Percival Puggina


 Existem veículos de mídia que terceirizam atividades não relacionadas diretamente com sua finalidade. E agem corretamente. Centralizam suas energias humanas e recursos financeiros naquilo que consideram fundamental ao melhor desempenho nas suas relações com o público.

Existem outros, contudo, e não são poucos, que terceirizam responsabilidades objetivas, como a correta interpretação de fatos e a denúncia de males que afetam a vida social, política e econômica dos cidadãos. Estou descrevendo uma situação comum. Jornais, emissoras de rádio e de televisão vêm, cada vez mais, transferindo para pessoas físicas, colunistas, comentaristas, colaboradores, a tarefa de emitir opinião mesmo sobre assuntos da maior relevância. É uma terceirização aplicada em situações onde a opinião do próprio veículo deveria ser entendida como exigência natural.

Quando o Diretório Nacional do PT, logo após a vitória da presidente Dilma na disputa para um segundo mandato, emitiu a Resolução que pode ser lida aqui, tudo que na mídia nacional se leu, assistiu e ouviu, salvo exceções, foi escrito, mostrado ou dito mediante autoria individual. Foi de modo terceirizado que a opinião pública recebeu informação e interpretação correta sobre o assustador conteúdo e significado do que foi resolvido pelo partido que nos governa.
 

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Editorial, Folha de são Paulo, 09/11/2014


Governo Dilma divulga com atraso dados negativos sobre miséria e desmatamento que teriam sido prejudiciais à campanha de reeleição.

Veio à luz na quarta-feira (5) um dado chocante: pela primeira vez desde 2003, quando se iniciou a série de mandatos presidenciais do PT, a miséria aumentou no país. Apenas 3,7%, mas aumentou. O espanto decorre de duas razões. A primeira está na própria inversão da tendência de queda de indicador tão importante quanto esse. A segunda é a confirmação de que o governo federal ocultou do público uma informação negativa com relevância eleitoral.
Para empregar um termo caro à presidente Dilma Rousseff, trata-se de prática estarrecedora.

A petista usou e abusou da redução da pobreza e da miséria como tema de campanha. Obediente ao comando do marqueteiro, martelou na sua propaganda que a oposição, se vitoriosa, interromperia o ciclo virtuoso na área social.
Pelo menos desde o primeiro turno, contudo, a candidata decerto já tinha conhecimento de que o total de miseráveis ou indigentes no Brasil havia passado de 10,08 milhões em 2012 para 10,45 milhões em 2013, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

No conceito do instituto, são miseráveis os brasileiros cuja renda não basta para adquirir uma cesta mínima de alimentos. Sob a alegação cínica de que o dado teria efeito eleitoral, o Ipea o escondeu por quase um mês e só o publicou em surdina, no último dia 30, no banco de dados digital Ipeadata. Do ponto de vista estatístico, a rigor caberia falar antes de estagnação dos avanços do que de crescimento da indigência. Do ângulo político, representa grave revés para a promessa de eliminar a miséria do país até o final deste ano.

Outro tema sensível que o Planalto se permitiu escamotear foi o desmatamento na Amazônia. Havia indicações de que a destruição avançara em agosto e setembro, mas o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) atrasou a divulgação mensal das cifras de devastação do sistema de monitoramento por satélite Deter. Só na sexta-feira (7) elas vieram a público, confirmando o desastre ambiental: 1.626 km² de desmate nos dois meses, 122% a mais que no mesmo intervalo de 2013.

Não estará errado quem, diante disso, evocar a imagem de um estelionato eleitoral. O governo, afinal, sonegou informações que a população tinha o direito de conhecer antes de decidir seu voto. O quanto esses atestados de incompetência teriam mudado a escolha de cada eleitor, isso não se pode afirmar com certeza. O que é certo, todavia, não é menos preocupante numa democracia: a sem-cerimônia com que o Planalto lança à sarjeta a reputação de dois importantes institutos nacionais e a pusilanimidade com que alguns de seus dirigentes e pesquisadores aceitam sujeitar funções públicas a mesquinhos interesses partidários.[

 

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O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, chamou na quarta-feira o encarregado de negócios da Venezuela, Reinaldo Segóvia, para manifestar a insatisfação do governo brasileiro com as atividades do vice-presidente e ministro para o Poder Popular das Comunas e Desenvolvimento Social, Elías Jaua, no Brasil. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta quinta-feira.

Figueiredo afirmou a Segóvia que o governo brasileiro viu com "estranheza" o fato de Jaua ter vindo ao país sem informar e ter tido uma agenda de trabalho, inclusive com assinatura de acordos, e que isso poderia significar uma "interferência nos assuntos internos do país”. Figueiredo cobrou explicações do governo venezuelano.

De acordo com o ministro, o diplomata foi informado de que o Brasil considera que "o fato não se coaduna com o excelente nível das relações entre os dois países". A decisão de chamar o representante diplomático da Venezuela - o embaixador está viajando - foi conversada com a presidente Dilma Rousseff depois de ter virado notícia o fato de Jaua ter usado seu tempo no Brasil, em que teoricamente estaria acompanhando a mulher em um tratamento médico, para assinar um convênio com o Movimento Sem Terra (MST), além de outras ações relativas a seu cargo de ministro.

A visita silenciosa de Jaua, que não informou o Itamaraty sobre a sua viagem, causou mal estar no governo brasileiro. Apesar de não ser obrigatório no caso de uma visita particular, seria de praxe um aviso. No caso do ministro venezuelano, que ainda fez algumas atividades de trabalho, a situação ficou ainda pior.

Na terça, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou um convite para que Figueiredo dê explicações sobre a passagem do venezuelano pelo Brasil.

De acordo com o jornal, o ex-chanceler do governo Nicolás Maduro esteve no país na última semana de outubro e não fez qualquer comunicado ao governo brasileiro. A embaixada ainda negou que houvesse qualquer comitiva de governo venezuelana no país. O Itamaraty foi informado da chegada dele pela Polícia Federal. 

Mal-estar – A situação causou mal-estar no Itamaraty, e diplomatas já falavam que o governo brasileiro questionaria a Venezuela em algum “encontro futuro”. Só ontem, no entanto, Figueiredo pôde conversar com a presidente a respeito de tomar alguma medida mais dura em relação ao caso.

A convocação de um embaixador tem um significado forte nos meios, especialmente associada à cobrança de explicações do governo.

Depois de buscar informações, o Itamaraty recebeu como resposta que Jaua teria trazido a mulher para fazer exames no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e os médicos decidiram operá-la imediatamente. Por isso, ele teria decidido trazer para o Brasil os filhos, a sogra e a babá – que acabou presa por trazer uma maleta de Jaua onde havia um revólver.

No entanto, mais tarde, descobriu-se que o ministro venezuelano teve encontros em Curitiba, sobre mobilidade urbana, e assinou um convênio com o MST para “treinamento, organização e conscientização do povo” para a revolução. Segundo o MST, o objetivo do acordo é trocar experiências na área de agroecologia. 

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Mas não é que ele emitiu parecer desfavorável ao pedido de auditoria das recentes eleições?

Como tantas outras autoridades investidas em função de Estado, por deverem suas indicações ao governo, (neste modelo institucional pervertido que entrega todas as funções à Presidência da República). ele crê que deve fidelidade ao governo e não à sociedade. Então, em recente despacho, critica a sociedade e defende o governo.

Mas a função do Procurador-Geral da República é a defesa da Constituição, representar pela federalização de determinados crimes e promover ações penais contra autoridades com foro privilegiado. A defesa do governo é feita pela Advocacia Geral da União.

Estamos jogando dinheiro fora. De fato, a sociedade, que paga os salários de todas essas autoridades, não precisa de um Procurador-Geral da República que subscreva despachos protetores das autoridades federais.
 

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De "O Diário do Poder" - www.diariodopoder.com.br


Fugir do Brasil para escapar da prisão, como fez o escroque petista Pizzolato, é saída que em breve deve se fechar para os membros da quadrilha que tomou conta da Petrobras no governo Lula, para perpetrar o que a Polícia e a Justiça, antes mesmo de concluir as investigações da operação Lava-Jato, antevêem como o maior roubo jamais havido no mundo.
A Security Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos, bem mais ágil do que sua congênere brasileira a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tem jurisdição sobre empresas estrangeiras que sejam negociadas em bolsas norte-americanas. O que a Lava-Jato até agora já levantou de podridão na Petrobras foi suficiente para que a SEC abrisse uma investigação que,dependo dos resultados, pode resultar na abertura de inquérito criminal nos EUA.
A Petrobras já começou a prestar esclarecimentos à instituição norte-americana sobre os desmandos havidos principalmente ao longo do período em que o baiano José Sergio Gabrielli (merecidamente detentor do prêmio “O Equilbrista” que em 2009 lhe foi concedido pelo Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros) comandou a empresa. Tratou-se de indicação do governador da Bahia em final de mandato, Jaques Wagner, queridinho de Dilma e da cúpula do PT, e que hoje pousa de principal candidato para assumir a presidência da Petrobras. Só não disse se vai levar seu secretário no governo baiano, o mesmo Gabrielli, para lhe ensinar o caminho das pedras na gestão da estatal.
Referindo-se à contratação pela Petrobras de dois escritórios de advogacia (um brasileiro, outro americano) para prestar as satisfações exigidas pelo órgão de controle americano, o reputado órgão da imprensa econômico-financeira, o jornal Valor, disse com todas as letras que na berlinda também estão o presidente da companhia durante o período em que o delator Paulo Roberto atuou ilegalmente, José Gabrielli, e o diretor financeiro, Almir Barbassa, “que atestaram a veracidade das informações apresentadas aos investidores e a eficácia dos controles internos”. A descoberta de cobertura contábil a fraudes, que os investigadores estimam poder atingir R$ 10 bilhões, pode colocá-los em maus lençóis diante da lei americana, comenta o jornal.
Segundo o mesmo editorial, havia a suspeita de que em algum momento as indicações políticas para cargos operacionais importantes acabariam trazendo problemas graves à Petrobras. Mas a empresa, exatamente por estar envolta em interesses políticos, praticamente não reagiu diante das suspeitas, “em parte porque isso poderia, primeiro, ferir a imagem de gestora de Dilma Rousseff, que foi presidente de seu Conselho de Administração, e, depois, por diminuir as chances de reeleição da presidente, acossada de muito perto pelos rivais nas pesquisas eleitorais”
No último relatório que mandou à SEC, em inglês, a nova direção da Petrobras fez de conta que toda a roubalheira que se vai desvendando foi feita por marcianos, e que eles não tem nada a ver com o peixe, apesar da afiliação de todos ao mesmo partido. A empresa, tadinha, coloca-se como vítima, e que a Lava-Jato investiga ”the practice of alleged crimes committed against Petrobras”.
Mas atenção que as investigações por órgãos ficalizadores nos EUA costumam ser mais bem rigorosas que aquelas feitas pelas instituições brasileiras (o que descobriu ao longo de todos os anos o TCU ou a CVM, boa pergunta a se fazer!!!). Se for registrada até mesmo omissão dolosa todo mundo vai ser indiciado nos EUA.
E não adiante ninguér ir chorar no ombro do Obama, pois ele não tem nada a ver com isso. Nos EUA os órgãos reguladores são verdadeiramente independentes, e lá trambiqueiros vão mesmo para a cadeia.
Colocar na Petrobras quem lá colocou o Gabrielli, além de uma afronta a pelos menos 48 por cento dos brasileiros, é uma péssima ideia para o futuro da empresa.
 

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César Maia, em seu ex-blog, faz uma análise muito realista, no meu modo de ver, do que vai acontecer nos próximos quatro anos com a crescente desmonte da federação brasileira.

2014 ELEGE GOVERNADORES SEM EXPRESSÃO POLÍTICA! QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

1. O Brasil é uma Federação. E, além disso, é um presidencialismo vertical. Estas duas condições dão aos governadores uma força mais que proporcional. Especialmente num Congresso pulverizado com 28 partidos.

2. Em função disso, a função aglutinadora e coordenadora dos governadores em relação a suas bancadas de deputados e senadores amplia, em muito, a importância política deles.

3. E será isso que os fortalecerá junto a Presidente da República que, num parlamento pulverizado idealmente, precisaria se articular com os governadores para evitar o varejo do voto, pai e mãe dos mensalões.

4. Mas se avaliarmos os governadores eleitos, apenas dois terão -de partida- expressão política e capacidade de liderar suas bancadas de deputados federais e senadores: Alckmin de S.Paulo e Pimentel de Minas Gerais. Aliás, ambos presidenciáveis para 2018.

5. Num quadro destes, a tendência desses últimos anos de desfederalização de fato se acentuará, seja desfederalização econômico-fiscal, seja político-parlamentar.

6. Com isso, crescerá a verticalidade presidencial, será ampliado o varejo parlamentar e a importância do ministro de articulação política, tenha o ministério o nome que tiver. O tempo dirá se a Alckmin e Pimentel se somarão outros nomes que venham a ganhar destaque no exercício do governo.

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