• Marcos Coimbra
  • 01 Julho 2015

 

            Na raiz do problema existe o fato de que falta autenticidade a grande parte dos intitulados “oposicionistas” brasileiros. Os oito anos do “príncipe” da sociologia não sofreram solução de continuidade nos três mandatos petistas, em especial no tocante à administração econômica. Os últimos vinte anos caracterizaram-se por um conjunto de medidas que ilustram uma gestão contínua capaz de ser qualificada como “pai dos pobres e mãe dos ricos”. O processo de deterioração das principais Instituições Nacionais agrava-se a cada dia, sem possibilidade de reversão. As nossas Forças Armadas continuam a sofrer um brutal esvaziamento, sendo obrigadas a aceitar imposições descabidas.

            Os petistas possuem o poder informal, somado ao poder formal, propiciado pelo exercício do comando do governo central. Em doze anos já nomearam dezenas de milhares de correligionários para cargos de confiança de alto nível. A cada momento, posições de relevo são ocupadas por eles. A maioria dos integrantes das mais Altas Cortes do Judiciário já foi nomeada por administrações petistas. Grande parte dos maiores empresários do país foi cooptada. Concorrências bilionárias sem as devidas licitações fazem a alegria dos “escolhidos” pelo rei. Através do BNDES grupos poderosos são beneficiados obtendo a concessão de vultosos empréstimos a juros subsidiados, inferiores aos pagos pela “rolagem” da enorme dívida interna. Financiamentos a países “companheiros” são concedidos sem garantia de retorno.

            Não bastasse o grave erro cometido, na ocasião do triste episódio do “mensalão”, quando era o momento adequado para cobrar as responsabilidades dos infratores, pugnando pela justa punição deles e pela solicitação do devido impedimento de Lula, a oposição acomodou-se, com medo da reação dos ditos “movimentos populares” ligados ao PT ou por outras razões desconhecidas, mas indefensáveis. Talvez acreditando que Lula sangraria e seria um adversário fácil de ser batido em 2006, o que não aconteceu.
            O atual "espetáculo" proporcionado pelos nossos "políticos" é de estarrecer. A troca desenfreada de partidos, o esquecimento das bandeiras defendidas no passado, alianças espúrias efetivadas, o clientelismo desenfreado, o assistencialismo enganoso, o nepotismo desvairado mostram o baixo nível de cultura política existente. A razão verdadeira destes procedimentos está na busca de verbas, cargos e nomeações para garantir a reeleição ou posições mais prósperas. Ora, os distintos chefes políticos tradicionais não estão enxergando um palmo a frente. O PT possui um projeto de poder para no mínimo 24 anos. Lula tentará vir de novo em 2018. Para os partidos aliados está oferecendo "migalhas". O PMDB, então, está engajado no apoio a todas as iniciativas petistas, altamente desgastantes, sem ter uma retribuição compatível ainda.

Constatando-se o poder da mídia, quase que inteiramente dependente das concessões públicas e das verbas publicitárias provenientes em especial da administração federal, encontramos um cenário preocupante. Apesar das diversas correntes que abriga, o PT adota o centralismo democrático modelo cubano e sabe impor a sua vontade aos eventuais contestadores.

Se este panorama for concretizado, com a continuação da "eleição eletrônica" nos viciados moldes atuais e com o controle da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal nomeados por administrações petistas, estarão criadas as condições para o surgimento de um rolo compressor capaz de implantar uma “democracia bolivariana” no país. Nunca mais o PT abandonará o poder, a exemplo do que está acontecendo na Venezuela, com os seguidores de Chávez, na Bolívia e outros. Em paralelo com o crescente esvaziamento dos demais partidos, em virtude principalmente do fisiologismo, o PT não necessitará mais do apoio de outro partido, pois será forte o suficiente para governar sozinho, como o PRI.

Estarão criadas as condições para a implantação de um partido único, de fato, sectário, radical, perseguidor dos que não pensam como eles, conforme já está ocorrendo nas principais estatais brasileiras, permitindo-se a sobrevivência de alguns, apenas para afirmação da falácia de que vivemos em uma democracia, a exemplo do passado, com a Arena e o MDB. Será que os ilustres dirigentes partidários de outros partidos não estão percebendo o perigo que estão correndo? A única saída é a união de todos, em torno de um projeto democrático, para evitar a ditadura de fato, enquanto é tempo. Na realidade, como na fábula narrando a sociedade entre os porcos e as galinhas, os demais partidos entram com o bacon, enquanto o PT fornece os ovos.

É muito triste assistir as trapalhadas dos “oposicionistas” tentando fazer aquilo que não sabem para tentar evitar a continuidade da facção mais radical e irracional do PT no poder. Falta coragem, competência e capacidade de articulação para mostrar os pecados do desgoverno petista, mostrando um caminho alternativo. Não há um Carlos Lacerda mais. Oposição propondo mais do mesmo é ridícula. E o Projeto Nacional de Desenvolvimento?

Sítio: www.brasilsoberano.com.br

Economista, Professor, Titular Fundador da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
 

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  • Antônio Augusto Mayer dos Santos
  • 29 Junho 2015

 

 Carecendo de tradição democrática mais profunda, o país que está na sétima Constituição Federal em menos de um século e meio de república necessita redefinir seu formato politico-institucional. O atual não convence mais. Não funciona mais. Não satisfaz mais. Mas segue inabalado.

Mas qual, dentre tantos, seria o adequado? Aquele que melhor conciliar as características nacionais. Para isso, é essencial levar em conta que não há sistema perfeito que tenha satisfeito, satisfaça ou vá satisfazer a unanimidade. Por quê? Porque como tudo na vida, cada um contém os seus defeitos e virtudes, em maior ou menor escala. No Brasil não é diferente. Basta referir que conceitos como cidadania e mandato, ainda que muito abstratos e não chegando ao cotidiano da maior parcela da população, não a impedeM de atribuir níveis acachapantes de desconfiança e rejeição à política e aos políticos a cada pesquisa de opinião que é realizada.

O lamentável é que mesmo diante dessa penúria, a reforma política é apenas uma miragem, uma palavra solta sem conexão. Só existe na teoria, na retórica das entrevistas, das frases-feitas e dos bordões de campanha. Nunca foi objeto de uma agenda parlamentar realmente ambiciosa e conclusiva. Transformada numa espécie de obsessão nacional adornada com argumentos sedutores, foi amesquinhada, virou palavrório, bolor e até piada. Ninguém acredita na sua efetivação. Da distante Comissão Temporária instalada em junho de 1995 para cá, vinte anos e seis legislaturas escoaram sem qualquer mudança, embora o Congresso Nacional tenha produzido um volume considerável de projetos dotados de potencial reformador.

O cenário de falcatruas e de dinheirama desviada evidencia que nem os abalos institucionais mais recentes geraram aprendizado para efetivá-la. Porém, não obstante um parlamento integrado por maiorias auto-interessadas e eficientes na blindagem do modelo atual para sobreviver eleitoralmente, há espaço para reações. Essa fadiga levada quase à exaustão pode ser um campo fértil para pautas menos intrincadas e mais convincentes.

As últimas propostas votadas na Câmara dos Deputados não qualificam a democracia brasileira. Trabalhosa mas possível, a edificação de uma nova engrenagem representativa depende do interesse dos cidadãos não apenas exigi-la como saber de que maneira isso pode realmente aperfeiçoar a modesta democracia do Brasil. Do contrário, o tema continuará raso e saltitando de legislatura em legislatura, como se fizesse parte de uma peça teatral monótona e de longa temporada onde cada ato repete o anterior e não empolga quem assiste mais do mesmo.

Advogado de Direito Eleitoral
 

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  • Ronald Hillbrecht
  • 28 Junho 2015


Com poucas exceções, os países da zona do euro compartilham uma longa história de indisciplina fiscal. A dívida pública média mais que dobrou entre 1970 e 1995, passando de aproximadamente 30% do PIB dos respectivos países para mais de 60%. Nos dez anos seguintes ela se reduziu um pouco, mas a partir da crise financeira global de 2008 a dívida pública média aumentou rapidamente, chegando a quase 100% em 2013. Embora todos os países da zona do euro tivessem aumento nas suas dívidas públicas, em dois casos (Irlanda e Grécia) o aumento foi explosivo.

No que diz respeito à acumulação de dívida pública, é razoável que ela ocorra durante períodos de dificuldades econômicas, como guerras ou mesmo recessões, mas não é razoável que ocorra persistentemente ao longo do ciclo econômico. O problema é que a acumulação da dívida tem consequências negativas para o crescimento econômico, em particular quando a dívida se torna grande e sujeita a crises autorrealizáveis.

Considere o caso da Grécia. Em 2007, sua dívida pública representava mais de 100% do PIB e mesmo assim o prêmio de risco relativo a títulos do governo alemão era pequeno. Investidores não consideravam seriamente o risco imediato de calote pelo governo grego e, na ausência da crise financeira de 2008, tratava-se de um cenário plausível. Esta situação representa o que se chama equilíbrio bom. Entretanto, com o advento da crise financeira global, os investidores começaram a questionar cada vez mais este cenário, o que elevou o prêmio de risco e tornou a dívida grega cada vez mais instável, particularmente em função da queda subsequente do PIB.

O rápido crescimento da renda per capita grega até 2009 foi fruto de uma bolha criada pela acumulação de dívida pública e financiada com endividamento externo, pois não teve contrapartida em crescimento de produtividade.

dicionalmente, o déficit público grego ficou, em média, em 11,3% do PIB entre 2008 e 2013, elevando a dívida pública rapidamente de um patamar de 100% do PIB em 2006 para 175% em 2014. Esta rápida acumulação de dívida levou a economia grega a um equilíbrio ruim: da mesma forma que os prêmios de risco no equilíbrio bom eram muito baixos, eles se tornaram exageradamente elevados em 2010 – considerando ainda a descoberta de “contabilidade criativa” na mensuração dos déficits.

Em 2009, no rastro da crise financeira global, a situação econômica da Grécia começou a deteriorar muito rapidamente, o que levou à sua crise autorrealizável. O governo grego começou a perder acesso a mercados e ficou rapidamente claro que não seria capaz de lidar sozinho com esta situação: ou receberia auxílio externo –o que ocorreu – ou decretaria moratória.A deterioração iniciada em 2009 agravou-se pela adoção parcial das condicionalidades impostas pelo acordo de bailout: por um lado, a implantação de um regime de austeridade fiscal requer a redução do déficit público, o que tem um impacto negativo adicional sobre o PIB, já em queda; por outro lado, a não implantação de reformas estruturais impediu os ganhos de produtividade necessários para que a economia grega voltasse a crescer.

A despeito dos ajustes já efetuados, a Grécia ainda precisa de recorrentes socorros financeiros, mas seu governo parece ser incapaz de estabelecer os necessários compromissos de longo prazo. O problema é que as dificuldades econômicas da Grécia têm origem política. O atual partido no poder, o Syriza, tem compromissos com seus eleitores que são incompatíveis com novos acordos com a troika. Adicionalmente, elevados gastos públicos e empreguismo no setor são considerados virtudes pelo eleitor do partido, enquanto reformas pró-mercado são condenáveis. Entretanto, fica o lembrete: sair do euro para poder desvalorizar sua nova moeda apenas reduz os gastos correntes, permitindo que o país sobreviva à margem dos mercados financeiros. Mas ela não resolve os problemas de falta de crescimento de produtividade que comprometem a prosperidade do país.

Ronald Hillbrecht, doutor em Economia pela University of Illinois, é professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS e especialista do Instituto Millenium.
 

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  • Bruno Braga
  • 28 Junho 2015

Notas publicadas no Facebook.

I. A revolução anticristã na escola do MST.

A Escola Nacional Nacional Florestan Fernandes (ENFF) - o núcleo de "formação" do MST - recordou recentemente a data de falecimento de Antonio Gramsci. O fundador do Partido Comunista Italiano é um dos grandes inspiradores da estratégia revolucionária que há décadas vem sendo aplicada no Brasil: a revolução cultural, que de forma eficaz contribuiu com a promoção do projeto de poder comuno-petista do Foro de São Paulo, do qual os próprios sem-terra são protagonistas e parte atuante.

Para celebrar Antonio Gramsci, a "escola" do MST publicou nas redes sociais uma sentença programática do comunista italiano: "O mundo civilizado tem sido saturado com cristianismo por 2000 anos, e um regime fundado em crenças e valores judaico-cristãos não pode ser derrubado até que as raízes sejam cortadas".

É importante recordar que o MST sempre apoiou suas ações - invasões de terra, saques, atividades de guerrilha - na perversão do Cristianismo da Teologia da Libertação. A instrução de Antonio Gramsci publicada pela "escola" dos sem-terra deixa à mostra o caráter pernicioso dessa "catequização" revolucionária. A fraude de um discurso religioso exposta. Uma pretensão anticristã ostentada. "Cortar" as "crenças" e "valores" judaico-cristãos - falsificá-os, enfraquecê-los, subjugá-los - para a promoção do projeto de poder comunista.

II. O MST e o assalto à Sagrada Escritura.

Um "Caderno de Educação" publicado pelo MST em 2000 apresenta um título significativo: "Ocupando a Bíblia" .

Trata-se de um manual elaborado para auxiliar a "educação religiosa" dos responsáveis pela "catequese" dos sem-terra - sobretudo das crianças - nos assentamentos e acampamentos, grupos de jovens, nas Comunidades Eclesiais de Base (pp. 07-08). A publicação proclama com distinção o propósito de "formar para a cidadania"; porém, uma "cidadania" que exige "engajamento e a militância" (p. 136). Para isso, o manual traz até um "decálogo". Sim, um "decálogo"! Dez mandamentos ditados por Frei Betto - "apóstolo" da Teologia da Libertação e "coroinha" de Fidel Castro - para articular "fé" e "militância política" (p. 116).

"Ocupando a Bíblia". Ora, não é mais segredo para ninguém. O Movimento Sem Terra chama cinicamente de "ocupação" as suas atividades criminosas: invasões, destruição de propriedades públicas e privadas, saques, ações terroristas e de guerrilha. Portanto, se o próprio MST assume que "ocupa" a Bíblia, outra coisa não faz que assaltar a Sagrada Escritura. E o faz com um "instrumento" conhecido e pernicioso: a Teologia da Libertação. Um embuste criado para ser inoculado dentro da Igreja Católica e perverter, modelar a fé para que ela esteja a serviço do projeto de poder comunista.

III."Mestrado" na escola do MST.

Uma "bela mística" - com facão e foice - no núcleo de "formação" dos sem-terra. O ritual foi promovido por uma turma de "mestrado". Uma "cerimônia" que mostra o "conteúdo" de um curso de pós-graduação ministrado na escola do MST, e com uma "intenção" que expõe os propósitos do grupo de guerrilha comuno-petista: "defesa da nossa América Latina" é lutar pela "Patria Grande" comunista do Foro de São Paulo (Cf. imagem - os destaques em vermelho são meus).


LEITURA RECOMENDADA.

BRAGA, Bruno. "O MST e a Teologia da Libertação, a CNBB e o projeto de poder petista-socialista-comunista no Brasil" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/11/o-mst-e-teologia-da-libertacao-cnbb-e-o.html].

______. "MST - acordo bolivariano, doutrinação e guerrilha" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/11/mst-acordo-bolivariano-doutrinacao-e.html].

______. "A Escola do MST, o acordo bolivariano e o treinamento dos sem-terra" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/11/a-escola-do-mst-o-acordo-bolivariano-e.html].

______. "Os 10 anos da "escola" do MST. As foices erguidas em honra de Genézio Boff e a emissora bolivariana TeleSUR".

______. "O MST e o Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/12/o-mst-e-o-foro-de-sao-paulo.html].

______. "Lula ameaça com 'exército' do MST" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/02/lula-ameaca-com-exercito-do-mst.html]. 

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  • Ricardo Santos Gomes
  • 26 Junho 2015


Pelo que se pode notar nas declarações públicas de petistas notórios, a estratégia para os próximos anos já está traçada. Começou o abandono do partido e a construção de uma versão alternativa dos fatos. Tudo para que o sonho socialista siga vivo em outro partido, redimido por uma narrativa dos fatos que, embora fantasiosa, seja suficiente para animar o militante. O testamento entrega a outros partidos a busca do socialismo; o obituário deixa uma mentira no lugar da história.

O obituário petista proporá que houve duas causas para a morte. Uma, a insatisfação por não ter entregue tudo o que prometeu. Outra, a oposição das elites dominantes ameaçadas em seu poder. Ambas são falsas, mas serão eternamente repetidas pela baixa intelectualidade esquerdista.

A rejeição do PT não ocorre por suas “promessas irrealizadas” – ela é resultado direto daquilo que ele realizou. Os governos petistas, no plano econômico, apostaram no fomento ao consumo sem produção, na concessão de crédito sem poupança, na distribuição sem criação de riqueza, na satanização do empregador e na aliança do BNDES com os empresários amigos. A conta haveria de bater, e a crise que já vivemos é a fatura desta conta. Como Thatcher disse, o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros. Como todo economista sério alertava que iria acontecer, o modelo petista ruiu.

No plano político, o PT apostou na corrupção como principal forma de dar “liga” na base de apoio. Ao passo em que concentrava poder no executivo federal, acreditava que enquanto a base estivesse com os bolsos cheios, não incomodaria. A ruína das instituições brasileiras aconteceu aberta e deliberadamente, com sustentação na pretensão de reconstruir um Brasil mais parecido com os amigos bolivarianos. O mensalão e o petrolão não são acidentes na história petista – são a principal política petista de formação de uma base de apoio no Congresso. Vários partidos estenderam a mão para receber as propinas milionárias, mas a mão pagadora sempre levava uma estrela.

A terceira estrofe do falso obituário é a tese da direita dominante e seu ódio ao PT. Bastaria, para desmenti-la, olhar para as manifestações de rua e a imensa pluralidade de pessoas que saíram de casa reclamando do PT. Bastaria, talvez, abrir as contas do BNDES – até hoje fechadas – para entender como a verdadeira elite dominante esteve abraçada a Lula e Dilma para ter a chave do cofre à sua disposição. E seguramente bastaria caminhar pelas ruas e ouvir as pessoas, para entender que o antipetismo tem matiz moral, e não econômica; pede decência, e não privilégios.

Com a história recontada, como a esquerda gosta de fazer a cada desastre do socialismo, o PT deixará a outro partido a missão de levar o Brasil à desgraça. Esse é o seu testamento. Sua missão foi cumprida – é hora já dos parasitas abandonarem o corpo para buscar outro hospedeiro.
 

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  • Ricardo Noblat
  • 26 Junho 2015




Começar por onde? Pelo aumento do desemprego? Ou da rejeição à Dilma, agora na casa dos 65%?
Pela decisão do Tribunal de Contas da União de pedir explicações ao governo sobre manobras fiscais? A decisão pode dar vez a um processo de impeachment contra Dilma.
Ou começar pelo desabafo de Lula detonando Dilma, o PT e ele próprio? Ou ainda pela prisão surpreendente dos dois maiores empreiteiros do país?
A prisão dos empreiteiros remete à Queda da Bastilha. Só havia por lá sete presos quando o povo de Paris tomou-a de assalto. Os presos foram libertados.
A cabeça do diretor da prisão desfilou pela cidade espetada na ponta de uma lança.
A Bastilha era um símbolo do poder absolutista dos reis. Sua queda virou um marco da Revolução de 1789 que mudou a França e repercutiu no mundo todo.
Até que a Bastilha fosse destruída, tinha-se como inconcebível que a ralé pegasse em armas para varrer o regime. Os reis eram figuras divinas.
Por aqui, parecia inconcebível que Marcelo Odebrecht, herdeiro de um império que faturou R$ 107 bilhões no ano passado, fosse parar na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, obrigado a comer quentinhas. Ele e o presidente da Andrade Gutierrez .
E não só pela fortuna que Marcelo amealhou, capaz de realizar todos os seus desejos de consumo, e também os desejos das próximas gerações dos Odebrechts.
Mas principalmente pelas conexões políticas e econômicas que Marcelo estabeleceu com políticos e governantes daqui e de uma dezena de países. Lula virou seu empregado. E, junto com Dilma, refém do que Marcelo sabe.
Se o mais poderoso empresário brasileiro decidisse colaborar com a Justiça, a República literalmente cairia.
Imagine se viessem à luz detalhes de um dos encontros de Marcelo com Dilma no ano passado, quando ele fez um circunstanciado relatório sobre os bastidores dos negócios entre as empreiteiras e a Petrobras? Por essa e outras, ele jamais imaginou que seria preso.
Em novembro último, durante encontro com os executivos do Grupo Odebrecht em Costa do Sauipe, na Bahia, Marcelo se sentia tão inatingível que os aconselhou: “Se algum de vocês for preso, conte tudo. Que eu me apresentarei e contarei tudo”.
Não se animem! O maior patrimônio de Marcelo, a essa altura, não é a Odebrecht. É sua memória. E os documentos que guarda. Não falará.
Lula está furioso com a companheira Dilma. Ele a acusa de não ter usado o poder do cargo para impedir que a Operação Lava-Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, chegasse até onde chegou.
Mas como Dilma poderia atender à vontade de Lula se ela se reelegeu com base em mentiras, lidera um governo cada vez mais fraco, e seu desempenho só é aprovado por 10% dos brasileiros?
O fato é que Lula cobra de Dilma o que ela não pode dar. Ou talvez não queira dar.
Poucas coisas boas ficarão do período Dilma. Uma delas, a justa fama de não ter atrapalhado o combate à corrupção. Ela quer ser lembrada como a "faxineira ética".
As críticas de Lula a Dilma, compartilhadas com os religiosos que o visitaram no Instituto Lula, deixam nu um político que não entende a real dimensão da crise do PT e da esquerda.
A crise deriva dos erros cometidos por Lula e Dilma. O pai da crise é ele. A mãe, ela.
De nada adianta Lula sugerir a Dilma que vá para a rua falar com o povo. Ela não tem o que dizer. O PT, tampouco.
Envelheceram o discurso e os métodos do Sr. Brahma, como Lula foi chamado por alguns empreiteiros.
É um ciclo político que se esgotou. Apenas isso, e nada mais.
 

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