O atento leitor certamente percebeu o duplo sentido do título: qual Estado queremos e a serviço de quem ele deve estar. Esta dualidade semântica guarda a causa e a solução para a maioria dos problemas enfrentados pelas sociedades que ainda não compreenderam o papel deste ente abstrato, com todos os prejuízos que esta incompreensão pode causar.
Então, qual Estado queremos? Certamente deve ser o que cumpre sua vocação de prover saúde, educação básica e segurança (aqui incluído um eficiente sistema judiciário). Estas funções cabem ao Estado porque sua oferta não pode ficar a mercê de interesse outro que não a instrumentalização dos cidadãos, a permitir que escolham com liberdade o seu destino. Isto é, dar-lhes condições para que desenvolvam suas capacidades e tenham oportunidades para ser aquilo que desejam ser, livres da tutela de um estado onipresente e falaciosamente eficiente.
Fica claro que o Estado deve estar a serviço do cidadão, e não o contrário. Parece óbvio, não? Mas não é o que se vê naquelas sociedades mencionadas lá no início, entre as quais está a brasileira. Pois, por aqui, ainda há os que entendem que o Estado deve atuar em todos os campos de nossa vida. Querem um Estado hipertrofiado para resolver todos os problemas que não teríamos se não fosse o seu gigantismo. Esta visão distorcida fez com que o Estado brasileiro se tornasse um polvo com longos tentáculos, que quer decidir o que e onde devemos empreender, o que devemos vestir e até se podemos ter saleiros nas mesas dos restaurantes.
O avanço desmesurado do Estado se reflete também na influência exagerada que a política partidária tem na vida do país, já que interesses de partidos, não raro pouco republicanos, imiscuem-se nos interesses do Estado e acabam por contaminar a racionalidade das decisões dos agentes econômicos.
Assim, inflado e narcisista, adulado por suas corporações, o Estado brasileiro tornou-se um fim em si mesmo, sangrando a Nação com excessivos tributos, os quais, consumidos quase que integralmente para sustentá-lo, em muito pouco revertem aos seus legítimos destinatários.
O Estado que nos serve deve ser humilde e eficiente, garantindo nossa autonomia para escolhermos nosso destino com liberdade. E nós, como cidadãos, devemos assumir os bônus e os ônus inerentes à responsabilidade de sermos livres.
25/09/2015.
* Advogado. Mestre em Direito, Diretor do Sistema FIERGS, Conselheiro do SEBRAE/RS
http://professorpaulomoura.com.br/
A intensidade dos acontecimentos que levaram o país à crise atual, notadamente na área política, econômica e moral, puxa o foco da mídia para as entranhas do governo Dilma e para a operação Lava Jato. E, quando o povo é protagonista dos fatos, para as manifestações de rua que, simbólicas pelo impacto que causam na opinião pública, ou expressivas pela grande participação da cidadania, empurram para a frente a agenda das mudanças.
Em política usa-se a expressão “o governo joga com as brancas” em alusão às regras do xadrez segundo as quais o primeiro movimento no tabuleiro é de quem joga com as peças brancas. Sob circunstâncias normais o padrão do jogo é o de que o governo paute a agenda e provoque reações da oposição ou de agentes sociais e grupos de interesse.
Essa relação de forças somente se inverte em situações de crise nas quais os fatos oferecem à oposição a possibilidade de tomar as iniciativas e forçar o governo a reagir. A situação do Brasil no momento é dessas. Seria de se esperar, então, que o principal protagonista da oposição fosse o PSDB. Afinal, os tucanos governaram o país por dois mandatos consecutivos, tendo o PT como principal opositor, e, quando o PT passou ao governo, foram os candidatos do PSDB os principais adversários de Lula e Dilma nas eleições que se sucederam.
Mas, ao olhar-se para os principais acontecimentos políticos nacionais, quem vemos como os principais criadores de problemas para o governo do PT?
Em primeiro lugar o povo nas ruas, mobilizado pela insatisfação com a crise econômica, política e moral que assola o país sob o patrocínio de Lula. Em segundo lugar, as centenas, talvez milhares, de cidadãos autônomos que se organizam (ou não) em grupos de ação política nas mídias sociais e nas ruas, gerando fatos que forçam os partidos e lideranças políticas tradicionais a terem esse elemento em conta ao fazerem suas escolhas.
Em terceiro lugar, o PMDB que, não obstante fazer parte do governo petista, dá verdadeiras aulas de esperteza, dribles, rasteiras e bailes de política em todos os demais players, inclusive, e especialmente, em Lula.
Em quarto lugar, o próprio PT. Isto é, suas lutas internas que trazem à luz as guerras de poder pelo controle do governo moribundo de Dilma e pelo espólio do petismo. Nesse ambiente, Lula movimenta-se erraticamente, ora criticando Dilma para salvar sua imagem do desastre que criou, ora tentando salvar seu acesso às instrumentalidades que o poder disponibiliza para quem precisa salvar-se da cadeia, melar a Lava Jato, influenciar julgamentos no STF e comprar difíceis apoios na bacia das almas, a um preço cada vez mais impagável.
Sim, não nos iludamos como fizeram os editoriais do Estadão, acreditando que Lula está louco para largar o osso e voltar à oposição, deixando ao sucessor de Dilma à responsabilidade por consertar seus estragos. Lula pode até sonhar com isso. Mas, não pode se dar a esse luxo. Se o PT perder o governo, seu poder de compra no mercado de pixulecos se esvairá de forma mais intensa e rápida do que o preço das ações da Petrobrás.
Ao observador atento não terá passado desapercebido que, nas duas últimas oportunidades em que Dilma ganhou algum fôlego para protelar seu fim inevitável, foi por obra de Lula, que foi às compras para consertar os estragos de Mercadante na articulação política do governo. O primeiro movimento foi o acordo com Renan Calheiros, chefe da Casa onde o impeachment será votado. O segundo, mais recente, foi a tentativa de dar ao PMDB (e ao PDT) mais ministérios, de forma a barrar a formação do quórum pró-impeachment da Câmara dos Deputados.
O esquartejamento da Lava Jato e o anúncio desse acordo causaram comoção nos grupos autônomos que debatem, trocam informações e organizam as ações políticas que impulsionaram as três últimas grandes manifestações de rua contra o PT. Sem conhecimento teórico, sem malícia e nem experiência os mais precipitados anunciaram estar jogando a toalha e desistindo da luta.
Em menos de 24 horas o cenário mudou da água para o vinho. Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que muitos imaginavam comprado, pautou o impeachment na Câmara dos Deputados. Logo após Fernando Collor de Mello (PTB/AL), o maior especialista vivo em impeachment no país, concede entrevista a Fernando Rodrigues (UOL), afirmando que, depois de instaurado o processo torna-se irreversível devido à impossibilidade de controlarem-se as pressões das ruas.
Em seguida o PMDB leva ao ar um programa em rede nacional de TV, no qual se apresenta como alternativa de poder em condições de substituir o estrelismo reinante. Movimento seguinte, líderes do baixo clero peemedebista recuam do acordo supostamente firmado com Lula, anunciando que não abririam mão dos ministérios da Saúde e Infraestrutura que lhes teriam sido oferecidos, ante anunciadas reações do petismo diante da possibilidade de perderem as tetas da Saúde, até o momento, muito sugadas, mas pouco alcançadas pela Lava Jato.
Coincidência ou não, o presidente do TCU anuncia que as pedaladas fiscais deverão ser rejeitadas na segunda quinzena de outubro, num movimento que exala cheiro de sincronismo com a agenda de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) para a tramitação do impeachment na Câmara e com a Convenção Nacional do PMDB, agendada pera 15 de novembro, data em que se comemora a proclamação da República. Evento que, como se sabe, terminou com o Império na história do Brasil.
O leitor atento terá percebido que acabo de escrever onze parágrafos sobre os principais acontecimentos da cena política nacional recente e, em nenhum deles o PSDB e seus líderes foram citados como protagonistas. Pelo contrário, o que se vê, é o ex-presidente FHC resistindo ao impeachment sob alegação de trauma nacional (para quem?), e falando frases de efeito para as manchetes como quem imagina que não sabemos que em política valem as atitudes e não a retórica.
Falando em atitudes, o ex-candidato Aécio Neves, anda providencialmente calado e submerso, não sem antes protagonizar solenes ambiguidades retóricas e notadas ausências nas manifestações de rua em que 100% dos seus ex-eleitores pediam sua adesão militante.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tido como líder conservador do PSDB, e, portanto, capaz de angariar simpatias, é flagrado protagonizando cenas de personalismo explícito em favor de seu interesse em derrubar Aécio da posição de presidenciável; ao contestar o impeachment contra a absoluta e majoritária vontade das ruas.
O senador Álvaro Dias (PSDB/PR), por seu turno, foi flagrado apoiando explícita e veementemente a nomeação de um advogado do MST para o STF, e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB/SP), sendo arrastado para dentro da Lava Jato.
A cúpula do PSDB não deve saber, mas em vários desses grupos que mobilizam a cidadania nas mídias sociais e nas ruas formando as redes de influência que levaram milhões às três grandes manifestações de março, abril e agosto, há membros da base do PSDB e outros partidos, que são natural e democraticamente aceitos como parceiros pelos milhares de indivíduos sem partido que saíram da zona do conforto para mudar o país e varrer o petismo do poder.
Os tucanos de alta plumagem não percebem, mas a corrosão da imagem do PSDB junto a esse público líder das opiniões mobilizadas é enorme. Como participante de vários desses grupos, testemunhei as cobranças e constrangimentos que os tucanos sofrem dos demais; li cartas de desfiliação do PSDB endereçadas à direção partidária e publicadas nos grupos virtuais e perfis pessoais dessas pessoas; testemunhei militantes tucanos ativos nas ruas questionando-se: “Porque FHC não cala a boca???” “Porque Aécio não fala e não age?” “Será que estão com o rabo preso?”
As placas tectônicas da política brasileira estão se movendo. A estrutura da polarização PSDB versus PT está em vias de desaparecer devido à perda de poder, força e tamanho do PT. E ao desgaste da imagem do PSDB, em função dos fatos aqui referidos. A esquerda levará tempo para se reagrupar sob outras lideranças e se constituir em polo de poder após a falência do PT. A estratégia do PMDB é de nítida tomada do poder e a agenda que o os peemedebistas têm acenado é conservadora nos valores morais e liberal na condução da economia.
O PSDB, que protagonizou a criação do Plano Real e poderia articular alguns dos melhores economistas do país em torno da agenda da mudança, está perdendo uma oportunidade que não se oferecerá novamente. Esse Congresso já deu sobrados sinais de que não vai entregar saídas para esse governo. O PMDB vai tomar o poder. Não há saídas com Dilma. Só há saídas com o PT fora do poder.
Quando o impeachment de Collor emergiu, a geração de líderes caras pintadas que assumiu o poder no país nos anos seguintes, e se corrompeu, já estava dentro dos partidos tradicionais. Naquela oportunidade não houve nenhum trauma, pelo contrário, foi o impeachment de Collor que possibilitou o Plano Real e a eleição de FHC. O momento e as circunstâncias são outros. Mas, o PSDB vai seguir enfiando a o bico no chão e deixando a bunda de fora como avestruz?
As lideranças que mobilizam os grupos e as ruas no movimento pelo impeachment de Dilma e a faxina das instituições, está fora dos partidos tradicionais, cuja credibilidade perante esses segmentos mobilizados da opinião pública é baixíssima.
Das ruas emergirá uma nova direita, moderna, liberal/conservadora e democrática, avessa ao estatismo e ao patrimonialismo. Ao contrário do que dizia Marx, a vanguarda das mudanças é a classe média e não o proletariado. É por isso que Marilena Chauí e o PT nos odeiam. Nós representamos a sepultura do lulopetismo.
As lideranças dos grupos virtuais e reais que mobilizam as ruas se compõem de empresário médios e pequenos; de profissionais liberais, gente com noções de administração e estratégia que estão sendo aplicadas no planejamento de suas ações. Gente que tira dinheiro do próprio bolso para as vaquinhas que financiam ações nas mídias sociais e nas ruas. Gente que vai levar esse know-how para dentro da política partidária em estratégias sofisticadas para eleger líderes identificados com a causa da liberdade e da democracia, por vários partidos. Poucos, muito poucos, talvez alguns poucos tucanos venham a merecer os votos e o apoio dessas pessoas.
Essas pessoas começarão a invadir a política formal já nas próximas eleições municipais. Muitas delas pelo Partido NOVO. A maioria, em outros partidos de centro e centro-direita, mas, todas, ostentado selos de certificação conferidos pelos grupos a que pertencem, por sua identidade e compromisso com a agenda das ruas; com a defesa das liberdades; da democracia; da economia de mercado; da boa qualidade dos serviços públicos e da redução do Estado e da carga tributária.
E o PSDB de FHC e Aécio Neves, que, por falta de opção à direita, foi o estuário recebedor dos votos, das esperanças e expectativas desses milhões de brasileiros, está perdendo o bonde da história; jogando no lixo a oportunidade de corresponder aos sonhos que outrora representou. Talvez haja tempo para o PSDB mudar seu destino. Mas, estaria o PSDB interessado nisso?
(Membro do grupo Pensar+)
Sempre que craques da Justiça ameaçam golear campeões da bandidagem, juízes do Supremo Tribunal Federal arranjam algum pretexto para atrapalhar atacantes cujo esquema tático é tão singelo quanto eficaz: aplicar a lei. Foi assim no julgamento do mensalão: os delinquentes estavam a um passo da prisão em regime fechado quando o STF exumou um certo “embargo infringente”.
O palavrão em juridiquês reduziu crime hediondo a contravenção de aprendiz, transformou culpado em inocente e acabou parindo duas brasileirices obscenas: a quadrilha sem chefe e o bando formado por bandidos que agem individualmente, nunca em grupo. Agora incomodado com o desempenho exemplar do juiz Sérgio Moro, dos procuradores federais e dos policiais engajados na Operação Lava Jato, o Supremo inventou o que a imprensa anda chamando de “fatiamento” do escândalo.
Fatiamento coisa nenhuma. O nome certo é trapaça.
Uma reflexão sobre o sofrimento do povo cubano sob uma cruel tirania comunista.
21/09/2015
Nota do Editor de TruthRevolt: a polícia cubana prendeu líderes dos dissidentes cubanos no domingo, numa tentativa de impedi-los de encontrar o Papa Francisco enquanto ele estava celebrando sua primeira missa em Havana. Nesta ocasião, TruthRevolt está re-publicando abaixo o artigo de Jamie Glazov de nossa edição de 26 de dezembro de 2014, pois, fornece uma análise aprofundada da brutalidade cruel e sádica do regime de Fidel Castro.
* * *
Louco de raiva eu vou manchar meu rifle de vermelho, abatendo qualquer inimigo que cair em minhas mãos! Minhas narinas se dilatam, enquanto saboreiam o cheiro acre da pólvora e de sangue. Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a luta sagrada e juntar-me ao proletariado triunfante com um uivo bestial.
-Che Guevara, Diários de Motocicleta
A recente decisão do Presidente Obama de agradar a Cuba comunista é um momento crucial de importância não apenas diplomaticamente, mas como uma questão moral em relação aos direitos humanos, dignidade e justiça. Porque nós testemunhamos um Radical-in-Chief (radical no comando) [RADICAL-IN-CHIEF Barack Obama and the untold story of American Socialism, de Stanley Kurtz] lançando uma tábua de salvação econômica para uma tirania bárbara, é nosso dever e obrigação acender uma luz sobre a tragédia obscura do Gulag cubano – e refletir sobre o sofrimento indizível que os cubanos têm passado sob regime fascista de Castro.
Até 26 de julho de 2008, Fidel Castro tinha governado Cuba com punho de ferro durante quase cinco décadas. Naquela data de Julho, em 2008, ele ficou de lado por causa de problemas de saúde e fez de seu irmão, Raul, governante de fato. Raul substituiu oficialmente seu irmão como ditador em 24 de fevereiro de 2008 o regime manteve-se tão totalitário como antes e pode, por razões óbvias, continuar a ser considerado e rotulado como regime "de Fidel Castro".
Tendo tomado o poder em 1º de janeiro de 1959, Fidel Castro seguiu a tradição de Vladimir Lenin e imediatamente transformou seu país em um campo de escravos. Desde então, Cuba tem se destacado como um dos mais monstruosos violadores dos direitos humanos no mundo.
Meio milhão de seres humanos passaram pelo Gulag de Cuba. Como a população total de Cuba é de apenas cerca de onze milhões, isso dá ao despotismo de Castro a maior taxa de encarceramento político per capita na terra. Houve mais de quinze mil execuções por fuzilamento. A tortura foi institucionalizada numerosas organizações de direitos humanos documentaram o uso de choque elétrico, celas de isolamento escuras do tamanho de um caixão mortuário, e espancamentos para punir os "elementos anti-socialistas." A barbárie do regime de Castro é melhor resumida pelo plano de Camilo Cienfuegos, o programa de horrores seguido no campo de trabalho forçado na Ilha de Pinos. Forçados a trabalhar quase nus, os prisioneiros forçados a cortar grama com os dentes e a sentar-se em valetas de latrinas por longos períodos de tempo. A tortura é rotina. [1]
A experiência horrível de Armando Valladares, um poeta cubano que suportou vinte e dois anos de tortura e prisão apenas por ter levantando a questão da liberdade, é um testemunho da barbárie do regime. As Memórias de Valladares, Against All Hope (Contra Toda a Esperança), servem como a versão de Cuba do Arquipélago Gulag de Solzhenitsyn. Valladares conta como prisioneiros eram espancados com baionetas, cabos elétricos, e cassetetes. Ele conta como ele e outros prisioneiros foram forçados a tomar "banhos" em fezes humanas e urina. [2]
Típico do horror no Gulag de Castro foi a experiência de Roberto López Chávez, um dos amigos de prisão de Valladares. Quando López iniciou uma greve de fome para protestar contra os abusos na prisão, os guardas o privaram de água até que ele começou a delirar, se contorcendo no chão e implorando por algo para beber. Os guardas, então, urinaram em sua boca. Ele morreu no dia seguinte. [3]
O culto da morte, por Castro, como outras ideologias de esquerda, acredita que o sangue humano purifica a Terra – e, como manifestações de pesar afirmam a realidade do indivíduo e, portanto, são um anátema para a totalidade – o luto pelos que partiram tornou-se um tabu. Assim, tal como na China de Mao e no Camboja de Pol Pot, [4] também a Cuba de Castro advertia os familiares de dissidentes assassinados para não chorarem em seus funerais. [5]
O regime de Castro também tem um histórico longo, grotesco de torturar e assassinar americanos. Durante a Guerra do Vietnã, Castro enviou alguns de seus capangas para executar o "Programa cubano" no campo de prisioneiros Cu Loc em Hanói, que ficou conhecido como "o Zoológico". Seu principal objetivo foi determinar o quanto de agonia física e psicológica um ser humano poderia suportar. Os cubanos selecionavam prisioneiros de guerra americanos como suas cobaias. Um cubano apelidado de "Fidel," o principal torturador no Zoológico, iniciou seu próprio reino pessoal de terror. [6]
A provação do tenente-coronel Earl Cobeil, um piloto de F-105, ilustra a natureza Nazista da experiência. Entre as técnicas de tortura de Fidel haviam espancamentos e chicotadas sobre cada parte do corpo de sua vítima, sem perdão [7] O ex-prisioneiro de guerra John Hubbell descreve a cena quando Fidel empurrou Cobeil na célula do companheiro POW Col. Jack Bomar.:
O homem [Cobeil] mal conseguia andar Ele se arrastou lentamente, dolorosamente. Suas roupas estavam rasgadas em pedaços. Ele estava sangrando em toda parte, terrivelmente inchado, e sujo, amarelado preto e roxo da cabeça aos pés. A cabeça do homem estava baixa ele não fez nenhuma tentativa de olhar para ninguém. . . . Ele ficou imóvel, com a cabeça baixa. Fidel amassou um punho no rosto do homem, levando-o contra a parede. Em seguida, ele foi levado para o centro da sala e fez descer sobre os joelhos. Gritando em fúria, Fidel pegou um pedaço de mangueira de borracha preta de um guarda e atacou-o tão duramente o quanto podia o rosto do homem. O prisioneiro não reagia não gritava nem mesmo piscava um olho. Sua incapacidade de reagir parecia alimentar a ira de Fidel e de novo ele chicoteava a mangueira de borracha no rosto do homem. . . . Uma e outra vez e outra vez, uma dúzia de vezes, Fidel esmagou o rosto do homem com a mangueira. Nem uma vez que o abuso temível suscitou a menor resposta do prisioneiro. . . . Seu corpo foi rasgado e quebrado em toda parte as algemas pareciam quase ter cortado os pulsos, as marcas de fita ainda enrolados em torno dos braços todo o caminho até os ombros, lascas de bambu foram embutidos nas canelas ensanguentadas e havia o que parecia ser marcas de pneus da mangueira no peito, nas costas e pernas. [8]
Earl Cobeil morreu como resultado da tortura de Fidel.
O Maj James Kasler foi outra das vítimas de Fidel, embora ele tenha sobrevivido ao tratamento:
Ele [Fidel] privou Kasler de água, amarrou com fio seus polegares juntos, e o flagelou até que suas "nádegas, costas e pernas ficaram penduradas em pedaços." Durante um trecho da barbárie ele revezou com Cedric [outro torturador] por três dias com um chicote de borracha. . . . o prisioneiro estava em semi-coma e sangrando profusamente com um tímpano perfurado, costela fraturada, com o rosto inchado e os dentes quebrados, de modo que ele não podia abrir a boca, e sua perna novamente ferida de atacantes chutando-o repetidamente. [ 9]
O reinado de terror contra prisioneiros de guerra americanos no Vietnã foi apenas um reflexo do tratamento de Castro ao seu próprio povo. Além de dificuldades físicas, mesmo para aqueles que não iam acabar na prisão ou no campo de trabalho, o estado policial de Cuba negou aos cubanos qualquer liberdade. Os cubanos não têm o direito de viajar para fora do seu país. Eles não têm o direito de livre associação ou o direito de formar partidos políticos, sindicatos independentes, ou organizações religiosas ou culturais. O regime proibiu a liberdade de expressão tem constantemente censurado publicações, rádio, televisão e cinema. Há um Comitê de Defesa da Revolução Cubana (CDR) para cada quarteirão da cidade e cada unidade de produção agrícola. O objetivo do CDR é monitorar os assuntos de cada família e para relatar qualquer coisa suspeita. Uma vida inteira cubana é passada sob a vigilância de seu CDR, que controla tudo, desde as suas rações de comida para seu trabalho, à sua utilização do tempo livre. Um cruel racismo contra os negros acompanha esta repressão. Na Cuba pré-Castro, os negros desfrutavam de mobilidade social ascendente e servido em muitas posições governamentais. Na Cuba de Fidel Castro, a população carcerária é de 80 por cento de negros, enquanto a hierarquia governamental é 100 por cento branca. [10]
O comunismo cubano segue idéia de “igualdade” de Lênin e Stálin, em que os membros da nomenklatura vivem como milionários, enquanto os cubanos comuns vivem na pobreza absoluta. As prateleiras das lojas estão vazias, e os alimentos são racionados firmemente para o cidadão médio. Professores e médicos dirigem táxis ou trabalham como garçons para sustentar suas famílias. Sob o sistema de apartheid turístico, os cubanos comuns não são admitidos nos hotéis designados para os turistas e funcionários do partido. Há, é claro, a polícia dentro de cada tal hotel para prender qualquer cidadão cubano não autorizado que se atreva a entrar.
O subsídio soviético de US $ 5 bilhões por ano que mal mantinha a economia cubana durante a Guerra Fria há muito tempo acabou. E, não obstante, os $ 110 bilhões que os soviéticos bombearam ao longo de décadas, Cuba tornou-se uma das nações mais pobres do mundo. Suas indústrias de açúcar, fumo e gado eram todas as principais fontes de exportação na era pré-Castro. Castro destruiu todas. [11] Por causa de sua crença no "socialismo ou morte", Cuba é hoje uma nação pedinte. Mesmo os refugiados haitianos evitam Cuba.
Negado o direito de voto sob Castro, os cubanos votaram com os pés. Cuba Pré-Castro tinha a maior taxa de imigração per-capita no hemisfério ocidental. Sob Castro, aproximadamente dois milhões de cidadãos cubanos (de onze milhões) escaparam de seu país. Muitos o fizeram, flutuando em jangadas ou câmaras de ar em águas infestadas de tubarões. Estima-se que 50.000-87.000 perderam suas vidas. [12]
Não contente em confiar nos tubarões, Castro envia helicópteros para soltar sacos de areia nas jangadas daqueles que tentam fugir, ou simplesmente dispara sobre todos eles. Uma síntese desta barbárie foi o Massacre do Rebocador, de 13 de julho de 1994, em que Castro ordenou que barcos de patrulha cubanos matassem quarenta e um civis desarmados – dez deles crianças – que estavam usando um velho rebocador de madeira em sua tentativa de fugir de Cuba cubano. [13 ]
Estas são as histórias de partir o coração, e apenas algumas entre muitas, do povo cubano que tem sofrido dor excruciante e agonia sob uma tirania do mal que agora, como está nas últimas, está tendo sua vida prolongada por um presidente americano .
É alimento para o pensamento.
Notas:
[1] Para conhecer um dos melhores relatos da brutalidade do regime de Fidel Castro, consulte Pascal Fontaine, “Cuba: Interminable Totalitarianism in the Tropics” (Cuba: Totalitarismo Interminável nos Trópicos), in Courtois et al, O Livro Negro do Comunismo, pp 647-665...
[2] Armando Valladares, Against All Hope: A Memoir of Life no Gulag de Castro, trans. Andrew Hurley (San Francisco: Encounter Books, 2001), p. 137.
[3] ibid., P. 379.
[4] Para o caso da China, veja o capítulo 7 do meu livro, United in Hate: The Left’s Romance With Tyranny and Terror (Unidos no ódio Romance da esquerda com a tirania e terror) para o Camboja, ver John Perazzo, “Left-Wing Monster: Pol Pot” (Mostro da esquerda: Pol Pot," FrontPageMag.com, 08 agosto de 2005.
[5] Valladares, Against All Hopes (Contra toda a esperança), p. 378.
[6] Stuart I. Rochester e Frederick Kiley, capítulo 19, "The Zoo, 1967-1969: The Cuban Program and Other Atrocities” (O Programa cubano e outras atrocidades", em homenagem aos prisioneiros de guerra americanos no Sudeste Asiático 1.961-1.973 (Annapolis: Naval Institute Press , 1999).
[7] Humberto Fontova, Fidel: Hollywood’s FavoriteTyrant (Fidel: o tirano favorite de Hollywood), (Regnery, 2005). pp. 141-142.
[8] Rochester e Kiley, Honor Bound, p. 400.
[9] ibid., P. 404.
[10] Fontova, Fidel, p. 88.
[11] Ibid., Pp. 14-15 e 49.
[12] Ibid., 8 pp. 56-57 e.
[13] ibid., Pp. 157-163.
Para obter toda a história sobre por que os esquerdistas veneram a tirania de Castro, solicitar de Jamie Glazov: United in Hate: The Left Romance With Tyranny and Terror (Unidos no ódio: o Romance da esquerda com a tirania e o Terror).
Tradução: William Uchoa
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Em visita a Cuba, Francisco se encontrou com Fidel Castro. No domingo, 20 de Setembro, após a celebração da Missa na Praça da Revolução, em Havana, o ditador cubano abriu as portas de sua casa para receber o Papa. Eles conversaram - segundo o Diretor da Sala de Imprensa do Vaticano - sobre o meio ambiente e a atual situação do mundo. Na protocolar troca de presentes, Francisco recebeu o livro "Fydel y la Religión: conversaciones con Frei Betto" [1].
Publicado em 1985 [2], o livro é mais que a reprodução das entrevistas que Fidel Castro concedeu a Betto para falar sobre religião. Nele, o líder da revolução cubana "canoniza" o psicopata sanguinário que ordenava o fuzilamento de cristãos: "Se Che fosse católico, se Che pertencesse à Igreja, teria todas as virtudes para que fizessem dele um santo" (p. 376) - trata-se do mesmo Che Guevara, que ostentava: "Não sou Cristo nem filantropo. Sou totalmente o contrário de um Cristo" [...] "Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar movida apenas pelo ódio". "Fydel y la Religión" reune um mostruário de disparates e absurdos com estratégias práticas para, sorrateiramente, tomar de assalto a Igreja Católica e utilizá-la na promoção da revolução comunista. É o que o próprio Betto afirma nas páginas do livro:
"Então, hoje há um número infinito de Comunidades Eclesiais de Base em toda a América Latina; no Brasil existem cerca de 100 mil Comunidades Eclesiais de Base, que são grupos de cristãos, operários, campesinos, marginalizados, nas quais se reúne perto de três milhões de pessoas" [...] "Não é fácil convencer um operário, ou um campesino, de que deve lutar pelo socialismo, mas é muito fácil dizer o seguinte: 'Olha, homem, nós cremos em um só Deus'" [...] (pp. 282-283).
Betto confessa publicamente o plano de manipular a fé - de fraudá-la - para ludibriar os fiéis e conduzir o engajamento deles no ativismo revolucionário. O instrumento para estabelecer a manipulação é a Teologia da Libertação, definida por Betto no livro oferecido ao Papa como "um reencontro do cristianismo com suas raízes" (p. 291). Uma farsa, pois a Teologia da Libertação - de acordo com as revelações de Ion Mihai Pacepa, o ex-agente do serviço secreto da Romênia comunista que participou diretamente da execução do plano - foi concebida pela KGB para instrumentalizar a Igreja Católica, utilizando justamente Cuba como plataforma para disseminá-la [3].
O resultado da ação ardilosa pode ser avaliado pelo mapa político. A Teologia da Libertação contribuiu de forma efetiva para a ascensão do projeto de poder comunista na América Latina, sobretudo na ampliação e no fortalecimento do Foro de São Paulo, a organização criada por Lula e por Fidel Castro - e com a participação direta de Betto, ele mesmo um "apóstolo" da teologia revolucionária que utiliza o disfarce de "frei" [4] - para estabelecer no continente a imensa "Patria Grande" comunista. Um sucesso reconhecido pelo ex-Presidente do Paraguai, Fernando Lugo [5], e pelo próprio ex-Presidente Luiz Inácio:
"Mas por que é que eu cheguei aonde cheguei? Porque eu tenho por detrás de mim UM MOVIMENTO. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte dos estudantes, do PT, a CUT, a "base da Igreja Católica" [quer dizer, a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO] [...] EU ERA FRUTO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO" [6].
Em sua viagem apostólica à Bolívia, Francisco recebeu de Evo Morales um crucifixo talhado sobre o símbolo comunista da foice e do martelo. Um escândalo e uma afronta [7]. Mas, o presente de Fidel Castro não é menos ofensivo. Nele, o martírio dos católicos não está visível, como na peça oferecida pelo cocaleiro, e nas suas linhas o ditador cubano trata de negar a tortura e o fuzilamento dos que morreram no paredão gritando "Viva Cristo Rey!" (p. 221). Um cinismo malígno para conseguir estabelecer - por meio da fraude, do engano, da Teologia da Libertação - uma aliança inconcebível entre cristãos e comunistas, e com ela promover um projeto de poder totalitário e criminoso. No exemplar de "Fidel y la Religión", o ditador cubano escreveu uma dedicatória: "Para o Papa Francisco, por ocasião da sua visita a Cuba com admiração e respeito do povo cubano". Na dedicatória original do livro, porém, Betto expressa, com mais uma falsificação, qual é de fato o real objetivo do livro: "A todos os cristãos latino-americanos que, entre incompreensões e na bem-aventurança da sede de justiça, preparam, à maneira de João Batista, OS CAMINHOS DO SENHOR NO SOCIALISMO" (p. 14).
REFERÊNCIAS.
[1]. "Francisco encontra Fidel Castro". Rádio Vaticano, 20 de Setembro de 2015 [http://br.radiovaticana.va/news/2015/09/20/francisco_encontra_fidel_castro/1173396].
[2]. "Fidel y la Religión". Conversaciones com Frei Betto. Oficina de Publicaciones del Consejo de Estado: La Havana (1985).
[3]. PACEPA, Ion Mihai. "A KGB criou a Teologia da Libertação" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html]. Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013); "As raízes secretas da teologia da libertação". Trad. Ricardo R. Hashimoto. Mídia Sem Máscara, 11 de Maio de 2015 [http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/15820-2015-05-11-05-32-01.html]; "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html]; "Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação". ACIDigital, 11 de Maio de 2015 [http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/].
[4]. Sobre Betto: "A promoção efetiva da Teologia "Socialista-Comunista" da Libertação" [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/a-promocao-efetiva-da-teologia.html]; "Sob a ´benção´ do ´Comandante´" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/02/sob-bencao-do-comandante.html]; "Um EXCOMUNGADO sem vergonha" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/04/um-excomungado-sem-vergonha.html]; "A 'profissão de fé' de Betto" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/08/a-profissao-de-fe-de-betto.html]; "A 'pedagogia' do Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/04/a-pedagogia-do-foro-de-sao-paulo.html].
[5]. Cf. "O engodo da libertação e o poder" [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/o-engodo-da-libertacao-e-o-poder.html].
[6]. Cf. "Não, a guerra não acabou", apenso III, vídeo - tempo: [01:39].
[7]. Cf. "Francisco: a cruz, a foice e o martelo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/07/francisco-cruz-foice-e-o-martelo.html].
O ditador Raúl Castro, em suas palavras de boas-vindas ao pontífice Francisco, traçou de maneira arrogante as regras do jogo para a visita papal, reafirmando, diante do ilustre visitante, o literal bloqueio interno em que os cubanos vivem há quase seis décadas.
Antes que Francisco tivesse oportunidade de oferecer sua proposta de “reconciliação” e “diálogo” para Cuba, o ditador Castro lhe recordou que a meta prioritária do regime continua sendo a de preservar o socialismo, que a “liberdade religiosa” já seria um direito “consagrado” na constituição, e que o regime não admite interferências, sequer “indiretamente”, no que considera “assuntos internos” da ilha-cárcere (leia-se liberdade e direitos humanos).
O recado estava transmitido e as regras do jogo desse brutal bloqueio interno castrista ficaram reafirmadas, não só ante o pontífice Francisco, senão, também, indiretamente, ante o presidente Obama. Ambos são seus grandes aliados neste momento em que estão respaldando, no plano internacional, o regime comunista e impedindo sua derrubada.
Boa parte dos desdobramentos da visita papal busca sentido e pode ser analisada do ponto de vista desse bloqueio imposto pelas regras do jogo do Lobo.
O recado recebido de um oficial da polícia política por Martha Beatriz Roque, uma destacada dirigente opositora que foi proibida pelo regime de encontrar-se com Francisco no jardim da Nunciatura, para onde havia sido convidada, é suficientemente expressivo e fala por si mesmo. “Se você tem algo que dizer ao papa, diga-o a nós, que o transmitiremos. Também é expressivo e fala por si o comentário balbuciante do porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, na reunião de imprensa posterior à missa em Holguín, sobre a detenção de dissidentes, conforme reproduzido pelo jornalista Jesús Bastante, responsável pelos assuntos religiosos na ABC de Madrid, no artigo para a agência espanhola Religión Digital (21 de setembro de 2015): Por que o papa Francisco não criticou a ditadura cubana? Por que não se encontrou com os dissidentes dos Castro?
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, teve que lançar mão de toda a diplomacia da Santa Sé para responder às insistentes perguntas da imprensa internacional durante a rodada de entrevistas posterior à missa papal em Honguín.
“Não estava nem está prevista uma reunião, em sentido estrito”, com a dissidência, admitiu o porta-voz, que reconheceu ter havido uma tentativa “falida” para que alguns dissidentes pudessem saudar o papa “de passagem”. Alguns deles, como Martha Roque, foram detidos no sábado, quando se dirigiam à Nunciatura para saudar o papa em sua chegada e, posteriormente, participar da Liturgia das Horas (Vésperas) na catedral de Havana.
Sabia Francisco, que essas detenções haviam acontecido? Lombardi não soube responder. “Não tenho nenhuma resposta… de parte da Santa Sé, sussurou o porta-voz, que tampouco quis esclarecer se o papa se referia ao regime quando pediu, na missa de Holguín para superar “nossas resistências a mudança” (até aqui a versão textual do jornalista espanhol Jesús Bastante). Ao mesmo tempo, dezenas de opositores políticos foram detidos à saída de seus domicílios e nas ruas para evitar que com suas eventuais reclamações empanassem o clima de suposta “liberdade religiosa” que se vivia na ilha-cárcere das Antilhas.
O Partido Comunista de Cuba (PCC) exigiu receber as listas com os nomes dos fiéis católicos que precisaram dirigir-se em grupos à missa papal em Havana. E os bispos colaboracionistas consentiram. Mais ainda. Militantes comunistas viajaram em cada ônibus com os fiéis católicos que se dirigiram à missa. E o PCC controlou, com seus militantes, todo o trajeto de Francisco pelas ruas de Havana.
Alguns gestos, sussuros e palavras soltas de Francisco, que poderiam ser interpretados como uma tentativa de quebrar o bloqueio interno castrista, foram anulados pela horrorosa visita de Francisco ao ex-ditador Fidel Castro, solicitada pela Santa Sé. A julgar pelas fotos difundidas no periódico Granma, Francisco contemplava o sanguinário ex-ditador e estreitava suas mãos como se fosse um santo e não o homem responsável pelo fuzilamento de jovens mártires católicos que morreram no paredón exclamando “Viva Cristo Rei, abaixo o comunismo!”. Fidel foi, também, o artífice da estratégia posterior de criar apóstatas e não mártires, reconhecida em discurso na Universidade de Havana. Ele é o maior responsável, enfim, pela destruição de Cuba.
Nessa perspectiva, a viagem papal a Cuba contribuiu, decisivamente, para manter o bloqueio interno que asfixia os cubanos e a empurrar os católicos para uma “reconciliação” com os Lobos comunistas. São estas algumas primeiras reflexões, sem dúvida esquemáticas, nos momentos em que termina a visita de Francisco à ilha-cárcere de Cuba.
Juan Habanero Cubano, 21 de setembro de 2015.