Augusto Nunes

26/01/2009
19 de Janeiro de 2009 - J?xcitados com a chegada do MST aos 25 anos de vida, os comandantes das tropas dos sem-terra eri?am-se de vez, na virada para 2009, com a coincid?ia tremenda: faz 145 anos que a Guerra do Paraguai come?. Duas efem?des t?admir?is, somadas ?ecente chegada ao poder do companheiro Fernando Lugo, mereciam muito mais que festejos ortodoxos, como a depreda? de fazendas produtivas ou o confisco de pr?os federais. Assim nasceu a id? de retomar o grande conflito encerrado em 1870. S?e agora com o MST a favor da pot?ia vizinha e contra o Brasil. Na primeira semana de janeiro, o marechal Jo?Pedro Stedile comunicou ao presidente Lugo que os soldados entrincheirados nas barracas de lona preta est?prontos para desencadear a revanche do s?lo com a execu? de duas miss? Primeira: invadir e ocupar as instala?s da hidrel?ica de Itaipu, o que obrigaria o Planalto a reformular o tratado em vigor desde 1973. Segunda: expulsar do Paraguai agricultores brasileiros ali infiltrados h??das. A Eletrobr?paga uma bagatela pela energia comprada do pa?vizinho, descobriu Roberto Baggio, da coordena? nacional do MST. Quem sai lucrando, segundo a figura batizada em homenagem ao atacante italiano que ganhou a Copa de 1994 para o Brasil, s?grandes grupos econ?os estrangeiros. Como a Eletrobr? Marco Aur?o Garcia, conselheiro presidencial para complica?s cucarachas, n?v?ada demais na declara? de guerra. Vivemos em um pa?democr?co, ensina o assessor de Lula. Qualquer partido pol?co ou qualquer movimento social pode defender suas posi?s ?ontade. Considero leg?mas todas essas manifesta?s. Embora agentes da Ag?ia Brasileira de Intelig?ia (Abin) andem monitorando os encontros entre autoridades paraguaias e dirigentes do MST, Baggio usa o salvo-conduto concedido pelo companheiro Garcia para provocar o governo de que faz parte o assessor Garcia em entrevistas ou nos textos beligerantes que publica no site do MST. Nada ?ais nacionalista do que defender a soberania de um povo sobre os seus recursos naturais, argumenta o artilheiro sem-terra. Defendemos a soberania de todos os pa?s. Somos contra o imperialismo dos Estados Unidos sobre o Brasil e do Brasil sobre qualquer pa?da Am?ca do Sul. ?isso a?avaliza o comandante Stedile, no momento ocupado com os retoques finais no plano de abrir uma segunda frente na Bol?a, e botar para fora todos os brasileiros propriet?os de terras ou empresas no reino de Evo Morales. No s?lo 19, o ex?ito imperial precisou aliar-se ?rgentina e ao Uruguai, e lutar durante cinco anos, para derrotar um inimigo solit?o. No in?o do terceiro mil?o, o Paraguai tem o apoio de uma quinta coluna com a qual Solano Lopes sequer sonhou. Mas hoje as coisas parecem bem menos complicadas. Sucessor de Duque de Caxias, o general Nelson Jobim s?ecisa convencer o governo Lula a suspender a mesada e o rancho das tropas, al?de enquadrar os recalcitrantes com pedag?as temporadas na cadeia. Tamb?para o rid?lo h?m limite. kicker: Se o MST cumprir a promessa e ocupar a Itaipu, o Planalto ser?brigado a reformular o tratado de 1973 (Gazeta Mercantil/Caderno A - P? 8)(Augusto Nunes - O autor escreve nesta se? ?segundas e quartas-feirasE-mail: augusto@jb.com.br)

Ricardo Bergamini

26/01/2009
Em 2008 comparado com o ano de 2007 houve aumento de 7,27% nas despesas com di?as; 51,68% nas despesas com Passagens e Locomo?s e 15,97% nas despesas com Aux?o-Alimenta?. Totalizando um aumento m?o de 21,07% nas tr?rubricas (Infla? do IPCA de 5,90% no ano de 2008).

Olavo de Carvalho

26/01/2009
http://www.olavodecarvalho.org/avisos/intro_eric_voegelin.html

Bruno Pontes

25/01/2009
Enquanto as v?mas do escritor na It?a sofrem, nossa esquerda festiva acolheu Cesare Battisti com todas as honras destinadas a um assassino a servi?da causa. Em abril de 2007, quando Battisti estava preso nas depend?ias da Pol?a Federal em Bras?a*, uma comitiva de parlamentares foi prestar solidariedade ao escritor que matou quatro pessoas entre um livro e outro. Estiveram l? ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele, Fernando Gabeira, o deputado federal petista Luiz Couto, o comunista Evandro Milhomen e dois expoentes do PSOL: o deputado federal Chico Alencar e o senador Jos?ery, que estava um dia desses na tribuna lambendo as botas de Fidel Castro. O que pouca gente sabe ?ue um dos fundadores do PSOL, o tamb?italiano Achille Lollo (n?sei como o partido o chama, talvez seja mais um escritor ou intelectual da turma), tamb?matou pela causa, e matou crian?. Em 1973, Lollo e dois colegas da organiza? Poder Oper?o derramaram gasolina por baixo da porta do apartamento onde morava Mario Mattei, um gari de 48 anos, a esposa e seis filhos. Mattei era secret?o de um partido neofascista, o Movimento Social Italiano. Ele ficou encurralado pelas chamas e se jogou pela janela. A esposa conseguiu pegar os filhos pequenos de 9 e 4 anos e os levou para o andar de cima, onde foram socorridos pelos bombeiros. Outras duas filhas de 19 e 15 anos escaparam descendo de um balc? Os ?mos dois filhos ficaram presos no quarto. Morreram abra?os e carbonizados. Veja fotos digitando Rogo di Primavalle (inc?io de Primavelle) no Google Imagens.. Em 2006, estudantes de comunica? da Universidade de Bras?a aproveitaram a passagem de Helo? Helena, que foi l?edir voto, e lhe perguntaram o seguinte: a senhora e seus companheiros de partido t?sido criticados por serem colegas de Achille Lollo, que foi condenado por assassinato na It?a. At?nde ?oss?l separar a vida pessoal da milit?ia pol?ca de cada um, na opini?da senhora ? Helo? Helena n?respondeu e ainda acusou os estudantes de chantagem. Claro! Os militantes do PSOL est?entre os mais exaltados cr?cos da rea? israelense contra o Hamas. Nos ?mos dias, eles gritaram todo tipo de improp?o contra os israelenses, incluindo a j?radicional acusa? de genoc?o. Esses socialistas libert?os (uma contradi? ris?l) est?mesmo muito preocupados com as criancinhas, n? Pois vamos perguntar a eles o que acham de Achille Lollo, o companheiro que ajudou a fundar o partido da galera mais bacana e consciente do Brasil. Tocar fogo nos filhos dos advers?os pol?cos faz parte da luta? Eles n?responder? obviamente. * Ele ainda est??aguardando a decis?do STF. Fonte: Blog Bruno Pontes Divulga?: www.juliosevero.com

VEJA Edição 2097

25/01/2009
Ot?o Cabral A fazenda Est?ia do C?era uma t?ca propriedade dos pampas ga?s. Localizada em S?Gabriel, a 320 quil?ros de Porto Alegre, seus 5 000 hectares eram ocupados por 10 000 bois e 6 000 carneiros que pastavam entre planta?s de arroz e soja. O cen?o, de t?buc?o, parecia um cart?postal. Tudo mudou na fria e ensolarada manh?o dia 14 de abril passado. Por volta das 7 horas, 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, invadiram a propriedade aos gritos. N?anhamos. Ganhamos dos porcos. A fazenda ?ossa. Armados com foices, fac? estilingues, bombas, roj? lan?, machados, paus e escudos, os sem-terra transformaram a Est?ia do C?em um inferno. Alimentos e produtos agr?las foram saqueados. As telhas da sede da fazenda foram roubadas. Os sem-terra picharam paredes, arrancaram portas e janelas e espalharam fezes pelo ch? Bombas caseiras foram escondidas em trincheiras. Animais de estima?, abatidos a golpes de lan? foram jogados em po? de ?a pot?l. Quatro dias depois, quando a pol?a finalmente conseguiu retirar os sem-terra da fazenda, s?bravam ru?s. A barb?e, embora n?seja exatamente uma novidade na trajet? do MST, ?m retrato muito atual do movimento, que festejou seu anivers?o de 25 anos na semana passada. Suas a?s recentes, repletas de explos?e f?, j?eixaram evidente que a organiza? n??ais o agrupamento rom?ico que invadia fazendas apenas para pressionar governos a repartir a terra. Agora, documentos internos do MST, apreendidos por autoridades ga?s nos ?mos seis anos e obtidos por VEJA, afastam definitivamente a hip?e de a selvageria ser obra apenas daquele tipo de catarse que, ?vezes, animaliza as turbas. O modo de agir do MST, muito parecido com o de grupos terroristas, ?ma estrat?a. A papelada – cadernos, agendas e textos esparsos que somam mais de 400 p?nas – ?ma mistura de di?o e manual da guerrilha. Parece at?ma vers?rural, por?rudimentar, do texto O Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito por Carlos Marighella e b?la para os grupos que combateram o regime militar (1964-1985). Os documentos explicam por que as a?s criminosas do movimento seguem sempre um mesmo padr? O registro mais revelador sobre a face guerrilheira do MST ?ormado por quatro cadernos apreendidos pela pol?a com os invasores da Est?ia do C?em maio passado. As 69 p?nas, todas manuscritas, revelam uma rotina militarizada – e bandida. Muita arma no acampamento, escreveu Adriana Cavalheiro, ga? de cerca de 40 anos, uma das l?res da invas? ligada aos dirigentes do MST Mozart Dietrich e Edson Borba. Em outro trecho, em forma de manual, o texto orienta os militantes sobre como agir diante da chegada da pol?a. Mais pedra, ferros nas trincheiras (...) Zinco como escudo (...) Bombas tem um pessoal que ?reparado. Manter a linha, o controle de horas e 800 ml, anotou a militante, descrevendo a f?la das bombas artesanais, produzidas com garrafas de pl?ico e l?ido inflam?l. O manual orienta os militantes a consumir o que ?oubado para evitar a pris?em flagrante. Tamb?d?nstru?s (veja trechos) sobre como fraudar o cadastro do governo para receber dinheiro p?co. H?t?icas sobre pol?cos que devem ser acionados em caso de emerg?ia. Basta chamar o deputado federal Ad?Pretto e o ex-deputado estadual Frei S?io. Ganha um barraco de lona preta quem souber o partido da dupla. Em seus cap?los n?contemplados pelo C?o Penal, o manual exp?ma organiza? claramente assentada sobre um trip?eninista, com doutrina? pol?ca, centralismo duro e vida clandestina. Al?de teorias esquerdistas, repletas de homenagens a Che Guevara e Zumbi dos Palmares, h?elatos de espionagem e tribunais de disciplina. Uma militante, que precisou de licen?de um m?para fazer uma cirurgia, s?i autorizada a realizar o tratamento com a condi? de que ele fosse feito num ?o dia. Brigas, investiga?s internas e puni?s tamb?explicitam o r?do e desumano controle exercido sobre suas fileiras. Assim como nas favelas controladas pelo narcotr?co, o MST atua como pol?a e juiz ao impor e fiscalizar seu c?o de conduta, afirma o fil?o Denis Rosenfield. Exagero? Talvez n? Dos 800 invasores que depredaram a fazenda Est?ia do C? por exemplo, 673 j?oram identificados. Nada menos que 168 tinham passagem pela pol?a. Havia antecedentes de furto, roubo e at?stupro. O MST ?ormado por alguns desvalidos, v?os aproveitadores e muitos bandidos, diz o promotor Gilberto Thums, do Minist?o P?co ga?. Eles usam t?cas de guerrilha rural para tomar territ?s escolhidos pelos l?res. Embora raramente sejam expostos ?uz, manuais de guerrilha s?lidos como best-sellers nos acampamentos. Tamb?no Rio Grande do Sul, ber?e laborat? do MST, a pol?a apreendeu tr?documentos que registram o lastro te?o de sua configura? de guerra. O mais recente, apreendido em julho passado, orienta os militantes a se engajar na derrubada de inimigos estrat?cos. Os inimigos, claro, n?se resumem aos gatinhos das fazendas ocupadas pelo MST. O objetivo ? derrota da burguesia, o controle do estado e a implanta? do socialismo. O documento lista exemplos de como interromper as comunica?s do inimigo e incendiar as proximidades para tornar o ambiente irrespir?l. Pode n?ser obra do acaso. H?ois anos, um membro das Farc foi descoberto pela pol?a em meio aos sem-terra ga?s. A combina? entre teoria e pr?ca deixa poucas d?as sobre os prop?os do MST. O movimento, que seduziu a intelectualidade nos anos 80 e caiu nas gra? do pov?na d?da seguinte, est?archando para a guerrilha rural. Diz o fil?o Roberto Romano: O MST est?e filiando ?radi? leninista de tomada violenta do poder por meio de uma organiza? centralizada e autorit?a. A estrat?a da guerrilha ?m sucesso recente nos pampas gra? a sua efic?a. As invas?e os acampamentos t?funcionado em muitos casos. Em novembro passado, ap?inco anos de guerra com o MST, o fazendeiro Alfredo Southall resolveu vender a Est?ia do C?ao Instituto Nacional de Coloniza? e Reforma Agr?a (Incra). Cansei da batalha. Joguei a toalha, desabafa. Suas terras ser?transformadas em um assentamento para 600 fam?as. O fazendeiro ga? Paulo Guerra teve sua fazenda invadida seis vezes desde 2004. Os invasores destru?m uma usina hidrel?ica e 300 quil?ros de cercas. Tamb?queimaram dois caminh? dois tratores e onze casas, al?de abaterem 300 bois. Minha fam?a se dedica ?azenda h?00 anos. Podemos perder tudo, mas n?vamos entregar nosso patrim? ao MST, diz. Nos ?mos dois anos, mais de 600 processos j?oram abertos contra militantes do movimento. Uma a? judicial pede que o MST seja colocado na ilegalidade. Enquanto ela n??ulgada, por? os promotores t?conseguido impedir seus integrantes de circular em algumas regi? N?se trata de remover acampamentos. A inten? ?esmontar bases usadas para cometer reiterados atos criminosos, justifica o promotor Luis Felipe Tesheiner. O MST passa atualmente por uma curiosa transmuta? pol?ca. Desde a chegada ao poder de Lula e do PT, aliados hist?os do movimento, a sigla abrandou os ataques ao governo federal. A tr?a, que beneficia a ambos, permitiu que os sem-terra apadrinhassem vinte dos trinta superintendentes regionais do Incra. ?um comportamento muito diferente de quando o MST liderou as manifesta?s Fora, FHC e invadiu a fazenda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002. O terrorismo agora ?raticado preferencialmente no quintal de governadores de oposi? a Lula, como a ga? Yeda Crusius e o paulista Jos?erra. A reputa? do MST acompanha sua guinada violenta. Dez anos atr? a maioria dos brasileiros simpatizava com a sigla. Agora, a selvageria, aliada ?xtraordin?a mobilidade que levou 14 milh?de pessoas a ascender socialmente nos ?mos anos, mudou a imagem do movimento. Pesquisa do Ibope realizada no ano passado mostra que metade dos entrevistados ?ontra os sem-terra. O MST, hoje, ?isto como sin?o de viol?ia. As pessoas descobriram que ?oss?l melhorar de vida sem que para isso seja necess?o fazer uma revolu?, diz o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. 3 vezes ?reciso tempo para enxergar o ?o. Fonte: VEJA Edi? 2097, de 28 Jan 09

Percival Puggina

24/01/2009
Nem sempre a opini?p?ca coincide com o interesse p?co. Um dos problemas essenciais da democracia consiste, precisamente, na necessidade, que muitas vezes ocorre, de agir em favor do interesse p?co adotando medidas que contrariam a opini?p?ca. “Sangue, suor e l?imas” prometia Churchill... Isso se aplica, especialmente, ?elas ocasi?em que dificuldades estruturais ou conjunturais determinam impacto negativo na vida social. As coisas est?mal, os cidad? est?desgostosos e a solu? exigir?edidas impopulares. ?a hora dos verdadeiros l?res. O Plano Real fornece bom exemplo do que descrevo. Itamar Franco teve o grande m?to de convocar o grupo de economistas que concebeu o Plano. Na arrancada, ele garantiu a elei? de Fernando Henrique Cardoso, mas n?foi uma catapulta para a estabilidade e o crescimento econ?o. N?era uma escadinha confort?l para sair do fundo do buraco. Foi necess?o escalar at? topo, segurando-se com as unhas e ralando os p?no esfor?da subida. Foi nesse quadro que a oposi? petista, ap?ito anos de combate encarni?o contra o Plano e seus ingredientes (super?t fiscal, aumento da carga tribut?a, abertura ao mercado internacional, privatiza?s, cumprimento dos compromissos com a d?da externa, est?lo ao agroneg?), atrapalhou quanto pode a escalada da economia nacional. Com um discurso moralista e avesso ?reformas em curso, chegou ao poder. E chegou ao poder – ?om ter presente o cronograma dos fatos – dois anos antes de as medidas come?em a produzir resultados, o que obrigou o governo Lula a amargar p?imos desempenhos da economia nos anos 2003 e 2004. A?a partir de 2005, em plena marolinha do mensal? mas mantida a linha de atua? iniciada com Itamar, as coisas come?am a melhorar. E acabou a oposi?. Entendem-se as dificuldades dos oposicionistas em combater um governo que na gest?da economia cumpre o quinto mandato de Itamar Franco e saboreou at?em poucos meses o per?o mais promissor da vida econ?a e social do pa?e do planeta nas ?mas quatro d?das. E se entende, tamb? pelos mesmos motivos, a ader?ia (?ais do que mera articula?) e a bajula? (?ais do que mera cordialidade) do grande empresariado brasileiro ?estrelas vermelhas que lhe aparecem na janela. Est?ganhando dinheiro, and that is the name of the game. Valores, para certo tipo de capitalismo, s?m significado quando convers?is em moeda. O resto ?apo de fil?o. Pois h?lgum tempo venho reconhecendo em Lula uma enorme capacidade de encantar serpentes. Atraiu para si praticamente toda a popula? do ofidi?o hospedado no Congresso. Se o leitor se der ?aci?ia de assistir o Jornal Nacional ver? que ele fez com a Globo. Examine isso, uma vez ou outra. Vale ?ena. E d?ma olhada nos parceiros do nosso presidente na Am?ca Latina e no Oriente M?o. At?qui, o encantador de serpentes vem se dando bem. Ganhou votos combatendo o que hoje sustenta e depois passou a ganhar votos sustentando o que antes combateu. Ganhou votos atacando certos advers?os e depois passou a ganhar votos buscando para parceiros aqueles a quem atacava. O homem tem uma capacidade de se fazer rodear de cobras. Essa ? sua for?e ?tamb? a sua fraqueza; sua habilidade e sua debilidade. Cobras s?animais perigosos, como ele mesmo pode ver em 2005, quando a Rep?ca foi bater ?portas do Butant?E absolutamente nada indica que tenha sa? de l? Contudo, aqui e no resto do mundo, o momento ?ara estadistas e n?para encantadores de serpentes.

Nahum Sirotsky

24/01/2009
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Ir?prop?o rei da Ar?a Saudita a proclama? de uma guerra santa – jihad - contra Israel. A informa? foi divulgada em artigo escrito por Turki Al Faisal publicado pelo website do “Financial Times”, de Londres. Ele escreve que o monarca saudita resiste a tal sugest?a qual a cada dia fica mais dif?l resistir. Uma s?ese do artigo foi publicada pela ag?ia Reuters com data de 23 de janeiro. Turki, um dos cinco mil pr?ipes da fam?a Saud, foi embaixador nos Estados Unidos e em Londres, e chegou a ocupar a chefia dos servi? de intelig?ia do reino onde ficam as mais sagradas cidades dos mu?manos, Meca e Medina. A Ar?a ? maior fornecedora de petr? aos pa?s industrializados ocidentais e mant?rela?s especiais com os Estados Unidos. Al Faisal n?ocupa nenhuma fun? oficial no momento. Seu texto, por? ?bviamente um recado a Obama. Ele prop?ma serie de iniciativas ao novo presidente americano como, por exemplo, condenar Israel pelo que qualifica de atrocidades contra o povo palestino. E destaca que uma jihad criaria o caos. O pr?ipe saudita, por? urge a Obama que promova a proposta de paz com Israel lan?a pelo rei saudita em 2002. A proposta inclui o reconhecimento e o estabelecimento de rela?s do mundo ?be com Israel em troca de desocupar todas as ?as que conquistou na guerra de Seis Dias de 1967. A parte murada de Jerusal? que estava no dom?o da Jord?a e passou ao dom?o judeu (que haviam sido expulsos pelas legi?romanas h?erca de dois mil anos) teria de ser desocupada. E tamb?seria preciso resolver com justi?a quest?dos refugiados palestinos e descendentes que hoje somam muitos milh? mais do que a popula? total de Israel. Obama j?ndicou um novo enviado especial ao conflito israelense-palestino, o ex-senador George Mitchell, de origem libanesa, o homem que realizou o milagre do entendimento entre irlandeses cat?os e protestantes em conflito centen?o. Mitchell recebeu mandato de Obama para promover a paz que culminaria na proclama? do Estado palestino independente ao lado de Israel. Ele reconhece a utilidade da proposta saudita mas, ao que se sabe, deu a Mitchell carta branca pol?ca. O ex-senador ter?ido escolhido pela sua imagem de isen? entre os lados e teimosa determina? em suas miss? E foi designado diretamente pelo novo presidente.

Dagoberto Lima Godoy*

23/01/2009
Tarso Genro ?m astro em evid?ia no cen?o pol?co nacional. Dou-lhe o cr?to de boas inten?s, mas muitas vezes n?consigo apreender a l?a das id?s que prega, nem as compatibilizar com certas atitudes suas. No momento, h?ma enorme pol?ca em torno da decis?que tomou, como Ministro da Justi? concedendo o status de refugiado pol?co a um cidad?italiano, condenado em seu pa?como autor e/ou adjuvante de v?os homic?os, classificados como atos de terrorismo. O ato causou muita revolta, especialmente por parte de parlamentares e do governo da It?a, que tomaram a atitude oficial brasileira como uma tremenda ofensa ?emocracia italiana, no que foram apoiados por muitos, aqui no Brasil, como foi o caso do influente jornal O Estado de S?Paulo. [...] Em editorial, [...] o jornal critica duramente o Ministro, por fazer “prevalecer sua opini?pessoal, como se sua expertise (jur?co-internacional? diplom?ca?) fosse suficiente para solucionar quaisquer problemas ‘externos’ nossos” (OESP, 16-01-09). N?faltou quem apontasse o contraste entre essa ?ma decis?de Tarso e aquela outra, quando n?concedeu ref? a dois atletas cubanos, participantes do Pan-Americano de 2007, alegando terem eles manifestado sua vontade de voltar a sua p?ia (n?obstante as amea? proferidas pelo governo “democr?co” de Cuba). A revista Veja, numa reportagem sobre o rumoroso caso, afirmou que “o ministro j?avia dado mostras recentes de que, se ningu?o segura, ele se deixa facilmente levar pelo caminho obscuro das convic?s esquerdistas”, dando como exemplo sua proposta de revisar a Lei de Anistia, com o intuito de punir os torturadores do regime militar, demonstrando “revanchismo e inoportunidade” (Veja, 21-01-09). Tarso reclama que todas essas cr?cas tem inspira? ideol?a, supondo-se que, em seus atos, o ministro esteja livre da mesma (no vi?oposto ao dos cr?cos, ?laro). N?sei quem est?om a raz? desta vez, preferindo aguardar o pronunciamento da Justi? Entretanto, n??e hoje que as atitudes e as posi?s p?cas de Tarso Genro v?dando o que pensar, quanto aos seus verdadeiros objetivos pol?cos. Vale lembrar outros fatos. Em junho de 2001, em mais um de seus elaborados textos (Participa? e reformas - ZH, dia 21, fls. 17), o ent?Prefeito de Porto Alegre manifestou seu desgosto com a “mitifica?” do Or?ento Participativo (OP), posto em pr?ca por ele, que estaria sendo transformado “numa esp?e de ?ne de uma cidade ex?a ‘onde a esquerda deu certo’ ”. [...] Tarso defendia o OP como uma experi?ia “germinal” de “um outro contrato pol?co”, que n?visaria “inviabilizar o atual” (entenda-se por atual o regime constitucional vigente no Pa?; e se apresentava como um evolucionista pol?co, disposto a introduzir “adiantamentos” capazes de organizar “os conflitos sem rumo da democracia puramente formal, muitas vezes manipulados pelo poder econ?o e pela m?a”. A m?a, acusava Tarso, n?oportuniza “a fala de todos, sem discrimina? social ou econ?a”, nem que “as pessoas e os grupos sociais, com pouca influ?ia nas decis?p?cas, possam dar conseq?ia ?suas demandas e interesses mais elementares”. Pregava, ent? um outro contrato pol?co, em que os conflitos fossem abertos e “mediados por regras aut?as e estatais”. Ora, Tarso vem parecendo ser mais movido por suas “convic?s esquerdistas”, como diz a Veja, do que comprometido com a preserva? do contrato pol?co vigente – a ordem constitucional – e a transpar?ia do debate. Dois exemplos: no primeiro caso, recorde-se sua infeliz proposta de ren?a do Presidente FHC, legitimamente eleito pela maioria dos eleitores brasileiros – disparate merecedor de tal repulsa, at?entro de seu pr?o partido, que logo teve que lan? m?de sua verve dial?ca para defender-se da pecha de golpista. No segundo, lembro como ele se op? id?, surgida dentro do pr?o PT, ao preparar a candidatura de Lula ?resid?ia da Rep?ca, para as elei?s de 2002, da defini? de uma “agenda m?ma”, capaz de clarear - para o eleitorado brasileiro e para os investidores nacionais e estrangeiros - o compromisso do Partido e de seu candidato com linhas consequentes e respons?is de pol?ca econ?a, monet?a e fiscal (o que o PT viria a fazer, no Manifesto aos Brasileiros). Segundo li, ?poca, argumentava que o PT deveria afirmar-se por suas diferen? e n?pelas converg?ias com outras correntes pol?cas. Ora, sem clareza na proposta do Partido, como identificar as verdadeiras diferen?, alegadas por ele? Usando os pr?os conceitos expendidos por Tarso, no citado artigo, pode-se afirmar que discursos nebulosos - recheados de promessas infundadas e alimentados por “slogans” e palavras de ordem - fazem parte das “formas arcaicas e superadas de produ? da sociabilidade”, muito ao gosto dos regimes totalit?os. Enfim, as cr?cas ao Ministro podem nem sempre ser justas, mas, quando as palavras sofisticadas e o estilo rebuscado tornam herm?co o discurso, ?os atos e atitudes do pol?co que se podem deduzir os seus verdadeiros prop?os. Ent? a pol?ca em torno dessa ?ma decis?do ministro, talvez nos permita identificar o que, at?gora, n?consegui: qual ?afinal, o “contrato pol?co” sonhado por Tarso Genro? * Cidad?brasileiro. 22-01-2009

Sérgio Malbergier

23/01/2009
A iniciativa brasileira de enviar o chanceler Celso Amorim ao Oriente M?o para tentar contribuir na busca de uma solu? pac?ca para o conflito palestino-israelense merece apoio pelo nobre objetivo manifesto. Mas a posi? brasileira at?qui em nada indica essa busca de equil?io, muito pelo contr?o, o que reduz nossa capacidade de obter voz de fato relevante na busca da paz. A come? pela postura brasileira no not? Conselho de Direitos Humanos da ONU, dominado por ditaduras africanas e ?bes, basti?de um anti-sionismo obsessivo enquanto ignora ou apazigua ditaduras brutais ao redor do planeta, um constrangimento para a pr?a ONU. O Brasil votou nesta segunda-feira a favor de uma proposta condenando de forma veemente Israel pela lament?l morte de civis em sua guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas. Os pa?s da Uni?Europeia, Jap?e Coreia do Sul se abstiveram, e o Canad?votou contra o projeto, sancionado por 33 votos a favor, 13 absten?s e um voto contr?o. Mas, no mesmo conselho, o Brasil tomou uma posi? bastante diferente em rela? ao Sud? num claro sinal de dois pesos, duas medidas, j?isto tamb?na toler?ia brasileira com os abusos dos direitos humanos em Cuba e na China, entre outros. Desde 2004 os rebeldes da regi?de Darfur, no oeste sudan? s?massacrados por tropas de Cartum e seus aliados, a mil?a ?be local (os janjaweed). A conta de mortos chega a 200 mil, repito, 200 mil, al?de cerca de 2 milh?de refugiados que relatam massacres e estupros em massa. Pois o Brasil manteve uma posi? de toler?ia com o governo sudan?que contraria a defesa do desequil?io feita agora pelo Itamaraty em rela? a Israel. Em dezembro de 2006, por exemplo, o Brasil se absteve de uma vota? no mesmo conselho de direitos humanos da ONU que pedia a?s mais duras contra a lideran?sudanesa, derrotada por 22 votos a 20. O que levou a Humans Right Watch a criticar Bras?a: A recusa do Brasil em apoiar uma forte resposta da ONU ?atrocidades em Darfur foi um ato de insensibilidade e indiferen? disse ent?o diretor da HRW para a Am?ca Latina, Jos?iguel Vivanco. Na ?ca, o Itamaraty justificou seu vergonhoso ato como forma de buscar um consenso eficaz sobre Darfur, o que at?oje n?ocorreu, com a mis?a e a morte t?presentes na regi?quanto em 2006. J?este ?mo e triste cap?lo da luta entre Israel e palestinos, as declara?s do chanceler Amorim e daquela sombra sobre a pol?ca externa brasileira, o assessor presidencial Marco Aur?o Garcia, est?muito longe da busca do tal consenso eficaz. Amorim, por exemplo, ao negar que a Chancelaria brasileira estivesse apoiando s? palestinos no conflito, ressalvou: Hoje, n?emos uma posi? muito equilibrada. S?e, quando h?ma a? desequilibrada, voc??pode nos exigir uma posi? equilibrada. Est?an?a a nova doutrina do desequil?io! O dinossauro Marco Aur?o, cuja lista de gafes e equ?cos daria uma Wikip?a pr?a, foi ainda mais longe, chamando as a?s de Israel de terrorismo de Estado. E o PT de Lula e Marco Aur?o foi ainda mais longe do longe ao chamar a a? israelense contra os foguetes disparados pelo Hamas contra seu territ? de uma pr?ca t?ca do Ex?ito nazista (se eu fosse petista como a Clara Ant, rasgaria minha filia?). Na semana passada, o ministro iraniano Mohammad Abbasi esteve em Bras?a, onde se reuniu com o indefect?l Marco Aur?o (nova entrada para sua Wikip?a pessoal). Saiu dizendo que posi?s em comum entre Brasil e Ir?evem impulsionar uma uni?entre os dois pa?s para o cumprimento de metas em rela? ao conflito em Gaza e Israel. Importante lembrar que o Ir?rma e instiga o Hamas a lan? sua guerra suicida contra Israel e ?residido por Mahmoud Ahmedinejad, aquele que defende literalmente varrer Israel do mapa e busca ativamente, com pouca resist?ia global e nenhuma do Brasil, obter uma bomba at?a. Importante tamb?lembrar que o Brasil j?onvidou Ahmedinejad, p?a em v?as capitais do Ocidente e aliado ?imo de l?res autorit?os como Hugo Ch?z e Robert Mugabe, a visitar o pa?neste ano. Que o Brasil busque o di?go com a maior gama poss?l de lideran? para impulsionar o entendimento global parece objetivo louv?l de nossa diplomacia. Mas vamos abortar logo a doutrina do desequil?io de Amorim e seu humanismo seletivo para que nossa pol?ca externa n?se torne mera apaziguadora de ditadores belicosos em troca de contratos lucrativos ou mero eco de ideologias ultrapassadas, como o terceiro-mundismo e o esquerdismo prim?o e manique?a. O hist?o do Itamaraty tem algumas manchas de arrepiar os que se preocupam agora com um equil?io m?mo da posi? brasileira diante de Israel e dos judeus, entre elas: 1 - O voto em 1975 (ditadura Geisel) a favor da mo? da Assembleia Geral da ONU afirmando que o sionismo ?acismo (depois derrubado, com o arrependido voto brasileiro, em 1991). 2 - As pol?cas discriminat?s antijudaicas da Chancelaria brasileira durante a era Vargas muito bem retratadas pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro no cl?ico O Anti-semitismo na Era Vargas. Que Lula e Amorim nos livrem desse triste caminho unilateral e preconceituoso e encontrem de fato formas de aproximar israelenses e palestinos da paz. Ser?uito bom para a regi?e para a nossa pol?ca externa. * Editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a pa?s como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, A rvore (1986) e Car? Inferno (1987). Escreve para a Folha Online ?quintas. E-mail: smalberg@uol.com.br