritora Ayaan Hirsi Ali, nascida na Somália, perseguida e ameaçada, por ter denunciado os horrores do fundamentalismo islâmico em relação às mulheres. Entre outras coisas há os que mutilam as meninas extirpando o clitóris e não é preciso dizer muito mais. O cineasta que divulgou sua luta foi assassinado na Holanda e ela está jurada de morte, andando sempre com esquema de segurança pessoal.

É uma mulher importante do nosso tempo.

Ela teve a coragem de defender mulheres submetidas a estes bárbaros preconceitos e sofrimentos, portanto seria justo receber manifestações de solidariedade de outras mulheres que têm o privilégio de desfrutar de plena liberdade.
Porto Alegre tinha então vários candidatos a prefeito, entre eles três mulheres. Todos eles e, especialmente, as candidatas, silenciaram sobre sua presença entre nós e tampouco se solidarizaram com ela. Ayaan Ali não é “de esquerda”, nem da turma do Fórum Mundial, é apenas uma vítima do fundamentalismo.

Por ocasião do atentado de 11 de setembro houve quem dissesse não aprová-lo, mas... Exatamente aí, é esse “mas” que libera geral, que permite tudo: “mas” o Bush... “mas” o imperialismo...e por aí vai. Assim o Bin Laden e a Al Qaeda são relativizados, coloca-se um “mas” e vale tudo.

Por essas e outras que a sofrida mulher africana foi esquecida pelos adeptos do “mas”, enquanto seus algozes radicais e terroristas de todo gênero ganham um generoso “mas”, para que seus atos sejam tolerados. Nada pode ser mais reacionário que o fundamentalismo.

Quando o Bové, sob aplausos, arranca uma plantação, ou grupo de mulheres destrói mudas de pesquisa vegetal, ou há atentados na área de biotecnologia da UFRGS, ou o relógio dos 500 anos é incendiado, ou quando o avanço genético e a evolução da ciência são contestados e atacados com violência, estamos assistindo a forma mais típica de uma ação de elementos reacionários.

Os centros de pesquisa e os laboratórios fizeram muito mais contra a fome, do que a maioria os inúmeros discursos sobre o tema. Porém, contra o progresso e o avanço científico, reacionários e reacionárias estão em luta feroz.
Não faz muito tempo, quando se dizia que alguém era “de direita” e “reacionário”, significava ser contra os avanços sociais e científicos, enfim, o conservador empedernido inimigo do progresso.

Passaram-se os anos, terminou a ditadura, caíram o muro de Berlim e o comunismo e, no Brasil, vivemos a democracia plena. Os conceitos de direita e esquerda ficaram superados e mudaram muito; no campo ideológico, deixaram de ser um referencial, talvez sirvam ainda como indicação de sinais de trânsito.

Os que defendem a mais antiga ditadura da América, onde há censura à imprensa e as pessoas fogem do país, se proclamam de esquerda; enquanto os que defendem a liberdade e eleições livres, ou alertam para o ataque à democracia na Venezuela, são chamados de direita.

Hoje muitos dos reacionários são jovens e também mulheres, que pena. Os talibans também são jovens. Seria bom que nossa juventude lesse sobre a Ayaan e seus livros, usassem o Google. Não basta andar de roupa e cabelo moderno, o importante é não deixar o cérebro enclausurado numa burca.

 - See more at: http://www.olivronanuvem.com.br/site/uma-mulher.html#sthash.XBgpW2Ii.dpuf
 

Continue lendo
  • Carlos I. S. Azambuja
  • 14 Novembro 2015

(Publicado originalmente no Alerta Total - www.alertatotal.net)

Cristãos, yazidis e turcos estão entre os mais perseguidos pelo Estado Islâmico, grupo dissidente da Al Qaeda que ocupou grandes partes do território do Iraque e da Síria. Eles estão mirando sistematicamente homens, mulheres e crianças baseados em sua filiação religiosa ou étnica e estão realizando impiedosamente uma limpeza étnica e religiosa generalizada nas áreas sob seu controle.

O Estado Islâmico surgiu em 2006, depois da invasão dos EUA e seus aliados ao Iraque, com sobreviventes da Al Qaeda no país, e ganhou força entre 2011 e 2013 quando teve início a rebelião na Síria. Seu atual comandante é Abu Bakr al-Baghdad.

Quando o EI invadiu a cidade de Mosul, capital da província de Ninewah, no Iraque – conquistando uma extensão de terras equivalente ao tamanho da Grã Bretanha –, o EI possuía apenas 800 combatentes. Hoje seu efetivo é estimado pela CIA entre 20 mil e 40 mil combatentes com acesso a recursos de 2 bilhões de dólares oriundos de fontes diversas, entre as quais seqüestros, roubos e, principalmente, a exploração e venda de petróleo da refinaria de Beiji, no norte do Iraque. Segundo experts, o Estado Islâmico controla 12 campos de petróleo no Iraque e na Síria, com capacidade de produzir 150 mil barris por dia, com receitas diárias estimadas em até 3 milhões de dólares.

Cinco meses antes da queda de Mosul o presidente Barak Obama havia menosprezado o EI, tachando-o de “um bando inexperiente de terroristas”.

De onde veio o Estado Islâmico e como ele conseguiu fazer tanto estrago em tão pouco tempo?

Os Estados Unidos estiveram em guerra contra o EI por quase uma década, incluindo aí suas várias encarnações, como a Al-Qaeda no Iraque, depois como Conselho Consultivo Mujahidin e, por fim, Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Muita coisa relativa a esse inimigo totalitário e teocrático permanece esquecida ou simplesmente pouco investigada. Debates a respeito de sua ideologia, estratégia de guerra e dinâmica interna persistem em todos os países comprometidos com a sua derrota. O EI é, na realidade, o último front em uma culminação sangrenta de uma longa disputa dentro da hierarquia do jihadismo internacional.

Examinando o EI como ele é hoje em dia, com base em entrevistas com militantes ativos (alguns já falecidos), espiões, agentes adormecidos e também suas vítimas, chega-se à conclusão de que um dos principais centros de recrutamento de militantes foram os presídios, especialmente no Oriente Médio, que serviram, por anos, como academias do terror, onde extremistas conhecidos puderam congregar, tramar e desenvolver suas habilidades de convencimento e liderança, recrutando uma nova geração de combatentes.

O EI é uma organização terrorista, mas não é apenas uma organização terrorista. É também uma máfia adepta em explorar mercados obscuros internacionais que existem há décadas para o tráfico de petróleo e armas. É um completo aparato de Inteligência que se infiltra em organizações rivais e recruta silenciosamente membros ativos antes do controle total dessas organizações, derrotando-as no campo de batalha ou tomando suas terras. É uma máquina de propaganda eficiente e hábil na disseminação de suas mensagens e no recrutamento de novos membros através das mídias sociais. A maioria dos seus principais comandantes serviu no exército ou nos serviços de segurança de Saddam Hussein.

O EI apresenta-se para uma minoria sunita no Iraque e uma maioria sunita mais perseguida e vitimada na Síria como a última linha de defesa da seita contra uma série de inimigos – os “infiéis” Estados Unidos, os Estados “apóstatas” do Golfo Pérsico, a ditadura alauita ”Nusayri” na Síria, a unidade “rafida” e de resistência no Irã e a última satrápia de Bagdá -. Estima-se que além do Estado Islâmico existam outros 450 grupos rebeldes operando na Síria.

O EI, de forma brutal e inteligente, destruiu as fronteiras dos Estados-Nação da Síria e do Iraque e proclamou-se o restaurador de um império islâmico. Tem como capital a cidade de Mosul, seu idioma oficial é o árabe, o governo é um Califado Islâmico, declarado em 29 de junho de 2014; possui uma bandeira e um brasão de armas. Já criou seus próprios tribunais, ministérios, passaportes e até placas de carros. Em novembro de 2014 criou a sua própria moeda, parte de um plano para restaurar o Califado que dominou o Oriente Médio a mais de 1.300 anos.

Abu Bakr al-Baghdadi – ungido Califa Ibraim – proclamou o fim do ISIS (em inglês Islamic State of Iraq and al-Sham) e o nascimento do Estado Islâmico no dia 28 de junho de 2014, o primeiro dia do Ramadã. A partir de então, apenas o Estado Islâmico passaria a existir, dividindo a humanidade em dois campos. O primeiro seria “o campo dos muçulmanos e dos mujahidin (guerreiros sagrados) por toda a parte”; o segundo “o campo dos judeus, dos Cruzados e seus aliados”.

O campo de treinamento do EI e de seus antecessores, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, que treinou os idealizadores dos ataques ao World Trade Center, tem três fases distintas de treinamento e doutrinação. A primeira consiste em “dias de experimentação”, com a duração de 15 dias, durante os quais um recruta é sujeito à “exaustão psicológica e moral” – para separar os fracos dos verdadeiros guerreiros. A segunda é o “período de preparação militar”, com a duração de 45 dias, durante os quais um recruta aprende como empunhar armas leves, evolui para o lançamento de mísseis portáteis superfície-ar e cursos de cartografia. A terceira e última fase é o “curso de táticas de guerra de guerrilhas”, no qual é ensinada a teoria militar de Von Clausewitz para terroristas.

Em março de 2009, o Departamento de Defesa dos EUA mudou oficialmente o nome das operações contra o EI de “Guerra Global Contra o Terror” para “Operações Contingenciais Externas” e em maio de 2013 o presidente Obama declarou que a “guerra ao terror” havia terminado.
Sete meses depois, em janeiro de 2014, em uma entrevista à revista “The New Yorker” Obama minimizou o poder do Estado Islâmico comparando-o a um “jayvee” (equipe de esportes de estudantes terceiranistas).

Se os EUA quisessem fazer uma demonstração de força no Iraque e na Síria, poderiam expulsar rapidamente o EI de seus esconderijos. Porém, o difícil viria depois, com a provável onda de atentados e guerra assimétrica que certamente duraria anos e teria custos enormes. Obama, dezoito meses depois, em 8 de junho de 2015, disse que sua administração “ainda não tinha nenhuma estratégia” para lidar com o Estado Islâmico. Ao que tudo indica sua administração continua “sem estratégia até hoje”. Pelo que se observa, o Estado Islâmico sim, tem uma estratégia, pois a guerra jihadista contra o Ocidente e seus aliados continua crescendo, como se viu ontem, 13/11/2015, em Paris.

m agosto de 2014, Obama declarou que a estratégia dos EUA no combate ao EI está amparada em quatro pilares: ataques aéreos, apoio aos aliados locais, esforços de contraterrorismo para prevenir ataques, e assistência humanitária contínua a civis.

Em setembro de 2014 o presidente Barak Obama em uma sessão na ONU declarou que “os países devem evitar o recrutamento e o financiamento de combatentes estrangeiros”. Segundo ele, “os EUA irão trabalhar para destruir essa rede da morte”, em alusão ao Estado Islâmico. E prosseguiu: “Nós vamos apoiar a luta dos iraquianos e dos sírios para proteger suas comunidades. Vamos treinar e equipar as forças que estão lutando contra esses terroristas em solo. Vamos trabalhar para acabar com o financiamento deles e parar o fluxo de combatentes que se juntam ao grupo. Eu peço ao mundo que se junte a nós nessa missão”. E concluiu fazendo um apelo aos muçulmanos para rejeitarem a ideologia do Estado Islâmico. Obama encerrou seu discurso dizendo que “as palavras que dissemos aqui precisam ser transformadas em ação...com os países e entre eles, não apenas nos dias que se seguem, mas nos anos que virão”. Uma Resolução proposta pelos EUA foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU. Ao final, mais de 40 países se ofereceram para fazer parte da coalizão “anti-EI”, liderada pelos EUA.

Em junho de 2015 Obama voltou a referir-se ao EI declarando que “falta recrutar e treinar mais militares iraquianos dispostos a combater o Estado Islâmico. Não temos ainda uma estratégia completa, pois faltam compromissos dos iraquianos no que diz respeito a como é feito o recrutamento e como é que as tropas serão treinadas”.

Os EUA gastam, em média, cerca de 9 milhões de dólares por dia para combater o Estado Islâmico, e os custos totais já passam de 2,7 bilhões desde o início da campanha de bombardeios contra o EI.
Em qualquer atividade – passando pela organização e pela hierarquia -, o EI está anos-luz à frente das demais facções que atuam na região. Apresenta o que parece ser o início da estrutura de um semi-Estado – ministérios, tribunais e até mesmo um sistema tributário rudimentar -.

Nos campos de treinamento cerca de 300 crianças com idades até 16 anos recebem instrução como combatentes e terroristas suicidas no EI. Aprendem a ideologia fundamentalista e a manusear armas pesadas. Esses campos são anunciados como “Clubes de Escoteiros”.

Uma revista editada pelo Estado Islâmico, intitulada “DABIQ”, que já está na sua terceira edição, publicada em várias línguas, inclusive o inglês, apresenta o EI como a única voz muçulmana no mundo, na tentativa de cooptar estrangeiros para lutarem pelo Califado no Iraque e na Síria. Segundo o Conselho de Segurança da ONU, somente no ano de 2014 cerca de 15 mil estrangeiros de mais de 80 países, viajaram à Síria e ao Iraque a fim de lutarem ao lado do EI e grupos terroristas semelhantes. A ONU ressaltou que o aumento nesse número ocorre em uma escala “sem precedentes”. Segundo a União Européia, mais de 5 mil europeus se uniram à jihad na Síria e no Iraque, mas segundo a Comissária Européia de Justiça, esse número “é muito subestimado”.

O Estado Islâmico foi designado como organização terrorista pelos seguintes países: EUA em 17/12/2004, Austrália em 2/3/2005, Canadá em 20/8/2012, Arábia Saudita em 7/3/2014, Inglaterra em 20/6/2014, Indonésia em 1/8/2014 e Alemanha em 12/9/2014. A França absteve-se...

Os cristãos que vivem nas áreas dominadas pelo Estado Islâmico têm apenas três opções: converterem-se ao islamismo; pagar um imposto religioso (o jizya); ou morrer.

Militantes do Estado Islâmico estariam sendo contrabandeados para a Europa pelas gangues que operam no Mar Mediterrâneo, segundo uma fonte do governo líbio declarou à BBC. Os extremistas são misturados aos migrantes que viajam nos barcos desde a costa africana em direção ao continente europeu, porque a Polícia não sabe quem é refugiado e quem é militante do EI, pois isso é extremamente difícil.
Em setembro de 2015, a Polícia Federal descobriu uma rede de apoiadores do Estado Islâmico em São Paulo. A descoberta assusta, ainda mais porque TERRORISMO NÃO É CONSIDERADO CRIME NO BRASIL.

Para concluir, uma análise do general Álvaro Pinheiro, em abril de 2015:
“A possibilidade do Estado Islâmico/ISIS desencadear o terrorismo nos cinco continentes, corroborada pelos recentes atentados na Bélgica, Canadá, Austrália, França e Tunísia, é encarada em todo o mundo ocidental com a máxima responsabilidade. Nesse contexto, a infiltração do EI/ISIS na área da Tríplice Fronteira no Cone Sul da América do Sul é absolutamente consensual no âmbito da Comunidade de Inteligência Internacional. Não encarar esse indício com a devida responsabilidade é mais um verdadeiro CRIME DE LESA PÁTRIA”.

 * Historiador

Continue lendo