Oswaldo Payá Sardiñas

07/01/2009
Vivo en Cuba, en la ciudad de La Habana, en el humilde barrio del Cerro. Cuando se instal? primer gobierno elegido democr?camente en Chile llegaron a nuestro pa?los primeros chilenos, en este caso democratacristianos. Ellos se atrevieron a contactarnos a los que desde adentro luch?mos, y aun luchamos, pac?camente por la democracia y la libertad. Nos tra? un mensaje de esperanza. Despu?de 17 a?de r?men militar, el pueblo chileno, por v? pac?cas, inici?s cambios hacia la democracia y el respeto a los DDHH. Las experiencias compartidas, la de vivir bajo dictaduras, nos ense?n que no hay buenas, ni mejores, ni de derecha, ni de izquierda, sino simplemente dictaduras. Para nosotros era extraordinario que personas que hab? sufrido una de ellas, ideol?amente contraria a la de Cuba, tuvieran la honestidad de reconocer que en la isla tambi?hab? y hay, una dictadura. Esta ha sido la actitud solidaria constante de muchos chilenos. Pero con tristeza debo decir que no es la actitud del actual gobierno chileno. Parece que perdi? memoria o que act?ajo la moral hemipl?ca de que las dictaduras si no son de derecha, son buenas y quiz?hasta deseadas por los pueblos. Esto lo digo porque escribo sobre c?llega Cuba luego de 50 a?de r?men de Castro en materia de DDHH. Y llegamos en la soledad en que nos dejan todos los gobiernos latinoamericanos, empezando por M?co y terminando con Chile y Argentina. Ning?ueblo, y menos el cubano, elige no elegir m? Los ciudadanos cubanos no decidieron no poder viajar, ni poder expresarse libremente, ni ser vigilados en cada cuadra, escuela, centro de trabajo. Tampoco decidimos que un chileno o un ruso puedan tener un negocio en Cuba y un cubano no. Menos que s?exista un partido pol?co que niegue el derecho ciudadano a formar otros partidos, que rechace el derecho de los trabajadores a tener sindicatos libres y niegue, en la pr?ica, el derecho soberano del pueblo a cambiar las leyes y la Constituci?Ese totalitarismo ha sido impuesto y no escogido. Muchos piden balances sobre Cuba, pero no se puede reducir la vida de medio siglo de un pueblo a balances pol?cos. Hay que decir que ha habido de todo: mucho amor y odio, mucha generosidad, obras buenas y perversas. Tambi? un masivo ?do hacia el exterior en busca de libertad. Pero mucho m?masivos son los actos de apoyo al gobierno. Porque ha habido mucho apoyo sincero, pero nadie puede decir cu?a simulaci?debido a la cultura del miedo. En resumen, ha habido de todo, menos libertad. La falta de ella y derechos civiles y pol?cos ha sido la base para perpetuar un gobierno 50 a?a nombre de la justicia social y la soberan? Cuba es un pa?con una minor?con todo el poder, que viven como ricos, y una mayor?pobre y sin voz para decir que es pobre. Pero hay una alternativa. As?o demuestra el Proyecto Varela, que pide un referendo para iniciar los cambios, dando la voz al pueblo y a los derechos a los ciudadanos (www.oswaldopaya.org). Nos persiguen y acosan mientras pedimos estos derechos para todos. La alternativa se basa en la reconciliaci?conservar lo bueno y abrir la puerta del futuro a la nueva generaci?ara que sean hombres y mujeres libres. Por luchar pac?camente por esos derechos muchos est?en prisi?n condiciones inhumanas y junto con prisioneros comunes. Cuando no hay libertad nadie puede decir a nombre del pueblo lo que verdaderamente quiere. Pero, como punto de partida no discutible, podemos decir: nosotros los cubanos queremos la libertad. Oswaldo Pay?ardi? Coordinador del Movimiento Cristiano Liberaci?

Érico Valduga em Periscópio

07/01/2009
Se aprovado os cinco anos no Executivo, os atuais titulares n?estariam concorrendo ?egunda reelei?, pois a nova lei anularia o passado Um parecer da Procuradoria do Senado diz que o presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) pode concorrer a presidente da Casa porque foi eleito em mandato-tamp? para completar o per?o de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ?resid?ia para evitar a poss?l cassa? do mandato de senador por falta de decoro (esc?alo das mesadas pagas ?ua amante M?a Veloso pelo lobista da Mendes J?r, Cl?io Gontijo). Assim, o rio-grandense do norte n?estaria sendo reeleito, o que ?roibido, e sim candidatando-se ?rimeira elei?. A tese tem fundamento, tanto que seu advers?o Ti?Viana (PT-AC) desistiu de contest?a na Justi? ?por temer o efeito de interpreta?s semelhantes que raposas lustrosas da Op osi? no Congresso querem que o projeto que aumenta de quatro para cinco anos a dura? dos mandatos executivos, em discuss?na C?ra dos Deputados, contenha uma disposi? expressa proibindo a candidatura dos atuais mandat?os em 2010. Desconfiam que, sem a ressalva, o presidente Lula possa ser docemente constrangido a concorrer a um terceiro mandato, sob a alega? de que, com a mudan?da lei, estaria concorrendo ao primeiro mandato sob a regra nova, e n?seria reelei?. Voc?acham, prezados leitores, que este racioc?o ?ose para elefante? Pois esperem, lembrados que milhares de petistas estar?desempregados se o seu partido deixar o poder.

Hilda Molina

07/01/2009
Quando em 1994 me desvinculei, por vontade pr?a, do sistema pol?co imposto em meu pa? estava convencida de que teria que percorrer um longo e doloroso calv?o. Hoje, quase 15 anos depois, posso afirmar que a realidade superou, com juros, todas as avalia?s daquele momento, porque os que nos decidimos a enfrentar pacificamente a este governo, nos expusemos, n?s?sua nefasta repress? como tamb??agress?do conjunto de verdugos nacionais e forasteiros que o auxiliam. Pois se trata de um governo onipotente, que durante meio s?lo tem exigido, irracionalmente, que os habitantes desta ilha, sem exce?, pensemos, sintamos, falemos e atuemos segundo os seus des?ios. Trata-se de um governo que reprime, desqualifica e calunia, mediante os mais dissimulados m?dos; por isso nos rebelamos, ante esses des?ios. ?que o ? e a intoler?ia, meticulosamente semeados durante 50 anos, influenciaram perniciosamente os integrantes desta sociedade enferma. Este governo – e seus c?ices de outras regi?do planeta – n?aceitam nem respeitam as diferen? em Cuba. Tratam a popula? do pa? n?como membros leg?mos da humanidade pensante, mas como um rebanho de escravos alienados, incapazes de pensar, sentir, falar livremente e de decidir seus pr?os destinos. Porque o comunismo cubano com seus tent?los – ao comprometer, alugar e comprar consci?ias – conseguiu internacionalizar seu ? e sua intoler?ia. Durante estes quase 15 – dif?is, mas cada vez mais esclarecedores – anos, sempre totalmente indefesa, tenho sido v?ma, ininterruptamente, de pelo menos tr?tipos diferentes de verdugos: 1) O governo cubano, principal e implac?l verdugo, que aplica seus instrumentos sutis e expl?tos de viol?ia psicol?a e f?ca, contra os que, como eu, temos dito basta! ?oloniza? de nossas mentes e nossas almas, conscientes de que “n?h?ervid?mais vergonhosa do que a volunt?a”. 2) Os id?ras do regime, que fazendo uso das bondades da democracia em seus respectivos pa?s, vociferam contra o capitalismo, ao mesmo tempo em que vivem como capitalistas. Os que rasgam as suas vestes, quando aqui em nossa pr?a P?ia, fazemos uso do direito ?iberdade de express?que nos assiste, e criticamos o indiscutivelmente critic?l. Os que pregam teoricamente sobre direitos humanos e paz, e em un?ono reverenciam um governo de partido ?o, apegado ao poder, implantado definitivamente em Cuba; e que envolveu seu povo em um n?o indefinido de guerras no exterior. Estes fariseus contempor?os consideram como seus inimigos pessoais a todos os que o regime classifica como inimigos, e se convertem em nossos verdugos, fazendo-nos alvo de ataques infundados, cru? e sem fundamento, sem importar-lhes o dano que causam. 3) Alguns cubanos, felizmente a minoria, que jamais criticaram o governo, na primeira oportunidade fugiram para a democracia, utilizando as portas abertas em numerosas na?s, gra? ?lutas sustentadas durante meio s?lo por compatriotas abnegados e de valor. Esses cubanos de moral dupla, beneficiados pela liberdade que n?conquistaram com seu pr?o esfor? e outros que ainda permanecem em Cuba, se erigem em ju?s e verdugos. Quais porta-vozes servis do comunismo caribenho atacam e caluniam aos que, mais cedo ou mais tarde, nos atrevemos a levantar a voz aqui em Cuba, em defesa, n?s? nossos direitos, como tamb?dos direitos de todos, inclusive dos direitos de nossos verdugos e agressores, e dos daqueles que optam por um sil?io humilhante e c?ice ante tanta ignom?a. Sinto muita pena dessas pessoas dominadas por um ? irracional, e que, contra toda a l?a, beijam as garras que os ferem e condenam o pensamento e a palavra daqueles que os defendem. Tenho recebido tamb?cr?cas de alguns cubanos respeit?is, que com louv?l clareza, vislumbraram muito cedo o perigo que amea?a a nossa ilha, permaneceram presos por muitos anos por sua luta em prol da liberdade. Agora, estabelecidos no ex?o, mostram incompreens?em rela? aos que, como eu, tardamos em avaliar, em sua justa medida, a verdadeira natureza do regime. Opino humildemente que, com uma atitude de maior toler?ia crist?estes compatriotas poderiam ajudar mais eficazmente a imprescind?l uni?de todos os que anelamos uma P?ia nova, sem os v?os e injusti? do passado, e sem o horror do presente. ?uma triste e desalentadora realidade, ante a qual cabe perguntar: Que podem esperar os que agora decidam dar um passo similar ao que eu dei dentro de Cuba? Que ?ue a pr?a na? pode esperar, se n?cubanos, nos agredimos uns aos outros? Que pode esperar o pa? se os cubanos – manipulados, alienados e intoxicados pelo ressentimento, mentiras, ?, intrigas, e incapazes de definir a ?a causa de sua longa via crucis – desperdi? suas energias, tentando destruir aos que – indefesos, amea?os, e como no meu caso, sem aspira?s pessoais – dedicamos nossos humil?imos esfor? para a cessa? deste supl?o que devastou a P?ia? Ser?ue n?compreendem que Cuba necessita urgentemente de atitudes crist?que somem e unam, e n?de condutas intolerantes que diminuam e dividam? Ser?ue n?compreendem que o nobre e sofrido povo cubano necessita e deseja ouvir palavras de perd? de paz, de sossego, de esperan?; e n?um discurso beligerante, agressivo, intrigante, ofensivo e insultante, como o que prevaleceu nesta ilha durante meio s?lo? Certamente ?ma triste e desalentadora realidade. Impedida pelo regime comunista de ver o filho e os dois netos N?obstante, com os meus mais de 65 anos, enferma e sozinha em Cuba, continuarei minha modesta miss?em favor do que considero melhor para meu pa? sob a implac?l vigil?ia de meus verdugos, e apesar de meus verdugos. Trato assim de ir saldando minha d?da com minha consci?ia, com minha inocente e torturada fam?a, e com a terra em que nasci. Alegra-me contar com este espa? que me permite interconectar-me com o mundo, e que dedico a minha adorada fam?a: filho, nora, netos e m? Aqui apresentarei regularmente meus testemunhos, coment?os, opini?e variados artigos. Em rela? a esses textos, desejo esclarecer o seguinte: – Consciente dos riscos que assumo, fa?uso, aqui em minha P?ia, como o tenho feito desde 1994, da liberdade de consci?ia e de express?que Deus me concedeu ao criar-me livre. Dos meus pais aprendi a defender minhas id?s, a respeitar as id?s alheias. Aprendi que o exerc?o da cr?ca ?ais digno e valente quando se realiza de frente. – Os textos que aqui apresentarei, procedem de duas fontes ver?cas e reais. Primeira fonte: as quase sempre complexas e muitas vezes traum?cas experi?ias vividas, desde a idade de 15 anos, dentro desta sociedade ?ual dediquei o melhor de minha juventude, nas nobres profiss?do Magist?o e da Medicina. Segunda fonte: as experi?ias pessoais destes dif?is e instrutivos quinze ?mos anos de cativeiro sem grades, de agress? de esc?ios e de dispers?familiar. Com a ajuda de Deus, essas publica?s peri?as s?rminar?quando concluir minha vida. Tenho a esperan?de que constituir?mensagens de alerta sobre a terr?l realidade do sistema ideol?o, pol?co, social e econ?o no qual transcorreu a maior parte de minha vida. * Neurocirurgi?m Cuba, de fama internacional. H?nos luta para obter autoriza? para ir ?rgentina, para visitar seu filho e conhecer os seus dois netos. Est?roibida de trabalhar e de sair da Ilha. Enviou em meados de dezembro de 2008 uma carta para a embaixada argentina em Havana, na qual pede que a presidente Cristina Fern?ez de Kirchner, em sua visita a Havana em 12 de janeiro pr?o, interceda a favor dela junto ao governo castrista. Disse Hilda: Eu o pe?como quest?humanit?a. Minha condi? de m?e av?completamente diferente de minha condi? de dissidente. Tradu?: Andr?. Falleiro Garcia

Ives Gandra da Silva Martins

07/01/2009
Creio que, no ano de 2009, a Amaz? ser?bjeto de in?as discuss?no Brasil e no mundo, por conta de sua riqueza, assim como do tratamento jur?co que os 3 Poderes dar??cupa? de suas terras por brasileiros e por ?ios, nascidos ou n?no Brasil, como tamb?ao problema do desmatamento e explora? de seus recursos. Na quest?dos ?ios, j?st?a Suprema Corte, sinalizando que ?ios, nascidos ou n?no Brasil, ter?direito a 13% das terras do pa? cabendo aos brasileiros os outros 87%. Os ?ios, repito, nascidos ou n?no Brasil, receber?o equivalente a 13% de todo o territ? nacional para que possam ca?, pescar e admirar a paisagem, ou seja, 4 Estados e meio de S?Paulo, sendo que vivem em est?o primitivo no Brasil, aproximadamente, 400.000. S? Raposa do Sol, 18.000 ?ios receber?11 cidades de S?Paulo, lembrando que em S?Paulo moram quase 11 milh?de habitantes! A ?a administr?l de Roraima pelo governo estadual ficar?eduzida a sua metade, e abrigar?ma popula? 22 vezes maior do que aquela que ocupar? reserva !!! N?discuto o m?to da decis?da Suprema Corte, pois decis?de Tribunais n?se discutem, cumprem-se. Haver?todavia, a necessidade de readequa? de projetos, de educar a popula? brasileira para que se conforme com o fato de que s?der ?abitar ou transitar por 87% do territ? nacional, apesar do art. 5º inciso XV da C.F., enquanto os ?ios, nascidos ou n?no Brasil, poder?faz?o em 100%. Outros problemas, que certamente ser?debatidos, s?o do meio-ambiente, o do desmatamento e o da pr?a legisla? sobre a mat?a, que pretende obrigar a todos os fazendeiros que cumpriram a lei, mantendo intocados 50% da mata e cultivando os outros 50% da ?a, a destruir sua cultura e plantar mais 30% de ?ores. Discutir-se-?na Suprema Corte, se h?u n?direito adquirido a favor dos fazendeiros e qual o n?l de indeniza? que eles receber? Por outro lado, ?ecess?o saber a capacita? do governo e da sociedade de reduzir o desmatamento. Por fim, em face da sinaliza? da Suprema Corte sobre as terras ind?nas, ?e se discutir a forma de aproveitamento de riquezas naturais da Amaz?. O in?o do debate para 2009, o eminente Embaixador Jer?o Moscardo fez realizar no Itamaraty do Rio, em seu congresso sobre o futuro do Brasil, patrocinado pela Funda? Alexandre de Gusm? dedicando uma das 4 sess?do evento ?maz?, com variada gama de manifesta?s, entre as quais ?e se destacar a dos Embaixadores Carlos Henrique Cardim, Jo?Clemente Baena Soares e dos Generais Le?as Gon?ves e Villas Boas. A riqueza dos debates certamente ajudar? uma reflex?mais profunda sobre o tema. Pessoalmente, conven?me de que entre os grandes desafios que o Brasil ter?ue enfrentar, decididamente, a Amaz? n?? menor. Como defensor hist?o de um melhor tratamento para a regi?por parte das autoridades federais e sabendo do interesse de outras na?s sobre sua universaliza?, considero a necessidade de todos os brasileiros refletirem e buscarem solu?s para ?a de t?grande riqueza, principalmente ap? Brasil ter assinado uma declara? sobre o direito a auto-determina? dos povos ind?nas, que Estados Unidos, Canad?Nova Zel?ia e Austr?a, que t??ios, negaram-se a assinar.

Samuel Farber

06/01/2009
Para uma grande parte da esquerda latino-americana, o governo cubano tem representado uma for?anti-imperialista e um baluarte dos movimentos progressistas. Mas um exame aprofundado da pol?ca externa cubana revela que, embora Cuba tenha seguido uma trajet? de oposi? ao imperialismo dos EUA, n?aconteceu o mesmo com rela? ?gress?imperial de outros pa?s. De fato, em v?as ocasi?Cuba se posicionou do lado dos Estados opressores. Fidel Castro apoiou a invas?sovi?ca da Tchecoslov?ia em 1968. Seu apoio a essa invas?foi muito revelador: al?da d?da pol?ca com a URSS em fun? da ajuda econ?a indispens?l desta a Cuba, o l?r cubano exp?ua oposi? ?reformas do governo de Alexander Dubcek, que caracterizou como f? liberal. Castro tamb?apoiou a supress?et?e do movimento nacional eritreu e a invas?sovi?ca do Afeganist?nos anos 1970 e 1980. Como se explicam as pol?cas contradit?s de Cuba com rela? ao direito das na?s ?utodetermina?? Em primeiro lugar, ?reciso assinalar a longa alian?que Cuba manteve com a URSS. No final dos anos 1960, a URSS, sob press?dos EUA, teve que aceitar a id? de que o hemisf?o ocidental era parte indiscut?l da esfera de influ?ia americana. Como resultado, Moscou pressionou Havana para que deixasse de dar apoio declarado ?guerrilhas latino-americanas. O governo cubano cedeu ?exig?ias sovi?cas, embora n?completamente, j?ue continuou apoiando os movimentos insurgentes da Am?ca Latina de maneira mais discreta e limitada. Periferia africana Isso contribuiu para que Cuba se voltasse cada vez mais ?frica, uma regi?na periferia da geopol?ca americana, onde as iniciativas cubanas eram mais compat?is com a pol?ca externa sovi?ca. A presen?pol?ca e militar cubana na frica (e em outras partes do mundo) tamb?afetou significativamente as rela?s de poder entre Cuba e URSS, proporcionando aos l?res cubanos uma margem de negocia? maior com os sovi?cos. A estrat?a cubana na frica era orientada ?orma? de alian? com o nacionalismo africano. No decorrer de sua implementa?, Cuba tomou iniciativas independentes sem consulta pr?a com o Kremlin - foi o caso em Angola, por exemplo -, mas, de modo geral, suas iniciativas foram compat?is com a pol?ca sovi?ca. No caso de Angola, a estrat?a cubana permitiu a Cuba exercer um papel muito importante na defesa desse pa?contra o imperialismo ocidental e seus agentes direitistas da Unita, desferindo um golpe militar e pol?co ao apartheid sul-africano, que apoiava a Unita. Mas a pol?ca de Cuba no conflito entre Eritreia e Eti? seguiu uma trajet? diferente. Inicialmente, Cuba apoiou a luta dos eritreus para se tornarem independentes do regime et?e, encabe?o pelo imperador Haile Selassie, mas ela mudou sua atitude quando Selassie foi derrotado pelo Dergue, um grupo nacionalista de esquerda favor?l ?RSS. Fidel decidiu ent?unir-se aos nacionalistas et?es contra os nacionalistas eritreus, argumentando que a luta eritreia poderia destruir a integridade territorial da Eti?, passando por cima do fato de que a Eritreia havia sido um pa??arte, que tinha sido colonizado e depois anexado ?or?pela Grande Eti?. ?importante acrescentar que, al?dos efeitos sobre o conflito eritreu, a alian?indiscriminada que Cuba forjou com o nacionalismo africano derivou em apoios aos regimes sangrentos de Idi Amin em Uganda e Nguema Mac? na Guin?quatorial. Embora tivesse sido obrigada pelos sovi?cos a voltar atr?em seu apoio ?guerrilhas latino-americanas, Cuba continuou a ajudar os movimentos anti-imperialistas no continente. Sem d?a, desempenhou papel importante, por exemplo, na derrocada de Anastasio Somoza, na Nicar?a. Mas ?reciso compreender que seu apoio aos movimentos anti-imperialistas ficou subordinado aos interesses do Estado cubano, conforme as pautas tra?as por seus l?res. Pragmatismo Baseado na descri? feita por Jorge I. Dom?uez das formas em que o Estado cubano ajustou sua pol?ca externa para alcan? seus pr?os objetivos, vale assinalar, em primeiro lugar, que em suas rela?s de Estado a Estado o governo cubano subordinou seu apoio aos movimentos de oposi? ao c?ulo dos benef?os que podia obter de sua rela? com os governos desses pa?s. Cuba nunca apoiou um movimento revolucion?o contra um governo que tivesse boas rela?s com Havana e que rejeitasse a pol?ca dos EUA em rela? ?lha, independentemente de suas cores ideol?as. Os casos mais paradigm?cos foram as rela?s com o M?co do Partido Revolucion?o Institucional (PRI) e com a Espanha franquista. Da mesma maneira, Cuba suspendeu a ajuda a movimentos revolucion?os ou progressistas nos pa?s que se dispuseram a suspender hostilidades com ela. Talvez o exemplo mais extremo seja a manuten? de rela?s diplom?cas e comerciais com a Argentina ap? golpe militar de 1976. Nas d?das de 1970 e 1980, Cuba adotou uma pol?ca pragm?ca de estabelecer la? estreitos com qualquer pa?latino-americano e caribenho disposto a manter rela?s com Havana. Essa pol?ca se tornou mais vi?l com a decis?tomada pela OEA, em 1975, de suspender suas san?s unilaterais e permitir que cada um de seus Estados integrantes decidisse por conta pr?a as rela?s que teria com a ilha. Depois de 1989, da queda da URSS e da grave crise econ?a que esta provocou em Cuba, Havana acentuou a tal ponto essa pol?ca que chegou a fechar o Departamento das Am?cas, que tinha dirigido as atividades clandestinas no continente. Desde ent? o governo cubano vem enfatizando sua oposi? ao imperialismo americano e ao neoliberalismo mais que ao pr?o capitalismo, se bem que, no caso do neoliberalismo de Lula, e apesar das cr?cas recentes de Fidel Castro ao etanol, ele e Ra?enham continuado a apoiar o presidente brasileiro. O apoio cubano aos movimentos de liberta? tem sido baseado nos interesses do Estado cubano definidos por seus l?res, e n?um compromisso firme com qualquer doutrina revolucion?a. * Professor em?to de Ci?ias Pol?cas da City University of New York. Este artigo foi escrito para a edi? boliviana do Monde Diplomatique

Estadão

06/01/2009
T?a Monteiro, BRAS?IA O Minist?o da Defesa vai quase dobrar o n?o de pelot?de fronteira na Amaz?, mas a diretriz de instala? dos novos postos mudar?adicalmente. Ser? prioritariamente, c?las de vigil?ia militar, deixando em segundo plano a velha preocupa? com a chamada vivifica? das fronteiras - o povoamento da regi?-, o que sempre levava ao traslado de familiares dos militares para a ?as dos pelot?e ?ria? de pelo menos uma vila no entorno. Atendendo ?ecomenda? do decreto assinado pelo presidente Luiz In?o Lula da Silva em julho do ano passado, o Ex?ito vai instalar 28 novos pelot?em terras ind?nas e em ?as de conserva? da Amaz?. O projeto, batizado com o nome de Amaz? Protegida, ampliar?e 23 para 51 o n?o de pelot?de fronteira e refor??rioritariamente a Regi?Norte, ?a mais rarefeita de prote? militar. Pelo projeto, as novas unidades de defesa ser?constru?s ao longo dos pr?os nove anos, estendendo-se at?018, e com um or?ento de R$ 1 bilh? A meta ?umentar o n?o de militares do Ex?ito presentes na ?a de 25 mil para 30 mil. O projeto prev?inda a moderniza? dos quart? que j?xistem na fronteira, ao custo de R$ 140 milh? O Amaz? Protegida foi concebido j?om base na Estrat?a Nacional de Defesa, lan?a em dezembro por Lula. Nessa nova concep?, os 28 novos pelot?de fronteira servir?para monitorar e reagir imediatamente a qualquer amea? Ser?a ponta de um sistema estrat?co de defesa. Ter?menos gente e mais equipamentos. Ao contr?o do que ocorre hoje, quando com a instala? dos pelot?s?constru?s vilas residenciais para abrigar os familiares dos militares, na nova concep? filhos e mulheres n?ir?mais para a fronteira com seus maridos, permanecendo nos centros urbanos. Os soldados servir?nos postos de fronteira em sistema de rod?o. RADARES De acordo com um general, o novo pelot?constituir?ma esp?e de c?la de vigil?ia e, quando todos os postos estiverem instalados, a dist?ia entre eles ser?e 200 a 250 quil?ros. Tudo ser?oberto pelos radares de vigil?ia a?a e terrestre, que estar?conectados ao sistema de comando e controle da unidade central. O Amazonas ser? Estado que mais receber?ovos postos de fronteira, sete, seguido de Roraima, com seis. No Amazonas eles ficar?em Demini, Jurupari, Maraui?Tunu?Tra?, Puru? Bom Jesus. Em Roraima, ser?instalados em Entre Rios, Jacamim, Vila Cont? Serra do Sol, Eric?Uaiac? Os demais Estados da Amaz? receber?quatro postos, dos quais tr?em Rond? (Surpresa, Rolim de Moura e Pimenteiras do Oeste). No Amap?eles ser?constru?s em Vila Brasil, Queriniutu, Jari e Amapari. No Par?em Tiri?Curia?afuni e Trombetas. No Acre, em S?Salvador, Marechal Thaumaturgo, Jord?e Iaco. Apesar de a implanta? dos novos pelot?n?ter mais a fun? de povoar a Amaz?, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tem dito que a regi?precisa ser ocupada e desenvolvida. Jobim disse aos parlamentares, em audi?ia p?ca no Congresso, no fim do ano, que o desenvolvimento e a prote? da Amaz? s?r?eficazes se tiverem a vertente civil, com a presen?e o envolvimento de todos os segmentos do Estado na regi? Sem isso, n?amos gastar, investir, vamos proteger a Amaz?, mas a dificuldade ?ue os il?tos ser?praticados por aqueles personagens que, por falta de op? econ?a para garantir sua sobreviv?ia, s?empurrados para a ilegalidade, avaliou Jobim, citando como exemplo os que acabam praticando o desmatamento. Afinado com a tese dos militares, ele considera que a regi?n?pode ser um jardim para deleite de europeus que destru?m suas florestas, mas um local em que os brasileiros possam se desenvolver. A Amaz? n?pode ser mantida como um parque de recreio para europeus e americanos apenas, insiste. L?o, o turismo ?mportante, mas reduzir a Amaz? a somente isso ?uito ruim. Jobim avalia que plano n?criar?onflito com ?ios Bras?a O ministro da Defesa, Nelson Jobim, n?acredita que a decis?de construir os novos pelot?de fronteira crie pol?ca com os ?ios, apesar de muitas das unidades ficarem em reservas ind?nas. Quem vai reclamar s?as ONGs (organiza?s n?governamentais). ?dio n?reclama, disse o ministro ao Estado. Vamos come? com os postos de fronteira do lado direito, chegando at?orte Pr?ipe da Beira (RO), percorrendo inclusive Tiri?que passa pela Raposa Serra do Sol, afirmou Jobim, referindo-se a uma das ?as mais pol?cas e cuja demarca? est?m discuss?no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ministro, ser?ecess?o dobrar o efetivo da regi? mas, em uma primeira etapa, ele ser?mpliado de 25 mil para 30 mil homens. Al?das unidades do Ex?ito, o planejamento prev?ue essa expans?tamb?atinja os postos da Marinha e da Aeron?ica. O problema ? tamanho do investimento, que exige um cronograma de at?ove anos para a instala? dos pelot? ?necess?o criar um sistema log?ico brutal, j?ue ?reciso carregar tudo para l?lembrou Jobim. At?edra vai de avi? Ao defender a tese de que o refor?tem de ser n?apenas nas fronteiras, mas tamb?nos rios, Jobim explicou que, desde a aprova? da Lei do Abate pelo Congresso, o movimento do tr?co feito pelo ar foi reduzido e transferido para as vias fluviais, aumentando a entrada de drogas pelos chamados rios penetrantes. O Minist?o da Defesa est?por causa disso, articulando o refor?dos postos da Marinha nesses rios. No plano de prote? ?maz?, Jobim defende ainda a regulariza? fundi?a e o controle das entidades que operam na regi? N?emos uma s?e imensa de ONGs na Amaz?, sem nenhum controle. Ele admite que algumas trabalham em parceria com o Ex?ito. Mas outras a gente nem sabe o que fazem, ressaltou. A ?a medida adotada no ano passado, em nome desse controle, foi a obriga? de as ONGs obterem registro e autoriza? do Minist?o da Justi?para operar na Amaz?.

Reinaldo Azevedo - do blog do autor

05/01/2009
O Hamas rompeu a tr?a com Israel — a rigor, nunca integralmente respeitada —, e aqueles que ora clamam pelo fim da rea? da v?ma — e a v?ma ?srael — fizeram um sil?io literalmente mortal. Hip?tas, censuram agora o que consideram a rea? desproporcional dos israelenses, mas n?apontam nenhuma sa? que n?seja o conformismo da v?ma. ?desnecess?o indagar como reagiria a Fran? por exemplo, se seu territ? fosse alvo de centenas de foguetes. ?desnecess?o indagar como responderia o pr?o Brasil. O Apedeuta e seus escudeiros no Itamaraty — que vive o ponto extremo da delinq?ia pol?ca sob o comando de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimar? — aceitam, de bom grado, que Evo Morales nos tungue a Petrobras, mas creio que defenderiam uma resposta militar se o Brasil passasse a ser alvo di?o de inimigos. H?ias, Lula afirmou que o Brasil precisa ser uma pot?ia militar se quiser ser respeitado no mundo. Confesso que, dada a moral ora vigente no Planalto e na diplomacia nativa, prefiro que o pa?tenha, no m?mo, aqueles fogos Caramuru, os ?os que, no nosso caso, n?podem dar xabu... Lula merece, no m?mo, ter um roj?ou aqueles f?ros coloridos de S?Jo?para brincar. ?dever de todo governo defender o seu territ? e a sua gente. Mas, curiosamente (ou nem tanto), pretende-se cassar de Israel o direito ?ea?. Por qu?O que grita na censura aos israelenses ? voz tenebrosa de um sil?io: essa gente ?ontra a exist?ia do estado de Israel e acredita que s? obteria a paz no Oriente M?o com a sua extin?. Mas falta a essa canalha coragem para dizer claramente o que pretende. Nesse estrito sentido, um expoente do fascismo isl?co como Mahamoud Ahmadinejad, presidente do Ir??ais honesto do que boa parte dos hip?tas europeus ou brasileiros. Ele n?esconde o que pretende. Ali? o Hamas tamb?n? o fim da Israel ? segundo item do seu programa, sem o qual o grupo terrorista julga n?cumprir adequadamente o primeiro: a defesa do que entende por f?sl?ca. Ser?ue exagero? Que outra considera? estaria na origem da suposi? de que um pa?deve se quedar inerme diante de uma chuva de foguetes em seu territ?? N? Reinaldo, o que se censura ? exagero, a rea? desproporcional. Tratarei desse argumento, essencialmente mentiroso e de ocasi? em outro post. Neste artigo, penso quest?mais profundas, que est?na raiz do ? a Israel. Como se considera que aquele estado ?ssencialmente ileg?mo, cobra-se dele, ent? uma toler?ia especial. Ali? exigem-se dos judeus duas rea?s particulares, de que estariam dispensados outros povos. Como os hip?tas do sil?io consideram que a cria? de Israel foi uma viol?ia, cobram que esse estado viva a pedir desculpas por existir e jamais reaja. Seria uma esp?e de suic?o. Israel faria por conta pr?a o que v?as na?s isl?cas — em grupo, em par ou isoladamente — tentaram sem sucesso em 1956, em 1967 e em 1973: eliminar o pa?do mapa. D?a consci?ia e no orgulho dos inimigos do pa?a constata? de que ele adquiriu o direito de existir na lei e na marra, na diplomacia e no campo de batalha. A segunda rea? particular guarda rela? com o nazismo. Porque os judeus conheceram o horror, estariam moralmente proibidos de se comportar como senhores: teriam de ser eternamente v?mas. Ao povo judeu seria facultado despertar ? ou piedade, mas jamais temor. Franceses, alem?, espanh? chineses, japoneses e at?rasileiros cometeram ou cometem suas injusti? e viol?ias — e todos esses povos souberam ou sabem ser impressionantemente cru? em determinadas ocasi?e circunst?ias. Mas os judeus?! Eles n?!! Esperam-se passividade e mansid?pouco importa se s?tomados como usurpadores ou v?mas. A anti-semitismo ainda pulsa, eis a verdade insofism?l. Tudo seria mais f?l se as posi?s fossem aclaradas. Acatar ou n?a legitimidade do estado de Israel ajudaria muitas na?s e muitas correntes pol?co-ideol?as a se posicionar e a se pronunciar com clareza: Sim, admito a exist?ia de Israel e penso que aquele estado, quando atacado, tem o direito de se defender. ?o que pensa este escriba. Ou: N? Fez-se uma grande bobagem em 1948, e os valentes do Hamas formam, na verdade, uma frente de resist?ia ao invasor; assim, quando eles explodem uma pizzaria ou um ?us escolar ou quando jogam foguetes, est?apenas defendendo um direito. Mas os hip?tas n?seriam o que s?se n?cobrissem o v?o com o manto da virtude. Como n?conseguem imaginar uma solu? para alguns milh?de israelenses que n?o mar — e, desta feita, sem Mois?para abri-lo —, ent?disfar? o ? a Israel com um conjunto pastoso de ret?as vagabundas: pacifismo, antimilitarismo, rea? proporcional, direito ?esist?ia etc. Na imprensa brasileira, um jornalista como Janio de Freitas chegou a chamar o ataque a?o a Gaza de genoc?o, dando alguma altitude te?a ?ilit?ia pol?ca anti-Israel — embora o pr?o Hamas admita que a maioria das v?mas seja mesmo composta de militantes do grupo. Trata-se, claro, de uma provoca?: sempre que Israel ?cusado de genocida, pretende-se evocar a mem? do Holocausto. Em uma ?a linha, sustenta-se, ent? uma farsa gigantesca: a) maximiza-se a trag?a presente dos palestinos; b) minimiza-se a trag?a passada dos judeus: c) apaga-se da hist? o fato de que o Hamas ? for?agressora, e Israel, o pa?agredido; d) equiparam-se os judeus aos nazistas que tentaram extermin?os, o que, por raz?que dispensam a exposi?, diminui a culpa dos algozes; e) cria-se uma equival?ia que aponta para uma indaga? monstruosa: n?seria o povo v?ma do Holocausto um tanto merecedor daquele destino j?ue incapaz de aprender com a hist?? E pouco importa se os que falam em genoc?o t?ou n?consci?ia dessas implica?s: o mal que sai da boca dos c?cos n?vira virtude porque na boca dos tolos. Em junho de 2007, esse mesmo Hamas foi ?uerra contra o Fatah na Faixa de Gaza. E venceu. O grupo preferiu n?fazer prisioneiros. Os que eram rendidos ou se rendiam eram executados com tiros na cabe?— muitas vezes, as mulheres e filhos das v?mas eram chamados para presenciar a cena. O que ocorreu no centro de seguran?[as execu?s] foi a segunda libera? da Faixa de Gaza; a primeira delas foi a retirada das tropas e dos colonos de Israel da regi? em setembro de 2005, disse ent?Sami Abu Zuhri, um membro do Hamas. Estamos dizendo ao nosso povo que a era do passado acabou e n?ir?olta. A era da Justi?e da lei isl?ca chegou, afirmou Islam Shahawan, porta-voz do grupo. Nezar Rayyan, tamb?falando em nome dos terroristas, n?teve d?a: N?haver?i?go com o Fatah, apenas a espada e as armas. Desde 2006, quase 700 palestinos foram assassinados por rivais... palestinos. ?io a Israel O ? a Israel espalhado em v?as correntes de opini?no Ocidente ?audat?o da chamada luta contra o Imp?o. O apoio ao pa?nunca foi t?modesto — em muitos casos, envergonhado. N??oincid?ia que assim seja no exato momento em que se vislumbra o que se convencionou chamar de decl?o americano. Israel ?isto como uma esp?e de enclave dos EUA no Oriente M?o. As esquerdas do mundo ca?m de amores pelos v?os sectarismos isl?cos, tomados como for? antiimperialistas, de resist?ia. Eu era ainda um quase adolescente (18 anos)— e de esquerda! — quando se deu a revolu? no Ir?em 1979, e me perguntava por que os meus supostos parceiros de ideologia se encantavam tanto com o tal aiatol?homeini, que me parecia, e era, a nega?, vejam s?de alguns dos pressupostos que deveriam nos orientar — e o estado laico era um deles. Mas qu?. A luta antiimperialista justificava tudo. O que era ruim para os EUA s?deria ser bom para o mundo e para as esquerdas. No poder, a primeira medida de Khomeini foi fuzilar os esquerdistas que haviam ajudado a fazer a revolu?... ?ainda o ? ao Imp?o que leva os ditos progressistas do mundo a recorrer ?igarice intelectual a mais escancarada para censurar Israel e se alinhar com as v?mas palestinas. Abaixo, aponto alguns dos pilares da estupidez. Mas o que ?errorismo? Pergunte a qualquer progressista da imprensa ou de seu c?ulo de amizades se ele considera o Hamas um grupo terrorista. A resposta do meliante moral vir?a forma de uma outra indaga?: Mas o que ?errorismo? A luta antiimperialista torna esses humanistas uns relativistas. Eles dir?que a defini? do que ?u n?terrorismo decorre de uma vis?ideol?a, ditada por Washington, pela Otan, pelo Ocidente, pelo capitalismo, sei l?u... Esses canalhas s?capazes de defender o direito que os ditadores isl?cos t?de definir os seus homens viciosos e virtuosos — democracia n?se imp?gritam —, mas, por qualquer raz?que n?saberiam explicar, acreditam, ent? que Washington, a Otan, o Ocidente e o capitalismo n?podem fazer as suas escolhas. E essas escolhas, vejam que coisa!, costumam ser justamente aquelas que garantem as liberdades democr?cas. Se voc?isser que explodir bombas num ?us escolar ou num supermercado, por exemplo, ?errorismo, logo responder?que isso n??iferente da a? de Israel na Faixa de Gaza, confundido a guerra declarada (e reativa!!!) com a a? insidiosa contra civis. Para esses humanistas, a a? contra Dresden certamente igualou os Aliados aos nazistas... Falei em nazistas? Ah, sim: os antiisraelenses gostam de comparar as a?s do Hamas, do Hezbollah ou das Farc aos atos her?s dos que lutaram contra o nazismo. Ao faz?o, n?s?ualam, ent? os v?os terrorismos como tamb?os v?as estados da ordem. No caso, o nazismo n?se distinguiria dos governo de Israel, da Col?a ou de qualquer outro estado que sofra com a a? terrorista. S?erem a paz Aqui e ali, leio textos indignados em nome da paz. E penso que o pacifismo pode ser uma coisa muito perigosa. Chamberlain e Daladier, que assinaram com Hitler o Acordo de Munique, que o digam. Como observou Churchill, entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e tiveram a guerra. Argumentos que remetem ao nazismo, sei disto, costumam desmoralizar um tanto o debate porque apelam sempre a uma situa? extrema, que se considera ?a, irreproduz?l. A quest? ent? ?omo Israel pode fazer a paz com quem escolheu o caminho da guerra e s?eita a linguagem das armas e da morte. O Hamas ? inimigo que mora ao lado — e, com freq?ia, dentro de Israel. Mas h?s que est?um pouco mais distantes, como o Ir?or exemplo. O que voc?acham que acontecer?uando (e se) os aiatol?estiverem prestes a ter uma bomba nuclear? Em nome da paz, senhores pacifistas, espero que Israel escolha a guerra. E ele escolher?fiquem certos, concordem os EUA ou n? A a? de Israel s?rtalece o Hamas Israel deixou o Sul do L?no, e o L?no foi entregue — sejamos claros — aos xiitas do Hezbollah. Israel deixou a Faixa de Gaza, e o Hamas expulsou de l?s corruptos moderados da Fatah, n?sem antes fuzilar todos os que foram feitos prisioneiros na guerra civil palestina. Isso indica um padr? pouco importa a vertente religiosa dos sect?os. A guerra desastrada contra a fac? xiita no L?no, muito mais poderosa do que o inimigo de agora, significou, de fato, uma li? amarga aos israelenses: se a a? militar n?cumpre o prop?o a que se destina, ela, com efeito, s?rtalece o inimigo. Na pr?ca, ? que pedem os que clamam pela suspens?dos ataques ?aixa de Gaza: querem que Israel dispare contra a sua pr?a seguran? O argumento de que os ataques s?rtalecem o Hamas porque fazem do grupo her?de uma luta de resist?ia saem, n?por acaso, da boca de intelectuais palestinos ou de esquerda. Cumpre perguntar se, no status anterior, havia algum sinal de que os palestinos de Gaza estavam descontentes com os terroristas que os governam. Mais uma vez, est?e diante de uma leitura curiosa: a ?a maneiras de Israel n?fortalecer o Hamas seria suportar os foguetes disparados pelo... Hamas! Como se v?os argumentos passam pelos mais estranhos caminhos e todos eles cobram que os israelenses se conformem com os ataques. A volta a 1948 Aqui e ali, leio que o estado de Israel s?defens?l se devolvido ?emarca? definida pela ONU em 1948. Digamos, s?ra raciocinar, que se possa anular a hist? da regi?dos ?mos 60 anos... Os inimigos do pa?considerariam essa condi? suficiente para admitir a exist?ia do estado judeu? A resposta, mesmo diante de uma hip?e improv?l, ?Ï. Mesmo as fac?s ditas moderadas reivindicam a volta do que chamam os refugiados, que teriam sido expulsos de suas terras — terras que, na maioria das vezes, foram compradas, ?om que se lembre. Tal reivindica? ??a maneira obl?a de se defender que Israel deixe de ser um estado judeu — e, pois, que deixe de ser Israel. E isso nos devolve ao come?deste texto. Aceita-se ou n?a exist?ia de um estado judeu? Israel est?uito longe, no curt?imo prazo, dos perigos que, com efeito, viveu em 1967 e em 1973. N?obstante, sustento que nunca correu tanto risco como agora. Desde a sua cria?, jamais se viu tamanha conspira? de fatores que concorrem contra a sua exist?ia: — a chamada causa palestina foi adotada pela imprensa ocidental — mesmo a americana, tradicionalmente pr?rael, mostra-se um tanto t?da; — o antiamericanismo, exacerbado pela rea? contra a guerra no Iraque, conseguiu transformar o terrorismo em a? de resist?ia; — os desastres da era Bush transferem para os aliados dos EUA, como Israel, parte da rea? negativa ao governo americano; — os palestinos dominam todo o ciclo do marketing da morte e se tornaram os exclu?s de estima? do pensamento politicamente correto: o que s?300 mil mortos no Sud?e 3 milh?de refugiados perto de 500 mortos na Faixa da Gaza, a maioria deles terroristas do Hamas? A morte de qualquer homem nos diminui, claro, claro, mas a de alguns homens excita mais a f? justiceira: a dos sudaneses n?excita ningu?..; — um estado delinq?e, como ? Ir? que tem em sua pauta a destrui? de Israel —, busca romper o isolamento internacional aliando-se a inimigos estrat?cos dos EUA; — a Europa ensaia dividir a cena da hegemonia ocidental com os EUA sem ter a mesma clareza sobre o que ? o que n??ceit?l no que concerne ?eguran?de Israel; — atribui-se ao pr?o estado de Israel o fortalecimento dos seus inimigos, num paradoxo curioso: considera-se que o combate a seus agressores s? fortalece, ignorando-se o motivo por que, afinal, ele decidiu combat?os... Sim ou n??xist?ia de Israel? Sem essa primeira resposta, n?se pode come? um di?go. Ou romper de vez o di?go. Sem essa resposta, o resto ?onversa mole.

Percival Puggina

05/01/2009
Cuba proporciona ao estudioso uma das hist?s mais dram?cas na vida do continente. No per?o que vai do s?lo 16 ao 19, somava-se ali, ao cen?o comum das col?s tropicais (extrativismo, monop? da metr?e e uso intensivo de m?de-obra escrava), a grande proximidade com os Estados Unidos. Este ?mo fator fez nascer na elite cubana uma forte corrente desejosa da anexa? (anexionistas). No entanto, o dom?o espanhol se constitu?em obst?lo, tanto para os que buscavam uma verdadeira independ?ia, quanto para os anexionistas. No s? 19, a Ilha foi palco de duas longas guerras contra a Espanha. A primeira durou de 1868 a 1878. A segunda come? em 1895 e se prolongou, sem sucesso, at?ue, no in?o de 1898, a explos?do navio USS Maine, que estava ancorado no porto de Havana, alterou o cen?o do conflito. Identificado o car?r intencional do ato que matou 260 marinheiros em pleno sono, os norte-americanos desembarcaram na Ilha e, em poucos meses, a Espanha entregava os pontos. O subseq?e tratado de paz transferiu Cuba, Porto Rico e Filipinas para os Estados Unidos. Assim, em janeiro de 1899, quando todas as outras col?s espanholas j?stavam libertadas havia d?das, Cuba trocou de bandeira. Arriou a espanhola e desfraldou a norte-americana. E mesmo quando, tr?anos mais tarde, conseguiu estabelecer gest?pr?a, seria extremamente contr?o ?erdade dos fatos afirmar que aquele autogoverno fosse suficiente para caracterizar um estado nacional soberano. O senhorio ianque era evidente e se manteve, com interven?s diretas e indiretas e sempre com forte presen?econ?a e pol?ca, at?essar o apoio a Fulgencio Batista em fins de 1958. Embora a economia prosperasse, num cen?o paradis?o e ornado por bel?imas constru?s coloniais (hoje em ru?s), que justificavam a express?“P?la do Caribe” com que era designada a ilha, o fato ?ue Cuba, at? metade do s?lo passado, n?era, ainda, uma na? independente. Por isso, o mundo saudou a vit? dos guerrilheiros de Sierra Maestra. Raiava, enfim, a liberdade sobre Cuba! No entanto, bastaram dois anos sem suporte americano para que Fidel se declarasse comunista de carteirinha e entregasse o pa? numa bandeja, ?ni?Sovi?ca. Em troca de vultosas vantagens comerciais, Cuba se converteu na principal fornecedora de infantaria combatente para guerrilhas comunistas em locais t?dispersos quanto Panam?Rep?ca Dominicana, Haiti, El Salvador, Nicar?a, Guatemala, Col?a, Peru, Bol?a, Honduras, Som?a, Angola, Congo, Mo?bique e Eti?. Como escrevi em “Cuba, a trag?a da utopia”, o sangue e a vida da juventude cubana foram arrendados a URSS por um ditador que gastava hectolitros de saliva para discorrer sobre autodetermina? dos povos. E l?e foram mais tr?d?das. At?989 a bela ilha caribenha ainda n?conhecera uma autonomia real. E quando essa situa? se imp?pelo desmoronamento da Uni?Sovi?ca, no in?o dos anos 90, a autonomia chegou sob a forma de um amargo abandono ?r?a sorte. A hist?a pobreza da sociedade se converteu em mis?a, tendo in?o o per?o que Fidel, eufemisticamente, denomina “Per?o Especial”. Eu chamo caos econ?o por falta de patrocinador. Resumindo: ainda que nestes ?mos anos, o Estado cubano esteja vivendo, pela primeira vez em sua hist?, como senhor de seu destino, o fato ?ue, para o povo, permanece a servid? que antes foi ?spanha, depois aos Estados Unidos, mais tarde aos interesses econ?os norte-americanos, posteriormente aos sovi?cos, e ao longo das ?mas d?das, tamb?a Fidel e ao Partido Comunista Cubano. No 50º anivers?o da revolu? justifica-se plenamente a d?a que me assiste desde a sucess?de Fidel por Ra?O povo cubano vive sob uma monarquia comunista onde a transmiss?do poder se faz por consanguineidade ou como empregado muito mal pago da firma Castro & Castro Cia. Ltda.?

Nivaldo Cordeiro

04/01/2009
Uma amiga minha, sem forma? econ?a, quedou-se espantada ao eu lhe dizer que a maior pot?ia econ?a do mundo, os EUA, n?tem reserva monet?a nenhuma e que vive de emitir moeda e t?los de cr?to, aceitos pelo resto do mundo. Os leigos em economia tendem a achar que os EUA teriam “dinheiro”, alguma reserva f?ca s?a que justifique a sua for?econ?a. O fato ?ue o d? ? meio de pagamento internacional e a reserva de valor do mundo, assentado que est?m duas funda?s. A primeira ? for?econ?a e militar dos EUA, que deu o elemento fundamental para que sua moeda nacional seja aceita pelo resto do mundo: a confian? Em ?ma an?se, ? confian?que d? base real para que os EUA fa? o que t?feito nas ?mas d?das, que ?mitir dinheiro sem lastro algum praticamente em escala ilimitada, boa parte dessa emiss?tornando-se posteriormente d?da p?ca a financiar os d?cits do Estado. Aquele pa?est?everamente endividado. ?essa coisa imensur?l e fluida chamada confian?que d? supremacia dos EUA no mundo financeiro. E ?recisamente ela que est?endo erodida pela heterodoxia da elite governante daquele pa? formada por gente notavelmente irrespons?l. Vimos recentemente um paradoxo interessante, pois ao estourar a crise, a partir de setembro ?mo, mesmo com a trilion?a emiss?adicional o d? ainda assim registrou-se aprecia? dessa moeda em rela? ?demais moedas. Considerando que os juros da d?da p?ca est?pr?os de zero, vimos que as pessoas preferem ter rendimento nenhum a correr riscos desnecess?os, em meio ?incertezas da crise. Esta, todavia, ?ma situa? transit? que pode n?se manter, se a irresponsabilidade dos governantes for mantida. No momento em que houver uma primeira crise de confian?– um movimento especulativo contra o d? – a lona do circo pode desabar por conta da quebra do mastro principal. Esse ser? momento decisivo da crise econ?a ora em curso. Os investidores do mundo est?desconfort?is com a gest?monet?a dos EUA, mas confiam ainda menos nos demais pa?s, nominalmente a Uni?Europ?, a China, a R?a e o Jap? Pa?s como o Brasil n?contam nesse jogo, em face das irresponsabilidades pret?tas (e atuais) na gest?de sua moeda. Nem seus cidad? confiam nos seus governos e nas suas moedas, de modo que sempre preferir?fazer hedge em moedas de outras nacionalidades. ?nisso que tem residido a for?do d?. A quebra da confian?nesta moeda ser? turning point, o momento em que se atravessar? ponte, para em seguida explodi-la. N?haver?ais retorno. O mundo, sem um porto seguro para investimentos financeiros e desprovido de uma moeda confi?l, ter? processo de trocas mundiais amea?o de interrup?, ao ponto de obrigar a um retorno a formas pret?tas de meio de pagamento, como o ouro. Aquilo que ?alvez a maior conquista da economia contempor?a, a mundializa? dos mercados, entrar?m retrocesso. O significado disso ?ram?co: a depress?mundial. Por isso que ?ital observar os passos do Secret?o do Tesouro dos EUA e do presidente do Federal Reserve (FED). Essa gente tem abusado da confian?que o resto do mundo (e os cidad? americanos) depositam em suas a?s. Para manter essa confian?teriam apenas que praticar a ortodoxia, respeitando as leis monet?as que foram descobertas h??los. O papel do presidente eleito Barack Obama ser?ecisivo para esse mister, mas temo que ele ser? maior dos heterodoxos, fazendo de nosso Sarney o mais conservador dos gestores de moeda, em compara? consigo mesmo. Lamentavelmente o que vemos ? heterodoxia prevalecer. Toda semana noticia-se bailouts, emiss? estatiza? de bancos, compra de t?los “venenosos”, subs?os a ind?ias falidas. Nessa marcha a confian?vai desaparecer e, com ela, a chance dessa crise mundial ser minorada e superada rapidamente. Confian??lgo que, uma vez perdida, n?se restabelecer?acilmente. Temo que estejamos pr?os desse verdadeiro dia “D”, o Dia da Desconfian?mundial no d?.