• Padre José Eduardo
  • 16 Maio 2025

 

Padre José Eduardo

         Recebi, dias atrás, vídeo dum frade em trajes de lamúria — coitado, queixo encolhido, mas atento à política, e como! — reclamando que Leão XIV proferira um sermão “de piedade, muito para dentro da instituição”, quando, ao seu ver, o Papa deveria ter pintado caminhos para a inserção da Igreja no mundo.

Parece, na mente desse venerando octogenário, que o Pontífice deva comportar-se como embaixador de comunidade e não como pastor: lembrar-se sempre de falar ao mundo laico, mas esquecer-se de que, antes de tudo, fala ao seu próprio redil.

Tal raciocínio é, na verdade, um espelho invertido. Não é o Papa que se recolhe aos confins do Vaticano; são esses teólogos de botequim que só palram entre si, trocando “eclesiastiquês” hermético, codificado em novilíngua inacessível ao cidadão comum. Enquanto isso, o povo — esse bicho real, com boletos para pagar e contas a ajustar — ignora o gueto teológico e prefere crer em profeta-mirim – “the king, the power, the best” – que lhe prometa cura instantânea, mesmo sem oferecer um fragmento de verdade evangélica.

Há, pois, um universo paralelo onde “pastoralistas” e “teóricos” de ocasião se exibem como estrelas de um palco artesanal: falam de missão e diálogo social, empunhando jargões como quem empunha troféus de importância mútua. A sensação de realismo advém apenas do eco entre iguais, pois, se nada compreendem do mundo lá fora, basta imitarem uns aos outros para se convencerem de que “bate” com a realidade. Mas não bate.

Enquanto isso, os católicos de carne e osso — guardiões do batismo, camponeses da graça — buscam espiritualidade genuína, prática de virtudes e caridade que não se esgota em discurso de auditório. Alheios a bandeiras partidárias e a demagogos de comício, vivem o Evangelho como se vive a própria respiração: sem furor, mas com ardor.

O povo real quer pastores que anunciem a salvação em Jesus Cristo e não fiscais do Ibama, sindicalistas ou agitadores políticos de gabinete. Quer fé como resposta à graça, não “programa pastoral” maquilado em sociologia. O bom senso — esse guia discreto de todos os corações — exige que cada um fique onde lhe cabe: quem não tem autoridade técnica nem finalidade institucional, que se abstenha de querer dirigir o navio que nem conhece.

Assim, enquanto os autoproclamados arautos da modernidade se enclausuram em sua bolha de convenções insólitas, o Papa Leão XIV ruge — ainda que de mansinho — para a Igreja Católica inteira. E eis a decepção: eles esperavam retórica de praça pública e encontraram palavra sacerdotal. Que escândalo, não? Que descortino tão banal: um Papa católico, falando de coisas católicas, a crentes católicos. Tragédia! Ironia! E o povo, ao contrário, sorri: afinal, não há nada mais óbvio, nem mais necessário.

*      Reproduzido da página do autor no Facebook

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 16 Maio 2025


Alex Pipkin, PhD

         Eleito sob o manto da promessa de “restaurar a democracia” e o “Estado de Direito”, o desgoverno Lula se mostra, a cada gesto, a negação exata daquilo que disse defender. A narrativa fabricada para justificar seu retorno ao poder — a de que se combatia um fascista, misógino, autoritário, homofóbico e nazista — serviu apenas como véu conveniente para ocultar intenções mais perigosas para a democracia quanto aquelas que juravam combater.

A presença do presidente brasileiro na Rússia, durante o “Dia da Vitória”, é mais um desses fatos que escancaram a hipocrisia e a contradição. Em meio à guerra brutal travada pela Rússia contra a Ucrânia, uma agressão condenada pela maior parte do mundo civilizado, Luiz da Silva, com sua diplomacia oblíqua e de valores invertidos, prefere posar ao lado de Vladimir Putin, acenando à comunidade internacional ao lado de autocratas africanos, com seu velho fetiche por ditadores e regimes totalitários. Um aceno que não é ingênuo, tampouco protocolar, é ideológico, deliberado e revelador.

Mais revelador ainda é o papel do assessor Celso Amorim, figura cada vez mais central na condução dessa diplomacia do avesso. Antigo ícone da esquerda brasileira, Amorim hoje personifica a decadência moral e política de um governo que insiste em flertar com terroristas como o Hamas, em nome de um antiamericanismo e de um anti-israelismo patológicos. Seu alinhamento com grupos e governos que não hesitam em violar direitos humanos básicos apenas comprova que a tão alardeada “defesa da democracia” era, na verdade, apenas um instrumento retórico para retornar ao poder.

Enquanto isso ocorre no palco externo, o Brasil agoniza internamente. A população, esmagada por um custo de vida insuportável, com combustíveis em alta, alimentos a preços exorbitantes, famílias endividadas e desempregadas, vê um governo ausente, inerte, incapaz de propor uma única medida concreta para aliviar o desespero popular. Não há política econômica efetiva. Não há enfrentamento da inflação. Não há reformas. Não há sequer um discurso sério voltado ao povo. Tudo o que há é silêncio, desprezo e espetáculo ideológico no exterior.

O que se vê é um presidente ausente, que parece mais empenhado em cumprir agenda turística internacional do que em governar. Sua esposa, igualmente desconectada da realidade nacional, viaja em eventos sem relevância prática, desfilando em compromissos que custam caro ao erário e nada devolvem ao cidadão comum. A ida separada à Rússia, dias antes da comitiva oficial, é um exemplo de despropósito e ostentação pública. Uma afronta a quem não consegue pagar o botijão de gás.

No Brasil, o silêncio é absoluto quando se trata de projetos estruturantes ou medidas urgentes. Não se fala em reformas, em emprego, em desburocratização, em produtividade. Lula simplesmente não governa. Quando abre a boca, é para soltar bravatas, repetir slogans mofados e dizer asneiras, quase sempre culpando os outros, como se ainda estivesse em campanha. Enquanto isso, no exterior, veste a fantasia de estadista global, discursando como se o mundo estivesse à sua espera para ouvir sermões de um moralista sem moral.

Trata-se, portanto, de um desgoverno completo. Uma administração que, além de desprezar os princípios democráticos que diz defender, abandonou por completo o seu povo. A “restauração democrática” que prometeram revela-se, cada vez mais, uma encenação. Uma encenação cínica, financiada com dinheiro público e sustentada por uma militância cega, disposta a defender qualquer absurdo em nome de um projeto de poder que, desde sempre, teve pouco apreço pela liberdade e muito apetite por controle.

A democracia brasileira, mais uma vez, é refém de falsos democratas. E o povo brasileiro, traído e empobrecido, paga a conta, literalmente, inclusive as passagens, os jantares, os hotéis e os mimos da comitiva que vive no exterior enquanto o país arde.

Mas não se preocupem! Amanhã tem discurso bonito sobre “justiça social”.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 15 Maio 2025

Gilberto Simões Pires

OS VERDADEIROS MINISTÉRIOS DE LULA

Antes de tudo, para que fique bem claro, o GOVERNO LULA não conta com apenas os 39 MINISTÉRIOS, como muita gente imagina. Esses, na real, são órgãos do PODER EXECUTIVO FEDERAL, cujos ministros podem ser substituídos a qualquer momento. Além desses 39, para quem ainda não se ligou, o presidente LULA conta com mais DOIS SUPERMINISTÉRIOS, que de forma -colegiada- compõem o ÓRGÃO MÁXIMO DO PODER JUDICIÁRIO. Ambos, como se sabe, perfazem a PRIMEIRA e a SEGUNDA TURMA DO STF, cujos ministros se reúnem para DECIDIR QUALQUER COISA -DA FORMA COMO BEM ENTENDEM-, geralmente, ou quase sempre, de acordo com os interesses da ESQUERDA BRASILEIRA, ou seja, do GOVERNO LULA.

SUBSTITUIÇÃO NULA

Vale lembrar que, diferente do que acontece com os ministros do PODER EXECUTIVO, que podem ser trocados a qualquer momento, os ocupantes dos DOIS SUPERMINISTÉRIOS, depois de indicados pelo presidente da República e devidamente aprovados pelo Senado, a substituição é simplesmente nula. Eles só saem 1- por vontade própria; e 2- por idade, que atualmente está fixada em 75 anos.

PRIMEIRA TURMA

Pois, dos DOIS SUPERMINISTÉRIOS, o que mais se destaca com atuações -antidemocráticas- contra qualquer cidadão que OUSE EXPRESSAR ou SIMPATIZAR com os princípios que regem a LIBERDADE, o CONSERVADORISMO e /ou a DIREITA POLÍTICA EM GERAL, é a PRIMEIRA TURMA DO STF, formada pelos ministros Cristiano Zanin (Presidente), Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. Todos, mais do que sabido são declarados - AMANTES DA ESQUERDA RADICAL-. 

SEGUNDA TURMA

Na real, a SEGUNDA TURMA não fica muito atrás da PRIMEIRA. Até porque pelo menos TRÊS integrantes - Edson Fachin - (presidente), Gilmar Mendes, Dias Toffoli-, nunca discordam, e como tal já formam maioria para DECIDIR SEMPRE DE ACORDO com o que pensam os ministros da PRIMEIRA TURMA. Assim, pouco ou nada importam os votos de Nunes Marques e André Mendonça, que não raro também demonstram não ter simpatia pela DIREITA e/ou PELOS DEFENSORES DA LIBERDADE.  

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  • Dartagnan da Silva Zanela
  • 11 Maio 2025

 

Dartagnan da Silva Zanela
         Quando deitamos nossas vistas nas páginas das obras de escritores de elevado calibre, somos confrontados com o absurdo que habita o nosso coração. Aliás, quando tomamos em nossas mãos uma obra literária, ao mesmo tempo que a lemos, devemos permitir que nossa vida seja lida por ela.

De um jeito ou de outro, ver a vida — a nossa vida — através da vida das personagens das obras dos gigantes da literatura é como mirarmos as janelas da nossa alma na imagem do nosso rosto refletida em um espelho partido, o que, naturalmente, pode acabar por nos causar uma certa repulsa.

Porém, se vencermos essa primeira sensação e nos permitirmos olhar mais detidamente para o que cada um desses cacos nos revela a respeito de nós mesmos, inevitavelmente acabaremos não apenas vendo a vida como ela é, mas também, como diria Manuel Bandeira, poderemos ver a vida que poderia ter sido vivida por nós, mas não foi.

Realmente, é inevitável que, ao nos defrontarmos com a literatura, tenhamos uma certa crise, que sintamos os alicerces das nossas crenças e convicções abalados — e isso, diga-se de passagem, é muito bom.
Ora, crenças que não podem ser questionadas não merecem ser acalentados por nós. Se a literatura não se apresenta com esse poder, de nos convidar a ver a vida através de outros olhos, ela, sem querer querendo, acaba se apequenando.

Sobre isso, certa feita perguntaram a Milton Hatoum o que ele diria àqueles que consideravam seus livros pessimistas (ou algo que o valha). Ele, laconicamente, disse: "eu escrevo literatura, não autoajuda."

Nada contra os livros de autoajuda. Nem a favor. Eles têm o seu valor, mas não podemos, de jeito-maneira, crer que eles tenham o mesmo significado que a grande literatura tem. Aliás, fazer isso seria o suprassumo da tolice.

Na verdade, é bem mais do que isso. No fundo — e não é tão fundo assim — nós não queremos questionar os nossos "valores". Queremos apenas confirmá-los da forma mais insossa possível, para que nos sintamos seguros, pouco importando se estamos redondamente enganados, não é mesmo?

Por isso, Nietzsche indagava: quanto de verdade nós realmente somos capazes de ouvir e assimilar? Quanto? Foi o que eu pensei porque, no frigir dos ovos, verdade nos olhos dos outros é refresco; nos nossos, é sempre um Deus nos acuda.

E por hoje é só pessoal.

*      O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Marcelo Duarte Lins
  • 11 Maio 2025

 

Marcelo Duarte Lins

         Assistindo a um documentário sobre lobos, me peguei pensando: será mesmo que somos a espécie mais inteligente do planeta? Porque, veja bem, entre os bichos selvagens, liderança é coisa séria. Não se entrega o rumo da matilha ao mais simpático — nem se espera que o doente indique o caminho da caça. Quem lidera, lidera porque sabe o que faz.

Na floresta, o silêncio obedece ao instinto.

O lobo velho não guia a alcateia porque sorri bem — mas porque sabe o caminho de volta no escuro.

Entre folhas e presas, quem lidera é quem escuta o vento, quem sente o chão tremer antes da tempestade.

Ali, o fraco descansa — não comanda.

Mas no reino das luzes artificiais e dos discursos decorados, os humanos preferem o eco à bússola.

Trocam o sábio pelo simpático, o que vê longe por quem diz o que alivia.

A democracia não falha por si.

Falha quando o povo, em vez de buscar a sabedoria, procura um reflexo que o conforte.

Elege o espelho, não o farol.

Vota em quem lhe devolve o próprio rosto —

mesmo que esteja sujo, cansado ou cego.

Assim, o poder vira palco.

Não há planos — só performances.

O ignorante brilha porque fala fácil,

e o preparado cansa,

porque pensar é verbo que exige pausa —

e a pressa da multidão não perdoa a dúvida.

Nietzsche sussurra, de longe:

“As imagens vencem a razão.”

E nunca os holofotes brilharam tanto para tão pouco.

Vivemos tempos em que a inteligência anda de cabeça baixa,

e a mediocridade desfila como se fosse destino.

A história, esquecida, bate à porta

como um velho professor que ninguém quer ouvir.

Não é “como ele chegou lá” que devemos perguntar,

mas: “por que continuamos empurrando?”

E talvez a resposta seja só essa:

Pensar exige silêncio, exige fôlego —

e há quem prefira gritar slogans

a respirar fundo e enxergar o abismo.

Entre nós, civilizados e cheios de diplomas,

parece que a lógica tirou férias.

Elegemos líderes não por sabedoria, mas por carisma.

Não importa se o sujeito tem visão de futuro;

basta que fale bonito, diga o que queremos ouvir e sorria bem nas selfies.

É o show da representatividade emocional.

Mas, claro: pensar cansa.

E sempre há alguém pronto para obedecer

desde que o idiota tenha carisma.

Aguardemos, pois, a Revolta dos Competentes e dos Probos.

Que ajam como lobos — e saibam liderar o povo indicando o Norte a ser tomado.

*        O autor, Marcelo Duarte Lins é ex-comandante da Varig e autor do livro “Caso Varig”. O texto acima foi extraído da página do autor no Facebook.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 07 Maio 2025


Alex Pipkin. PhD

        Num posto de gasolina qualquer, um homem reclama dos preços dos combustíveis enquanto ostenta um adesivo "Lula 2022" no carro. Ele não vê contradição. Quer gasolina barata, emprego sem esforço e o Estado como babá. É o retrato da servidão voluntária em tempo real, e da confusão moral que paralisa o Brasil.

Há algo de profundamente doentio na alma de uma nação que ensina seus cidadãos a amar a servidão. No Brasil, essa doença é epidêmica e, pior, voluntária. Étienne de La Boétie, no século XVI, já se espantava com a facilidade com que os homens se dobram diante dos tiranos, não por medo, mas por hábito. Sua Discurso da Servidão Voluntária é, ainda hoje, um espelho incômodo para uma população que rasteja por bolsas e esmolas, enquanto demoniza quem produz e arrisca.

Não se trata mais de dominação pela força, mas pela conveniência. O brasileiro médio já não deseja ser livre. Liberdade pressupõe esforço, responsabilidade, iniciativa. O que se quer, em grande parte, é uma pseudo-segurança, ainda que ela venha sob a forma de correntes douradas. A servidão é ensinada desde cedo, sendo o Estado o pai, o patrão, o redentor. Qualquer tentativa de escapar desse cativeiro é punida com impostos, burocracia e difamação moral.

"O povo, assim que é submetido, cai de tal maneira na letargia que parece impossível acordá-lo", escreveu La Boétie. No Brasil, essa letargia virou ideologia de Estado. Thomas Sowell, com sua lucidez implacável, já advertia sobre os efeitos corrosivos do assistencialismo. Quando o Estado substitui o esforço individual, ele não apenas destrói o incentivo ao trabalho, mas cria uma cultura de dependência, um ethos parasitário onde a virtude é ser vítima e o mérito é heresia.

Hernando de Soto vai além, mostrando como a informalidade imposta e os entraves ao empreendedorismo mantêm milhões na pobreza, em razão de uma engenharia institucional que criminaliza a liberdade econômica e premia a obediência.

Aqui, "liberdade" é palavrão e "dependência" é política pública. O cidadão quer tudo do Estado! Evidente, menos que o Estado saia do seu caminho. A inversão moral é completa. Quem cria riqueza é visto como explorador; quem vive de subsídio é tratado como mártir. Mas o verdadeiro opressor é o próprio Estado, que transforma o empreendedor em sócio compulsório e o pobre em refém permanente.

O homem livre acorda cedo, carrega riscos, luta contra o sistema, paga impostos extorsivos. O servo moderno dorme até tarde, repete slogans, espera pelo próximo auxílio. Um constrói. O outro consome. Mas é o primeiro que é tratado como vilão.

Desafortunadamente, essa servidão não é imposta. Ela é desejada. Escolhida todos os dias nas urnas, nos palanques, nas redes sociais, nas salas de aula. Porque a liberdade assusta. Ela exige coragem. E coragem é um valor escasso em sociedades moldadas pela covardia do igualitarismo forçado.

A pergunta derradeira não é "por que o povo aceita ser escravo?", mas, até quando os poucos homens livres aceitarão sustentar essa escravidão disfarçada de justiça social?

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