Resolveu levar o neto ao circo, para que conhecesse a alegria pura e inocente, como aquela que tinha vivido na sua infância. A expectativa de ambos era enorme.
Chegando ao local quis comprar pipoca, mas foi informado que não era mais comercializada, pois a ANVISA não permitia a venda de alimentos com gordura trans. Também não encontrou algodão doce, pois a SMIC não liberara a carrocinha de venda da guloseima.
As frustrações estavam apenas começando.
Foi até a bilheteria e soube que não haveria espetáculo, o vendedor de ingressos começou a enumerar os motivos:
A bandinha fora proibida de tocar, pois deveria recolher uma taxa para o ECAD. O elefante fora afastado por ordem do IBAMA. O domador do leão havia ingressado com uma reclamatória trabalhista, alegando periculosidade. O picadeiro não podia ser montado, pois faltava areia, proibida pela FEPAM, e a serragem não era certificada, podendo configurar risco ambiental. O trapézio havia sido interditado pelo MPT, pois poderia oferecer risco aos acrobatas. A mulher barbada e o palhaço anão estavam processando o dono do circo por bullying, alegando dano moral. O mágico não poderia se apresentar, pois o PROCON entendia que o ilusionismo era uma forma de enganar o consumidor. O encarregado da limpeza forçou sua demissão para ficar no seguro desemprego. O engolidor de fogo não obteve PPCI do Corpo de Bombeiros para apresentar seu número. As duas ginastas oficializaram sua união e abandonaram o circo. As motocicletas do Globo da Morte foram apreendidas pela EPTC, pois estavam com a surdina incompleta. O equilibrista foi vetado pela DRT, pois não usava paraquedas. O fornecimento de energia foi cortado, pois o circo deveria instalar uma subestação, às suas expensas, para recebê-la. O homem bala não poderia ser arremessado pelo canhão, pois a arma não estava registrada na Polícia Federal. O apresentador era estrangeiro e não podia trabalhar, pois não era cubano. Os macacos estavam proibidos de atuar, por força de uma Ação Coletiva de uma ONG Darwinista. Foi ajuizada uma ACP pedindo a interdição do circo. Houve uma autuação fiscal cobrando ISS, o contador ficou com stress e entrou em licença saúde.
O dono do circo, que era o verdadeiro malabarista, pois tinha de pagar todos os impostos com uma receita insuficiente, tinha entrado em depressão.
Sentado num tamborete, viram um homem triste, com o rosto pintado e vestido de palhaço.
Então o menino perguntou:
“Vô, mas o palhaço não é alegre?”
E ele respondeu:
“Pois é, levaram embora a alegria dele. Acho que vais ter que voltar a brincar com teus videogames ou assistir desenhos na TV”.
(Abril de 2020)
A peste que veio do leste – mais especificamente, da China – está submetendo o planeta a uma experiência inusitada e bastante perigosa. Alguns dizem que a coisa nasceu quando um idiota, sem qualquer noção de higiene, comeu uma inacreditável e repugnante sopa de morcego-comedor-de-cobra, iguaria que alguns tentam nos empurrar como fruto de “hábitos culturais”, mas que ninguém me convence de que não tenha sido imposta aos chineses pela necessidade de sobreviver à fome, comum a todos os povos que experimentam o comunismo. Outros especulam que teria surgido em laboratório e, dentre esses, há quem sustente que seria uma arma biológica do PC chinês para conquistar o mundo.
Nunca me arrisco a dar palpites sobre coisas que desconheço e, nesse caso, esse hábito, herdado de meu pai, é ainda mais indicado, por tratar-se de um tema novo, complicado e cheio de dúvidas e mistérios. Ademais, se os entendidos ainda não o entenderam, é impossível que não entendidos possam entendê-los. Como não entendo bulhufas de vírus, porque moro na “praia” da economia, onde mergulham, tomam sol, caminham e surfam a oferta e a demanda, a poupança e o consumo, a produção e o investimento, só o que posso me atrever a afirmar, sem medo de erro ou exagero, é que o Covid 19 é um inimigo que tira vidas, impõe custos sociais tremendos e ameaça destroçar as atividades econômicas em todo o planeta.
Para termos uma esquálida - e, mesmo assim, enigmática - ideia da devastação que pode se abater sobre o mundo, do início deste ano até o final de março, a peste do leste já se estendeu a mais de 150 países e a cinco continentes, infectou mais de 450 mil pessoas e interrompeu perto de 24 mil vidas.
Não bastasse isso, ameaça destroçar a economia mundial com violência sem precedentes. Não faltam estimativas quanto ao montante dos estragos, como essas sobre a queda do GDP americano:
- Bank of America - 12%
- Goldman Sachs - 24%
- JP Morgan - 14% e
- Morgan Stanley - 30%.
Para o PIB do Brasil, de 35 instituições que apresentaram projeções, apenas 5 apostam em um número positivo (entre 0,3 e 0,7), três cravam zero e as demais 27 oscilam entre – 0,3% e – 3%. Ou seja, se é possível confiar em alguma coisa, é na incerteza, no risco e no pessimismo.
É costume exigir dos governos as soluções para as grandes crises, porque os indivíduos, paradoxalmente, embora não gostem de políticos, acreditam que os governos têm sempre boas intenções e que podem fazer mágicas na economia para conduzir todos ao Éden.
Esses truques consistem em inflar a demanda pela imposição de uma verdadeira olimpíada de estímulos, a saber, qual banco central é mais rápido em martelar artificialmente a taxa de juros para baixo, que governo arremessa mais longe os seus gastos, quem é melhor em despejar moeda sem lastro do alto, etc.
Isso já vem acontecendo desde o início de março. Nos Estados Unidos, o Fed reduziu a faixa das taxas de juros de entre 1% e 1,25% para entre zero e 0,25%, o maior corte desde 2008; injetou US$ 1,5 trilhão em liquidez no sistema bancário; comprou US$ 1,2 trilhão em títulos; baixou a taxa de redesconto de 1,5% para 0,25% e reduziu os requisitos de reserva para zero, ou seja, acabou com todo e qualquer resto de lastro. Do lado fiscal, o governo também tomou medidas muito fortes, como uma lei para aumentar os gastos em US$ 8,3 bilhões; a decretação de estado de emergência para liberar a distribuição de até US$ 50 bilhões em ajuda a estados, cidades e territórios; ajuda ao exterior; a proposta de um novo pacote de estímulo de cerca de US$ 1 trilhão.
O Banco Central Europeu (BCE), que desde 2019 já reduzira a taxa de juros abaixo de zero para prevenir uma recessão esperada, também anunciou medidas de estímulo, como aumentar em US$ 128 bilhões as compras de títulos em 2020 e afrouxar as exigências de capital dos bancos. Medidas semelhantes vêm sendo adotadas na Austrália, na China, em Hong Kong, na Coreia do Sul, Reino Unido, França, Itália e Japão.
E até a equipe econômica do governo brasileiro, a mais liberal de nossa história, seguiu, embora certamente com alguma contrariedade, a toada: liberação de compulsório para bancos proverem liquidez às empresas (R$ 200 bilhões), empréstimos do BNDES e Caixa (R$ 150 bilhões); liberação de recursos ao Ministério da Saúde; postergação de impostos; antecipação de abonos salariais e benefícios para aposentados (R$ 150 bilhões). Em poucos dias, R$ 500 bilhões despejados na economia!
Além disso: auxílio a informais (R $50 bilhões) e empréstimos em folha de pagamento (R$ 50 bilhões); transferências mensais de R$ 600 para 38 milhões de pessoas; complementação de parcelas de salários que as pequenas empresas não puderem pagar;
empréstimos na folha salarial. Como disse o ministro Paulo Guedes no final de março, “o pacote atual é de mais ou menos R$ 750 bilhões, e ele pode aumentar se for necessário”. E prosseguiu: “Vamos gastar de 4,8 a 5,0% do PIB esse ano”.
Nessa combinação de keynesianismo econômico com o autoritarismo provocado pelas providências de confinamento que vêm sendo adotadas pelos governos em escala mundial, duas perguntas são relevantes: (a) essas medidas estão corretas? e (b) supondo que sejam, serão suficientes?
O comunavírus
Admitindo – para evitar que o artigo fique quilométrico - que as respostas a ambas sejam positivas, vamos formular então a seguinte:
Quais os perigos desse aumento sem precedentes da coerção do Estado nas nossas vidas?
O momento exige a maior serenidade possível, porque, embora saibamos que o vírus chinês não gosta de brincadeiras, não podemos perder a cabeça e o controle da situação, sob a pena de transformarmos as vidas de todos em um suceder de atos servis, em uma lista de afazeres ditada diariamente pelo governo.
Qualquer cidadão que preze a liberdade não pode deixar de manifestar perplexidade diante da quantidade de ações de natureza autoritária e populista que espocam diariamente nas mídias de informação, por parte de prefeitos, governadores, políticos e membros do Judiciário, sempre com o apoio quase irrestrito da imprensa tradicional. É uma saraivada de comandos e ordens do Estado aos cidadãos que nunca se imaginava acontecer em nosso país e é notório que muitos estão procurando tirar proveito político da pandemia para minar o governo e afastar o presidente, seja por razões ideológicas ou simplesmente para afastá-lo da eleição de 2022 e apresentarem-se como candidatos. E o jogo dessa gente é sujo, muito sujo, mesmo levando-se em conta que a atividade política, desde os tempos mais remotos, não pode ser caracterizada propriamente como atos de santidade, porque visa ao poder que – se espremermos bem o limão -, é a dimensão política do axioma da ação humana.
Com efeito, temos assistido perplexos a um desfile de arbitrariedades e propostas de mais arbitrariedades repletas de boas intenções (tenho dúvidas) e, principalmente, de populismo barato e ideologia camuflada. Vou citar algumas, dentre inúmeras outras de teor semelhante:
- quarentena horizontal – fechamento de comércio - detenção de pessoas que se recusam a obedecer a governadores e prefeitos - ameaças de todos os tipos a quem discordar - invasão de estabelecimentos comerciais por policiais - confisco de mercadorias “para servir ao bem comum” – prefeitos bloqueando acessos a suas cidades e governadores a seus estados - controles e congelamentos de preços e aluguéis - propostas de imposição do IGF (imposto sobre grandes fortunas) - bloqueio de estradas - proposta de taxação de 10% do lucro de empresas com capital igual ou maior a R$ 1 bilhão – proposta de estatização de todos os hospitais privados do país – respaldo do STF a medidas desse tipo – imprensa tradicional incutindo pavor e pânico 24 horas por dia e apoiando as medidas autoritárias – permanentes bombardeios ao Executivo desferidos pela imprensa e pelos outros poderes, com objetivos pouco disfarçados de desestabilizá-lo – rebelião de alguns governadores e prefeitos.
No exterior, não tem sido diferente. Dois casos chegam a chamar a atenção por sua bizarrice: o primeiro no Panamá, onde o governo impôs um “rodízio de gênero”, em que os homens só podem sair de casa nas segundas, quartas e sextas, as mulheres somente nas terças, quintas e sábados e, nos domingos, nem homens e nem mulheres podem deixar suas casas. E o segundo na Colômbia, onde a agência de saúde do governo aconselhou a masturbação como forma de minorar os efeitos da quarentena...
As raposas autoritárias, como vemos, estão saindo rapidamente de seus esconderijos e avançando sobre nossas galinhas. O direito de propriedade, uma instituição fundamental da economia de mercado, está sendo ameaçado e desrespeitado; o direito à liberdade, seja a econômica, seja a de ir e vir e até mesmo a de se expressar, também está sendo agredido; E o direito mais importante de todos – que é o direito à vida – está visivelmente servindo de pretexto para a imposição de agendas autoritárias muito perigosas. Podemos dizer que a impressão é que estamos na porta de entrada do totalitarismo mais descarado.
Costuma-se defender essa onda autoritária argumentando que vai se limitar à emergência da situação e que, uma vez passada, tudo retornará ao que era antes.
Não podemos ter certeza de que vai ser assim! A história da civilização já é suficientemente longa para mostrar que o poder costuma tirar proveito de todas as crises, porque é durante elas que o seu avanço não encontra grandes obstáculos, e tem mostrado também que, uma vez aumentado, nunca retorna ao ponto inicial. Em outras palavras, o poder discricionário do Estado morre de amores pela continuidade e odeia a brevidade. Entretanto, quando se trata de desonerar e reduzir alíquotas de impostos, o que vem sendo obrigado a fazer pela pandemia, ele adora ter um romance efêmero com a brevidade...
Existe – e não podemos ser tolos a ponto de negar – o perigo de um estado de exceção aguçado por razões de saúde passar para um estado de exceção motivado por saques, protestos e levantes sociais. Isso impediria, ou na melhor hipótese, atrasaria a restauração completa das liberdades que os governos nos estão suprimindo. A pior das pandemias é a dos estados totalitários.
Nem vou mencionar os projetos criminosos da eternamente rupestre esquerda de implantação do socialismo, que está estimulando o facho totalitário dos malucos de sempre. Por isso, finalizo com uma advertência: quem trabalha, produz e não abre mão de ser livre tem que se manifestar desde já, para que fique bem claro que ninguém que tenha a cabeça no lugar admite qualquer tipo de totalitarismo no Brasil.
*Publicado originalmente no blog do prof. Iorio
https://www.ubirataniorio.org/index.php/artigo-do-mes/394-abr-2020-coronavirus-e-comunavirus
RASTRO DE DESTRUIÇÃO GARANTIDO
Queiram ou não o fato é que a TRAGÉDIA ECONÔMICA que já se espalhou por todos os cantos do nosso empobrecido Brasil, cuja colheita, pelo fantástico tamanho da safra, já GARANTIU que teremos pela frente um terrível rastro de destruição, notadamente para quem opera o SETOR PRIVADO, responsável único e direto pela PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
PNEUMONIA
Observem que, em termos COMPARATIVOS, o estrago ECONÔMICO provocado pelo CORONAVÍRUS ao SETOR PRIVADO (QUE FAZ O PRODUTO, COMERCIALIZA E PRESTA SERVIÇOS), pelo efeito QUARENTENA -INDISCRIMINADA- imposta como forma de conter o avanço da doença, é infinitamente mais sério e destruidor do que uma -PNEUMONIA- é capaz de fazer nos pulmões de qualquer ser humano com baixo índice de imunidade.
RESFRIADO
Já para boa parte dos PRIVILEGIADOS BRASILEIROS DA -PRIMEIRA CLASSE-, que estão lotados no inatacável SETOR PÚBLICO, o que é uma TRAGÉDIA INCALCULÁVEL para quem é empregado do SETOR PRIVADO, a CRISE DO CORONAVÍRUS não passou de um simples e insignificante RESFRIADO.
BLOCO DOS INGÊNUOS
Pois, mesmo que me recuse a fazer parte do BLOCO DOS INGÊNUOS, ainda assim não posso entender como o povo e as mais diversas entidades empobrecidas com a paralisação da economia ainda não se rebelaram contra esta incrível BLINDAGEM que mantém os SERVIDORES PÚBLICOS totalmente protegidos e fora da TRAGÉDIA.
PAUTA COMUM
Atenção: - Enquanto o desemprego e/ou a redução dos salários são -PAUTA COMUM E INEVITÁVEL- para quem opera no SETOR PRIVADO, a empregabilidade, os magníficos salários e outros tantos penduricalhos conferidos à PRIMEIRA CLASSE, ocupada por SERVIDORES PÚBLICOS PRIVILEGIADOS, seguem imexíveis. Pode?
PODERES LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO
Mais: os líderes, que estão à frente dos Poderes LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO, aos quais caberia o estabelecimento de uma igualdade de ganhos para todos, neste momento grave, todos estão quietos, recolhidos e fechados contra qualquer perda dos absurdos benefícios da classe privilegiada.
ATESTADO DEFINITIVO
Gente, a pedra está lançada. Vamos ver até onde vai a covardia e/ou leniência do povo. Se esta grave CRISE ECONÔMICA não se mostrar suficiente para que o povo acabe, definitivamente, com esta nojenta e injusta existência de DUAS CLASSE SOCIAIS pra lá de DISTINTAS, aí estaremos passando o atestado definitivo de que até o CORONAVÍRUS não passou de uma grande piada!
O pior vírus nesse momento no Brasil é a expressão ignorante, nas redes sociais, de milhares de idiotas que nunca estudaram coisa alguma!
Nunca leram mais de dois bons livros por completo, leitores de panfletos e orelhas de livros, buscadores de informações no Google e junto a outros amigos idiotas; não conseguem sequer ler mais de duas páginas (muito cansativo), ouvir reproduções com mais de dois minutos (muito longo)!...
Esses são, via de regra, os críticos e os contestadores de tudo e todos.
Os bondosos especialistas acusadores foram formados pela Pátria Educadora, em que o seu progenitor se gabava de nunca ter estudado!
Evidentemente, virtudes desnecessárias para assaltar os cofres públicos, institucionalizar a corrupção e enganar outros tolos sectários fundamentalistas.
Rebeldes revoltados, que apesar das recomendações médicas - tomara que com embasamentos científicos - referentes ao Coronavírus, continuam a tossir asneiras e certezas imprecisas!
Naturalmente, o medo venda nossos olhos e nos provoca cegueira emocional. A razão tenta desesperadamente criar argumentos para a justificação de tal medo.
O circo está montado. De um lado a turma do Beautiful People, ouriçada com seu hino da humanidade, com a “causa” cara de um idealismo intolerante e despropositado.
Oportunidade ímpar e nobre para que vozes falso-eruditas de altruístas e de clementes, ignaros da apreensão da vida e da realidade, da economia e da esdrúxula separação entre saúde e economia expressem seus sentimentos de ódio, de inveja e de rancor pelos capitalistas “sem coração”.
De outro lado, a turma do impeachment a qualquer custo, inclusive agora com reforços.
Outros desejam a retomada da atividade econômica, justificadamente, a fim de poderem trabalhar, comer e sobreviverem. Dentre esses, também aqueles que querem lucrar - sentimento moralmente justo e digno - embora muitos aqui, com o passar do tempo, tenham esquecido que o capitalismo é um sistema econômico que, verdadeiramente, não pode deixar de lado a preocupação com todas as partes interessadas. A ética da produtividade precisa ser ética!
Mas pelo amor D’Ele! Vão ler, estudar, aprender e pensar, antes de continuarem passando vergonha, rapazinhos e rapazinhas.
Como Hemingway afirmou: “São necessários dois anos para aprendermos a falar e sessenta para aprendermos a calar”!
Não acho que o vírus se alastrará na mesma proporção geométrica - fundamentado nas evidências científicas disponíveis, no entanto, inconclusivas - que a reprodução de idiotas especialistas de tudo nas redes.
Sou intransigente e não respeito os outros seres humanos? Não! Só tá difícil de continuar tendo que ouvir e ler tanta bobagem.
Num documentário da National Geographic sobre felinos da África, dois guepardos machos, loucos por acasalar, engalfinharam-se na disputa por uma fêmea. Nisso, um leão, pesando cinco vezes mais que qualquer dos brigões, entrou em cena. Mas os guepardos subestimaram a ameaça e não interromperam a luta. E, minutos depois, a câmera mostrou o leão... com o cadáver da fêmea disputada na boca.
Eles não reconheceram o inimigo comum e mais forte. E perderam ambos. A conduta básica dos guepardos é determinada pela genética. Eles não são racionais nem têm discernimento, mas reagem por instinto. E o apetite de acasalar venceu o instinto de evitar o perigo. Tudo muito natural.
Antinatural é, entre nós, ignorar que a pandemia é o inimigo comum, usando o sofrimento da população para politizar a crise. De olho em 2022 e raciocinando como feras, desde figurões como João Doria, Rodrigo Maia e coronéis da esquerda, até aos aloprados que batem panela, todos só pensam em nocautear o governo, com grave prejuízo para o País.
Para derrotar a pandemia, o Brasil é instado a fazer um esforço de guerra, cobrando, de todos, união e boa dose de sacrifício. É assombroso, pois, que oportunistas estejam empenhados em dividir a nação como tática rasteira de disputa política, acarretando fatalmente maior sacrifício para os mais pobres.
Ah, quer dizer que Bolsonaro não pode ser criticado? Ora, antes pelo contrário: convém que o seja. Mas que não se tome por crítica a incessante e desmedida guerra movida por uma coalizão formada por alguns dos principais órgãos de imprensa, pelos parasitas do Centrão e pelas hienas da esquerda. O país está pagando por essa guerra.
A crítica tem, sim, que ser livre, para o cidadão e para a imprensa. Aliás, um dos inúmeros motivos por que, em 2018, elegeu-se Bolsonaro e se repudiou a candidatura de Fernando Haddad foi estar previsto no programa de governo do petista promover o "controle social da mídia", isto é, a blindagem do governo às críticas - como na Venezuela.
O inaceitável é usarem a liberdade de expressão para desinformar a população, gerando pânico e, nalguns casos, desespero. Tudo para matar a esperança e vergar a coragem das pessoas, suscitando uma sensação de desamparo e revolta, estado de espírito que costuma voltar-se contra o presidente do país. Quem ganha com isso? E quem efetivamente perde?
A população terá que dar uma resposta razoável à alta ralé e aos batedores de panela, usando, diferentemente das feras, o discernimento e agindo com responsabilidade. É hora de união, não de politização.
*Renato Sant'Ana é advogado e psicólogo
É lugar comum dizer que as crises são também oportunidades, em especial para aprender. Vivemos a grande crise global do coronavírus e mesmo com toda a dramaticidade que envolve, ela também tem muito a ensinar. Caso este artigo passe alguma ideia de aclamação à pandemia, peço de antemão desculpas ao leitor, pois em minha quarentena também acompanho preocupado e com tristeza solidária todo o sofrimento pelo qual passa o mundo. Apenas quero marcar aqui uma notável e esperançosa lição, dentre as muitas que a tragédia trará no sentido de se evitar episódios semelhantes e de construir um mundo melhor.
A importante discussão sobre a questão da quarentena como medida a ser adotada no Brasil, passou pelo sim ou não, pelo total ou parcial, horizontal ou vertical e acabou colocando em posições antagônicas os conceitos de vida e de economia. Em uma versão simplificada das posições, de um lado colocam-se os favoráveis à quarentena total, aos quais justifica-se a paralisação da economia com o isolamento máximo da população, reduzindo a velocidade da contaminação para evitar sobrecarga e colapso do sistema de saúde e consequentemente salvar vidas. De outro lado, colocam-se os que defendem a garantia da continuidade da economia evitando crises de renda e de abastecimento da população, e de sobrecarga e colapso dos sistemas de segurança pública, com graves consequências sociais e políticas. Para os primeiros a economia é recuperável e as vidas não. Para os outros, a economia paralisada acarretará fome, miséria e convulsões sociais, adicionando número significativo de mortes às causadas pelo vírus. Para muitos apenas firulas políticas enroladoras, no entanto, envolvem formas diferentes de ver o mundo.
A visão holística foi um dos maiores avanços alcançados pela Humanidade e ela parte do princípio de que todas as coisas estão articuladas entre si, influenciando-se mutuamente. Nada existe de forma isolada no universo, mesmo que algumas coisas possam estar mais próximas ou mais distantes. Ainda mais um conceito tão complexo como o de vida que envolve tantas interrelações para sua existência. Continuando com o exemplo da vida que, apesar de dependente, não depende só da saúde, assim como, apesar de dependente, a saúde não depende só da medicina. Você pode gozar de plena saúde e ser atropelado por um carro, assim como o médico pode receitar um xarope adequado para uma criança, mas o barraco onde mora o pequeno é incapaz de protegê-lo do frio ou da chuva podendo levá-lo à morte com ou sem a medicação. Dois exemplos nas áreas da arquitetura e do urbanismo de como a vida pode ter outras dependências além da saúde e da medicina.
Aliás o ministro Mandetta abordou corretamente este assunto ao dizer de sua esperança de que após a passagem da pandemia, o Brasil mude a maneira de tratar suas cidades, atribuindo um novo valor ao planejamento urbano, com destaque, para ele, nas áreas da Habitação e do Saneamento Básico. Além das duas áreas citadas eu acrescentaria todas as demais, já que a cidade é o objeto holístico por excelência e não pode ser tratada por partes isoladas.
As ligações entre vida e economia são mais estreitas ainda e, sem querer exagerar, vêm desde o Livro do Gênesis quando Deus nos expulsou do Paraíso determinando que a partir daquele momento teríamos que viver (Vida) do suor de nosso próprio trabalho (produção, Economia)e até colocou um ou dois anjos com espadas de fogo impedindo-nos voltar. Findo o Paraíso, nada mais cai do céu e o trabalho é essencial à vida. Espero que as autoridades e a sociedade encontrem um meio termo entre as quarentenas “horizontais” e “verticais”. Mas tem que ser já.
* O autor é arquiteto e urbanista, é conselheiro licenciado do CAU/MT, acadêmico da AAU e professor aposentado