• Dartagnan da Silva Zanela
  • 28 Dezembro 2024

 

 

Dartagnan da Silva Zanela 

       Todos queixam-se que a vida está acelerada. Todo santo dia é a mesma coisa, aquela correria que invade a olhar sem pedir licença, acomodando-se em nossa alma sem a menor cerimônia.

Os dias voam, mesmo não tendo asas. As horas se dissipam feito fumaça de cigarro, levando os momentos que dão forma, cor e sentido à nossa jornada por esse vale de lágrimas.

E o trem descamba de vez quando nos aproximamos dos dias em que as cortinas, de mais um ano que se despede, se fecham, sem deixar ao menos um bilhetinho de despedida sobre a mesa.

Nestes dias, o coração bate mais forte, o suor corre num passo frio pelos sulcos rasos do nosso rosto, desejoso de tornar-se um caudaloso rio.

E nesse açodamento de querer fazer não-sei-quê que toma conta do nosso ser, acabamos ficando indiferentes ao amor, insensíveis a dor dos nossos semelhantes, apáticos diante da realidade que invade nossa vista, impassíveis perante a nossa própria humanidade, indolentes diante da majestade de Deus e, sem nos darmos conta, terminamos por nos alienar de nós mesmos.

Para que não nos precipitemos no abismo de uma vida esvaziada de propósito pela voracidade da hiperconectividade, para que os frutos pútridos desses tempos turbulentos que testemunhamos não venham aninhar-se em nossa alma, urge que tenhamos paciência.

Sim, paciência não é tudo, mas é imprescindível.

Aliás, a Sagrada Família de Nazaré, nos ensina a sermos pacientes. Se meditássemos sobre isso com a devida atenção, e com a indispensável devoção, compreenderíamos com clareza que grande parte das aflições que nos apoquentam não são dignas de tamanha preocupação.

Muitas das nossas inquietações não têm a urgência que atribuímos a elas; da mesma forma, inúmeras outras coisas que deveriam estar no centro da nossa atenção, não estão.

Queixamo-nos, frequentemente, de tudo e de todos, mas poucas vezes dizemos eu te amo para quem precisa ouvir essas palavras; raras vezes paramos para ouvir, atentamente, o que os outros têm a nos dizer, mas queremos porque queremos ser ouvidos por Deus e por todos, como se fôssemos o centro de toda a criação.

Enfim, a vida é simples, tão simples quanto a manjedoura que recebeu Deus; o Deus que se fez pequenino para nos mostrar o caminho, a verdade e a vida, para nos resgatar do abismo de nós mesmos.

* O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 28 Dezembro 2024

 

Alex Pipkin, PhD
        Sim, eu sei. Quase todos com ressaca da gloriosa ceia natalina.
Preparem-se. O peru desfigurado sorrirá pra você. Ainda há restos mortais. Mas eu continuo despertando cedo. Será por me encontrar ao lado da velhice? Não importa. Minha compulsividade, alimentada pelo id, não me deixa parar de exercitar meus dedos: “such is life”.

A fim de piorar essa manhã cinzenta, disfarço-me de nuvem, para trazer novas velhas más notícias. Recorro à mais básica lição econômica para afirmar que, do jeitão colorado, não tem mesmo como dar certo. E para empiorar mais, a pretensiosa “superioridade cognitiva e moral progressista”, do orgulho até o último fio de cabelo, os faz cegos - e bêbados -, indesejosos de acordar de seus devaneios de uma noite de verão. Distintamente do que tenho conseguido realizar, o sono “deles” é profundo.

Como pode dar certo, se o foco míope desse desgoverno do “progresso do atraso”, é promover os seus próprios interesses tribais, e aqueles de seus “colegas” do funcionamento publico, via imediatismo, negligenciando o vital crescimento econômico sustentável? Como se opera na direção de tal meta da destruição?

Singelo, meu caro Watson! Pisando fundo no acelerador da gastança desenfreada. Evidente, o condutor do veículo motor é conhecido como Taxadd. Tribute-se a tudo e a todos! Como esse motorista não entende nada de economia, a tributação escorchante, distintamente do que ele “pensa”, redundará em aprofundamento do problemão fiscal verde-amarelo, não na redução da abissal dívida pública.

O Brasil já vive dentro do precipício. Brasileiros estão sem “a cervejinha”, e a picanha, nunca na história desse país esteve tão cara. Gasolina, aluguéis, enfim, a inflação já “dobrou à esquina e a meta”, faz um tempão. Ah, e o dólar, hein? No novo patamar de R$ 6,00, e lá vai pedrada, não importando os bilhões de dólares que são jorrados imprudentemente no mercado

“Eles” salivam como cães de Pavlov, quando se refere ao aumento de gastos. Claro, necessitam agradar os “pobres” do funcionalismo, mas a retórica é a de que o “pai dos pobres” objetiva aliviar o sofrimento dos oprimidos descamisados. Para tanto, “vai lá e tributa sem perdão”! Nada do imperioso corte de gastos. Uma reforma administrativa deixaria os “colegas” do funcionalismo público desesperados.

O perdulário, irresponsável e incompetente desgoverno petista, não tem nenhuma preocupação real com a disciplina fiscal. O ex-presidiário, comedor de “s”, volta e meia, afirma que “gasto é vida”! Esse sujeito verbaliza que deseja matar a “fome do pobre”, mas com juros altos e desvalorização do real, não tá dando nem para o preto e branco feijão e arroz.

A desconfiança para o ano vindouro é avassaladora, e temerária. Como consultor empresarial, enxergo - e ouço - o medo e a preocupação do setor empresarial: pé no freio dos investimentos e na contratação de funcionários.

“Eles” não sabem que com à economia parada, há menos atividade econômica e, portanto, menor arrecadação. Simples assim. A grande ironia envolvida, é que agora terão que culpar o irmão-vermelho Galípolo, do Banco Central, pelo aumento da diabólica taxa de juros.

Impostos elevados para financiar programas sociais interesseiros e contraproducentes, são a receita certeira para o fracasso.

Todos aqueles que entendem de economia, de fato, sabem que altos impostos desestimulam o investimento privado e a atividade econômica, gerando menos empregos e, evidentemente, menor produção e produtividade. A regra é clara: aumento de impostos é inversamente proporcional ao crescimento econômico.

E os pobres, como ficam? Como vão conseguir empregos para sobreviverem? Não se atormentem… há amplas e fartas bolsas-tudo… horror. A tributação escorchante está ceifando a contratação de pessoas pelos criadores de riquezas, as pessoas e empresas! Pior, além de reduzir às oportunidades de empregos, deterioram os salários dos trabalhadores.

O ciclo vicioso faz a festa - vermelha, mas não a de Natal!

Não restam dúvidas de que o setor privado, pressionado pela inflação de custos da desvalorização do real, pelo aumento de tributos, repassará tais aumentos para seus preços, tornando a vida de todos, em especial, a dos mais pobres, ainda mais complicada.

Meu caro Watson, permita-me reprisar a pergunta. Tem como dar certo? Ah, sim, compreendo! O perdulário e taxador desgoverno vermelho, guloso tributário, continuará no caminho da pobreza e da servidão, com sua receita infalível de aumento de impostos, a fim de acariciar a claque “progressista”. Preto no branco, o aumento de impostos, incrementa os custos de produção, causando inflação e juros altos.

Esse desgoverno persistirá tomando dinheiro emprestado, aumentando a dívida pública e o custo desse mesmo dinheiro. Que maravilha, hein?! Para fechar, antes de ter que encarar o peruzão, corroborando minha trivial opinião, pesquisa de agora, do Instituto Ipsos, aponta que 73% dos brasileiros afirmam que os preços de produtos e serviços vão aumentar mais do que a renda das pessoas, em 2025.

Além disso, 67% disseram acreditar que a inflação será mais alta no próximo ano.

Nenhuma novidade, meu caro Watson!

2025 seguirá sendo da cor vermelho sangue.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 28 Dezembro 2024

Gilberto Simões Pires

PERÍODO FESTIVO

Houve um tempo em que o período que inicia no NATAL e vai até a entrada do NOVO ANO, era reservado para alegres e festivas reuniões com familiares e amigos, todos devidamente prontos e desejosos para expressar, sob o domínio da mais pura sinceridade, votos incalculáveis de muita SAÚDE, FELICIDADE E PROSPERIDADE.

CRIMINOSOS IRRECUPERÁVEIS

Entretanto, notadamente nestes dois últimos anos, esse TRADICIONAL PERÍODO DE FESTAS deixou de ser respeitado pelas AUTORIDADES TIRÂNICAS DO NOSSO EMPOBRECIDO PAÍS, as quais, de forma muito COESA, FIRME, ARTICULADA E ORGANIZADA, fortemente poiadas pelo CONSÓRCIO -MÍDIA ABUTRE-, acharam por bem que todos aqueles que SÃO -DE DIREITA-, e/ou se dedicam a FAZER PRODUTOS E PRESTAR SERVIÇOS, devem ser vistos aqui, ali e acolá como CRIMINOSOS IRRECUPERÁVEIS. Para esses, a PROTEÇÃO DA LEI simplesmente NÃO VALE. 

DÍVIDA PÚBLICA

Mais: como PRESENTE DE NATAL, o presidente Lula está entregando um AUMENTO SIGNIFICATIVO DA DÍVIDA PÚBLICA. Sem tirar nem pôr, nestes dois anos de governo, a DÍVIDA PÚBLICA BRUTA cresceu 10% (começou em 72% do PIB e jogou para irresponsáveis 79% do PIB). Insatisfeito, Lula já acena com a certeza de que o endividamento vai crescer muito nos próximos dois anos de mandato. Tudo por conta de uma GASTANÇA SEM LIMITE, onde nenhum real é destinado para melhorar o crescimento e o desenvolvimento do nosso empobrecido Brasil. Mais: no mês de novembro, a DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL cresceu 1,85%, totalizando R$ 7,2 TRILHÕES. Que tal? 

TRAGÉDIA EM NÚMEROS

A consequência desta DIREÇÃO PERIGOSA é retratada, dia após dia, através da TAXA DE RISCO PAÍS, calculada e informada, on-line e em tempo real, pelos meios financeiros do mundo todo. Ontem, para quem não tomou conhecimento, o RISCO BRASIL superou a marca de 200 PONTOS BASE, superando a máxima verificada em maio do ano passado (2023), quando Lula tinha completado pouco mais de um ano do seu TRÁGICO MANDATO. 

FOTO DO EX-MINISTRO PAULO GUEDES

Para confirmar o FANTÁSTICO E ILIMITADO DESRESPEITO, ontem, 26, a Folha de São Paulo noticiou que a -FOTO DO EX-MINISTRO DA ECONOMIA, PAULO GUEDES, ficou de fora de um mural exposto no Ministério da Fazenda com personalidades que comandaram a pasta em governos anteriores. Na real, como bem escreveu o pensador Rodrigo Constantino, na Gazeta do Povo, Paulo Guedes não merece estar ao lado de figuras como Mantega ou Delfim Netto. Um país que tem Fernando Haddad como substituto de Paulo Guedes é amaldiçoado mesmo. Paulo Guedes foi a chance que tivemos de sair desse lamaceiro e experimentar o CAMINHO DA PROSPERIDADE COM LIBERDADE. Mas os "eleitores" escolheram a desgraça...

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  • Valdemar Munaro
  • 21 Dezembro 2024


Valdemar Munaro
         O que fariam os 'papais noeis' sem o Natal de Jesus? Esses velhinhos de barba branca que andam velozes entregando presentes estariam, certamente, em asilos ou ociosos se não houvesse a gruta de Belém. Os eventos natalinos, ofuscados pela abundância de provocações consumistas ou multiplicação de luzes em nossas praças e cidades, não deixam de irradiar seu genuíno significado. Os acontecimentos na cidade de Davi contêm verdades cristalinas atuais e imprescindíveis à humanidade.

Uma delas é o contraponto radical à catequese niilista e existencialista do experimento nauseabundo e negativo que compreende a vida humana. Foi M. Heidegger (1889 - 1976) o autor que sutilmente plantou essa ideia posteriormente colhida e espraiada pelo filósofo francês Jean Paul Sartre (1905 - 1980). O homem, no entender de Heidegger, é um 'Dasein', isto é, um ser-aí, atirado ou jogado no mundo à semelhança de uma peça desengrenada. Sua condição temporal é essencialmente assinalada pela angústia, pelo medo e pela morte.

Intelectuais próximos à essa estirpe filosófica niilista embarcaram na mesma carruagem e transformaram a existência humana num antro de queixumes bizarro e infeliz. Existir, segundo eles, é fardo sem pé nem cabeça, é aventura sem eira nem beira, é abismo sem fundo e sem luz.

A mensagem do Evangelho, ao invés, proclama vivamente outra catequese. A narrativa de João diz: "e o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Essa notícia não se acha em lugar algum, exceto aqui, e sua verdade, extraordinariamente benfazeja, altera o andador da história contrapondo-se radicalmente ao teorema niilista.

As criações humanas seriam impotentes e inúteis se Deus não as amparasse. O que o Verbo Encarnado revela, é que os homens não são indivíduos abandonados à própria sorte, nem têm vidas que se assemelham a baratas tontas, sem rumo. O Autor da Vida, entre nós, veio para nos dar tudo sem nada receber a fim de que pudéssemos receber tudo sem nada dar.

É a fé confiante e pessoal que salva o homem, pensava o matemático B. Pascal (1623 - 1662), mas a fé não se obtém com teoremas científicos ou argumentos filosóficos. Jansenista, Pascal considerava o ateísmo, o niilismo e o ceticismo, fórmulas aptas, convenientes e adaptadas à covardia e à tibieza dos indivíduos. A fé, certamente, é um dom de Deus que conduz o fiel ao encontro vital e pessoal com Cristo, mas ele pode e deve ser desejado e suplicado pelo coração humano.

Os reis magos, por sua vez, varões sábios e humildes, após verem e adorarem o menino, 'voltaram por outro caminho'. O encontro com Jesus, rompe as mesmices. Belém e a humanidade deixaram de ser as mesmas com a Encarnação. Revelando-se puro Amor, Deus não se comunica na forma energética e cósmica, impessoal, mas na forma e linguagem antropológicas cujo destinatário predileto é o homem.

Uma segunda verdade pode ser contemplada na dignidade dos homens e mulheres reunidos em torno de Jesus. Ali está a família de Nazaré composta de pessoas que amam a Deus, os patriarcas, os profetas na esperança do Messias. Chamam-se Zacarias e Isabel (pais de João Batista), Myriam, (filha de Joaquim e Ana, esposa de José e mãe de Jesus), José, homem justo, pastores, anjos, magos, Simeão, o velho, Ana, a profetisa, etc.

Vê-se em seus rostos humildes, extraordinária alegria. O 'Nunc dimittis' de Simeão, o 'Magnificat' de Maria, o 'Benedictus' de Isabel e a 'orquestra sinfônica' dos anjos do céu indicam uma bem-aventurança e uma felicidade contagiosa. Apesar das advertências de Simeão, (ele disse, 'uma espada transpassará tua alma'), não se encontram aí lamentos pelas incompreensões, pela ausência de hospitalidade, pela precariedade da manjedoura, pela crueldade de Herodes e pela fuga dramática ao Egito.

Antros de violência e desamor povoam a história humana e em todos os lugares. Tampouco a concórdia reinava no império de César Augusto. José, Maria e Jesus, contudo, estreitamente unidos pelo amor e pela fé, se tornaram o porto seguro do recém nascido. O escritor austríaco Jakob Wassermann (1873 - 1934) observou: "As doutrinas revolucionárias de um rapaz ainda muito jovem têm frequentemente suas raízes na discórdia que reina no lar" (O Processo Maurizius).

Wassermann, considerado o Dostoievski do século XX por Stefan Zweig, entendeu perspicazmente que a construção ou a destruição de personalidades se gestam em berços. Eis a razão de hordas de insensatos e malucos, ressentidos e psicopatas, revolucionários e terroristas emergirem como moscas nos últimos séculos. As sombras de lares quebrados e filhos desamparados se espalharam progressivamente revelando as marcas de ressentidos e revoltosos, terroristas e assassinos.

O antídoto das insanidades psicológicas e morais se encontra na restauração da concórdia e do amor intrafamiliar. Biografias de grandes justiceiros e assassinos mostram ódios viscerais que todos eles nutriam pelo próprio pai, um reflexo patológico das agressões e opressões vividas na infância.

O marxismo se tornou doutrina fácil e feiticeira justamente por isso: foi capaz, magistralmente, de explorar as feridas recônditas da alma humana, mais que as do corpo. Marx, de história familiar sombria, talvez por isso, não soube construir senão através de destruições. Sua obra incendiou mentes e corações que já ardiam. Cutucai humilhados e oprimidos e descobrireis revolucionários em profusão! Às fileiras de revoltosos e guerrilheiros que se assemelham a Prometeu, Barrabás e Spartacus juntaram-se muitos outros, entre eles, assassinos, psicopatas e justiceiros tão iguais ou piores: Trotski, Stalin, Castro, Lenin, Mao Tse Tung, Pol Pot, Hitler, Ceausescu, Che Guevara, etc.

Nenhuma outra urgente verdade se mostrou tão necessária. A religião de Jesus se baseia no amor. Nem Lao Tsé, nem Kumg-tseu (Confúcio), nem Sidarta Gautama (Buda), nem Abraão, nem Gandhi estiveram livres de confusões e desamores, pois eram humanos. Também Maomé, o grande profeta, teve miserável infância e triste abandono. Sua revelação mostrou-se incapaz de livrar o Islã de mágoas e ressentimentos. O divino mestre, porém, é o único na história que ensina e pratica o mais puro e autêntico amor desvestido de rusgas ressentidas. Seu amor é humanamente impossível porque ama de modo incondicional, de um amor que não destroi, mas salva e redime inimigos.

As doutrinas e obras humanas, quaisquer que sejam, em Cristo, se iluminam em douto significado. Há as soberbas e há as humildes; aquelas se julgam capazes de chegar a Deus sem precisar Dele; estas se creem incapazes de elevar-se sem a ajuda divina. Por isso a suplicam. A Encarnação de Jesus ilumina não somente a história, também a interioridade humana, tornando-se 'causa de queda e soerguimento para muitos' (Lc 2, 34). Os que pretendem o 'saber absoluto' e, com ele, a construção violenta de paraísos neste mundo, sem o concurso da graça, estabelecem para si mesmos um suicídio antropológico e moral.

Edith Stein (1891 - 1942), mártir em Auschwitz, converteu-se à fé cristã não pelos argumentos dialéticos e científicos, mas porque buscou e experimentou um vínculo pessoal e vivo com Jesus. A experiência a conduziu para fora da fenomenologia de seu mestre, Edmund Husserl (1959 - 1938). A fé em Cristo Jesus vivo e ressuscitado realiza a plenitude do Natal, pois O 'envolto em faixas e reclinado no presépio' é o mesmo crucificado e ressuscitado.

Todos os que se movem soberbamente chocar-se-ão com a verdade de que o homem não é Deus, nem o será. Cristo, porém, "sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (Fl 2, 6- 8). Os que se arvoram mais superiores do que são, opõem-se ao espírito e aos eventos de Belém.

Jonathan Weiner, ao discorrer sobre o planeta Terra, escreveu: "Qual a primeira e mais importante dádiva da Terra? É simplesmente sua localização no espaço, onde é aquecida pelas chamas de um astro próximo, sendo estas as condições necessárias para a existência da vida. Qual a segunda dádiva da Terra? É o azul do céu e do mar, que tornam o planeta adequado para nosso tipo de vida - o único lugar hospitaleiro de que temos conhecimento no universo. E qual a terceira dádiva da Terra? É a riqueza de sua crosta, contendo aproximadamente uma centena de elementos naturais que dão origem a milhares de combinações químicas - essa constitui a dádiva da variedade, sem a qual as possibilidades de vida seriam infinitamente limitadas... Se o sol se apagasse, toda a água existente em nosso planeta congelaria; os sete mares se transformariam em blocos de gelo com quilômetros de espessura. A própria atmosfera se tornaria líquida, e se acumularia em mares rasos, charcos e poças, na terra negra e gelada. Diante deste poder, é natural perguntarmo-nos se o sol não exercerá sobre nós influências mais sutis, das quais ainda não estamos cientes" .

Ora, há povos que veem o sol como deus, mas o canto de Zacarias (Lc 1, 78) não o confirma. Ali se lê que Deus se parece com o sol, numa imagem que simboliza o Messias que é a luz do mundo. Se não houvesse luz andaríamos nas trevas e a nossa existência seria insípida e obscura. Belém expressa o que S. Agostinho afirma no seu mais nobre texto: "Et laudare te vult homo, aliqua portio creaturae tuae...Tu excitas ut laudare te delectet, quia fecisti nos ad te" (O homem quer te louvar, uma partícula de tua criação...És tu que o estimulas a se deleitar dos teus louvores, pois nos fizeste para ti) (Conf. 1, 1). Deus não nos fez para o nada, nem para o abismo da extravagância niilista. Fez-nos para Ele e nossa origem será também nosso destino. Isso, e mais, podem ser verdades colhidas da Belém de Jesus. Bom Natal!

Santa Maria, 21/12/2024

*      O autor, Valdemar Munaro, é professor de Filosofia.

 

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  • Dagoberto Lima Godoy
  • 20 Dezembro 2024

 

Dagoberto Lima Godoy

       A má condução econômica pode não ser apenas um erro de gestão, mas  uma estratégia para subverter a ordem constitucional e instalar um regime autoritário. Um dos caminhos mais insidiosos para isso é a dominância fiscal, um fenômeno que ocorre quando o governo prioriza seus próprios gastos acima da estabilidade econômica, levando ao descontrole inflacionário. O governo acumula déficits insustentáveis e recorre ao Banco Central para financiar suas despesas, geralmente por meio da emissão de moeda. Essa prática desvaloriza a moeda, reduz o poder de compra da população e destrói a confiança no sistema econômico. O resultado? Uma espiral inflacionária que desorganiza a economia, criando condições de caos social.

Historicamente, regimes autoritários se aproveitaram de crises econômicas para justificar ações extremas. Na Alemanha dos anos 1920, a hiperinflação abriu caminho para a ascensão do nazismo. Na Venezuela e no Zimbábue, políticas fiscais desastrosas desencadearam colapsos econômicos que fortaleceram líderes autoritários sob o pretexto de "restaurar a ordem".

No Brasil, esse alerta não é irrelevante. A instabilidade econômica, aliada à deslegitimação de instituições democráticas, pode ser usada como justificativa para medidas excepcionais que centralizem o poder, calem a oposição e controlem as massas. Sob o pretexto de combater o caos, controles econômicos rígidos e a supressão de liberdades individuais podem ser impostos.

Evitar essa armadilha exige vigilância institucional e políticas fiscais responsáveis, sendo a autonomia do Banco Central crucial para evitar interferências políticas que sabotem o controle inflacionário.

Proteger a economia de abusos é proteger a própria democracia. O caos econômico manipulado, pode ser um caminho para a destruição das liberdades que tanto prezamos.

*         O autor é engenheiro civil, mestre em Direito, empresário e escritor.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 20 Dezembro 2024

Gilberto Smões Pires    

SÍNDROME DO PÂNICO

Antes de tudo, vale lembrar que o PÂNICO tem como característica a sensação de MEDO ou MAL-ESTAR repentinos. Ora, se levarmos em correta conta que esta fantástica -CRISE (CAOS) FISCAL, FINANCEIRA E ECONÔMICA que vem sendo imposta com extrema maestria pelo governo Lula promete ser LENTA, GRADUAL, SEGURA E DURADOURA, aí a SÍNDROME DO PÂNICO ganha claros contornos de notória DEPRESSÃO.

BANCO CENTRAL INDEPENDENTE

Mais do que sabido, o TRIO DE DESTRUIDORES PETISTAS -Lula, Gleisi e Fernando Haddad,- jamais escondeu o quanto detesta a -INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL-.Pior do que isto é o fato de se obrigarem a suportar a permanência, nesses dois últimos anos, do economista -LIBERAL e pra lá de RESPONSÁVEL, Roberto Campos Neto que está se despedindo do cargo com as malas cheias de insultos de toda ordem e tamanho, que foram atirados pelo TRIO PETISTA.

O CAOS VENCEU

Esta triste e grave situação, pelo alto grau de destruição que já chegou, deixa bem claro que já não EXISTE O RISCO DA ECONOMIA DO PAÍS ENTRAR EM -DOMINÂNCIA FISCAL, conceito que se traduz quando o BANCO CENTRAL PERDE A CAPACIDADE DE CONTER A INFLAÇÃO POR MEIO DA POLÍTICA MONETÁRIA (leia-se AUMENTO DA TAXA SELIC). Ou seja, o RISCO já deu lugar à CERTEZA DE QUE, ENFIM, -O CAOS VENCEU-.

SEM ESPAÇO PARA ILUSÕES

Assim, da mesma forma como o IBGE, por exemplo, deixou de ser INDEPENDENTE, por conta de metodologias suspeitas que foram decididas e colocadas em prática pelo seu presidente, Márcio Pochmann, o BANCO CENTRAL, nas mãos e pés do seu novo presidente e mais três novos diretores, todos escolhidos a dedo por Lula, já está comprometido em fazer tudo aquilo que o governo quer. Tal qual, aliás, aconteceu no governo Dilma, quando a inflação subiu e o COPOM, por vontade da então PRESIDENTA, decidiu baixar a TAXA SELIC. Como se vê, não há mais espaço para ILUSÕES...

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